Superior Tribunal de Justiça

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1 AgRg no AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº SP (2007/ ) RELATOR : MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES AGRAVANTE : CARLOS ALBERTO GONÇALVES ADVOGADO : JULIANA NOGUEIRA BRAZ E OUTRO(S) AGRAVADO : FAZENDA NACIONAL PROCURADOR : MARIA FERNANDA DE FARO SANTOS E OUTRO(S) EMENTA AGRAVO REGIMENTAL. DIREITO TRIBUTÁRIO. SIGILO BANCÁRIO. LC 105/2001 E LEI /2001. USO DE DADOS DE MOVIMENTAÇÕES FINANCEIRAS PELAS AUTORIDADES FAZENDÁRIAS. POSSIBILIDADE. CONDIÇÕES. APLICAÇÃO IMEDIATA. PRECEDENTES. SÚMULA 83 DO STJ. 1. A Lei 9.311/1996 ampliou as hipóteses de prestação de informações bancárias (até então restritas - art. 38 da Lei 4.595/64; art. 197, II, do CTN; art. 8º da Lei 8.021/1990), permitindo sua utilização pelo Fisco para fins de tributação, fiscalização e arrecadação da CPMF (art. 11), bem como para instauração de procedimentos fiscalizatórios relativos a qualquer outro tributo (art. 11, 3º, com a redação da Lei /01). 2. Também a Lei Complementar 105/2001, ao estabelecer normas gerais sobre o dever de sigilo bancário, permitiu, sob certas condições, o acesso e utilização, pelas autoridades da administração tributária, a documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive os referentes a contas de depósitos e aplicações financeiras" (arts. 5º e 6º). 3. Está assentado na jurisprudência do STJ que "a exegese do art. 144, 1º do Código Tributário Nacional, considerada a natureza formal da norma que permite o cruzamento de dados referentes à arrecadação da CPMF para fins de constituição de crédito relativo a outros tributos, conduz à conclusão da possibilidade da aplicação dos artigos 6º da Lei Complementar 105/2001 e 1º da Lei /2001 ao ato de lançamento de tributos cujo fato gerador se verificou em exercício anterior à vigência dos citados diplomas legais, desde que a constituição do crédito em si não esteja alcançada pela decadência" e que "inexiste direito adquirido de obstar a fiscalização de negócios tributários, máxime porque, enquanto não extinto o crédito tributário a Autoridade Fiscal tem o dever vinculativo do lançamento em correspondência ao direito de tributar da entidade estatal" (REsp /ES, 1ª Turma, Min. Luiz Fux, DJ de 20/06/2005. No mesmo sentido: REsp /PR, 2ª Turma, Min. Castro Meira, DJ de 03/10/2005; AgRg no REsp /PE, 1ª Turma, Min. Francisco Falcão, DJ de 01/07/2005; REsp /SC, 2ª Turma, Min. Eliana Calmon, DJ de 21/11/2005. (EREsp /RS, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em , DJ p. 219) 4. Agravo regimental não-conhecido. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da SEGUNDA TURMA do, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas, por unanimidade, em não conhecer do agravo regimental, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Eliana Calmon, Castro Meira, Humberto Martins e Herman Benjamin votaram com o Sr. Ministro Relator. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 13/10/2008 Página 1 de 4

2 Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Castro Meira. Brasília (DF), 09 de setembro de MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES, Relator Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 13/10/2008 Página 2 de 4

3 AgRg no AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº SP (2007/ ) RELATOR AGRAVANTE ADVOGADO AGRAVADO PROCURADOR : MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES : CARLOS ALBERTO GONÇALVES : JULIANA NOGUEIRA BRAZ E OUTRO(S) : FAZENDA NACIONAL : MARIA FERNANDA DE FARO SANTOS E OUTRO(S) RELATÓRIO O SR. MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES (Relator): Trata-se de agravo regimental interposto por CARLOS ALBERTO GONÇALVES contra decisão monocrática de lavra do ilustre Ministro João Otávio de Noronha em que se negou seguimento ao recurso especial. Requer o recorrente, em síntese, a reforma da decisão agravada para que o recurso especial seja admitido e processado. No mérito, sustenta a impossibilidade de retroação da Lei Complementar 105/2001. É o breve relatório. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 13/10/2008 Página 3 de 4

