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1 Observações: este material não substitui as publicações na plataforma. Não contem anexos. Sumário... 1 Introdução... 2 Modalidades da língua... 5 Qualidade da linguagem... 8 Introdução Introdução A falácia como um mecanismo argumentativo Tipos de produção textual A narração no texto jurídico A dissertação no texto jurídico O aspecto ético na linguagem jurídica Figuras de linguagem e de construção no texto jurídico Estruturação do parágrafo do texto jurídico Vocabulário específico A linguagem dos requerimentos Linguagem contratual Linguagem contratual Linguagem nos assuntos notariais Linguagem na petição inicial A linguagem da sentença A linguagem do parecer A linguagem do texto normativo

2 Introdução Veremos, nesta aula, que língua e linguagem são aspectos diversos do fenômeno social chamado comunicação, que depende de uma série de elementos, sem os quais, a comunicação como troca de informação não se realiza. Aliás, veremos, também, que para a comunicação ser eficiente, carregada de alguma intenção, é preciso não apenas considerar o perfil do interlocutor, mas também considerar a função denotativa ou apelativa da linguagem bem como o uso que queremos dar à ela, se diretiva, operacional ou descritiva. Conceitos essenciais A primeira questão que devemos deixar clara é que não podemos confundir língua e linguagem. Enquanto a língua é um conjunto de sinais sonoros que identificam os membros de uma determinada comunidade, a linguagem é o seu instrumento, isto é, o mecanismo usado para que os membros de uma determinada comunidade possam interagir entre si. Para conhecer um pouco mais sobre essas atividades, veja o slideshow abaixo. Este slideshow faz parte da sequência desta aula e, portanto, é essencial para a aprendizagem. SLIDESHOW Nossa disciplina trata da linguagem e da argumentação jurídica, portanto, relacionando os elementos da linguagem: a) transmissor; b) receptor; c) mensagem; d) referente, e) código e f) canal temos como transmissor e receptor uma multiplicidade de sujeitos que tratam das questões jurídicas, como é o caso de advogados, juízes, legisladores etc. A mensagem, enquanto conteúdo da interação comunicacional, consiste na troca de informações jurídicas e o seu referente, isto é, o contexto, em que transmissor e receptor se encontram é aquele da situação estampada na mensagem. O Código, enquanto conjunto de signos usados, é a língua portuguesa e o canal, poderá ser variado, vez que a linguagem pode ser escrita ou gestual, sonora ou imagética, isto é, feita por meio de imagens, como no caso de uma exposição de fotografia. O cinema e a televisão, por exemplo, empregam uma linguagem que combina elementos gráficos e sonoros e elementos de imagem No nosso caso, a linguagem que empregamos, quase sempre é escrita, embora algumas vezes, façamos uso da forma sonora, como numa conferência, numa reunião com clientes, nas audiências, sustentações orais nos Tribunais ou nos debates das comissões legislativas, em que queremos transmitir uma informação jurídica. Se língua e linguagem compõem a comunicação e a comunicação outra coisa não é, senão, a interação entre as pessoas, com a transmissão de informação, então, é fácil concluir que a comunicação está presente em todas as atividades humanas e como essas atividades são tão 2

3 variadas, a linguagem, por sua vez, também, é variada, porque ela a linguagem reflete essa variação por meio do estilo, do tema e da construção da informação. Comunicação e seus interlocutores Toda comunicação é intencional, isto é, sempre tem uma intenção, um fim a alcançar e, como tal, ela é endereçada a alguém, o receptor, que podemos chamar de interlocutor. Por isso, aquele que comunica, ou seja, o emissor precisa, para estabelecer uma ação comunicacional efetiva, considerar o perfil do seu interlocutor, pois, se não o fizer, a mensagem não pode ser decodificada, ou seja, não pode ser compreendida e a finalidade do emissor não é alcançada. Existem dois tipos de interlocutores, o particular e o universal. Essa classificação é importante porque ela ajuda a construir a linguagem e o discurso a ser adotado pelo emissor, sem isso a mensagem pode não ser compreendida pelo interlocutor. Para conhecer um pouco mais sobre essas atividades, veja o slideshow abaixo. Este slideshow faz parte da sequência desta aula e, portanto, é essencial para a aprendizagem. SLIDESHOW No que tange à linguagem jurídica, também pode haver, como de fato há, interlocutores particulares e interlocutores universais. Basta que você considere a quem se dirige a mensagem jurídica. Pense na linguagem empregada pelo legislador e na linguagem empregada pelo advogado nas peças processuais. Quem são os respectivos interlocutores, ou seja, os destinatários dessas mensagens? Considere os perfis desses interlocutores e você começará a perceber uma distinção fundamental no uso da linguagem. O legislador se dirige, com seu discurso normativo, a um grande número de pessoas, as quais, como você sabe, não são necessariamente integrantes da comunidade jurídica, por isso, a linguagem deve ser sempre clara, precisa e objetiva a fim de tornar o conteúdo da mensagem operacional, isto é, de fácil alcance. Por outro lado, há a linguagem empregada pelo advogadonuma petição recursal dirigida ao Tribunal. Os desembargadores que vão examinar o recurso compartilham um conjunto de conhecimento e de saberes muito específicos com o advogado, razão pela qual a linguagem, nesse caso, deve ser específica e construída no sentido do convencimento do Tribunal. Usos ou funções da linguagem Toda comunicação é intencional e essa intencionalidade está representada no uso que se faz da linguagem. Assim, a fim de alcançar aquilo que deseja, o emissor da mensagem, falada ou escrita, empregará uma das seguintes funções, que você verá a seguir: A função referencial ou denotiva; A função apelativa ou conotativa. Para conhecer um pouco mais sobre essas atividades, assista a animação abaixo. Esta animação faz parte da sequência desta aula e, portanto, é essencial para a aprendizagem. ANIMAÇÃO Perceba a diferença, pois quando a linguagem é usada de modo descritivo, a preocupação daquele que fala ou escreve é apenas com o seu conteúdo, que pode ser falso ou verdadeiro, mas 3

4 quando a linguagem é usada para expressar algum sentimento ou despertar alguma reação, o emissor está preocupado é com o receptor. Ainda considerando a função denotativa ou referencial, o emissor pode pretender apenas estabelecer alguma diretiva, ou seja, formas de comportamento a ser adotado pelo receptor. É o caso da linguagem falada ou escrita que estampam ordens ou comandos. É a linguagem empregada pelos juízes nos seus despachos ordinatórios. Aliás, esses despachos recebem o nome de ordinatórios, porque contêm uma ordem, uma determinação. É talvez a função mais preponderante da linguagem jurídica no seu uso operacional, que consiste no emprego da linguagem escrita para concretizar o que acha descrito na norma jurídica. É o caso, por exemplo, do testador que escreve seu testamento, seguindo os comandos ditados pelo Direito das Sucessões ou do advogado que redige um contrato, observando que determina o Direito das Obrigações. Compreendidas essas questões, faça os exercícios propostos e na próxima aula trataremos da argumentação jurídica. Referências ABURRE, Maria Luiza M. e ABURRE, Maria Bernadete M. Produção de texto: interlocução e gênero. São Paulo: Moderna, pp ANOTAÇÕES COMPLEMENTARES 4

5 Modalidades da língua Nesta aula, retomaremos, de forma sintética, os elementos da comunicação e veremos que existem diversas modalidades de língua e de linguagem, diferenças cuja compreensão é importante na medida em que saber usar a linguagem formal ou informal, em seus vários níveis, garante um ato comunicacional eficaz. Veremos, ainda, a questão da linguagem jurídica e seu enquadramento nas classificações discutidas. Discutiremos os diversos níveis da linguagem jurídica, segundo a sua função criadora, aplicadora ou operacional do direito e começaremos a discutir a função argumentativa na linguagem jurídica. Para conhecer um pouco mais sobre essas atividades, ouça o áudio abaixo. Este áudio faz parte da sequência desta aula e, portanto, é essencial para a aprendizagem. Pois bem, para se comunicar, e, portanto, para expressarem seus pensamentos, as pessoas ora usam a língua culta ora usam a língua popular. A língua culta ou língua-padrão é aquela que é ensinada nas escolas, por meio da gramática e sua função é a de manter a unidade sóciocultural de uma comunidade. É também aquela usada nos textos acadêmicos, científicos, literários, jurídicos, nos jornais e revistas. Ao lado da língua culta, existe outra modalidade funcional da língua. Trata-se da chamada língua popular ou linguagem cotidiana. Mais dinâmica e espontânea, ela não se sujeita às regras gramaticais impostas pela gramática. A língua coloquial ou comum pode se manifestar pela linguagem popular, tem na gíria sua expressão maior e como se sabe, é usada para expressar pensamentos dentro de uma comunidade menor ou pela linguagem familiar, isto é, aquela usada entre os integrantes de uma família, de que o uso do diminutivo ou de apelidos carinhosos são os exemplos mais significativos. Existe, ainda, ao lado da língua culta e da língua coloquial, outra modalidade denominada língua grupal, usada por grupos específicos. É o caso da linguagem empregada por comunidades afastadas dos grandes centros urbanos; das gírias empregadas por certas comunidades e da linguagem técnica empregada por profissionais do Direito, da Medicina, da informática, do futebol. Vale observar que essas modalidades funcionais da língua são intercambiáveis entre si e seu uso depende do contexto e do ambiente em que as pessoas se encontram. É certo que um advogado não emprega a linguagem jurídica o tempo todo em que se comunica. No recesso do seu lar, conversando com seus familiares, a linguagem haverá de ser coloquial, poderá não empregar gírias, mas não se comunicará da mesma forma com que se comunica com um juiz ou um promotor. Até agora tratamos da língua e da linguagem, de suas modalidades e níveis, sem precisar o meio pela qual ela se manifesta, isto é, se escrita ou falada. A comunicação pode, pois, ser escrita ou falada e em certa medida podemos intuir que há diferenças bem acentuadas entre a língua escrita e a língua falada. Pense nas diferenças que há entre um texto escrito e uma mensagem falada. Você consegue identificar esses traços distintivos? Pois é, a língua escrita não é mera transcrição daquilo que se fala e requer mais atenção e cuidado de quem a usa, visto que ao produzir uma comunicação escrita, emissor e receptor não 5

6 estão no mesmo contexto, por isso a linguagem escrita tende a ser mais descritiva. O uso do vocabulário precisa ser mais cuidado para que o interlocutor compreenda, assim, a linguagem escrita depende de planejamento e em certa medida está distanciada do interlocutor. A língua falada, de outro lado, é minimamente planejada e, porque envolve o interlocutor, sofre alterações constantes no curso. A linguagem jurídica E a linguagem jurídica? Onde, nesse emaranhado de classificações, é possível enquadrar a linguagem de um grupo específico de pessoas, denominadas de operadores do Direito. Já sabemos que o uso da linguagem depende do contexto que os interlocutores se encontram, por isso, vamos concentrar a nossa discussão no uso da linguagem jurídica no contexto da prática do Direito, mas precisamos fazer uma distinção entre a linguagem jurídica e a linguagem judiciária. A linguagem jurídica é aquela empregada pelo Direito, enquanto norma e a linguagem judiciária é aquela emprega pelos serventuários da Justiça. Desde logo podemos dizer que a linguagem jurídica pode ser escrita ou falada. A linguagem escrita é aquela manifestada nos pareceres, petições, requerimentos, projetos de lei, resoluções, portarias, decretos, circulares. É por isso, formal e culta. A linguagem jurídica falada é, de outro lado, aquela que se vê nas audiências e sustentações orais nos Tribunais. É também, formal e culta, e, tanto quanto a linguagem escrita, é marcada por um vocabulário muito específico e próprio que compõe um verdadeiro repertório, estampado nos dicionários jurídicos. Vimos, pois, que a linguagem jurídica representa um modo de expressão de um grupo, isto é, o grupo de profissionais que editam o direito (legislador), que aplicam e dizem o direito (juízes) e que operam o direito (advogados) e, de um modo mais abrangente, de toda uma classe de pessoas que de alguma forma praticam o direito. É nesse sentido que temos, então, vários níveis de linguagem jurídica. A linguagem do legislador estampado nos códigos, a linguagem dos juízes e Tribunais, que se vê nas sentenças, despachos e decisões, a linguagem contratual, usada pelos advogados nos contratos, a linguagem dos registradores públicos, no vários documentos que produzem destinados a registrar e dar publicidade a certos atos jurídicos. Para conhecer um pouco mais sobre essas atividades, assista a animação abaixo. Esta animação faz parte da sequência desta aula e, portanto, é essencial para a aprendizagem. ANIMAÇÃO A questão argumentativa da linguagem jurídica De todas as perspectivas que vimos até agora a respeito da linguagem jurídica, uma não pode passar despercebida a função argumentativa do Direito. Falamos na função criadora, da função realizadora e até mesmo da função operacional do direito, mas todas elas passam de alguma forma pela função argumentativa. De fato, a argumentação está presente na linguagem jurídica empregada na fase de elaboração da norma, seja ela pré-legislativa seja ela legislativa, nas discussões que ocorrem no 6

