Superior Tribunal de Justiça

Transcrição

1 RECURSO ESPECIAL Nº RS (2015/ ) RELATOR RECORRENTE ADVOGADOS RECORRIDO : MINISTRO OG FERNANDES : ABRASIVOS DBT LTDA : IVANDRO ROBERTO POLIDORO - RS FERNANDA CARDOSO BRITO E OUTRO(S) - RS : FAZENDA NACIONAL EMENTA TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. PIS-IMPORTAÇÃO E COFINS-IMPORTAÇÃO. LEGITIMIDADE PASSIVA EM MANDADO DE SEGURANÇA. AUTORIDADE IMPETRADA. 1. Em mandado de segurança, a contestação do fato gerador do tributo devido deve ser feita contra a autoridade que tem o poder de lançá-lo (autoridade coatora). No caso dos tributos incidentes na importação (PIS e COFINS - Importação), a autoridade coatora é aquela autoridade aduaneira que procede ao desembaraço aduaneiro, já que detém o poder/dever de efetuar o lançamento e sua revisão de ofício. Precedentes da Segunda Turma: AgRg no REsp /RS, Rel. Ministro Herman Benjamin, DJe 25/9/2014; AgRg nos EDcl no REsp /SC, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, DJe 19/5/ Recurso especial a que se nega provimento. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Mauro Campbell Marques, Assusete Magalhães (Presidente), Francisco Falcão e Herman Benjamin votaram com o Sr. Ministro Relator. Brasília, 13 de setembro de 2016(Data do Julgamento). Ministra Assusete Magalhães Presidente Ministro Og Fernandes Relator Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 20/09/2016 Página 1 de 7

2 CERTIDÃO DE JULGAMENTO SEGUNDA TURMA Número Registro: 2015/ PROCESSO ELETRÔNICO REsp / RS Números Origem: RS RS TRF PAUTA: 16/06/2016 JULGADO: 16/06/2016 Relatora Exma. Sra. Ministra DIVA MALERBI (DESEMBARGADORA CONVOCADA TRF 3ª REGIÃO) Presidente da Sessão Exma. Sra. Ministra ASSUSETE MAGALHÃES Subprocurador-Geral da República Exmo. Sr. Dr. MARIO LUIZ BONSAGLIA Secretária Bela. VALÉRIA ALVIM DUSI RECORRENTE ADVOGADOS RECORRIDO AUTUAÇÃO : ABRASIVOS DBT LTDA : IVANDRO ROBERTO POLIDORO FERNANDA CARDOSO BRITO E OUTRO(S) : FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: DIREITO TRIBUTÁRIO - Contribuições - Contribuições Sociais - PIS - Importação CERTIDÃO Certifico que a egrégia SEGUNDA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: "Adiado por indicação do(a) Sr(a). Ministro(a)-Relator(a)." Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 20/09/2016 Página 2 de 7

3 RECURSO ESPECIAL Nº RS (2015/ ) RECORRENTE : ABRASIVOS DBT LTDA ADVOGADOS : IVANDRO ROBERTO POLIDORO - RS FERNANDA CARDOSO BRITO E OUTRO(S) - RS RECORRIDO : FAZENDA NACIONAL RELATÓRIO O SR. MINISTRO OG FERNANDES: Trata-se de recurso especial interposto por Abrasivos DBT Ltda., com fundamento na alínea "a" do inciso III do art. 105 da CF/88, contra acórdão proferido pelo TRF da 4ª Região, publicado sob a égide do CPC/73, assim ementado: TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. ILEGITIMIDADE PASSIVA. O Delegado da Receita Federal do Brasil em Caxias do Sul/RS é parte ilegítima para figurar no polo passivo do presente mandamus, porquanto não possui competência para responder sobre a constitucionalidade e legalidade da base de cálculo do PIS/COFINS - Importação no desembaraço aduaneiro, pois quanto a este pedido o writ deveria ter sido impetrado em face da autoridade perante a qual é efetuado o despacho aduaneiro das mercadorias importadas. Os embargos de declaração (e-stj, fls. 508/511) foram rejeitados, nos termos da decisão de e-stj, fls. 515/518. Alega a recorrente, nas razões do especial, violação do art. 20 da Lei n /2004. Defende, em síntese, que, de acordo com o art. 75 da IN RFB n /2012, que regulamentou o art. 20 da Lei n /2004, o titular da Delegacia da Receita Federal do Brasil do domicílio do sujeito passivo possui competência para analisar pedido de compensação de PIS-Importação e COFINS-Importação. Aduz que "o artigo 70, 1º da IN RFB n /2012, o qual serviu de sustentáculo para o reconhecimento da suposta ilegitimidade passiva do Delegado da Receita Federal em Caxias do Sul pela decisão guerreada", somente é aplicado em situação muito específica, não englobando a questão de reconhecimento de inconstitucionalidade e compensação de tributos (e-stj, fl. 535). Foram apresentadas contrarrazões às e- STJ, fls. 546/553. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 20/09/2016 Página 3 de 7

4 Admitido o recurso especial na origem (e-stj, fl. 558), subiram os autos a esta Corte de Justiça. O Ministério Público Federal apresentou parecer às e-stj, fls. 578/582, manifestando-se pelo desprovimento do recurso especial. É o relatório. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 20/09/2016 Página 4 de 7