4 AgRg no AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº SP (2007/ ) EMENTA AGRAVO REGIMENTAL. DIREITO TRIBUTÁRIO. SIGILO BANCÁRIO. LC 105/2001 E LEI /2001. USO DE DADOS DE MOVIMENTAÇÕES FINANCEIRAS PELAS AUTORIDADES FAZENDÁRIAS. POSSIBILIDADE. CONDIÇÕES. APLICAÇÃO IMEDIATA. PRECEDENTES. SÚMULA 83 DO STJ. 1. A Lei 9.311/1996 ampliou as hipóteses de prestação de informações bancárias (até então restritas - art. 38 da Lei 4.595/64; art. 197, II, do CTN; art. 8º da Lei 8.021/1990), permitindo sua utilização pelo Fisco para fins de tributação, fiscalização e arrecadação da CPMF (art. 11), bem como para instauração de procedimentos fiscalizatórios relativos a qualquer outro tributo (art. 11, 3º, com a redação da Lei /01). 2. Também a Lei Complementar 105/2001, ao estabelecer normas gerais sobre o dever de sigilo bancário, permitiu, sob certas condições, o acesso e utilização, pelas autoridades da administração tributária, a documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive os referentes a contas de depósitos e aplicações financeiras" (arts. 5º e 6º). 3. Está assentado na jurisprudência do STJ que "a exegese do art. 144, 1º do Código Tributário Nacional, considerada a natureza formal da norma que permite o cruzamento de dados referentes à arrecadação da CPMF para fins de constituição de crédito relativo a outros tributos, conduz à conclusão da possibilidade da aplicação dos artigos 6º da Lei Complementar 105/2001 e 1º da Lei /2001 ao ato de lançamento de tributos cujo fato gerador se verificou em exercício anterior à vigência dos citados diplomas legais, desde que a constituição do crédito em si não esteja alcançada pela decadência" e que "inexiste direito adquirido de obstar a fiscalização de negócios tributários, máxime porque, enquanto não extinto o crédito tributário a Autoridade Fiscal tem o dever vinculativo do lançamento em correspondência ao direito de tributar da entidade estatal" (REsp /ES, 1ª Turma, Min. Luiz Fux, DJ de 20/06/2005. No mesmo sentido: REsp /PR, 2ª Turma, Min. Castro Meira, DJ de 03/10/2005; AgRg no REsp /PE, 1ª Turma, Min. Francisco Falcão, DJ de 01/07/2005; REsp /SC, 2ª Turma, Min. Eliana Calmon, DJ de 21/11/2005. (EREsp /RS, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em , DJ p. 219) 4. Agravo regimental não-conhecido. VOTO O SR. MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES (Relator): A matéria debatida no presente agravo regimental versa acerca do não provimento de agravo de instrumento cujo objetivo era a admissão de recurso especial. O mérito do recurso especial trata da impossibilidade de utilização de dados relativos às movimentações financeiras do contribuinte para constituição de créditos tributários relativos a fatos geradores anteriores à edição da Lei Complementar 105/2001 e da Lei /2001. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 13/10/2008 Página 4 de 4

