Superior Tribunal de Justiça

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1 RECURSO ESPECIAL Nº RS (2006/ ) RELATOR : MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES RECORRENTE : FAZENDA NACIONAL PROCURADORES : RODRIGO PEREIRA DA SILVA FRANK E OUTRO(S) CLAUDIO XAVIER SEEFELDER FILHO RECORRIDO : FRIGUSSO COMÉRCIO DE FRIOS LTDA ADVOGADO : JOSÉ MACHADO DE OLIVEIRA E OUTRO(S) EMENTA TRIBUTÁRIO. IRPJ e CSLL. TRIBUTOS DECLARADOS E NÃO-PAGOS. DESNECESSIDADE DE CONSTITUIÇÃO FORMAL DO CRÉDITO. PRESCRIÇÃO QÜINQÜENAL RECONHECIDA. 1. É firme nesta Corte o posicionamento de ser inadmissível aguardar-se o decurso do prazo decadencial para o lançamento em se tratando de tributos declarados pelo contribuinte por meio de DCTF, sem que haja o pagamento no vencimento. 2. Considerando-se que, no caso concreto, a entrega da declaração foi realizada em 31/05/1995, posteriormente ao vencimento de todas as obrigações (que datam de 30/03/1994 a 31/01/1995), poderia ter a Fazenda iniciado imediatamente o procedimento executivo, porém, como promoveu a execução somente em 23/06/2000, operou-se o lustro prescricional. 3. Recurso especial não-provido. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da SEGUNDA TURMA do, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas, por unanimidade, em negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Castro Meira, Humberto Martins e Herman Benjamin votaram com o Sr. Ministro Relator. Ausente, justificadamente, a Sra. Ministra Eliana Calmon. Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Castro Meira. Brasília (DF), 07 de agosto de MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES, Relator Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 26/08/2008 Página 1 de 8

2 RECURSO ESPECIAL Nº RS (2006/ ) RELATOR : MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES RECORRENTE : FAZENDA NACIONAL PROCURADOR : RODRIGO PEREIRA DA SILVA FRANK E OUTRO(S) RECORRIDO : FRIGUSSO COMÉRCIO DE FRIOS LTDA ADVOGADO : JOSÉ MACHADO DE OLIVEIRA E OUTRO(S) RELATÓRIO O SR. MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES (Relator): Trata-se de recurso especial interposto pela Fazenda Nacional (fls. 109/122), fundamentado na alínea "a" do permissivo constitucional, contra acórdãos do TRF/4ª Região, assim ementados: EXECUÇÃO FISCAL. EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE. CRÉDITO TRIBUTÁRIO. PRESCRIÇÃO. A exceção de pré-executividade é o meio apropriado para flagrantes nulidades e para as questões de ordem pública que podem ser conhecidas de ofício - tais como a ocorrência da prescrição de créditos lançados e executados. O termo de confissão do contribuinte elide a necessidade da constituição formal do débito pelo Fisco. E, em caso de não pagamento no prazo, poderá ser imediatamente inscrito em dívida ativa, sendo exigível independentemente de qualquer procedimento administrativo ou de notificação ao contribuinte. Não há falar em prazo decadencial, uma vez que a confissão de dívida constitui definitivamente o crédito tributário, iniciando-se com ela a contagem do prazo prescricional. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CABIMENTO. PREQUESTIONAMENTO. São pré-requisitos autorizadores dos embargos de declaração a omissão, contradição ou obscuridade na decisão embargada. Também a jurisprudência os admite para a correção de erro material e para fim de prequestionamento. Não cabem embargos declaratórios para reexame da matéria sobre a qual houve pronunciamento do órgão julgador. Prequestionam-se artigos de lei na intenção de evitar não sejam conhecidos eventuais recursos a serem manejados nas instâncias superiores. Alega-se violação dos arts. 173, I e 174 do CTN, sustentando, em suma, que a apresentação da DCTF ou documento equivalente não afasta do credor o prazo decadencial para a constituição de seu crédito, eis que continua ainda a dispor, feita a declaração em que se confessa o débito, do prazo de cinco anos para fazer o lançamento de ofício, ao que se segue o prazo de cinco anos para a cobrança executiva. Contra-razões (fls. 143/156). Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 26/08/2008 Página 2 de 8

3 Sem recurso extraordinário. Decisão positiva de admissibilidade (fl. 161). É o relatório. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 26/08/2008 Página 3 de 8