7 interior das Comissões Parlamentares que examinam o conteúdo do projeto de lei proposto. Pense nas discussões que vêem travando acerca da descriminalização do aborto ou da maioridade penal. A argumentação está presente, ainda, na fase de dicção do direito, ou melhor, na sua fase de aplicação pelos juízes ou pelos órgãos da Administração Pública que têm poder decisório. Falamos aqui dos processos administrativos. A argumentação empregada pelos juízes e órgãos de decisão ora passam pelo problema referente aos fatos apresentados, ora passam pelo problema relativo à norma a ser aplicada. O que interessa quanto à função argumentativa da aplicação do direito é a razão justificadora da aplicação de uma determinada norma jurídica em detrimento da outra, que resulta de um ato de interpretação da norma a ser eleita como aplicável a determinado caso concreto. É por isso que quando a questão é de operacionalização do direito nos Tribunais, não são poucas as vezes que se associa a imagem de um bom advogado àquele que é habilidoso no uso da linguagem jurídica, àquele que é capaz de argumentar, seja construindo argumentos seja manipulando-os, isto é, usando-os de acordo com as situações jurídicas que lhe são submetidas na busca de uma decisão favorável ou menos danosa. Referências PETRI, Maria José Constantino. Manual de Linguagem Jurídica. São Paulo: Saraiva, pp Avalie este tópico: ANOTAÇÕES COMPLEMENTARES 7

8 Qualidade da linguagem Nesta aula, veremos quais são as qualidades necessárias para que a linguagem, de um modo geral e em especial a linguagem jurídica, seja eficaz, isto é, produza o efeito necessário e desejado por quem deseja transmitir uma mensagem, com correção gramatical, coerência, clareza e precisão. Além dessas qualidades, é preciso, também, considerar, na hora de escrever, não só as técnicas básicas de redação, mas também, o destinatário da mensagem. Letramento digital e ensino: algumas considerações Já vimos, em outro momento, que a linguagem é o meio de transmitir por palavras escritas ou faladas uma unidade de pensamento, isto é, uma mensagem, que tanto será mais facilmente compreendida quanto mais claro e preciso for o pensamento. Assim, linguagem e pensamento estão numa relação direta e necessária. Vimos, nas aulas anteriores, que a eficácia da comunicação depende do contexto em que ela é produzida e do perfil daquele a quem a mensagem é endereçada. Por isso, preocupado com a operacionalização do direito, Miguel Reale afirma que uma das mais importantes características do Código Civil, em vigor desde 2002, é a apropriação de uma linguagem clara que possa ser compreendida mais facilmente pelo homem comum. Contudo, não basta, clareza e precisão. Outras qualidades ainda são exigidas da linguagem, especialmente a jurídica, tais como correção gramatical e coerência. Assim, são qualidades que devem estar presentes no ato de comunicação jurídica: correção gramática, coerência, clareza e precisão. Não se esqueça de consultar com o professor da disciplina sobre a entrega de todo o material produzido e como será a finalização da disciplina. Correção gramatical A correção gramatical exige domínio das regras da língua padrão, isto é, das regras de gramática. É preciso saber manejar as regras de: a) acentuação; b) crase; c) emprego de pronome pessoal oblíquo, pronomes de tratamento, pronomes demonstrativos e pronomes relativos; d) regência verbo-nominal; e) concordância, seja verbal seja nominal e f) pontuação. Não basta, contudo, que o texto, isto é, a unidade de pensamento enunciada esteja gramaticalmente correta. É preciso, ainda, que ele se apresente claro, preciso e coerente, pois é de pouca ou nenhuma serventia um texto em perfeitas condições gramaticais, sem que possa ser compreendido em razão das deficiências na estruturação da frase e na concatenação das idéias a serem transmitidas. Coerência A coerência de um texto diz respeito à organização das idéias e das relações lógicas e cronológicas que entre elas se estabelece. Um texto é coerente quando, da idéia principal, 8

9 decorrem outras idéias numa sucessão natural do ponto de vista lógico e cronológico. A ausência de coerência leva à falta de clareza e, portanto, leva a um texto obscuro e de difícil compreensão. A técnica para se obter a coerência é estabelecer qual a idéia principal, isto é, o tema em torno do qual o texto haverá de ser construído, o que pode ser obtido com a colocação do tema logo no início do parágrafo. Para a obtenção da coerência é preciso que a idéia principal fique explícita no parágrafo, isto é, clara, sendo recomendável que a idéia principal seja declarada desde o início do parágrafo para que, a partir dela, as chamadas idéias secundárias se desdobrem numa relação lógica e cronológica. Um parágrafo será ainda coerente quando são evitados detalhes que nada acrescentam à idéia principal são mera repetição ou dela. Um parágrafo prolixo, ou seja, com detalhes em abundância, dificultam a sua compreensão e comprometem a sua clareza a tal ponto de o quem o lê não poder saber exatamente do que se trata. Um parágrafo só deve conter informações que possam ajudar a compreender a idéia principal. Se, eventualmente, uma idéia for por demais complexa, porque envolve muitos aspectos ou se forem duas ou mais idéias que precisam ser apresentadas, porque são consideradas relevantes, o melhor a fazer é distribuí-las em outros parágrafos e não num mesmo período, dentro do mesmo parágrafo. Na linguagem jurídica, o desenvolvimento de uma mesma idéia em muitos parágrafos subseqüentes demonstra falta de organização e de planejamento. A coerência textual é tão importante na linguagem jurídica que, por exemplo, o Código de Processo Civil, no artigo 295, parágrafo único, determina que uma petição inicial é inepta, isto é, não é hábil a instaurar o processo, quando o pedido formulado pelo autor não for uma decorrência lógica do que foi dito na causa de pedir. Em outras palavras, é preciso que o pedido seja coerente com os fatos descritos. E não é só. O Código Civil, por sua vez, exige coerência do texto na linguagem contratual, sobretudo na aposição dos elementos acidentais do negócio jurídico, ao tratar das condições perplexas, determinando a nulidade da condição quando ela for perplexa. Clareza Essa qualidade do texto resulta da correção gramatical e da coerência. Pode ser conseguida, também, com a observância de algumas regras fundamentais tais como o uso de frases curtas, isso porque frases longas e prolixas, carregadas de adjetivos comprometem essa qualidade. A ordem direta dos elementos da frase (sujeito, verbo, objeto e complemento) é condição necessária para que se obtenha clareza, por isso evite a ordem indireta, tão usada na linguagem 9

10 jurídica e tome cuidado com a pontuação. A ausência de clareza leva ao problema da ambigüidade ou da obscuridade. A clareza dos textos é uma qualidade tão importante na linguagem jurídica, que o Código de Processo Civil, ao tratar dos recursos como medidas judiciais de impugnação às decisões judiciais, apresenta um recurso denominadoembargos de Declaração que tem por objetivo sanar as contradições, omissões e obscuridades dos textos contidos nas decisões judiciais. A maneira como se redige um texto jurídico deve ser cuidadosamente pensada, não em razão de uma necessidade formal, relacionada ao uso da língua padrão, isto é, consoante à gramática ou segundo técnicas de redação, mas por uma imperiosa necessidade de comunicação e, portanto, de ordem prática. Precisão A finalidade da comunicação é a transmissão da mensagem e seu principal veículo é a palavra, escrita ou falada, por isso, a palavra requer um cuidado muito grande, sobretudo quanto a sua escolha, a sua significação e colocação dentro de uma composição textual. O uso adequado do vocabulário próprio do direito, o chamado vocabulário jurídico, que consiste num repertório muito particular de expressões com significados próprios, sejam aqueles estampados na própria lei ou em um bom dicionário jurídico é o recurso que permite a obtenção da clareza e da precisão. O uso de palavras fáceis simplifica o entendimento e contribui para a clareza do texto, por isso neologismos e preciosismos devem ser evitados, pois, além de comprometer a clareza do texto, podem prejudicar o significado da mensagem a ser transmitida. Referências GARCIA, Othon M. Comunicação em prosa moderna. 13a ed. Rio de Janeiro: FGV Editora, p Avalie este tópico: ANOTAÇÕES COMPLEMENTARES 10

11 Introdução Nesta aula veremos quais os elementos que compõem a linguagem argumentativa de um texto jurídico. Você aprenderá como estruturar adequadamente um texto argumentativo, conhecerá as características dessa estrutura e saberá identificá-las e usá-las em seu dia-a-dia profissional. A linguagem jurídica adotada pelo legislador nos textos normativos é prescritiva, na medida em que ordena comportamentos e descreve situações, permanentes ou sujeitas a alterações e para alcançar essa finalidade, o legislador se vale de uma linguagem vaga e imprecisa, visto que se apropria da linguagem comum, o que torna a linguagem do legislador passível de interpretação. A linguagem jurídica adotada pelo advogado em suas peças processuais, pelo juiz em suas decisões e pelo promotor de público é, sobretudo, argumentativa, isto é, a linguagem tende a convencer alguém, a demonstrar a validade de uma tese ou a defender um ponto de vista. A função da linguagem empregada é persuasiva e o uso de argumentos será preponderante, pois a intenção é influenciar o interlocutor e conseguir a sua adesão no sentido de aceitar a ideia, de agir de uma determinada maneira ou de acreditar em algo. Para conhecer um pouco mais sobre essas atividades, ouça o áudio abaixo. Este áudio faz parte da sequência desta aula e, portanto, é essencial para a aprendizagem. A linguagem argumentativa A linguagem argumentativa, para sua eficácia, depende não só da observância das regras de lógica, mas também da consistência dos argumentos desenvolvidos e das evidências das provas que dão sustentação ao argumento. O texto argumentativo é composto de: tese, argumentos, estratégias argumentativas e conclusão. Tese A tese de um texto argumentativo é a proposição que se busca defender, que geralmente vem marcada por uma certa polêmica, isso porque os argumentos implicam necessariamente divergência de opinião, porquanto o objetivo do texto argumentativo é convencer e persuadir alguém. Assim, verdades universais e temas sobre os quais há um consenso não podem ser tomados como tese. Imagine a situação em que um dos cônjuges atribua ao outro um comportamento desonroso capaz de autorizar a separação judicial, como determina a lei civil. Evidentemente que o outro cônjuge negará a imputação dessa conduta, dizendo-se inocente. O juiz precisará ser convencido. Portanto, estabelecida a divergência, cada um dos advogados buscará convencer o juiz da sua tese culpa ou inocência pela separação. A tese, como se vê, é uma ideia que será defendida com os argumentos. A identificação dos argumentos 11

12 Para identificar os argumentos, basta que se formule mentalmente a pergunta: Por quê? Assim, se o advogado de A afirma que B é culpado pela separação judicial, a pergunta deve ser: Por quê?. A essa resposta dá-se o nome de argumento. A argumentação é a demonstração do ponto de vista do emissor da mensagem que vem amparada nas relações de causa e efeito, em comparações entre situações, épocas e lugares diferentes. A argumentação também se apoia em depoimentos ou citações de pessoas especializadas no assunto abordado, em dados estatísticos, pesquisas. Para uma boa construção dos argumentos é preciso conhecer bem a tese, ter informações e documentos necessários que lhe dão suporte. Depois, é preciso selecionar os argumentos e encadeá-los de forma lógica e racional, considerando o que é de fato relevante para a eficácia do texto, ou seja, convencer, persuadir e obter a adesão do leitor. Estratégias argumentativas As estratégias argumentativas dizem respeito à articulação e ao desenvolvimento do discurso e representam o verdadeiro mecanismo pelo qual o leitor será persuadido. A eficácia do texto argumentativo, em certa medida, para além das provas apresentadas na argumentação, depende do estabelecimento de relações lógicas entre as palavras, as frases, os períodos e os parágrafos, o que já vimos nas aulas anteriores. A eficácia do texto depende da correta estruturação das frases, do uso correto e adequado das frases de transição, com relação às regras de concordância verbo-nominal, ao uso adequado de pronomes e à utilização de uma variada gama de vocabulário. Daí a importância de conhecer bem orepertório jurídicoou o chamadovocabulário jurídicosobre o qual já falamos em outra aula. Para resumir, as estratégias argumentativas dizem respeito à fluência do texto, à sua clareza, coerência ecoesão. Conclusão A parte final do texto não é um resumo dos argumentos nem uma síntese do que foi escrito, mas o apontamento das conclusões decorrentes dos argumentos apresentados e a comprovação da tese. A conclusão deve ser uma decorrência natural dos argumentos. Referências Material Complementar GARCIA, Othon M. Comunicação em prosa moderna. 13. ed. Rio de Janeiro: FGV, 1986, p ANOTAÇÕES COMPLEMENTARES 12

13 Introdução Nesta aula veremos a argumentação de autoridade, por analogia, ad hominem e suas modalidades, o argumento a fortiori, como sendo os tipos de argumentação mais comuns nos textos jurídicos. Iremos rever, ainda, as fases de produção do texto argumentativo, desde a reflexão e pesquisa do tema e da tese até a conclusão. Vimos na aula passada que o texto argumentativo precisa ser planejado. O plano do texto argumentativo, como qualquer produção textual, de modo geral passa, primeiramente, pela reflexão, pela escolha criteriosa e reflexiva do tema do texto. A segunda etapa consiste na seleção das fontes de informação para a coleta de argumentos e na própria coleta de dados. A terceira etapa, na redação do texto e a quarta na sua revisão. Tipos de argumentação Já sabemos que argumentar consiste em apresentar razões justificadoras de uma proposição, de uma ideia que se pretende demonstrar verdadeira ou válida. Lembre-se do exemplo do advogado que pretende ajuizar ação de separação com fundamento na conduta desonrosa do outro cônjuge. Pois bem, nosso colega advogado quer demonstrar que uma pessoa casada não deve apresentar-se como solteira perante a sociedade, especialmente, nas comunidades virtuais como o orkut, pois essa conduta é atentatória contra a dignidade do outro cônjuge, autorizando o pedido de separação judicial. Vejam que nós, juntamente ao nosso colega advogado, cumprimos a primeira etapa do processo de argumentação. Percebam que a argumentação é um processo, no qual precisamos cumprir uma série de etapas. Passamos pela primeira, conforme o quadro anterior, refletimos com o nosso colega advogado acerca do tema, que foi extraído de sua conversa com o cliente o cônjuge que se sentiu desprestigiado com o comportamento da esposa, que se dizia solteira na sua página pessoal doorkut. Nesta segunda etapa, vamos, acompanhando nosso colega advogado, começar a construir os argumentos, isto é, vamos apresentar as razões que justificam a tese de que é conduta desonrosa, uma pessoa casada apresentar-se como solteira e para essa etapa da argumentação, precisamos conhecer os vários tipos de argumento que existem. 13