5 A hipótese de fundo refere-se especificamente à utilização de dados de CPMF para lançamento de crédito tributário anterior à vigência da Lei Todavia, é de se esclarecer que em matéria tributária, o princípio da irretroatividade aplica-se tão somente para as normas que venham a majorar tributos, não se aplicando estes princípios às normas tributárias em geral. É este o entendimento consolidado desta Corte Superior, razão pela qual não há óbice à retroação da Lei Cito precedentes: DIREITO TRIBUTÁRIO. SIGILO BANCÁRIO. LC 105/2001 E LEI /2001. USO DE DADOS DE MOVIMENTAÇÕES FINANCEIRAS PELAS AUTORIDADES FAZENDÁRIAS. POSSIBILIDADE. CONDIÇÕES. APLICAÇÃO IMEDIATA. PRECEDENTES. 1. A Lei 9.311/1996 ampliou as hipóteses de prestação de informações bancárias (até então restritas - art. 38 da Lei 4.595/64; art. 197, II, do CTN; art. 8º da Lei 8.021/1990), permitindo sua utilização pelo Fisco para fins de tributação, fiscalização e arrecadação da CPMF (art. 11), bem como para instauração de procedimentos fiscalizatórios relativos a qualquer outro tributo (art. 11, 3º, com a redação da Lei /01). 2. Também a Lei Complementar 105/2001, ao estabelecer normas gerais sobre o dever de sigilo bancário, permitiu, sob certas condições, o acesso e utilização, pelas autoridades da administração tributária, a documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive os referentes a contas de depósitos e aplicações financeiras" (arts. 5º e 6º). 3. Está assentado na jurisprudência do STJ que "a exegese do art. 144, 1º do Código Tributário Nacional, considerada a natureza formal da norma que permite o cruzamento de dados referentes à arrecadação da CPMF para fins de constituição de crédito relativo a outros tributos, conduz à conclusão da possibilidade da aplicação dos artigos 6º da Lei Complementar 105/2001 e 1º da Lei /2001 ao ato de lançamento de tributos cujo fato gerador se verificou em exercício anterior à vigência dos citados diplomas legais, desde que a constituição do crédito em si não esteja alcançada pela decadência" e que "inexiste direito adquirido de obstar a fiscalização de negócios tributários, máxime porque, enquanto não extinto o crédito tributário a Autoridade Fiscal tem o dever vinculativo do lançamento em correspondência ao direito de tributar da entidade estatal" (REsp /ES, 1ª Turma, Min. Luiz Fux, DJ de 20/06/2005. No mesmo sentido: REsp /PR, 2ª Turma, Min. Castro Meira, DJ de 03/10/2005; AgRg no REsp /PE, 1ª Turma, Min. Francisco Falcão, DJ de 01/07/2005; REsp /SC, 2ª Turma, Min. Eliana Calmon, DJ de 21/11/ Embargos de divergência a que se dá provimento. (EREsp /RS, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em , DJ p. 219) ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO UTILIZAÇÃO DE DADOS DA CPMF PARA LANÇAMENTO DE OUTROS TRIBUTOS QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO PERÍODO ANTERIOR À LC N. 105/2001 APLICAÇÃO IMEDIATA RETROATIVIDADE PERMITIDA PELO ART. 144, 1º, DO Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 13/10/2008 Página 5 de 4

