Latusa digital N 12 ano 2 março de 2005

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1 Latusa digital N 12 ano 2 março de 2005 Sinthoma e identificação Lenita Bentes Ondina Machado * Abordaremos alguns aspectos do tema de nossa oficina, que dá título ao texto, através de dois pequenos escritos. No primeiro, Lenita Bentes discute a transformação do sintoma em sinthoma utilizando a concepção do Um. No segundo, Ondina Machado trata de duas formas de identificação, uma presente no sintoma e a outra, no sinthoma. 1. Do sintoma ao sinthoma Do sintoma, no qual o sujeito crê e que o leva ao analista, à identificação com seu próprio gozo, o sinthoma, há um árduo percurso. No início, a crença no sintoma indica pontos de conexão entre significantes que reclamam por decifração. Isto diz alguma coisa do sujeito, crença que instaura a suposição de saber, ou seja, que possibilita ao simbólico operar sobre o real. Se para o sujeito que advém do ato analítico, Lacan cunhou o termo metamorfose, Freud em Análise terminável e interminável o reconhece desta forma: Não é precisamente a reivindicação de nossa teoria o fato de que a análise produz um estado que nunca surge espontaneamente no ego e * Lenita Bentes Analista praticante AP. Membro da Escola Brasileira de Psicanálise (EBP) e da Associação Mundial de Psicanálise (AMP). Ondina Machado Aderente da EBP. 1

2 que esse estado recentemente criado constitui a diferença essencial entre uma pessoa analisada e outra que não o foi? 1 Do ato resulta um sujeito transformado, isto é, que estabelece uma nova relação com a castração e com a pulsão. Nessa relação inédita com a pulsão, qual o destino desta? Em Subversão do sujeito, Lacan diz que, no final da análise, a experiência da fantasia reduz-se à pulsão 2. Trata-se da passagem do gozo proibido, o gozo do sintoma, ao gozo permitido, o gozo da fantasia, e deste a um gozo que não é imperativo, mas diferenciador, que contém a singularidade. Aquilo que não se identifica com o Outro, mas com o Um, no sentido do sem-par, vem no lugar onde havia o parceiro. Lacan extrai a idéia do Um dos pensadores do Um, os neoplatônicos. Em todo sou há uma remissão ao Outro. A captura do sujeito pelo unário, pelo Um, sempre deixa um resto, esse resto que é a, esse resto inefável. É importante não absorvê-lo ao unário, à insígnia, e manter essa insígnia distinta do mais-de-gozar. Por isso se torna muito valiosa a insistência de Lacan sobre os neoplatônicos. 3 Segundo Miller, Lacan usa o Um para tratar a problemática freudiana da identificação porque Parmênides antecipa o lugar que Lacan dará ao Um em psicanálise, chamado pelos neoplatônicos de gestações indizíveis. Se Parmênides trata da relação do Um com o todo, podemos chamar S 1 de Um e S 2 de todo, o todo dos significantes 4. Das nove hipóteses do Parmênides, Lacan tomará a segunda, para tratar da relação entre o Um e o ser. Se a primeira hipótese, O Um é um, se auto predica, a segunda, o Um é, suprime 1 FREUD, S. Análise terminável e interminável (1937). Em: Obras completas. Rio de Janeiro: Imago, 1975, volume XXIII, p LACAN, J. Subversão do sujeito e dialética do desejo no inconsciente freudiano (1960). Em: Escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1998, p MILLER, J.-A. Los signos del goce. Buenos Aires: Editorial Paidós, 1986, p Idem, ibidem, p