14 Argumento de autoridade Comecemos pelo argumento de autoridade, que consiste em trazer em abono da proposição inicial a opinião de especialistas e doutores no tema sobre o qual vamos argumentar. São as citações de doutrina, de artigos especializados e orientações sumuladas pelos Tribunais Superiores. Cuidado ao usar o argumento de autoridade. Não se esqueça de transcrever fielmente o trecho que dá sustentação à tese e de inseri-lo entre aspas, colocando o trecho em fonte diferente, em negrito ou em itálico ou numa paragrafação diversa, ou seja, em recuo. Jamais alterem o conteúdo da citação e nem mesmo promova eventuais correções no texto original, se acaso o texto encontrado e eleito como argumento de autoridade estiver escrito em português que não se usa mais, por conta das reformas ortográficas ocorridas na língua portuguesa. E não se esqueçam, finalmente, de transcrever as referências bibliográficas que foi extraída a citação. O método costuma ser o da ABNT. Para o nosso exemplo, precisaríamos encontrar um texto doutrinário ou uma decisão judicial emanada de um Tribunal Superior que tratasse dessa questão para que a elegêssemos como nosso argumento de autoridade. Argumento por analogia É o argumento segundo se os fatos são semelhantes, a decisão devem ser a mesma. É, na verdade, aplicação do princípio de que as situações iguais devem ser tratadas igualmente. O argumento por analogia se constrói a partir da citação de jurisprudência. Assim, o recurso a esse tipo de argumento depende da localização de uma decisão de algum Tribunal que tenha examinado uma tese semelhante àquela que se pretende demonstrar. No argumento por analogia também é preciso tomar uma série de cuidados com a transcrição de trechos de acórdãos e para isso remetemos vocês à leitura do tópico anterior. É importante observar, ainda, que não basta apenas citar o trecho do acórdão que justifica a tese. É preciso mostrar, na argumentação, como o trecho selecionado se aplica à tese a ser defendida. É preciso, portanto, mostrar a relação que se estabelece entre a situação decidida e a situação a se decidir. Aliás, existe um tipo de recurso na sistemática processual em vigor, que se constrói basicamente com o argumento por analogia. Trata-se do Recurso Especial na hipótese de divergência jurisprudencial, em que o advogado deve cotejar analiticamente dois acórdãos que retratam situações assemelhadas, mas que deram solução divergente para o caso. Esses são os dois tipos de argumentação mais usados no texto jurídico, mas existem outros que recorrentemente podemos perceber. Vejamos mais alguns. Argumento ad hominem Esse tipo de argumento é direcionado contra a pessoa. Trata-se de uma falácia, isto é, de um erro de raciocínio, pois ao invés de dar sustentação à tese, o argumentante acaba por atacar a pessoa, colocando em dúvida a sua credibilidade. A argumentação ad hominem costuma ser muito comum nos debates políticos à época de pleitos eleitorais. Basta assistir a um debate político pela televisão para que se possa perceber o argumento ad hominem sendo usado. 14

15 O argumento ad hominem pode ser abusivo ou circunstancial. É abusivo o argumento quando ele ataca o caráter da pessoa. Nos debates políticos, as argumentações em torno dos programas de governo cedem seu lugar para críticas aos adversários por suas alianças políticas. É circunstancial o argumento ad hominem, quando o argumentante se vale de uma especial situação em que o outro se encontra ou se encontrou em algum momento para atacá-lo. Na verdade o que ocorre é a demonstração da incompatibilidade entre a ação e o discurso do adversário. Argumento a fortiori ou argumento com maior razão É também um argumento jurídico e, via de regra, é usado para buscar a supressão de omissões da lei e, com isso, tornar o seu sentido mais abrangente. Trata-se de autorizar quem pode fazer o mais, fazer o menos. VALE A PENA CONFERIR Deixamos para esta parte final da nossa aula a indicação de um acórdão que representa um texto argumentativo de uma tese bastante atual e interessante. Procurem identificar na leitura as fases de elaboração do texto argumentativo, bem como as estratégias argumentativas e os tipos de argumento. Boa leitura!. Disponível em: tex.pro.br.acesso em 29 abr. 13. Referências GARCIA, Othon M. Comunicação em prosa moderna. 13. ed. Rio de Janeiro: FGV, 1986, p Avalie este tópico: ANOTAÇÕES COMPLEMENTARES 15

16 A falácia como um mecanismo argumentativo Nesta aula, você aprenderá o que é uma falácia como um mecanismo argumentativo, que tem por finalidade levar o adversário ao erro. Veremos que não é uma prática recomendável, na medida em que, se propositada, demonstra ou pode demonstrar desonestidade e má-fé de quem a utiliza. Além disso, você aprenderá quais são as modalidades ou os tipos de falácias e como combatê-las. Na aula passada, depois de examinarmos os passos para a produção de um texto argumentativo, vimos os vários tipos de argumentos, isto é, as várias formas pelas quais podemos apresentar as razões de acolhimento da tese que demonstramos. Já sabemos que argumentar consiste em expor as razões que dão sustentação a uma tese e que a argumentação, em última análise, tem por finalidade convencer e persuadir o juiz, o promotor, o delegado e, até mesmo, o outro advogado. Isso quando não buscamos convencer a parte contrária a entabular um acordo, por exemplo, com vistas a alcançar o fim de um conflito ou de uma negociação. Para conhecer um pouco mais sobre essas atividades, ouça o áudio abaixo. Este áudio faz parte da sequência desta aula e, portanto, é essencial para a aprendizagem. Vamos ver a seguir alguns tipos de falácias, indicando como elas são construídas, a fim de que você nos seus arrazoados as evite e ao percebê-las possa rebatê-las: Falácia por generalização A falácia por generalização consiste em apontar as propriedades da parte para justificar a propriedade do todo. Tome como exemplo as constantes afirmações que ouvimos de que "todas as mulheres são emotivas". Falácia por falsa analogia É ainda um exemplo de falácia por indução, aquele argumento construído pela falsa analogia. Já aprendemos que analogia, como método de supressão de lacuna da lei, consiste em comparar duas situações de fato assemelhadas nos seus aspectos particulares dando a elas a mesma solução. Pois bem, tratando-se de falácia por indução, esse raciocínio é imperfeito porque ao considerar apenas aspectos particulares conclui-se por uma tese geral. Para conhecer um pouco mais sobre essas atividades, ouça o áudio abaixo. Este áudio faz parte da sequência desta aula e, portanto, é essencial para a aprendizagem. Falácia por erro de acidente Também é um modo de argumentar por indução. Esse argumento toma um elemento circunstancial ou acidental um elemento necessário. 16

17 Para compreender esse tipo de falácia, você precisa ter em mente o significado das expressões acidental e necessário. Você já ouviu uma falácia por erro de acidente muitas vezes. É, por exemplo, o que se afirma de políticos. Todos os políticos são desonestos. Essa afirmação, possivelmente, decorre ou decorreu do fato de um certo e determinado político ter se envolvido em algum escândalo financeiro. Pensemos em outra: Todo jogador de futebol vem das camadas sociais mais desprovidas de recursos. Esse argumento decorre do fato de algum jogador ou alguns jogadores de futebol bem conhecidos, de fato, terem saído das camadas sociais menos privilegiadas. Falácia por ataque pessoal Já discutimos essa figura em aula anterior quando discutimos o argumento ad hominem em suas duas classificações. Naquela oportunidade, dissemos que uma delas não era propriamente um argumento, mas uma falácia. A falácia por ataque pessoal ocorre no momento em que se empregam ofensas ao adversário. Em recente debate político, um dos candidatos, esquivando-se de responder às perguntas que lhe foram endereçadas, voltou-se para o adversário referindo-se às relações pessoais dele com outros políticos. É preciso tomar cuidado com esse tipo de falácia, na medida em que ela pode não ser uma falácia, mas sim um argumento, como ocorre, por exemplo, quando a pessoa é notoriamente conhecida por seu passado. É o caso de alguém que já foi processado várias vezes por crime de perjúrio e foi condenado em todos eles. A probabilidade dessa pessoa mentir em juízo novamente, caso seja arrolada como testemunha, permite que sua condição pessoal seja usada como argumento. Aqui não se trata de falácia ou de argumento ad hominem ofensivo ou abusivo. Falácia da misericórdia É o argumento que se volta para a emoção, para piedade e misericórdia. A sua finalidade é obter adesão à tese, não pelas razões alinhavadas e pelos argumentos construídos, mas pelo despertar de sentimentos piedosos. Temos como exemplo de falácia da misericórdia, o discurso daquele aluno que é sempre vítima das circunstâncias. Para justificar que não estudou convenientemente para a prova, passa a dizer que mora muito longe, que gasta várias horas no transporte, que trabalha durante todo o dia, que não pode ser reprovado, porque já tem outras reprovações anteriores, buscando com isso despertar piedade do professor. 17

18 Outro exemplo? O advogado de defesa que, não podendo deixar de se curvar às provas de que o cliente é culpado pelo crime que cometeu, invoca a piedade do juiz dizendo que o réu é pobre, que perderá o emprego se for para a cadeia, que os muitos filhos menores ficarão à míngua, a fim de que seu cliente obtenha uma pena menor. Com a falácia de misericórdia, não se convence, se comove! Falácia da petição de princípio É o desenvolvimento de raciocínio circular, em que o argumento e a conclusão se confundem, ou seja, a conclusão é o próprio argumento. É o que acontece quando alguém diz que o vidro está quebrado porque alguém o quebrou. Dizer que alguém quebrou o vidro para explicar que ele está quebrado é inútil. Esse tipo de falácia também é denominado de tautologia porque consiste em repetir a mesma ideia de forma diferente, querendo emprestar a ela a natureza de explicação ou de falácia da petição de princípio, em que se toma por demonstrado o que ainda precisa de prova, ou seja, toma-se a conclusão como prova dela mesma. Referências RODRIGUEZ, Victor Gabriel. Argumentação jurídica: Técnicas de persuasão e lógica informal. São Paulo: Martins Fontes, 2005, p GARCIA, Othon Moacir. Comunicação em prosa moderna. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1996, p ANOTAÇÕES COMPLEMENTARES 18

19 Tipos de produção textual Nesta aula, iremos rever os tipos de produção textual: narração, descrição e dissertação, seus elementos estruturantes e a finalidade a ser alcançada com a produção desses textos. Na aula anterior, em continuação ao estudo dos tipos de argumento, vimos as falácias, isto é, os erros propositadamente causados com a finalidade de levar alguém a erro. Nesta aula, vamos examinar os tipos de produção textual e a linguagem que neles se emprega e onde com frequência encontramos os argumentos e as falácias já estudadas. Vale relembrar, neste momento, nossa primeira aula sobre os elementos da comunicação. O texto é uma mensagem e como tal ela é produzida por alguém que denominados de emissor e destinada a outrem, que chamamos de receptor ou interlocutor. E mais, precisamos ainda considerar o conteúdo do texto, isto é, a mensagem, o assunto que queremos comunicar, sua estrutura, ou seja, a organização das ideias, o que demonstra a coerência e a fluidez do texto. Precisamos considerar também os níveis de linguagem manifestados pelo vocabulário que vamos empregar. Lembre-se que a seleção do vocabulário depende do nosso interlocutor, ou seja, daquele a quem nossa mensagem é destinada e, por fim, a questão gramatical, com o uso adequado da norma culta. Vejamos agora os tipos de texto que podemos elaborar para transmitir uma mensagem eficaz. Vamos tratar dos tipos redacionais ou da tipologia textual. Descrição Descrever é expressar por meio de palavras objetos, pessoas e lugares e, segundo Othon Moacir Garcia, até mesmo um sentimento pode ser descrito. Quem não se lembra da professora do ensino fundamental pedindo no primeiro dia de aula, que descrevêssemos nossas férias? Pois é, descrever significa, então, singularizar, isto é, indicar os aspectos e as características mais relevantes de um objeto, de uma pessoa, de um lugar ou de um sentimento, tornando-os distintos de qualquer outro. A qualidade da descrição está diretamente relacionada ao nível de observação daquele que descreve, isso porque uma descrição não se faz com a simples enumeração das características do objeto, da pessoa, do lugar e do sentimento. Uma descrição será eficaz se o interlocutor tiver a impressão de estar diante do objeto, da pessoa, do lugar descrito. Não falamos aqui apenas da descrição literária, como José de Alencar a faz ao descrever a entrada de Aurélia, protagonista do romance Senhora, em um dos salões de baile do Império, mas também da descrição técnica. A narração técnica, por sua vez, é aquela que trata de assuntos técnicos ou científicos e como qualquer outro tipo de produção textual há de ser marcada pela clareza, coerência, correção, objetividade e exatidão que já vimos em aulas anteriores. 19