5 RECURSO ESPECIAL Nº RS (2015/ ) VOTO O SR. MINISTRO OG FERNANDES (Relator): A controvérsia constante do presente recurso especial diz respeito à legitimidade passiva ad causam do Delegado da Receita Federal do Brasil em Caxias do Sul relativamente a lançamentos de PIS-Importação e Cofins-Importação. A orientação desta Corte sobre o tema em questão é no sentido de que a autoridade coatora, no caso de tributos incidentes na importação (PIS e COFINS - Importação) corresponde àquela que procede ao desembaraço aduaneiro. Confira-se: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. DEFICIÊNCIA NA FUNDAMENTAÇÃO. SÚMULA 284/STF. MANDADO DE SEGURANÇA. PIS-IMPORTAÇÃO E COFINS-IMPORTAÇÃO. LEGITIMIDADE PASSIVA.AUTORIDADE IMPETRADA. DESPACHO ADUANEIRO. 1. Não se conhece do Recurso Especial em relação à ofensa ao art. 535 do CPC quando a parte não aponta, de forma clara, o vício em que teria incorrido o acórdão impugnado. Aplicação, por analogia, da Súmula 284/STF. 2. Em Mandado de Segurança, a contestação do fato gerador do tributo devido deve ser feita contra a autoridade que tem o poder de lançá-lo (autoridade coatora). No caso dos tributos incidentes na importação (PIS e Cofins - importação), a autoridade coatora é ordinariamente aquela autoridade aduaneira que procede ao desembaraço aduaneiro, já que detém o poder/dever de efetuar o lançamento e sua revisão de ofício. Precedente: AgRg nos EDcl no REsp /SC, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe ). 3. A discussão sobre eventual habilitação em pedido de compensação é subsequente, ou seja, deriva do resultado positivo do processo judicial intentado. Somente se a parte lograr êxito no processo judicial é que poderá, de posse da decisão transitada em julgado, habilitar o crédito perante a Secretaria da Receita Federal do Brasil - SRF diante de outra autoridade que não aprecia o lançamento do tributo aduaneiro, mas sim a correspondência entre a decisão transitada em julgado e o crédito que se pretende habilitar. 4. No caso concreto, não existe o crédito a ser habilitado, justamente porque se está diante da primeira fase, em que se discute o próprio fato gerador do tributo. Portanto, a autoridade coatora é a autoridade aduaneira. 5. Agravo Regimental não provido. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 20/09/2016 Página 5 de 7

6 (AgRg no REsp /RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 26/8/2014, DJe 25/9/2014) AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. PIS-IMPORTAÇÃO E COFINS-IMPORTAÇÃO. LEGITIMIDADE PASSIVA. AUTORIDADE IMPETRADA. DESPACHO ADUANEIRO. 1. Em sede de mandado de segurança, a contestação do fato gerador do tributo devido deve ser feita contra a autoridade que tem o poder de lançar (autoridade coatora). No caso dos tributos incidentes na importação (PIS e COFINS - importação), a autoridade coatora é ordinariamente aquela autoridade aduaneira que procede ao desembaraço aduaneiro já que detém o poder/dever de efetuar o lançamento e sua revisão de ofício. Precedentes: RMS / DF, Primeira Turma, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em ; REsp / PR, Segunda Turma, Rel. Min. Franciulli Netto, julgado em A discussão sobre eventual habilitação em pedido de compensação é subsequente, ou seja, deriva do resultado positivo do processo judicial intentado. Somente se a parte lograr êxito no processo judicial é que poderá, de posse da decisão transitada em julgado, habilitar o crédito perante a Secretaria da Receita Federal do Brasil - SRF diante de outra autoridade que não aprecia o lançamento do tributo aduaneiro, mas sim a correspondência entre a decisão transitada em julgado e o crédito que se pretende habilitar. 3. No caso concreto, não existe o crédito a ser habilitado justamente porque se está diante da primeira fase onde se discute o próprio fato gerador do tributo. Portanto, a autoridade coatora é a autoridade aduaneira. 4. Agravo regimental não provido. (AgRg nos EDcl no REsp /SC, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 13/5/2014, DJe 19/5/2014) Desse modo, tem-se que o Tribunal de origem decidiu em consonância com a orientação deste Superior Tribunal de Justiça, quando não reconheceu a legitimidade do Delegado da Receita Federal do Brasil em Caxias do Sul, tendo em vista que ele não detém o poder/dever de efetuar o lançamento tributário ou sua revisão no que se refere às referidas contribuições. Ante o exposto, nego provimento ao recurso especial. É como voto. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 20/09/2016 Página 6 de 7

7 CERTIDÃO DE JULGAMENTO SEGUNDA TURMA Número Registro: 2015/ REsp / RS Números Origem: RS RS TRF PAUTA: 13/09/2016 JULGADO: 13/09/2016 Relator Exmo. Sr. Ministro OG FERNANDES Presidente da Sessão Exma. Sra. Ministra ASSUSETE MAGALHÃES Subprocurador-Geral da República Exmo. Sr. Dr. MÁRIO JOSÉ GISI Secretária Bela. VALÉRIA ALVIM DUSI AUTUAÇÃO RECORRENTE : ABRASIVOS DBT LTDA ADVOGADOS : IVANDRO ROBERTO POLIDORO - RS FERNANDA CARDOSO BRITO E OUTRO(S) - RS RECORRIDO : FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: DIREITO TRIBUTÁRIO - Contribuições - Contribuições Sociais - PIS - Importação CERTIDÃO Certifico que a egrégia SEGUNDA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: "A Turma, por unanimidade, negou provimento ao recurso, nos termos do voto do(a) Sr(a). Ministro(a)-Relator(a)." Os Srs. Ministros Mauro Campbell Marques, Assusete Magalhães (Presidente), Francisco Falcão e Herman Benjamin votaram com o Sr. Ministro Relator. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 20/09/2016 Página 7 de 7