3 o um como predicado. A unidade não é o predicado, mas o um pode ser o sujeito de um juízo de existência. O Um é quer dizer que ele participa do ser. Esse Um é foi formulado por Lacan como: Il y a de l un, Há Um. Nessa fórmula não se prejulga nada do sujeito ao afirmar há Um. Não se prejulga que seja Um, isto é o importante, porque está no nível da segunda hipótese, no nível do juízo de existência. Esse há Um se distingue do há o Um 5. O Um é da segunda hipótese, que Lacan vai tratar tomando a forma grafada por Jean Wahl Il y a de l un, dependerá de uma posição de existência, de um puro há. Retomo a formulação esclarecedora de Miller no mesmo capítulo: No nível da primeira hipótese: Um é um, o que existe é um juízo analítico sem nenhuma referência à realidade, o que leva a concluir que é um, mas este juízo destrói a entidade à qual se refere; por outro lado, o Um é é um juízo sintético, porque é uma posição de existência na qual a síntese se revela, definitivamente, impossível. O Há Um de Lacan se situa na zona em que se recobrem o Um e o ser. Há Um é um juízo de existência. Juízo de existência é um enunciado que diz se ocorre ou não o caso de que x se cumpra, ou seja, ele pode ser afirmativo ou negativo, como por exemplo: Não há relação sexual. Já o juízo de atribuição é um enunciado que confere ou nega um predicado ou uma função ao que há. Dizer que há Um deve ser entendido como há significante. Essa referência significante proveniente do Outro vai definir o sujeito como apagamento de um significante (como um a menos). Com o Um que vem do Outro o sujeito faz sintoma, efeito da linguagem sobre o corpo. A convicção freudiana de que os sintomas têm um sentido e que, 5 Idem, ibidem, capítulo IV. 3

4 portanto, podem ser decifrados, é inicialmente tratada por Lacan segundo a lingüística estrutural. Em Função e campo, Lacan formula que o sintoma é o significante de um significado recalcado da consciência. Será em torno desse significante que o sujeito se perguntará: o que quer dizer isto? 6. Portanto, supõe um sentido que a interpretação analítica trará à luz. No mesmo artigo, Lacan diz que já está de todo claro que o sintoma se resolve inteiramente em uma análise da linguagem, porque ele próprio é estruturado como uma linguagem, ele é linguagem cuja fala deve ser libertada. 7 A concepção do sintoma como mensagem será reformulada em A psicanálise e seu ensino, texto no qual Lacan afirma: se o sintoma pode ser lido, é porque ele mesmo já está inscrito num processo de escrita. Enquanto formação particular do inconsciente, não é uma significação, mas sim sua relação com uma estrutura significante que o determina 8. O sintoma, antes relacionado à fala, é agora relacionado a um processo de escrita, o que Lacan deduz a partir da fixidez e da inércia do sintoma. Trata-se de uma vertente do significante em sua dimensão de letra, que conjuga gozo do corpo e mensagem. Um novo redirecionamento se dará quando Lacan deixa de tomar a pulsão como referida à comunicação, separando gozo e mensagem. No seminário sobre a Angústia, ele define o sintoma assim: O sintoma não é apelo ao Outro [...], o sintoma em sua natureza é gozo [...], o sintoma se basta. 9 6 LACAN, J. Função e campo da fala e da linguagem em psicanálise. Em: Escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar editor, 1998, pp Idem, ibidem, p LACAN, J. A psicanálise e seu ensino. Em: Escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar editor, 1998, pp LACAN, J. O Seminário, livro 10: A angústia, aula de 29 de janeiro de

5 Em Televisão, o sintoma será formulado como mensagem cifrada, ou seja, o destinatário dessa mensagem não é senão o próprio sujeito, aquele que goza da cifra. Passa-se então do sintoma como metáfora, no qual a letra localiza o significante, ao sinthoma como quarto elo do nó borromeano. A letra ganha, portanto, um novo estatuto: o de situar o gozo. Lacan utiliza o nó borromeano para pensar a estrutura sem referência ao Outro, no momento em que passa a privilegiar o Um, o gozo. A função do sinthoma é reparar a falha estrutural do enlaçamento, abrindo-se assim à clínica das suplências. Este Um, caroço de real, ao ser cingido, produz um sintoma novo, o sinthoma. O sujeito que daí resulta é um sujeito de um sou e de um não penso que não mais se reporta ao sentido, mas que, aberto à contingência, faz dela um bom uso, aliás o melhor que se pode fazer. 2. A identificação no sintoma e no sinthoma Na passagem do sintoma ao sinthoma há uma real transformação creditada à experiência de análise, comprovada pelos testemunhos de passe. Vamos investigá-la pela via da identificação. Freud já nos dizia que a fantasia desempenha importante papel na formação do sintoma 10. Esse sintoma é o que faz o sujeito buscar análise. Portanto, já podemos entender que esse sintoma tem uma expressão significante, mas se a fantasia é o seu núcleo, ela não se expressa. O que é a fantasia? Lacan grafa a fantasia como $ a, matema que fala da articulação do sujeito com o objeto 10 FREUD, S. Os caminhos da formação dos sintomas (1917). Em: Obras completas. Rio de Janeiro: Imago, 1976, volume XVI, p