20 Uma descrição deve conter, minimamente, um tópico frasal, isto é, uma frase que apresente o objeto da descrição, seguida do desenvolvimento, que consiste na apresentação de detalhes, numa estrutura dedutiva, ou seja, na narração. Os detalhes vão sendo apresentados do geral para o particular e, por fim, o encerramento da narração com uma síntese. Narração Esse tipo de texto, diferentemente da descrição, tem por objeto um fato, ou seja, um acontecimento que tenha sido causado pelo homem com sua atuação ou pela força da natureza, por isso a toda narração depende da presença de todos ou pelo menos de alguns dos seguintes elementos: o fato, as pessoas envolvidas no fato, como o fato se desenrolou, quando ele ocorreu, em que circunstâncias, qual a razão de ele ter ocorrido e qual a consequência decorrente desse fato. Para conhecer um pouco mais sobre essas atividades, veja o slideshow abaixo. Este slideshow faz parte da sequência desta aula e, portanto, é essencial para a aprendizagem. SLIDESHOW Os elementos da narração podem ser apresentados na seguinte ordem: a introdução com a apresentação do fato a ser narrado; o desenvolvimento com apresentação dos demais elementos, o fato central e o desfecho. Se pararmos para pensar essa é a estrutura de um romance e de uma novela. Dissertação Esse tipo de texto consiste na exposição de ideias a respeito de um assunto. Não se trata de simplesmente apresentar um tema, mas discuti-lo, analisando-o, mediante a apresentação de ideias com indicação de provas que possam justificar o ponto de vista apresentado. Para conhecer um pouco mais sobre essas atividades, ouça o áudio abaixo. Este áudio faz parte da sequência desta aula e, portanto, é essencial para a aprendizagem. Vamos nos deter mais no texto dissertativo, já que a maior parte das produções textuais tem essa natureza. Por isso, veremos aqui como elaborar um texto dissertativo que pode ser apenas expositivo ou apenas argumentativo ou ainda expositivo-argumentativo. A redação do texto dissertativo, em qualquer de suas modalidades, deve ser feito na primeira pessoa do singular. Não use afirmações vagas, imprecisas e nem manifeste juízos de valor ou conceitos que impliquem em julgamento, já que essas expressões não se revestem de qualquer informação. Cuide para não ser redundante, isto é, repetitivo. Observe se não há repetição de ideias, se há obscuridade, ou seja, falta de clareza bem como se há frases desconexas, sem sentido, que podem ser decorrentes do uso inadequado de conjunções. Uma última observação precisa ser feita. Nenhum desses tipos textuais é puro, ou seja, uma narração poderá conter aspectos de descrição e da dissertação. Da mesma forma que um texto descritivo pode apresentar elementos de uma narração e de uma dissertação. Na realidade, essa tipologia de texto só é identificada a partir da finalidade a ser alcançada pelo seu autor. 20

21 Referências RODRIGUEZ, Victor Gabriel. Argumentação jurídica: Técnicas de persuasão e lógica informal. São Paulo: Martins Fontes, 2005, p GARCIA, Othon Moacir. Comunicação em prosa moderna. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1996, p PETRI, Maria José Constantino. Manual de linguagem jurídica. Saraiva, 2009, p ANOTAÇÕES COMPLEMENTARES 21

22 A narração no texto jurídico Nesta aula, retomaremos aspectos da produção textual narrativa vendo-a da perspectiva jurídica, isto é, como os advogados, juízes, promotores de justiça, oficiais do registro público, delegados de polícia se apropriam da estrutura narrativa em seus textos jurídicos. Na aula anterior, vimos os tipos textuais mais comuns. Nesta aula, veremos a narração no texto jurídico. No discurso jurídico, encontramos dois tipos de textos narrativos: aquele que contém uma narrativa simples e outro que contém a narrativa valorada. Alguns textos produzidos por advogados, juízes, promotores, delegados de polícia e por oficiais do registro público apresentam uma narrativa. Isso acontece numa petição inicial, na contestação, nos recursos ou contra razões de recurso, produzidas por um advogado; na sentença proferida pelo juiz; numa manifestação, na denúncia, nas razões de recurso feitas por um promotor de justiça; no relatório do inquérito policial feito por um delegado de polícia e nas escrituras públicas feitas pelos registradores. Na petição inicial, peça primordial de um processo judicial, a narração é uma parte fundamental do texto jurídico e nela o advogado, por força do que determina o artigo 282, do Código de Processo Civil, deve em primeiro lugar, qualificar as partes, narrar os fatos importantes do caso concreto, tendo em vista que o reconhecimento de um direito passa pela análise do fato gerador do conflito. A construção da narrativa do texto jurídico deve seguir, como vimos na aula anterior, os seguintes elementos: a) O que aconteceu; b) Quem são as pessoas envolvidas no acontecimento; c) Como ocorreu o fato; d) Quando ocorreu o fato; e) Onde ocorreu o fato; f) Por que ocorreu o fato e g) Qual ou quais as consequências do fato. Aqui, diferentemente, da narrativa literária, nem todos os fatos merecem ser narrados. É preciso saber selecionar o fato a ser narrado, isso porque ao lado do fato jurídico existem outros fatos que não são relevantes para o reconhecimento do direito e acabam, quando narrados, comprometendo a principal qualidade do texto narrativo, qual seja, a clareza e a lógica da narrativa. Aliás, quando constatado algum defeito na narrativa que comprometa a compreensão do texto, o juiz poderá mandar o advogado reescrevê-la, aditando-a para esclarecer pontos obscuros ou de difícil compreensão. Quando, apesar de emendada a petição inicial, o advogado não conseguir fazer com que o juiz compreenda os fatos, o juiz poderá indeferir a petição inicial, o que significa dizer que a petição não pode ser admitida em juízo. Este Texto Complementar faz parte da sequência desta aula e, portanto, é essencial para a aprendizagem. COMPLEMENTAR 22

23 Na sentença de um juiz, a narração está estampada numa parte denominada de relatório, na qual o juiz faz uma sucinta descrição do que foi narrado pelo autor na petição inicial e do que foi narrado pelo réu na contestação. É certo que uma sentença pode padecer do mesmo problema que a petição inicial, qual seja, a falta de clareza e precisão e, para isso, com vistas a sanar esse defeito redacional da sentença, poderá o advogado interpor um recurso denominado de Embargos de Declaração, cuja finalidade é aclarar pontos obscuros, contraditórios ou omissos da sentença. Na denúncia de um promotor de justiça, a narração está na parte em que o promotor descreve o crime praticado, indicando quem o praticou, as circunstâncias em que o praticou, o lugar do crime, as razões do crime bem como as consequências do crime. Lembre-se que o crime é um fato, por isso, a narração é o veículo apropriado. A clareza deve ser a preocupação maior e deve estar sempre presente em qualquer ato comunicacional jurídico, praticado pelo advogado, pelo juiz, pelo promotor, pelo oficial do registro público ou pelo legislador na produção da norma. A clareza da narração é uma decorrência, repetimos aqui outras aulas, da correção gramatical, da coerência, isto é, da relação lógica e encadeada das ideias e das palavras e da precisão vocabular, pois o texto jurídico é um texto técnico e direcionado, como vimos nas primeiras aulas, a um grupo específico de pessoas. No caso da petição inicial, o discurso é endereçado primeiramente ao juiz e depois ao réu, que em razão do princípio constitucional do contraditório, deverá ter ciência do conteúdo da petição inicial para com base nela poder, se quiser, produzir sua defesa, por meio da contestação. Nesse compasso, seja a petição inicial, seja a contestação ou recursos, como modalidades de textos jurídicos ser marcado pela ficção, pelo fantasioso, pelo imaginário, mas antes e, sobretudo, deve estar marcado pela veracidade da informação, razão pela qual a narrativa distorcida dos fatos é uma prática condenável, punida com a litigância de má-fé. Lembrem-se aqui das falácias. Como já vimos na aula anterior, nenhum tipo de produção textual é inteiramente puro, ou seja, havemos de encontrar narração com aspectos descritivos ou dissertações com aspectos narrativos e até mesmo descritivos. Podemos encontrar, então, um texto com diversos aspectos, o que vai depender da finalidade a ser alcançada com o texto, como já dissemos. A questão se resolve com a seleção do vocabulário, pois a partir da escolha do vocabulário, o narrador, no nosso caso, o advogado do autor na petição inicial ou o advogado do réu na contestação pode narrar os fatos de uma determinada perspectiva que leve o juiz, ao examinar o caso concreto, a se convencer da veracidade do fato alegado. Lembre-se de que um texto argumentativo é aquele em que se busca convencer e persuadir o interlocutor, no caso o juiz que aplicará a sentença, da veracidade dos fatos e da tese alegada. 23

24 É certo que essa argumentação não é ostensiva, feita claramente, mas sugerida, indicada, por exemplo, com a indicação do texto normativo a ser aplicado pelo juiz. A argumentação, o texto argumentativo, propriamente dito, ocorre noutro momento do discurso jurídico, visto que nessa etapa da dialética processual, o que se busca é apenas apresentar ao juiz o fato sobre o qual autor e réu se controvertem, ou seja, o pomo da discórdia, o fato que deu origem ao conflito de interesses entre autor e réu. E não é só pela seleção do vocabulário que o advogado pode desde logo persuadir o juiz da verdade do que narra na petição inicial, mas também pela seleção dos fatos que vai narrar. A função argumentativa da narração pode decorrer, também, do emprego da descrição. Na aula passada falamos sobre a descrição, como o tipo de texto que se quer singularizar, isto é, indicar os aspectos e características mais relevantes de um objeto, de uma pessoa, de um lugar ou de um sentimento, tornando-os distintos de qualquer outro. A narração assume aspectos de descrição quando o advogado do autor na petição inicial ou o advogado do réu, na contestação, que é a via defensiva do réu, por excelência, agrega adjetivos para se referir aos fatos ou aos personagens da cena judiciária, valorando a narrativa. Não serão poucas as vezes que veremos na petição inicial um advogado se referindo ao marido, réu em ação de separação judicial ou ação de alimentos, como uma pessoa mesquinha, cruel, violenta. É preciso apenas tomar cuidado com os exageros que podem decorrer do uso abusivo desse tom descritivo para não transformar uma peça textual técnica em folhetim ou página policial de algum jornal diário. Essa técnica é bastante comum nas ações de separação judicial, divórcio, guarda e visita de filhos, alimentos e nas cenas do Tribunal do Júri em que a descrição do comportamento dos atores judiciais, autor e réu podem ter alguma repercussão e podem, até mesmo, impressionar o juiz. Referências RODRIGUEZ, Victor Gabriel. Argumentação jurídica: Técnicas de persuasão e lógica informal. São Paulo: Martins Fontes, 2005, p e ANOTAÇÕES COMPLEMENTARES 24

25 A dissertação no texto jurídico Dando continuidade ao estudo das tipologias textuais no discurso jurídico, vimos na aula passada a narração propriamente dita e como ela pode apresentar aspectos de dissertação e de descrição. Nesta aula, vamos nos concentrar na dissertação que é o principal tipo de texto produzido pela comunidade jurídica. Não se pode perder de vista que o texto dissertativo é aquele em que se busca expor uma ideia, podendo ser expositivo ou argumentativo ou ainda expositivo-argumentativo, como ocorre com a maioria das produções textuais jurídicas, de que servem de exemplo os recursos, as sentenças e acórdãos. Uma preocupação deve estar sempre presente no texto dissertativo. Ele representa uma tomada de posição diante de um dado tema ou problema. Assim é o que ocorre com o advogado do autor ao sustentar a violação do direito do cliente para o que pretende uma sentença favorável como o que acontece com o advogado do réu, ao sustentar a adequação do comportamento do seu cliente ao ordenamento jurídico ou à regra do contrato, por exemplo, para pedir por uma sentença desfavorável à parte contrária. Ao juiz, na sentença, considerada a sua função de aplicador do direito, cabe tomar uma posição diante do conflito que lhe foi submetido, estampando na sentença a sua decisão, que a partir dos fundamentos que invocar convencerá ou não um dos demandantes, que não satisfeitos com a decisão, hão de recorrer e no Tribunal irão buscar o convencimento do colegiado acerca do acerto ou desacerto da decisão de primeiro grau. O texto dissertativo seja expositivo, seja argumentativo está presente na petição inicial com a fundamentação do pedido. Veja que o advogado do autor, por determinação do artigo 282, do Código de Processo Civil, além de declinar a causa de pedir, isto é, narrar os fatos jurídicos relevantes para a demanda, como vimos na aula anterior, deve apontar as consequências desses fatos e, depois, a violação do direito do cliente. Perceba-se que não se trata de mera descrição ou de uma narração, mas de verdadeira fundamentação do segue logo abaixo, que é o pedido. Os pedidos formuladosao juiz devem ser justificados, devem apresentar-se numa relação de causa e efeito. O estabelecimento dessa correlação necessária entre os fatos causa de pedir e o pedido consiste na parte dissertativa expositiva quando se tratar de questões jurídicas mais simples, para o que bastará a invocação do texto normativo. Nem sempre, contudo, as questões levadas ao Poder Judiciário são simples. Então, nas causas mais complexas, que imponham outros desdobramentos, o texto dissertativo não poderá ser simplesmente expositivo, mas sim argumentativo para que uma tese, por meio dos argumentos jurídicos, seja defendida. Vimos falando do advogado do autor, mas o advogado do réu, na contestação, não se limita a descrever quaisquer fatos. De acordo com o artigo 333, II, do Código de Processo Civil, o advogado do réu, na contestação, que é a peça processual de defesa mais importante no processo civil, deve descrever três tipos de fatos. 25

