Superior Tribunal de Justiça

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1 RELATOR : MINISTRO CASTRO MEIRA EMENTA RECURSO ESPECIAL. BACALHAU IMPORTADO DA NORUEGA. DESEMBARAÇO ADUANEIRO. ICMS. COMPROVAÇÃO DE PAGAMENTO. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. APELO NÃO CONHECIDO. SÚMULA 211/STJ. 1. Na origem, cuida-se de mandado de segurança impetrado contra o Inspetor da Receita Federal na Alfândega do Porto do Rio de Janeiro, para que fosse realizado o desembaraço da mercadoria importada, bacalhau proveniente da Noruega, sem a comprovação do recolhimento do ICMS, sob o fundamento de isenção em decorrência de tratado internacional (GATT). 2. O Tribunal de origem manteve a sentença da primeira instância para liberar a mercadoria, ao argumento de que estava ela abarcada pela isenção do ICMS, por ser proveniente de país signatário do GATT, e de que não haveria de ser exigida qualquer comprovação dessa circunstância quando do desembaraço aduaneiro, em razão do disposto no art. 98 do CTN. 3. A recorrente não discute a existência da isenção, apenas afirma que o desembaraço não poderia ocorrer sem a comprovação documental do pagamento ou da isenção. Assim, alega violação dos arts. 100, IV, do CTN; 12 da LC 87/96 e também do Convênio 121/95. Tais dispositivos não se encontram prequestionados no acórdão recorrido, que não necessitou adentrar em sua análise, limitando-se a extrair o direito do impetrante do reconhecimento da isenção prevista no GATT e da interpretação do art. 98 do CTN. Incide o óbice da Súmula 211/STJ. 4. Recurso especial não conhecido. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, não conhecer do recurso nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Humberto Martins, Herman Benjamin e Eliana Calmon votaram com o Sr. Ministro Relator. Brasília, 27 de novembro de 2007 (data do julgamento). Ministro Castro Meira Relator Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 10/12/2007 Página 1 de 5

2 RELATOR : MINISTRO CASTRO MEIRA RELATÓRIO O EXMO. SR. MINISTRO CASTRO MEIRA (Relator): Cuida-se de recurso especial interposto com fulcro nas alíneas "a" e "c" do permissivo constitucional, contra acórdão do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, assim ementado: "TRIBUTÁRIO. EXIGÊNCIA DE DOCUMENTO COMPROBATÓRIO DE PAGAMENTO OU DE ISENÇÃO DE RECOLHIMENTO DO ICMS. QUANDO DA LIBERAÇÃO DAS MERCADORIAS. BACALHAU IMPORTADO DE PAÍS SIGNATÁRIO DO GATT. JURISPRUDÊNCIA DOS TRIBUNAIS SUPERIORES. SÚMULAS 575/STF, 20/STJ E 71 STJ. ISENÇÃO RECONHECIDA. CONFIGURADA ILEGAL A EXIGÊNCIA DE PRÉVIA COMPROVAÇÃO DO RECOLHIMENTO DO ICMS OU DA ISENÇÃO DO TRIBUTO, PARA EFETUAR O DESEMBARAÇO ADUANEIRO, UMA VEZ APROVADOS E RATIFICADOS (ART. 98 DO CTN). RECURSO IMPROVIDO" (fl. 220). Opostos embargos de declaração, foram rejeitados (fl. 234). A recorrente alega, além de dissenso jurisprudencial, contrariedade aos arts. 100, IV, do CTN; 12 da LC 87/96 e também ao Convênio 121/95. Afirma que o desembaraço aduaneiro de mercadoria importada no caso, Bacalhau proveniente da Noruega só pode ser realizado mediante a comprovação do pagamento do ICMS ou de que o produto estaria isento desse imposto. Em contra-razões, o recorrido aduz que não haveria de ser exigida qualquer espécie de comprovação quando do desembaraço da mercadoria, visto que ela seria isenta do ICMS por ser proveniente de país signatário do GATT. Sustenta que as Súmulas 71/STJ e 576/STF albergariam seu direito (fls. 250/262). Admitido o recurso na origem (fl. 264), subiram os autos a esta Corte. É o relatório. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 10/12/2007 Página 2 de 5