4 RECURSO ESPECIAL Nº RS (2006/ ) EMENTA TRIBUTÁRIO. IRPJ e CSLL. TRIBUTOS DECLARADOS E NÃO-PAGOS. DESNECESSIDADE DE CONSTITUIÇÃO FORMAL DO CRÉDITO. PRESCRIÇÃO QÜINQÜENAL RECONHECIDA. 1. É firme nesta Corte o posicionamento de ser inadmissível aguardar-se o decurso do prazo decadencial para o lançamento em se tratando de tributos declarados pelo contribuinte por meio de DCTF, sem que haja o pagamento no vencimento. 2. Considerando-se que, no caso concreto, a entrega da declaração foi realizada em 31/05/1995, posteriormente ao vencimento de todas as obrigações (que datam de 30/03/1994 a 31/01/1995), poderia ter a Fazenda iniciado imediatamente o procedimento executivo, porém, como promoveu a execução somente em 23/06/2000, operou-se o lustro prescricional. 3. Recurso especial não-provido. VOTO O SR. MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES (Relator): A insurgência recursal não merece vingar. Pleiteia a Fazenda Nacional, em suma, a aplicação do prazo decenal (tese dos "cinco mais cinco") para a contagem da decadência/prescrição para o caso em comento, por ser o imposto de renda e a contribuição social sobre o lucro tributos sujeitos a lançamento por homologação. Indica como vulnerados os arts. 173, I, e 174, ambos do CTN. Contudo, não observo que possua razão a recorrente. Segundo jurisprudência que se encontra firmada no âmbito deste STJ, a apresentação, pelo contribuinte, da Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF (instituída pela IN-SRF 129/86, atualmente regulada pela IN8 SRF 395/2004, editada com base no art. 5º do DL 2.124/84 e art. 16 da Lei 9.779/99), ou documento equivalente, é modo de constituição do crédito tributário, dispensada qualquer outra providência por parte do Fisco. A partir de sua entrega inicia-se o transcurso da prescrição qüinqüenal facultada ao Fisco para promover o ajuizamento da ação executiva. Vários os precedentes da Corte nesse sentido. Confiram-se: TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. EXCEÇÃO DE Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 26/08/2008 Página 4 de 8

5 PRÉ-EXECUTIVIDADE. OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA INFORMADA EM DECLARAÇÃO. DCTF. DÉBITO DECLARADO E NÃO PAGO. PRESCRIÇÃO QÜINQÜENAL. TERMO INICIAL. VENCIMENTO DA OBRIGAÇÃO. 1. Não se verifica o equívoco suscitado no recurso especial. O acórdão nada mais fez que analisar cada ponto da argumentação da recorrente, discorrendo sobre a possibilidade de compensação; sobre a ausência de lançamento e de notificação e, finalmente, sobre a decadência e prescrição. 2. Em se tratando de tributos lançados por homologação, ocorrendo a declaração do contribuinte, por DCTF, e na falta de pagamento da exação no vencimento, mostra-se incabível aguardar o decurso do prazo decadencial para o lançamento. Tal declaração elide a necessidade da constituição formal do débito pelo Fisco, podendo este ser imediatamente inscrito em dívida ativa, tornando-se exigível, independentemente de qualquer procedimento administrativo ou de notificação ao contribuinte. 3. O termo inicial do lustro prescricional, em caso de tributo declarado e não pago, não se inicia da declaração, mas da data estabelecida como vencimento para o pagamento da obrigação tributária constante da declaração. No interregno que medeia a declaração e o vencimento, o valor declarado a título de tributo não pode ser exigido pela Fazenda Pública, razão pela qual não corre o prazo prescricional da pretensão de cobrança nesse período. 4. Recurso especial improvido. (REsp /PR, 2ª Turma, Rel. Min. Castro Meira, DJ 21/11/2005). TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. FINSOCIAL. DCTF. IMPOSTO DECLARADO PELO CONTRIBUINTE. DECADÊNCIA. PRESCRIÇÃO. TERMO INICIAL. SÚMULA 07/STJ. TAXA SELIC. LEGALIDADE. PRECEDENTES. 1. Segundo jurisprudência pacífica do STJ, a apresentação, pelo contribuinte, de Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF (instituída pela IN-SRF 129/86, atualmente regulada pela IN8 SRF 395/2004, editada com base no art. 5º do DL 2.124/84 e art. 16 da Lei 9.779/99) ou de Guia de Informação e Apuração do ICMS GIA, ou de outra declaração dessa natureza, prevista em lei, é modo de constituição do crédito tributário, dispensada, para esse efeito, qualquer outra providência por parte do Fisco. No mesmo sentido: AGA n /SP, 2ª T., Min. Antônio de Pádua Ribeiro, DJ de ; RESP /SP, 1ª T., Min. José Delgado, DJ de ; RESP /RS, 1ª T., Min. Luiz Fux, DJ de , RESP /PR, 1ª T., Min. José Delgado, DJ de ; RESP /PR, 1ª T., Min. Teori Albino Zavascki, DJ de ; RESP /SP, 1ª T., Min. José Delgado, DJ de (REsp /SC, 1ª T., Min. Teori Albino Zavascki, DJ de ) 2. É vedada a apreciação de matéria fática no âmbito do recurso especial(súmula 07/STJ). 3. É legítima a utilização da taxa SELIC como índice de correção monetária e de juros de mora, na atualização dos créditos tributários. Precedentes: AGRESP /RS, 1ª Turma, Min. Luiz Fux, DJ de ; RESP /MG, 2ª Turma, Min. João Otávio Noronha, DJ de Recurso especial parcialmente conhecido e, no ponto, provido em parte." (REsp / PR, 1ª T., Min. Teori Albino Zavascki, DJ de 03/04/06) Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 26/08/2008 Página 5 de 8