26 Os fatos que devem ser descritos pelo advogado na contestação são aqueles que de alguma forma impeçam o exercício do direito alegado pelo autor. São os chamados fatos impeditivos. Pode, também, o advogado descrever fatos que modifiquem esse mesmo direito do autor. São os chamados fatos modificativos. E por fim, pode o advogado descrever fatos extingam esse direito. São os chamados fatos extintivos do direito.a contestação é ou pode não ser apenas um texto narrativo ou descritivo, impondo-se que ele adote uma estrutura dissertativa argumentativa. Lembre-se que o réu sempre quer uma sentença que seja desfavorável ao autor e por isso haverá de invocar argumentos contrários àqueles levantados pelo autor na petição inicial ou no recurso. Aliás, a petição recursal é o veículo, por excelência de texto dissertativo argumentativo, na medida em que aquele a quem for dada uma sentença desfavorável, ao valer-se do segundo grau de jurisdição, poderá recorrer ao Tribunal para que, apontando o desacerto da decisão ou da sentença e buscando convencer e persuadir o colegiado, logre êxito na modificação da decisão ou da sentença. Em qualquer desses tipos de textos jurídicos, o advogado deve valer-se não apenas da demonstração conceitual da tese que defende, mas também da demonstração factual, isto é, das provas que vai produzir ao longo do processo e na fase probatória, o que significa dizer que a produção argumentativa do advogado não se dá em certos e determinados momentos, mas ao longo de todo o processo judicial que se desenvolve numa estrutura dialética. Perceba-se, portanto, que a lógica da argumentação jurídica não está fundada na busca de uma verdade absoluta, mas na persuasão e no convencimento a respeito da versão dos fatos e das teses debatidas e demonstradas. A par do estatuto ético que rege a atuação do advogado dentro e fora do juízo, o principal comprometimento desses operadores do direito é a proteção da ordem jurídica violada com o conflito. Por isso, a atuação do advogado se volta para a demanda e os textos produzidos por advogados são parciais, na medida em que representam os interesses das partes que são os sujeitos parciais do processo. O juiz está equidistante dos interesses contrapostos na demanda e, como garantia institucional, deve ser imparcial, produzir um texto jurídico menos subjetivo do que aquele produzido pelos advogados. Diz-se menos subjetivo, porquanto para a aplicação da norma jurídica será preciso interpretá-la e a interpretação como ato de vontade e um ato de inteligência não se reveste de neutralidade axiológica. Isto é, o juiz ao interpretar a norma e fazê-la incidir sobre o caso concreto para solucionar o conflito não o faz ao arrepio de seus valores morais, religiosos, políticos ou ideológicos. É importante ter em mente que o juiz não tem conhecimento do fato real, senão por meio das versões apresentada pelos advogados nos seus escritos processuais, por isso a importância da boa construção da peça processual, por isso determina o artigo 458, do Código de Processo Civil, que logo após o relatório, que vimos na aula anterior apresentar uma estrutura narrativa, segue a fundamentação. A fundamentação é a alma da sentença, pois é nela que o juiz vai examinar os fatos e os fundamentos apresentados pelos advogados em suas produções textuais ao longo do processo. 26

27 É na fundamentação que o juiz desenvolve um texto argumentativo, traçando de forma lógica e coerente a solução que vai apresentar na parte final da sentença, chamada de dispositivo. E tanto uma parte quanto outra devem ser claras, coerentes, coesas e fácil compreensão. Perceba que a argumentação da sentença está endereçada à parte que perdeu a demanda. Para uma síntese dessa primeira metade do nosso curso de Linguagem e Argumentação Jurídica e de tudo quanto vimos até agora, não perca de vista que a construção de um texto jurídico segue, ao menos em tese, a mesma estrutura dos textos não jurídicos. Assim, um advogado, um juiz, um promotor, um delegado poderá produzir uma narração, uma descrição ou uma dissertação. A particularidade do texto jurídico reside no tema tratado e na finalidade da comunicação escrita. Como qualquer outro texto, o jurídico deve ser claro, preciso, coeso, coerente, fluente, o que se consegue com o planejamento, com a organização de ideias, com seu encadeamento lógico e natural, com a escolha do estilo e do vocabulário. Seja qual for o texto jurídico que você vá produzir, uma petição inicial, uma contestação ou razão de algum recurso, além de você ter de seguir e de se preocupar com o aspecto formal do texto, que será objeto de estudo numa disciplina própria chamada de Prática Jurídica, você não pode se esquecer da estrutura básica do texto, qual seja, introdução, o desenvolvimento e a conclusão. Você já sabe que na introdução você deve estabelecer o assunto de que vai tratar, apontando para o interlocutor o tema. No desenvolvimento, você não deve apenas fundamentar suas ideias, deve explicar as razões do raciocínio, deve expor os argumentos de forma a convencer e persuadir o interlocutor da tese que você apontou na introdução, e para tanto é importante que você conheça os operadores argumentativos ou sinalizadores de argumentação, que são palavras que indicam a introdução de argumentos. Por fim, na conclusão, depois de apresentar uma síntese das principais ideias discutidas. Referências Petri, Maria José Constantino. Linguagem jurídica. 7. ed. São Paulo: Plêiade, Rodriguez, Victor Gabriel. Argumentação jurídica: Técnicas de persuasão e lógica informal. São Paulo: Saraiva, ANOTAÇÕES COMPLEMENTARES 27

28 O aspecto ético na linguagem jurídica Na aula passada, encerramos o estudo sobre os tipos textuais e fizemos um apanhado geral das nossas aulas anteriores. Antes de seguirmos com o estudo mais específico da linguagem jurídica, vamos nos dedicar nesta aula a refletir sobre o aspecto ético que deve estar presente na linguagem escrita e até mesmo falada. Para conhecer um pouco mais sobre essas atividades, ouça o áudio abaixo. Este áudio faz parte da sequência desta aula e, portanto, é essencial para a aprendizagem. Vamos estudar essa importante regra de comportamento do advogado e começaremos pela expressão lhaneza, significa candura, doçura, cordialidade, sinceridade. Recomenda o Código de Ética que o advogado seja um profissional polido, cordial, afável, isto é, não grosseiro, não indelicado, que saiba tratar educadamente todas as pessoas com que convive, desde humildes serventuários até a mais alta autoridade. Perceba que ao recomendar cordialidade no comportamento, o Código de Ética faz repercutir necessariamente essa qualidade do advogado no seu modo de escrever e de falar. Quem se comporta com lhaneza, isto é, com cordialidade escreve e fala de forma correta e educada. Não emprega palavras grosseiras e nem profere ofensas. Importa dizer que, desde logo, o uso de expressões ofensivas nos textos escritos por advogados configura infração ética. Veja o que se colhe do ementário do Tribunal de Ética da Ordem dos Advogados do Brasil tratando do caso de uso inadequado de linguagem pelo advogado. E mais. O artigo 15 do Código de Processo Civil também cuida do dever de urbanidade proibindo as partes autor, réu e advogados de empregar expressões injuriosas, isto é, ofensivas, nos escritos apresentados no processo, cabendo ao juiz, de ofício ou a requerimento do ofendido, mandar riscá-las". O parágrafo único do mesmo artigo 15, do Código de Processo Civil estabelece que em caso de expressões injuriosas proferidas em defesa oral, o juiz advertirá o advogado que não as use, sob pena de lhe ser cassada a palavra. Lembre-se que palavras injuriosas são as que aviltam, ofendem o decoro, a honra, a boa fama, o nome. São os insultos. O uso da linguagem escrita e oral de forma polida, cordata objetiva preservar a dignidade e o decoro de todos aqueles que estão envolvidos no conflito judicial e de mais a mais, as palavras, escritas ou orais devem se compatíveis com o estilo formal e solene do Tribunal. Em outras palavras, podemos afirmar que o uso inadequado da linguagem escrita e oral nos Tribunais representa verdadeiro ato atentatório à dignidade da Justiça. Podemos conferir a seguir algumas decisões do Tribunal de Ética da Ordem dos Advogados do Brasil, Secção de São Paulo retratando o problema da linguagem empregada pelo advogado em seus escritos judiciais. Leia aqui os artigos: 28

29 Este Texto Complementar faz parte da sequência desta aula e, portanto, é essencial para a aprendizagem. COMPLEMENTAR Não pense que deve o advogado temer expressar seus argumentos e que deve sempre ser submisso ou subserviente. Não há hierarquia entre os elementos integrantes da administração da Justiça, isto é, não há relação de subordinação entre juiz, promotor e advogado, mas há respeito mútuo e consideração recíproca que não podem ser desprezados por apego à demanda. A imunidade de que goza o advogado em seus arrazoados não é absoluta como vimos acima com a transcrição da ementa do Tribunal de Ética e Disciplina da Ordem dos Advogados do Brasil, por sua Secção de São Paulo. A imunidade que o Estatuto confere ao ter por objetivo assegurar a independência necessária para redigir os arrazoados e para discutir os fatos e argumentos da causa e encontra limites na dignidade da pessoa humana e no decoro, razão pela qual pode o advogado que cometer excessos ser punido criminalmente, se o fato for tipificado como crime. Pode, ainda, comprovado o excesso, ser o advogado demandado por reparação de danos morais por quem se sentiu ofendido com a linguagem escrita ou falada juiz, promotor, delegado, parte contrária e até mesmo o advogado adverso. Jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça tem decidido que a parte que contrata o advogado não pode ser responsabilizada pelos danos causados pelos excessos praticados pelo advogado."não responde a parte pelos eventuais excessos de linguagem cometidos pelo advogado na condução da causa" (HC nº 4.090/ RO, DJ. 13/03/95). Isso porque "advogado, assim como qualquer outro profissional, é responsável pelos danos que causam no exercício de sua profissão. Caso contrário, jamais seria ele punido por seus excessos, ficando a responsabilidade sempre para a parte que representa, o que não tem respaldo em nosso ordenamento jurídico, inclusive no próprio Estatuto da Ordem" (Resp nº /ES, j. em 28/06/2001). ANOTAÇÕES COMPLEMENTARES 29

30 Figuras de linguagem e de construção no texto jurídico Nesta aula estudaremos algumas figuras de linguagem e de construção usadas em textos jurídicos. Além disso, iremos diferenciar os recursos estilísticos mais utilizados no ambiente da redação jurídica por meio de explicações e exemplos. Quando falamos em estilo do texto jurídico, falamos em um estilo específico dentro dos estilos de um modo geral, para as redações de todas as naturezas. Basta que lembremos de que todos os escritores possuem um estilo próprio ao escrever. Particularizando esse assunto para a área jurídica, o que vemos é que o texto de características jurídicas, por conta da especialidade dessa área técnica que é a do direito, possui algumas especificidades próprias, vista a natureza legalmente sistemática do assunto. É comum observar, nos textos jurídicos, o uso das figuras de linguagem. A lembrança dos nomes dessas figuras de linguagem mostra-se secundária aqui em nossa aula. É importante, todavia, que você entenda cada uma delas, ao encontrá-las num texto jurídico, identificando quando houver numa frase ou expressão uma figura estilística, cuja finalidade, em princípio, é a de dar maior beleza e ênfase ao assunto que está sendo tratado. As palavras, nesse contexto, poderão apresentar-se no sentido figurado ou no denotativo. Entendemos por figurado o sentido de certa palavra quando ela é utilizada dentro de uma figura de linguagem. Entendemos, por outro lado, como denotativo o sentido de certa palavra quando ela é utilizada segundo as significações colocadas pelos dicionários. Tratemos, agora, de algumas figuras de linguagem usuais no ambiente jurídico. Sinédoque (ou metonímia) é um recurso linguístico que se vale do uso da parte pelo todo, do singular pelo plural, do gênero pela espécie e vice-versa. Assim, por exemplo, podemos dizer que quem pede a condenação de determinado criminoso seja o Ministério Público, muito embora quem esteja se manifestando seja unicamente certo membro na pessoa do Promotor Público fulano de tal. Podemos visualizar outro exemplo de sinédoque quando, ao referirmo-nos a nossa cabeça, em verdade estamos nos referindo ao nosso pensamento. Saiba mais sobre metáfora: Este Texto Complementar faz parte da sequência desta aula e, portanto, é essencial para a aprendizagem. COMPLEMENTAR Valendo-nos dos sentidos da visão, da audição, do olfato e do tato, podemos construir a figura de linguagem denominada sinestesia, quando os associamos cada um desses sentidos para reforçar uma ideia central. Por exemplo: doce alegria, amarga derrota, surda alegação, defesa cega, amor suave. 30

31 A finalidade de usar a sinestesia é a de estabelecer espontaneamente uma percepção a partir do uso de um outro sentido diferente, ou seja, um perfume que lembra uma cor, um som que produzuma imagem etc. Além das figuras de linguagem, podemos nos valer, para redigir textos jurídicos, de figuras de construção, que são recursos expressivos utilizados na construção da frase por meio da "repetição" e da "omissão". Valendo-nos do recurso da repetição, podemos afirmar: "José matou Maria, Maria que era sua própria filha" ou "A liberdade é o maior dos bens humanos, porque a ninguém é possível verse como homem se privado de liberdade". Já o recurso da omissão é aquele em que usamos a supressão de certas palavras, fazendoas desaparecer, mas mantendo sua presença no sentido da frase, como, por exemplo: "Matou a mãe sem remorso". Ora, quem matou a mãe? Resposta: ele ou ela. Tendo sido desnecessário apontar quem tenha sido, visto que em outro momento anterior da narrativa já foi possível ver que alguém a teria matado. Outro exemplo de omissão ou supressão pode dar-se em cima do verbo, que desaparecerá da frase, mas que, em verdade, lá está, mesmo que escondido: "Atire, se necessário". Veja-se. Sem a figura de linguagem a frase seria: "Atire, se for necessário". O verbo ir, nesse exemplo, fica embutido na frase. Por último, gostaríamos de tratar do valor estilístico da pontuação. Sabemos que um texto é bem escrito quando se observa as regras de pontuação. Todavia, a pontuação, além de mostrar as qualidades técnicas de um bom redator em vista de conhecer as referidas regras e aplicá-las com sabedoria, pode imprimir ao texto escrito maior ênfase a certas frases. Pontuar, nesse contexto, não significa simplesmente usar sinais gramaticais para separar orações, mas, também, para, além de separá-las, engrandecê-las em suas significações. Por exemplo: "algumas pessoas vêem; outras pensam ver". Nesse exemplo, o ponto e vírgula que separa as duas frases tem o papel de fazer o leitor respirar mais longamente, estabelecendo o tempo necessário para que ele entenda que há uma grande diferença entre ver e pensar ter visto. A utilização das reticências (três pontinhos) ao final de uma frase tem, também, bastante relevante nos textos escritos, pretendem que o leitor suspenda seu pensamento na medida em que lê, fazendo-o considerar melhor aquilo que está escrito. Por exemplo: "Meu Deus... Quem poderia supor tamanha intriga? Veja-se. Foi estabelecida uma pausa, por meio das reticências, a fim de que o leitor reflita sobre a pergunta feita. Todos os sinais gramaticais têm um papel importantíssimo na redação dos textos de um modo geral e, principalmente, nos textos entendidos como jurídicos. Referências Barreto, C. A. Linguagem Forense: Estilo e Técnica. Rio de Janeiro: Lumen Juris,