6 pulsional. Essa escrita já permite ver que entre o sujeito e o objeto pulsional a relação não é direta, entre eles está a fantasia. Freud, em Psicologia de grupo e análise do eu 11, deduz a identificação do sintoma: pela via edípica, o sintoma denota o desejo de tomar o lugar daquele com quem se identificou; pela via regressiva, o sintoma daquele que se constituiu como objeto (amado ou não) é tomado para si, podendo o objeto ser renunciado; pela via da identificação histérica, o sintoma se dá por uma espécie de infecção emocional na qual não há relação de objeto com a pessoa imitada. Lacan vai dizer que a fantasia é uma resposta ao desejo do Outro, como mostra o grafo do desejo. A identificação se dá pela alienação do sujeito ao Outro, na qual o sujeito presume a existência do Outro e lhe atribui um desejo. Essa identificação faz sintoma, porque ao tomar o Outro como referência, o sujeito vai tentar interpretar o que o Outro quer dele, para cumpri-lo ou negálo. Na própria estrutura da fantasia Bate-se em uma criança de Freud, podemos observar uma frase solta que não favorece o deslizamento do sentido. O efeito da expressão Bate-se é paradoxal, pois cria por um lado um enigma para o sujeito que passa a buscar desvendá-lo, ou seja, articulá-lo numa cadeia significante e, por outro, como ele não consegue isso, fica paralisado. J.-A. Miller 12 diz que essa frase tem a força de um significante unário, de um S 1 que não se deixa complementar por S 2, e mesmo se recusa a isto. É nele que o sujeito fica capturado e fixado. 11 FREUD, S. Psicologia de grupo e análise do eu (1919). Em: Obras completas Rio de Janeiro: Imago, 1976, volume XVIII, pp. 133 a Idem, Ibidem, p

7 Como dissemos, a fantasia se interpõe entre o sujeito e a pulsão; ela mascara a pulsão, ou veste o gozo 13 com ornamentos imaginários. Por isto este modo de revestimento da pulsão - Lacan dirá que a fantasia é imaginária 14. Assim, o objeto da fantasia tem como função tamponar a falta no Outro na medida em que este é suposto desejar, e, ao mesmo tempo, tem a função de dividir o sujeito. Pela via da falta no Outro proliferam os efeitos imaginários para completá-lo e, pela via da divisão do sujeito, possibilita a demanda de análise. Na transferência há uma homologia entre o objeto a da fantasia e o analista, lugar do qual o analista vai operar 15. Essa operação destacará os significantes que comandam o sujeito, separando-os do sem sentido da frase fantasmática e, conseqüentemente, isolando o gozo embutido nesse sem sentido. A localização desse gozo permite ao sujeito um franqueamento à pulsão, ou seja, uma conexão com o objeto pulsional, produzindo como efeito a desidentificação do sujeito aos significantes que o dominavam na sua alienação ao Outro. O resultado dessa operação é a identificação do sujeito àquilo que lhe faz gozar, portanto, sua identificação ao sinthoma. Nessa identificação o que temos é o S 1 destacado do S 2, ou seja, uma identificação do sujeito ao seu ser de gozo. Não se trata mais do gozo do Outro presente na fantasia, mas sim de seu próprio gozo pulsional. Pela via da fantasia, a identificação é ao significante do Outro, o desejo é o desejo do Outro e o gozo é o gozo do Outro. A referência ao Outro busca completar o sujeito e, na mesma tacada, completar o Outro. O sujeito aqui é representado. Pela via da pulsão o que há é a identidade do sujeito com o seu ser de gozo, portanto, o Outro é superado como referência, restando apenas como laço social. 13 Idem, ibidem, p. 246 e p LACAN, J. O Seminário, livro 9: A identificação. Inédito. 15 COTTET, S. Sobre o psicanalista objeto a. Em: Falo, n 1, Salvador, Fator Editora, julho de 1987, pp

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