6 Ainda: AGA n /SP, 2ª T., Min. Antônio de Pádua Ribeiro, DJ de ; RESP /SP, 1ª T., Min. José Delgado, DJ de ; RESP /RS, 1ª T., Min. Luiz Fux, DJ de , RESP /PR, 1ª T., Min. José Delgado, DJ de ; RESP /PR, 1ª T., Min. Teori Albino Zavascki, DJ de ; RESP /SP, 1ª T., Min. José Delgado, DJ de ; REsp /SC, 1ª T., Min. Teori Albino Zavascki, DJ de Não há que se considerar de prazo decadencial em casos como o presente, porquanto, com a entrega da declaração operou-se a constituição do crédito tributário, incidindo, tão-somente, o prazo prescricional de cinco anos estabelecido no artigo 174 do CTN computado a partir do vencimento da obrigação. No espaço de tempo que medeia a entrega da declaração e o vencimento, o valor declarado a título de tributo não pode ser exigido pela Fazenda Pública, razão pela qual não transcorre o prazo prescricional da pretensão de cobrança nesse período. In casu, constata-se que os créditos discutidos são relativos ao imposto de renda e contribuição social sobre o lucro das seguintes competências: IRPJ - ano-base exercício vencimento em 30/03/1994; IRPJ - ano-base exercício vencimento em 30/11/1994; CSLL - ano-base exercício vencimento em 30/03/1994; CSLL - ano-base exercício vencimento em 31/10/1994; CSLL - ano-base exercício vencimento em 30/11/1994; CSLL - ano-base exercício vencimento em 29/12/1994; CSLL - ano-base exercício vencimento em 31/01/1995. Consta informação de que a data da entrega da declaração foi operada em 31/05/1995, que o pleito executivo foi ajuizado em 23/06/2000 e a citação efetivada em agosto/2000. Considerando-se que a data da entrega da declaração, no caso concreto, foi posterior ao Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 26/08/2008 Página 6 de 8

7 vencimento de todas as obrigações, poderia ter a Fazenda iniciado imediatamente o procedimento executivo. Porém, como promoveu a execução somente em 23/06/2000, operou-se o lustro prescricional. Assim exposto, NEGO PROVIMENTO ao presente recurso especial. É como voto. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 26/08/2008 Página 7 de 8

8 CERTIDÃO DE JULGAMENTO SEGUNDA TURMA Número Registro: 2006/ REsp / RS Números Origem: PAUTA: 07/08/2008 JULGADO: 07/08/2008 Relator Exmo. Sr. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES Presidente da Sessão Exmo. Sr. Ministro CASTRO MEIRA Subprocurador-Geral da República Exmo. Sr. Dr. EUGÊNIO JOSÉ GUILHERME DE ARAGÃO Secretária Bela. VALÉRIA ALVIM DUSI AUTUAÇÃO RECORRENTE : FAZENDA NACIONAL PROCURADORES : RODRIGO PEREIRA DA SILVA FRANK E OUTRO(S) CLAUDIO XAVIER SEEFELDER FILHO RECORRIDO : FRIGUSSO COMÉRCIO DE FRIOS LTDA ADVOGADO : JOSÉ MACHADO DE OLIVEIRA E OUTRO(S) ASSUNTO: Tributário - Imposto de Renda - Pessoa Jurídica CERTIDÃO Certifico que a egrégia SEGUNDA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: "A Turma, por unanimidade, negou provimento ao recurso, nos termos do voto do(a) Sr(a). Ministro(a)-Relator(a)." Os Srs. Ministros Castro Meira, Humberto Martins e Herman Benjamin votaram com o Sr. Ministro Relator. Ausente, justificadamente, a Sra. Ministra Eliana Calmon. Brasília, 07 de agosto de 2008 VALÉRIA ALVIM DUSI Secretária Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 26/08/2008 Página 8 de 8