32 Estruturação do parágrafo do texto jurídico Nesta aula estudaremos a estrutura do parágrafo em textos jurídicos e suas especificidades. Veremos ainda os principais pontos que devem ser observados durante sua elaboração. Conceitos Essenciais De início, podemos imaginar o seguinte: quando juntamos e combinamos as palavras (símbolos), compomos as frases, as quais, por sua vez, quando seguidas umas de outras, formam o parágrafo. Portanto, o parágrafo nada mais é do que uma sucessão de frases, que, por sua vez, são feitas da união das palavras. É importante, todavia, que nesse processo tenhamos o cuidado de, ao compor as frases, usar as palavras cujo sentido e alcance sirvam da melhor forma possível a atender nosso interesse no sentido daquilo que pretendemos comunicar e que possam ser decodificadas pelo interlocutor. Precisamos escrever de modo que o destinatário do nosso escrito possa compreender a mensagem que queremos transmitir. A finalidade da redação de frases e parágrafos é fazer com que o leitor do texto que escrevemos entenda tudo aquilo sobre o que falamos, numa ordem lógica e coerente, de modo a tirar suas conclusões de acordo com as ideias por nós expostas no papel. Desse modo, não se pode falar que uma frase ou um parágrafo tenha um tamanho ou uma medida exata. Não importa a extensão do parágrafo, o que interessa é que nele estejam contidas todas as informações necessárias para aquilo que pretendemos dizer, de modo que se torne fácil para o leitor compreender o que desejamos com aquele escrito. O que podemos afirmar, aqui, é que a extensão de um parágrafo pode ser de apenas algumas linhas ou mesmo de uma página, mas que, a bem da verdade, o que se procura evitar ao redigi-lo é que, sendo muito extenso, torne-se incompreensível para o leitor. Por isso que a melhor redação jurídica é aquela feita por meio de parágrafos de tamanho médio, com aproximadamente de 6 (seis) a 8 (oito) linhas. Se o parágrafo é descritivo, o que nele se deverá encontrar são impressões sensoriais, detalhamentos de algum objeto percebido pelos sentidos da visão, audição, olfato ou tato, bem como conterá as impressões causadas em quem observa esse objeto. Descrever, como já vimos anteriormente, significa que alguém, por meio do uso das palavras, tenta transmitir ao leitor todos os elementos compositores de alguma coisa, como, por exemplo, uma bicicleta, uma cadeira, uma ponte etc. Se o parágrafo presta-se ao fim de narrar uma situação, o centro de interesse do escritor é transmitir ao leitor um acontecimento real ou fictício. Um fato real é aquele que se consumou no mundo concreto, efetivamente aconteceu algo que merece sobre o qual existe a necessidade de mencionar, como, por exemplo, um acidente de automóvel, a queda de uma parte de um guindaste, a ruína de uma casa em razão de uma enchente. Já os acontecimentos fictícios também podem ser narrados e geralmente o são dentro de um gênero literário denominado romance, em que o escritor fala acerca de um fato que aconteceu em sintonia com a história que ele está contando, como, por exemplo, na grande obra literária 32

33 Crime e Castigo, na qual o autor Dostoiévsky narra o crime cometido por Raskólnikov, personagem central do romance, que assassina duas mulheres a golpes de machado, numa cena sangrenta e fria. Por último, o parágrafo dissertativo é aquele que consiste na colocação de um ou vários juízos ou argumentos científicos, porque predominantemente visa expressar pensamentos diante de determinados assuntos técnicos das várias ciências, como, por exemplo, as ideias relacionadas às cláusulas abusivas interiores a um contrato ou, noutro campo do direito, as consequências legais dos crimes contra o patrimônio público. O que se mostra importante, na aula de hoje, também, são três aspectos que devem estar contidos em quaisquer parágrafos: a) a unidade; b) a coerência e c) a ênfase. Por unidade, devemos entender a necessidade de o escritor do texto enfeixar as ideias em volta de um núcleo ou tópico frasal. Ou seja, o redator deve ter uma noção de todos os aspectos que merecem ser abordados, porque relacionados, a determinado assunto, visa atingir um fim para o qual se encaminham todas as frases que compõem o parágrafo. Não podemos perder de vista que o aspecto "unidade" dos parágrafos tem o papel de juntar em volta do núcleo temático todos os elementos que facilitem a sua compreensão. Um exemplo que podemos considerar é o seguinte: se em um determinado parágrafo desejamos tratar sobre os efeitos nocivos do álcool ingerido por crianças, não podemos, no mesmo parágrafo, falar da produção de álcool para uso como combustível em automóveis. O que se mostra importante, na aula de hoje, também, são três aspectos que devem estar contidos em quaisquer parágrafos: a) a unidade; b) a coerência e c) a ênfase. Leia a respeito de coerência. Este Texto Complementar faz parte da sequência desta aula e, portanto, é essencial para a aprendizagem. COMPLEMENTAR Por último, devemos tratar do aspecto "ênfase", ou seja, o aspecto cuja finalidade é ressaltar, tornar mais expressivo ou colorir determinado ponto dentro do parágrafo. A ideia núcleo de um parágrafo, quando usada a ênfase, faz com que o leitor preste maior atenção a ela, de modo que assegure a apreensão de uma determinação informação. Por exemplo, a ênfase pode consistir na repetição intencional de certa palavra dentro de um parágrafo, mas sem exageros. Desse modo, poderíamos dizer: "a mim me parece - e minha compreensão sobre o fato é pessoal é que vítima do crime colaborou para que isso acontecesse". Veja, a ênfase recaiu sobre a primeira pessoa do singular "eu", o narrador, que fala de si mesmo ou da sua impressão sobre o fato, utilizando três vezes dentro de uma mesma frase: "a mim", "me", "minha". Referências Damião, Regina Toledo; Henriques, Antônio. Curso de português jurídico. São Paulo: Atlas,

34 Vocabulário específico Nesta aula conheceremos os principais verbos utilizados no universo jurídico, apontando o alcance e o sentido deles. Além disso, serão apresentadas algumas expressões latinas de uso corriqueiro no ambiente do direito, observando sua melhor significação. Conceitos Essenciais Muito bem. Damos, agora, início a um aspecto da vida jurídica bastante importante. Vamos tratar do vocabulário jurídico, tanto da perspectiva da língua portuguesa, bem como de algumas expressões latinas e gregas. Iniciamos pelos principais verbos utilizados no ambiente jurídico. Como exemplo, podemos mencionar o verbo "arrazoar". Esse verbo entra nos textos jurídicos com o sentido de "argumentar", "apresentar razões", ou seja, ele é usado no momento em que se quer explicar ao leitor os pensamentos mais importantes da sustentação feita. O verbo "acordar", por sua vez, no ambiente jurídico não está relacionado à ideia de levantar-se da cama. Tem o sentido de "concordar", "resolver de comum acordo", "ajustar". Nos contratos ou negócios jurídicos é bastante comum encontrar esse verbo ou seus sinônimos, e quem o usa pretende dizer que as partes contratuais se compuseram, que elas chegaram a um denominador comum relativamente aos assuntos tratados naquele contrato. Podemos mencionar, também, o verbo "autuar", visto no ambiente processual, com a ideia de organizar os documentos judiciais numa ordem lógica, sequencial e cronológica. E nesse sentido, dizemos que a inicial e os documentos já foram "autuados", ou seja, já foram encadernados e aos quais as demais manifestações escritas serão juntadas. Noutro sentido, o verbo autuar está como providência administrativa que documenta a prática de uma infração. É nesse sentido que dizemos que "a empresa prestadora de serviços foi autuada em razão do não recolhimento correto de impostos", ou seja, contra a empresa foi providenciado um "auto de infração" dando conta da infração legal praticada por ela. O verbo "quitar" é também muito utilizado no ambiente jurídico, em vários lugares diferentes, e comumente com o sentido de "pagar", ou seja, quitar importa na ideia de que um devedor honrou com seu compromisso contratual. O fato é que quitar desobriga o devedor, porque ele a tornou quite, satisfez quem o cobrava. Outros dois verbos que costumam causar alguma confusão são "ratificar" e "retificar", visto que aparecem, na maioria das vezes, no ambiente notarial, ou seja, em escrituração feita pelos cartórios. Vamos lá: "ratificar", então, tem o sentido de comprovar, corroborar, ou seja, que o documento emitido é válido e autenticado no sentido de sua legitimidade. 34

35 Já o verbo "retificar" importa em dizer que o documento foi alinhado, corrigido ou emendado, ou seja, que antes estava errado, mas que depois de retificado, agora se apresenta correto, certo, retificado no sentido daquilo que estava errado. Às vezes, em alguma escritura de compra e venda imobiliária, encontramos esses dois verbos sendo conjugados no mesmo documento, isso significa que o documento daquela escritura foi consertado e confirmado pelo órgão auxiliar da justiça que é o cartório. Conheça as diferenças entre "empenhar" e "penhorar". Este Texto Complementar faz parte da sequência desta aula e, portanto, é essencial para a aprendizagem. COMPLEMENTAR Outro verbo que costuma levantar alguns questionamentos no que diz respeito a sua significação é "arguir". Devido ao fato de esse verbo ter diversas significações, segundo qualquer dicionário de língua portuguesa, pode acontecer às vezes de o sentido dado a ele em determinada colocação nada tenha a ver com o sentido que se quis ou desejou imprimir àquela conversa. SAIBA MAIS Muito cuidado é necessário na utilização desse verbo. Podemos ressaltar os seus sentidos mais usuais como, por exemplo, "argumentar", ou seja, quem arguiu, argumentou. Argumentar, nesse caso, tem o sentido de levantar pontos em defesa de algum interesse por meio da fala ou da escrita. Outro sentido bastante comum para o verbo arguir é o de questionar, ou seja, alguém pode ser perguntado sobre algum fato, por exemplo: "João foi arguido pela autoridade policial sobre o crime que assistiu". Nesse sentido, João não levantou nenhuma matéria de defesa de direitos de ninguém, nem dele e nem de terceiras pessoas, apenas fez por responder ao interrogatório feito pela tal autoridade policial. Tendo sido arguido, apresentou as respostas possíveis. Muito bem. Vamos partir, agora, para outra abordagem da linguagem jurídica. Vamos tratar de alguns "brocardos jurídicos" utilizados em nosso ambiente da justiça. Por exemplo: Nemo iudex in causa propria, ou seja, ninguém pode ser juiz da própria causa, porque isso, obviamente, implicaria em ausência de imparcialidade. Outra expressão: nullum crimen sine lege, isto é, não se pode falar da existência de um crime sem que a lei o tenha previsto anteriormente. Essa expressão latina visa afastar a possibilidade de que as pessoas, com seus juízos e convicções, inventem situação que considerem criminosas à revelia da lei. Portanto, somente a lei, segundo esse brocardo, é quem tem a faculdade de dizer quais são os tipos penais. Ex facto oritur ius tem o seguinte sentido: "do fato é que nasce o direito". Pois bem. Essa expressão latina foi convertida em um princípio de direito civil, ou seja, são os fatos jurídicos que fazem com que nasça o direito, como, por exemplo, o fato natural denominado "nascimento", que com que quem nasça adquira imediatamente direitos da personalidade como, por exemplo, o direito de ser alimentado, protegido etc. VALE A PENA CONFERIR 35

36 Faça o download de um ebook sobre vocabulário jurídico. Disponível em: _obra= Acesso em: 8 abr Referências Petri, Maria José Constantino. Manual de linguagem jurídica. São Paulo: Saraiva, Nascimento, Edmundo Dantes.Linguagem forense. São Paulo: Saraiva, ANOTAÇÕES COMPLEMENTARES 36