3 EMENTA RECURSO ESPECIAL. BACALHAU IMPORTADO DA NORUEGA. DESEMBARAÇO ADUANEIRO. ICMS. COMPROVAÇÃO DE PAGAMENTO. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. APELO NÃO CONHECIDO. SÚMULA 211/STJ. 1. Na origem, cuida-se de mandado de segurança impetrado contra o Inspetor da Receita Federal na Alfândega do Porto do Rio de Janeiro, para que fosse realizado o desembaraço da mercadoria importada, bacalhau proveniente da Noruega, sem a comprovação do recolhimento do ICMS, sob o fundamento de isenção em decorrência de tratado internacional (GATT). 2. O Tribunal de origem manteve a sentença da primeira instância para liberar a mercadoria, ao argumento de que estava ela abarcada pela isenção do ICMS, por ser proveniente de país signatário do GATT, e de que não haveria de ser exigida qualquer comprovação dessa circunstância quando do desembaraço aduaneiro, em razão do disposto no art. 98 do CTN. 3. A recorrente não discute a existência da isenção, apenas afirma que o desembaraço não poderia ocorrer sem a comprovação documental do pagamento ou da isenção. Assim, alega violação dos arts. 100, IV, do CTN; 12 da LC 87/96 e também do Convênio 121/95. Tais dispositivos não se encontram prequestionados no acórdão recorrido, que não necessitou adentrar em sua análise, limitando-se a extrair o direito do impetrante do reconhecimento da isenção prevista no GATT e da interpretação do art. 98 do CTN. Incide o óbice da Súmula 211/STJ. 4. Recurso especial não conhecido. VOTO O EXMO. SR. MINISTRO CASTRO MEIRA (Relator): Na origem, cuida-se de mandado de segurança impetrado contra o Inspetor da Receita Federal na Alfândega do Porto do Rio de Janeiro para que fosse realizado o desembaraço da mercadoria importada, bacalhau importado da Noruega, sem a comprovação do recolhimento do ICMS, sob o fundamento de isenção em decorrência de tratado internacional (GATT). A recorrente não discute a existência ou não da propalada isenção do Bacalhau proveniente de país signatário do GATT, apenas afirma que, para a realização do desembaraço aduaneiro, seria necessário que o importador comprovasse o pagamento do imposto ou sua isenção. Dessa forma, não se poderia liberar a mercadoria sem a apresentação desses documentos. O Tribunal de origem manteve a sentença da primeira instância para liberar a mercadoria, ao argumento de que estava ela abarcada pela isenção do ICMS, por ser proveniente de país signatário do GATT, e de que não haveria de ser exigida qualquer comprovação dessa circunstância quando do desembaraço aduaneiro, em razão do disposto no art. 98 do CTN: "Os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam a legislação tributária interna, e serão observados pela que lhes sobrevenha". Está disposto no acórdão recorrido: Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 10/12/2007 Página 3 de 5

4 "Assim, uma vez reconhecida a isenção, configura-se ilegal a exigência de prévia comprovação de recolhimento do ICMS ou da isenção do tributo, para efetuar o desembaraço aduaneiro. Visto que, nos imperativos termos do art. 98 do CTN, uma vez aprovados e ratificados, há que se respeitar a eficácia dos tratados internacionais na ordem jurídica interna" (fl. 217). No julgamento dos embargos de declaração também consta: "Portanto, de acordo com tal entendimento, a LC nº 87/96, os convênios do ICMS e as instruções normativas devem respeitar a eficácia dos tratados internacionais na ordem jurídica interna (art. 98, do CTN)" fl Como visto, em decorrência do reconhecimento da isenção, foi decidido que não haveria de se exigir qualquer documento comprobatório e que a mercadoria deveria ser liberada. Em seu recurso especial, a Fazenda Nacional alega violação dos arts. 100, IV, do CTN; 12 da LC 87/96 e também do Convênio 121/95. Sucede que tais dispositivos não se encontram prequestionados no acórdão recorrido. Como se observa no texto destacado, não houve emissão de juízo de valor a respeito dessas normas. O Tribunal a quo, reconhecendo a isenção do produto decorrente de tratado internacional, limitou-se a aplicar o art. 98 do Código Tributário Nacional para afastar qualquer exigência documental para a realização do desembaraço aduaneiro; do dispositivo do CTN é que foi extraída a conclusão do julgamento. Não obstante a oposição de embargos declaratórios com vistas a suscitar o prequestionamento dos dispositivos trazidos neste recurso, o Tribunal de origem não se pronunciou sobre eles. É caso de incidência da Súmula 211/STJ: "Inadmissível recurso especial quanto à questão que, a despeito da oposição de embargos declaratórios, não foi apreciada pelo Tribunal a quo". Ante o exposto, não conheço do recurso especial. É como voto. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 10/12/2007 Página 4 de 5

5 CERTIDÃO DE JULGAMENTO SEGUNDA TURMA Número Registro: 2007/ REsp / RJ Número Origem: PAUTA: 27/11/2007 JULGADO: 27/11/2007 Relator Exmo. Sr. Ministro CASTRO MEIRA Presidente da Sessão Exmo. Sr. Ministro CASTRO MEIRA Subprocurador-Geral da República Exmo. Sr. Dr. CARLOS EDUARDO DE OLIVEIRA VASCONCELOS Secretária Bela. VALÉRIA ALVIM DUSI AUTUAÇÃO ASSUNTO: Tributário - Gatt CERTIDÃO Certifico que a egrégia SEGUNDA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: "A Turma, por unanimidade, não conheceu do recurso, nos termos do voto do(a) Sr(a). Ministro(a)-Relator(a)." Os Srs. Ministros Humberto Martins, Herman Benjamin e Eliana Calmon votaram com o Sr. Ministro Relator. Brasília, 27 de novembro de 2007 VALÉRIA ALVIM DUSI Secretária Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 10/12/2007 Página 5 de 5