6 CTN PRECEDENTES DESTE SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. 1. É possível a aplicação imediata do art. 6º da LC n. 105/2001, porquanto trata de disposição meramente procedimental. Pelo disposto no artigo 144, 1º, do CTN, revela-se possível o cruzamento dos dados obtidos com a arrecadação da CPMF para fins de constituição de crédito relativo a outros tributos em face do que dispõe o art. 1º da Lei n /2001, que alterou a redação original do art. 11, 3º, da Lei n / Não há ofensa ao princípio da irretroatividade da lei tributária, porquanto a Lei Complementar n. 105/2001, bem como a Lei n /01, não instituem ou majoram tributos, mas apenas dotam a Administração Tributária de instrumentos legais aptos a promover a agilização e o aperfeiçoamento dos procedimentos fiscais. 3. Não existe direito adquirido de obstar a fiscalização de negócios tributários, pois enquanto não extinto o crédito tributário a autoridade fiscal tem o poder-dever vinculado de realizar o lançamento em correspondência ao direito de tributar da entidade estatal. Precedentes: REsp /Fux; REsp /Zavascki; REsp /Humberto Martins, REsp /Meira; AgRg no REsp /Falcão; REsp /Calmon. 4. Recurso especial a que se nega provimento. (REsp /PE, Rel. Ministro CARLOS FERNANDO MATHIAS (JUIZ CONVOCADO DO TRF 1ª REGIÃO), SEGUNDA TURMA, julgado em , DJe ) ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO UTILIZAÇÃO DE DADOS DA CPMF PARA LANÇAMENTO DE OUTROS TRIBUTOS IMPOSTO DE RENDA QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO PERÍODO ANTERIOR À LC N. 105/2001 APLICAÇÃO IMEDIATA RETROATIVIDADE PERMITIDA PELO ART. 144, 1º, DO CTN PRECEDENTE DA PRIMEIRA SEÇÃO. 1. É possível a aplicação imediata do art. 6º da LC n. 105/2001, porquanto trata de disposição meramente procedimental; sendo certo que, a teor do que dispõe o art. 144, 1º, do CTN, revela-se possível o cruzamento dos dados obtidos com a arrecadação da CPMF para fins de constituição de crédito relativo a outros tributos em face do que dispõe o art. 1º da Lei n /2001, que alterou a redação original do art. 11, 3º, da Lei n / Não há ofensa ao princípio da irretroatividade da lei tributária, porquanto a Lei Complementar n. 105/2001, bem como a Lei n /01, não instituem ou majoram tributos, mas apenas dotam a Administração Tributária de instrumentos legais aptos a promover a agilização e o aperfeiçoamento dos procedimentos fiscais. 3. Não existe direito adquirido de obstar a fiscalização de negócios tributários, pois enquanto não extinto o crédito tributário a autoridade fiscal tem o poder-dever vinculado de realizar o lançamento em correspondência ao direito de tributar da entidade estatal. Precedentes: REsp /Fux; REsp /Zavascki; REsp /Humberto Martins, REsp /Meira; AgRg no REsp /Falcão; REsp /Calmon etc. Recurso especial provido. (REsp /SC, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em , DJe ) Como se depreende dos julgados colacionados, a tese apresentada tanto no agravo de Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 13/10/2008 Página 6 de 4

7 instrumento quanto no agravo regimental encontram óbice na Súmula 83 do STJ. Assim, ante o exposto, voto por NÃO CONHECER do agravo regimental. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 13/10/2008 Página 7 de 4

8 CERTIDÃO DE JULGAMENTO SEGUNDA TURMA AgRg no Número Registro: 2007/ Ag / SP Números Origem: EM MESA JULGADO: 09/09/2008 Relator Exmo. Sr. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES Presidente da Sessão Exmo. Sr. Ministro CASTRO MEIRA Subprocuradora-Geral da República Exma. Sra. Dra. DULCINÉA MOREIRA DE BARROS Secretária Bela. VALÉRIA ALVIM DUSI AUTUAÇÃO AGRAVANTE ADVOGADO AGRAVADO PROCURADORES : CARLOS ALBERTO GONÇALVES : CARLOS ALBERTO RIBEIRO DE ARRUDA E OUTRO(S) : FAZENDA NACIONAL : CLAUDIO XAVIER SEEFELDER FILHO MARIA FERNANDA DE FARO SANTOS E OUTRO(S) ASSUNTO: Sigilo Bancário / Fiscal - Quebra AGRAVO REGIMENTAL AGRAVANTE ADVOGADO AGRAVADO PROCURADOR : CARLOS ALBERTO GONÇALVES : CARLOS ALBERTO RIBEIRO DE ARRUDA E OUTRO(S) : FAZENDA NACIONAL : MARIA FERNANDA DE FARO SANTOS E OUTRO(S) CERTIDÃO Certifico que a egrégia SEGUNDA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: "A Turma, por unanimidade, não conheceu do agravo regimental, nos termos do voto do(a) Sr(a). Ministro(a)-Relator(a)." Os Srs. Ministros Eliana Calmon, Castro Meira, Humberto Martins e Herman Benjamin votaram com o Sr. Ministro Relator. Brasília, 09 de setembro de 2008 VALÉRIA ALVIM DUSI Secretária Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 13/10/2008 Página 8 de 4