37 A linguagem dos requerimentos Nesta aula traçaremos a distinção entre requerimentos simples e complexos, apontando neles o que há de mais importante a ser observado nessa diferenciação. Iremos também levantar os pontos mais relevantes em um requerimento, bem como a ordem da linguagem que deverá ser adotada, a fim de tornar esse documento o mais legível possível. Conceitos essenciais Requerimento é substantivo do verbo requerer, o qual, por sua vez, significa solicitar, pedir, rogar. Por meio dos requerimentos o que se faz é estabelecer uma relação impessoal entre as partes, dado o excesso de formalismo que o caracteriza. O requerimento deve ser escrito sem o uso de palavras gentis ou de agradecimentos, visto que seu papel é o de formalizar um pedido de deferimento a uma solicitação feita pelo requerente. São partes do requerimento: vale dizer, no cabeçalho, a autoridade à qual o requerimento se dirige, jamais a nomeando, mas, sim, indicando-a em razão do cargo que ocupa; nomear e qualificar o requerente, de modo que ele possa ser facilmente identificado; narrar sobre os fatos e dizer qual seja o pedido que se quer ver deferido; solicitar se quer ver deferido; solicitar o deferimento (atendimento) do pedido; mencionar o lugar onde o requerimento está sendo confeccionado e datá-lo; assinar o documento. Muito bem. Distinguimos requerimento simples e complexo a partir da observação das matérias neles tratadas. Em termos estruturais, contudo, eles são idênticos. Quando não houver a necessidade de grandes aprofundamentos legais, esse requerimento pode ser confeccionado na forma simples, por meio de apenas um parágrafo, objetivamente, dando conta o texto da miúda questão de direito ali tratada. Quando houver a necessidade de serem abordados vários pontos de direito por meio da conjugação lógica de ideias que se sucedem, esse requerimento é entendido por complexo. No requerimento complexo deverão ser observadas as seguintes regras: (a) o requerente precisa fazer a narração temporal dos fatos, mencionando-os de trás para frente, por meio de uma sucessão cronológica, de modo que deixe clara a lógica e co-relação existente entre eles; (b) na estrutura estética do texto, poderá o requerente usar de um espaço maior entre os parágrafos, o que possibilita para o leitor do requerimento uma melhor distribuição das ideias, tornando-as de mais fácil compreensão; (c) talvez seja o caso de numerar os parágrafos, em clara demonstração de que, cada um, trata de um aspecto fático diferente na sucessão temporal dos acontecimentos e (d) o pedido que será feito ao final do requerimento, se for possível, deve ser acompanhado dos respectivos documentos que comprovem, um a um, os fatos narrados pelo requerente e, de preferência, numerados um a um segundo essa ordem de ideias. 37

38 Na prática, é de se ressaltar que, ao final de toda a exposição de ideias dentro de um requerimento, deve-se, sempre, escrever: "Nesses termos, pede e espera deferimento", ou, se forem mais de uma pessoa: "Nesses termos, pedem e esperam deferimento". Com essa providência, aquele que lê o requerimento saberá que toda aquela narrativa e consequente fundamentação de direito têm uma razão de ser, ou seja, que a autoridade que a está apreciando manifeste-se ao final da leitura, seja para atender a solicitação formulada pelo requerente, seja para não atender, mas que, de qualquer maneira, manifeste-se quanto ao pedido posto. Em continuidade, devemos sempre nos lembrar de que os requerimentos podem ser Judiciais ou Extrajudiciais. Denominaremos de Judiciais os requerimentos endereçados a juízes ou a tribunais e dentro de um processo, de uma ação. Assim, é possível que um requerimento verse sobre um pedido de juntada de documentos; um pedido de modificação de endereço; um pedido de manifestação de perito etc. O que é de crucial importância nesse sentido é que, quando uma solicitação é feita por meio de um requerimento, é indispensável que o texto e os fundamentos do que se pede sejam claros e objetivos. Extrajudiciais, portanto, serão todos os outros requerimentos que forem feitos fora do ambiente de um processo, ou seja, pode-se dirigir requerimento para chefes de departamento em uma universidade; para um diretor de empresa (pública ou privada); para algum escrivão de cartório; para alguma autoridade seja do Judiciário, do Legislativo ou do Executivo. Referências Germano, Alexandre Moreira. Técnica de redação forense. Disponível em: Acesso em: 8 abr Damião,Regina Toledo. Curso de português jurídico. São Paulo: Atlas, Acquaviva, Marcus Cláudio. Redação forense e petições iniciais. São Paulo: Ícone, ANOTAÇÕES COMPLEMENTARES 38

39 Linguagem contratual Nesta aula conheceremos as características especiais da linguagem contratual e as mais importantes expressões linguísticas utilizadas nesse documento denominado contrato, bem como a razão de assim o ser. Pois bem. A finalidade da presente aula é percorrer o caminho contratual, a fim de identificar por meio de quais expressões as partes contratantes estabelecem seus direitos e obrigações. Veremos, ainda, no transcurso desta trilha, quais as principais preocupações de quem redige um contrato tendo em vista o que estabelece a lei como minimamente necessário a fazer com que esse documento cumpra seu papel de regulador de interesses. Sabemos que o universo dos contratos é muito grande e que há inúmeras espécies de contrato estabelecidas pela legislação civil em vigor, no Brasil. Sabemos, ainda, que o legislador civilista preocupou-se, antes, em criar uma série de regras gerais cuja finalidade é a de estabelecer um denominador mínimo necessário a todos os contratos. Desse modo, a finalidade da presente aula é a de alguns desses pontos que se mostram e se apresentam como os mais importantes a serem colocados em quaisquer que sejam os contratos em estudo. Inicialmente, ao redigir-se um contrato, será necessário que o redator escolha, entre as opções da lei, aquela modalidade contratual que mais se identifique com a situação concreta que ele deseja regular. A finalidade dessa providência é a de adequar os interesses regulados pelos contratos à lei, de modo a favorecer que sua compreensão seja facilitada, bem como que os efeitos gerados por esse contrato dêem-se de acordo com a legislação. Em seguida, é imperioso que no cabeçalho do contrato sejam adequadamente qualificadas as partes contratantes, informando-se quais são seus nomes completos, endereços, quais os números de documentos particulares etc. Feito isso, parte-se para a redação do contrato propriamente dito. É preciso observar que há três pontos que, necessariamente, precisam estar contidos em um contrato: a descrição ou definição de seu objeto ou objetivo; o preço ou o valor atribuído a esse objeto e a data ou prazo para pagamento. Entendem os doutrinadores de direito material civil que esses aspectos são cruciais para qualquer contrato. Vamos a eles. Uma das cláusulas ou algumas das cláusulas contratuais deverão versar sobre o objeto ou objetivo do contrato. Se o contrato, por exemplo, é de locação, é indispensável que nele sejam mencionadas a localização do imóvel etc. Se, contudo, o contrato é de compra e venda, a coisa vendida deve ser minuciosamente descrita e individuada no corpo do contrato. 39

40 Desse modo e respectivamente, tratando-se de locação, o valor que se pagará pela disponibilidade da coisa alugada, bem como, se for compra e venda, quanto se pagará pela aquisição da coisa. Por fim, no que toca ao prazo para pagamento, se o contrato for de locação, é necessário destacar o número de meses que esse negócio jurídico permanecerá vigente, bem como, se for de compra e venda, se se paga à vista ou a prazo (e em quantas prestações). Portanto, a linguagem relativa a esses aspectos é aquela mesma da lei, ou seja, as cláusulas contratuais devem ser redigidas nunca ferindo o que a legislação estabelece. Algo de muita importância para mencionar é a questão da técnica de redação contratual. Veja. Como sabemos, as regras legais são colocadas para serem obedecidas, não podendo modificá-las nem mesmo por meio dos contratos. Quando o legislador faz as leis, se ele admite que as regras que criou sejam modificadas, ele dirá no próprio corpo da lei, por meio das expressões: "salvo disposição contratual em contrário" ou "exceto disposição contratual em contrário". Somente diante dessa autorização é que se pode mudar a regra legal. Assim, por ocasião da redação de um contrato, é altamente importante a análise profunda da lei que diz respeito aos aspectos que queremos tratar em um contrato. Por exemplo: o art. 490 do Código Civil estabelece: "salvo cláusula em contrário, ficarão as despesas de escritura e registro a cargo do comprador (...)". Pois bem. É possível ver no dispositivo acima a regra e a possibilidade de exceção, por meio de cláusula contratual. Assim, tomando esse artigo como base de nosso raciocínio, toda vez que em compra e venda imobiliária quiserem as partes contratuais que as despesas relativas à escrituração e registro da compra sejam suportadas pelo vendedor, isso deverá constar expressamente do contrato. Do contrário, quem as suportará será, pela regra, o próprio comprador. Podemos, então, pensar o seguinte: a melhor redação contratual é aquela que é apoiada na lei, a fim de que sejam evitados erros grosseiros, uma vez que não se pode clausular contratualmente aquilo que a lei não permite. Em seguida, considerando que um contrato visa estabelecer uma série de direitos e obrigações, sua linguagem sempre estará atrelada aos verbos obrigar, facultar e proibir, exatamente do mesmo modo como acontece na redação legal. Então, tendo em vista que o contrato, segundo um princípio milenar, "faz lei entre as partes", ou seja, se o que está convencionado nele estiver em perfeita sintonia com a lei, valerá como se lei fosse, apesar de ser negócio jurídico. Para concluir, gostaríamos de acrescentar o seguinte: dependendo da espécie de contrato que se queira redigir, poderemos usar, em seu corpo redacional, para melhor identificar as partes contratantes e tornar claras suas obrigações e direitos, a seguinte linguagem: para contrato de locação, locador/locatário; para contrato de comodato, comodante/comodatário; para compromisso de compra e venda, compromissário vendedor/compromissário comprador; para contrato de seguro, segurador/segurado; para contrato de mútuo, mutuante/mutuário; para contrato de doação, doador/donatário; para contrato de depósito, depositante/depositário. 40

41 Referências Claret, Jacques. A idéia e a forma: Problemática e dinâmica da linguagem. Rio de Janeiro: Zahar, Nunes, Pedro. Dicionário de tecnologia jurídica. 6. ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, ANOTAÇÕES COMPLEMENTARES 41

42 Linguagem contratual Nesta aula conheceremos as características especiais da linguagem contratual e as mais importantes expressões linguísticas utilizadas nesse documento denominado contrato, bem como a razão de assim o ser. Pois bem. A finalidade da presente aula é percorrer o caminho contratual, a fim de identificar por meio de quais expressões as partes contratantes estabelecem seus direitos e obrigações. Veremos, ainda, no transcurso desta trilha, quais as principais preocupações de quem redige um contrato tendo em vista o que estabelece a lei como minimamente necessário a fazer com que esse documento cumpra seu papel de regulador de interesses. Sabemos que o universo dos contratos é muito grande e que há inúmeras espécies de contrato estabelecidas pela legislação civil em vigor, no Brasil. Sabemos, ainda, que o legislador civilista preocupou-se, antes, em criar uma série de regras gerais cuja finalidade é a de estabelecer um denominador mínimo necessário a todos os contratos. Desse modo, a finalidade da presente aula é a de alguns desses pontos que se mostram e se apresentam como os mais importantes a serem colocados em quaisquer que sejam os contratos em estudo. Inicialmente, ao redigir-se um contrato, será necessário que o redator escolha, entre as opções da lei, aquela modalidade contratual que mais se identifique com a situação concreta que ele deseja regular. A finalidade dessa providência é a de adequar os interesses regulados pelos contratos à lei, de modo a favorecer que sua compreensão seja facilitada, bem como que os efeitos gerados por esse contrato dêem-se de acordo com a legislação. Em seguida, é imperioso que no cabeçalho do contrato sejam adequadamente qualificadas as partes contratantes, informando-se quais são seus nomes completos, endereços, quais os números de documentos particulares etc. Feito isso, parte-se para a redação do contrato propriamente dito. É preciso observar que há três pontos que, necessariamente, precisam estar contidos em um contrato: a descrição ou definição de seu objeto ou objetivo; o preço ou o valor atribuído a esse objeto e a data ou prazo para pagamento. Entendem os doutrinadores de direito material civil que esses aspectos são cruciais para qualquer contrato. Vamos a eles. Uma das cláusulas ou algumas das cláusulas contratuais deverão versar sobre o objeto ou objetivo do contrato. Se o contrato, por exemplo, é de locação, é indispensável que nele sejam mencionadas a localização do imóvel etc. Se, contudo, o contrato é de compra e venda, a coisa vendida deve ser minuciosamente descrita e individuada no corpo do contrato. 42

43 Desse modo e respectivamente, tratando-se de locação, o valor que se pagará pela disponibilidade da coisa alugada, bem como, se for compra e venda, quanto se pagará pela aquisição da coisa. Por fim, no que toca ao prazo para pagamento, se o contrato for de locação, é necessário destacar o número de meses que esse negócio jurídico permanecerá vigente, bem como, se for de compra e venda, se se paga à vista ou a prazo (e em quantas prestações). Portanto, a linguagem relativa a esses aspectos é aquela mesma da lei, ou seja, as cláusulas contratuais devem ser redigidas nunca ferindo o que a legislação estabelece. Algo de muita importância para mencionar é a questão da técnica de redação contratual. Veja. Como sabemos, as regras legais são colocadas para serem obedecidas, não podendo modificá-las nem mesmo por meio dos contratos. Quando o legislador faz as leis, se ele admite que as regras que criou sejam modificadas, ele dirá no próprio corpo da lei, por meio das expressões: "salvo disposição contratual em contrário" ou "exceto disposição contratual em contrário". Somente diante dessa autorização é que se pode mudar a regra legal. Assim, por ocasião da redação de um contrato, é altamente importante a análise profunda da lei que diz respeito aos aspectos que queremos tratar em um contrato. Por exemplo: o art. 490 do Código Civil estabelece: "salvo cláusula em contrário, ficarão as despesas de escritura e registro a cargo do comprador (...)". Pois bem. É possível ver no dispositivo acima a regra e a possibilidade de exceção, por meio de cláusula contratual. Assim, tomando esse artigo como base de nosso raciocínio, toda vez que em compra e venda imobiliária quiserem as partes contratuais que as despesas relativas à escrituração e registro da compra sejam suportadas pelo vendedor, isso deverá constar expressamente do contrato. Do contrário, quem as suportará será, pela regra, o próprio comprador. Podemos, então, pensar o seguinte: a melhor redação contratual é aquela que é apoiada na lei, a fim de que sejam evitados erros grosseiros, uma vez que não se pode clausular contratualmente aquilo que a lei não permite. Em seguida, considerando que um contrato visa estabelecer uma série de direitos e obrigações, sua linguagem sempre estará atrelada aos verbos obrigar, facultar e proibir, exatamente do mesmo modo como acontece na redação legal. Então, tendo em vista que o contrato, segundo um princípio milenar, "faz lei entre as partes", ou seja, se o que está convencionado nele estiver em perfeita sintonia com a lei, valerá como se lei fosse, apesar de ser negócio jurídico. Para concluir, gostaríamos de acrescentar o seguinte: dependendo da espécie de contrato que se queira redigir, poderemos usar, em seu corpo redacional, para melhor identificar as partes contratantes e tornar claras suas obrigações e direitos, a seguinte linguagem: para contrato de locação, locador/locatário; para contrato de comodato, comodante/comodatário; para compromisso de compra e venda, compromissário vendedor/compromissário comprador; para contrato de seguro, segurador/segurado; para contrato de mútuo, mutuante/mutuário; para contrato de doação, doador/donatário; para contrato de depósito, depositante/depositário. 43

44 Referências Claret, Jacques. A idéia e a forma: Problemática e dinâmica da linguagem. Rio de Janeiro: Zahar, Nunes, Pedro. Dicionário de tecnologia jurídica. 6. ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, ANOTAÇÕES COMPLEMENTARES 44

45 Linguagem nos assuntos notariais Veremos nesta aula que a linguagem nos assuntos notariais é bastante descritiva e que há diversos termos ou expressões bastante peculiares a esse ambiente. Conheceremos também a etimologia e o significado de algumas das mais correntes expressões utilizadas no ambiente notarial, segundo critérios fixados não só pela Lei dos Registros Públicos, bem como pela praxe desse tipo de atividade. Nossa finalidade nesta aula é esclarecer quais os principais elementos da linguagem notarial utilizada pelos cartórios de registros públicos, de uma forma em geral. SAIBA MAIS A Lei 6.015/73 ocupou-se de dizer quais são as mais importantes funções exercidas pelos Cartórios de registro civil de pessoas naturais, de registro civil de pessoas jurídicas, de registro de títulos e documentos e de registro de imóveis. Embora, essas atribuições sejam diversas, a linguagem que se observa nessas atividades é bastante comum. Antes de qualquer coisa, devemos observar que a linguagem utilizada nos textos impressos pelos cartórios mencionados é basicamente descritiva. Os notários e registradores têm uma participação muito intensa nisso porque a linguagem que emitem está acima de qualquer contestação ou discussão. Isso quer dizer que, se estiver assentado no registro civil que determinada pessoa morreu, de nada adiantará a própria pessoa aparecer no cartório para esclarecer a questão, uma vez que não haverá modificação do registro em razão da força da linguagem criada pelo registro. Não há, então, pelo que entendemos, outro meio de modificar essas realidades, a não ser por intermédio dela mesma, ou seja, por meio da própria realidade linguística nela contida. Isso se aplica a todas as especialidades de cartórios e à realidade de outros setores. Devemos entender que a linguagem é constitutiva da realidade em todos os setores. Assim, a linguagem social é mais solta, mais ágil, mais concessiva e admite muitas formas. Já a linguagem ordinária, ou seja, aquela que usamos no dia-a-dia, é por sua vez muito plástica. E o exemplo que podemos dar é, mesmo sem emitir palavras, com um simples gesto, posso dizer que está tudo bem, ou dizer o oposto. Desse modo, cada linguagem tem suas particularidades. O Direito tem uma linguagem que pretende ser mais rígida no campo do Direito público e menos rígida no campo do Direito privado. A palavra "ato", por exemplo, tem origem na palavra latina actu(m), forma nominal proveniente do verbo agere (ago, agis, egi, actum, agere), que significa, entre inúmeras outras acepções: agir, atuar, exercer atividade, fazer. Daí o sentido etimológico (estudo da história das palavras) de "ato": aquilo que se fez, que foi feito e, por extensão, o que se faz, o que se está fazendo ou se poderá fazer. Há, ainda, a ideia de que o termo "ato" signifique ação, procedimento, cerimônia, solenidade, declaração, manifestação da vontade humana, vontade do agente para aquisição, alteração ou perda de direitos; documento redigido segundo determinada fórmula e suscetível de produzir consequências jurídicas; decisão, deliberação ou determinação do poder público; documento público em que se exprime decisão de uma autoridade etc. 45

46 Por sua vez, o termo "auto" tem a mesma origem, só que se apresenta com variante gráfica popularizada no idioma português antigo, adquirindo a acepção jurídica de narrativa escrita, circunstanciada e autenticada de qualquer atividade ou diligência judiciária, administrativa ou notarial, a exemplo de auto de penhora, auto de infração e auto de aprovação de testamento cerrado, e cujo plural autos veio depois a significar o conjunto ordenado das peças de um processo. "Documento" é palavra que, empregada em um sentido amplo, significa o meio exterior de perpetuar a existência de um fato ou de uma coisa. Nessa acepção, diz-se documento histórico, por exemplo. A palavra, no entanto, é muito comumente empregada em sentido estrito, ou seja, no sentido jurídico, para indicar o meio exterior de perpetuar a existência de um fato jurídico, de um ato jurídico ou, especificamente, um negócio jurídico. Os documentos podem ser classificados em particulares e públicos. Quando falamos "documento privado", queremos dizer que ele foi formalizado sem a intervenção do agente estatal. Já quando dizemos "documento público", afirmamos que esse documento foi formalizado e expedido pelo agente do Estado. O documento escrito, no âmbito jurídico, é chamado tecnicamente de "instrumento". Nesse sentido, diz o art , do Código Civil que "a procuração é o instrumento do mandato". Este Texto Complementar faz parte da sequência desta aula e, portanto, é essencial para a aprendizagem. COMPLEMENTAR Podemos mencionar como exemplo a expressão "ata de comparecimento", que é aquela cuja finalidade é comprovar um fato do interesse de quem está presente no cartório, em face da ausência de outro alguém. A "ata de presença", por sua vez, é aquela que se destina a declarar que o escrivão do cartório esteve presente em algum lugar, seja para a finalidade de presenciar, por exemplo, a abertura de um cofre, ou ainda se alguma pessoa encontra-se em algum lugar específico. É preciso que você observe que o tabelião formaliza um documento narrando fielmente tudo aquilo que verifica com seus sentidos sem emissão de opinião, juízo de valor ou conclusão, narra e materializa os acontecimentos em sua essência, ou seja, pré-constitui prova, de modo que a veracidade somente poderia ser retirada por meio de sentença transitada em julgado. O tabelião deve redigir de forma imparcial, clara, concisa e coerente. Referências Ceneviva, Walter. Lei dos notários e dos registradores comentada. São Paulo: Saraiva, Santos, Gélson Clemente dos. Comunicação e expressão: Introdução ao curso de redação. Rio de Janeiro: Forense, Silva, Luciano Correia da. Manual de Linguagem Forense. São Paulo: Edipro,

47 Linguagem na petição inicial Nesta aula você conhecerá a estrutura da petição inicial e seus elementos estruturantes, ou seja, seus elementos essenciais enumerados no artigo 282, do Código de Processo Civil. Além disso, compreenderá o nível de linguagem empregada nesse tipo de redação. É por meio da petição inicial, e disso já tratamos em outro momento de nossas aulas, que o Poder Judiciário toma conhecimento dos fatos que desencadearam algum conflito de interesses que não pode ser resolvido por meio de algum tipo de transação, isto é de acordo extrajudicial, por isso a petição inicial é de extremada importância. Desde logo, precisamos dizer que a redação da petição inicial não é livre, mas, sim, engessada pelo artigo 282, do Código de Processo Civil que elenca os requisitos indispensáveis da petição inicial. Ao redigir uma petição inicial pode o advogado dar o seu toque pessoal. Impregná-la de um estilo pessoal, no entanto, sem transformá-la numa peça literária ou jornalística. Na petição inicial, o advogado deve mostrar-se discreto, elegante, coeso, claro, preciso e conhecedor do vernáculo e da linguagem técnica. Uma petição inicial só deve ser feita depois da busca da literatura técnica atualizada que trate do assunto a ser discutido na petição inicial, bem como depois da pesquisa de acórdãos, isto é, decisões recentes dos tribunais, acerca do tema. Essa pesquisa prévia e necessária ajuda na construção do raciocínio lógico-jurídico necessário para a redação da petição inicial, que deverá retratar o fato, descrevendo-o circunstancialmente, numa sequência lógico-temporal que marca o texto narrativo, como já vimos em aula anterior ao discutir essa modalidade redacional. A pesquisa preparatória e anterior à petição inicial é importante, principalmente porque ajuda a preparar os argumentos necessários para a parte dissertativa da petição inicial, em que o advogado deverá mostrar, de forma indutiva ou dedutiva, o direito a ser aplicado aos fatos, apontando a solução que deseja ver estampado na sentença. Vale ressaltar que a petição inicial é o espelho da sentença. De acordo com os termos do artigo 282, do Código de Processo Civil, a petição inicial deve conter a indicação do juízo competente, segundo as regras de fixação de competência descritas nos artigos 88 a 100, do Código de Processo Civil, bem como a qualificação completa das partes, isto é, a indicação de todos os dados necessários para a exata identificação daqueles que vão demandar, ou seja, autor e réu. Essa qualificação consiste, nos termos da lei, na indicação do nome completo, no apelido, na nacionalidade, na profissão, no domicílio, na residência, no estado civil. Embora a lei não exija, a prática forense e o costume profissional fazem com que as petições iniciais tragam o nome da ação que está se propondo. Após a qualificação das partes e talvez da indicação do nome da ação, a critério do advogado, a petição inicial segue com a narração dos fatos que deram origem ao conflito de interesse e, ainda, dos fatos violadores do 47

48 direito do autor. Numa relação lógica, o advogado deve indicar os fatos e as suas consequências jurídicas. Nessa parte da petição inicial, deve o advogado tomar o cuidado de não cometer erros de ortografia, pontuação e, especialmente, apresentar uma linguagem coesa, escorreita, inteligível e, ao mesmo tempo, rica, isto é, sofisticada, mas sem excessos e rebuscamentos que comprometem uma leitura fácil, tanto pelo juiz quanto pela parte contrária. Depois de narrados os fatos e as consequências decorrentes do fato jurídico eleito como relevante, o advogado dá início à parte dissertativa-argumentativa da petição inicial. Em outras palavras, depois de apresentar os fatos, deve o advogado apontar qual a solução que entender ser a mais adequada para o que foi apresentado. Aqui os argumentos de autoridade, que vimos em aulas anteriores, serão usados, representados pela transcrição de trechos de doutrinas, acórdãos, súmulas e artigos de lei, que embora não sejam obrigatórios, enriquecem o texto. Só não se pode esquecer da estrutura do texto dissertativo-argumentativo. A parte conclusiva dessa parte dissertativa-argumentativa da petição inicial é ou são os pedidos que o advogado deve formular ao juiz. O pedido deve ser preciso, extremado de dúvida, por isso determina a lei que o autor deve formular o pedido com todas as suas especificidades, ou seja, com detalhes, sob pena de não poder ser atendido pelo juiz na sentença. Na parte final da petição inicial, deve o advogado formular os requerimentos, cuja estrutura vimos em outra aula e aqui estão inseridos os requerimentos de citação do réu, de produção de provas em todas as suas modalidades, previstas no artigo 212, do Código Civil, benefício da justiça gratuita, de condenação da parte contrária na sucumbência. Estruturalmente, a petição vem na forma de articulado, isto é, depois da indicação do juízo competente com o uso adequado do pronome de tratamento correto e sempre por extenso e da indicação das partes, o texto narrativo e dissertativo-argumentativo vem antecedido de números ou de rubricas. Assim, o advogado poderá numerar cada parágrafo da petição inicial, que se recomenda não ter mais do que de seis a oito linhas ou encimar cada parágrafo com as seguintes rubricas: Dos Fatos, Dos Fundamentos, Do Pedido, Dos Requerimentos. A petição inicial, como qualquer peça técnica, deve sempre ser escrita em terceira pessoa. Não se usa, portanto, a primeira pessoa do plural, nem mesmo o plural majestático. Evite os latinismos, isto é, o uso de expressões em latim, ainda que tenham seu uso consagrado pelos brocardos jurídicos, eles não podem ser inseridos a esmo nas petições iniciais, na medida em que mais do que demonstrar erudição, essas expressões tornam difícil a leitura das peças técnicas. Não se quer aqui negar ou proibir o uso do latim, mormente porque essa foi a língua em que todo o direito ocidental foi escrito. Recomenda-se, isso sim, que seu emprego seja feito apenas quando se conhecer o sentido e o contexto em que a expressão for usada. A petição inicial e o tribunal não são existem para a prática de exibicionismos linguísticos e erudição desnecessária. É preciso evitar o uso de uma linguagem hermética, isto é, fechada em si mesmo e impenetrável, que, geralmente, só é agradável a quem escreve e não a quem lê. O 48

49 preciosismo e o rebuscamento da linguagem jurídica se tornaram, no mundo contemporâneo, vício de linguagem. Evite, portanto, na petição inicial o emprego de uma linguagem artificial e postiça, porque mais do que causar uma boa impressão, sacrifica a ideia a ser transmitida e muito possivelmente o direito do cliente. Causa melhor impressão quem escreve com simplicidade, humildade e clareza do que aquele que pernosticamente se expressa de forma a não se compreendido. Referências Acquaviva,Marcus. Cláudio redação forense e petições iniciais. São Paulo: Ícone, Blikstein, Izidoro. Técnicas de comunicação escrita. São Paulo: Ática, ANOTAÇÕES COMPLEMENTARES v 49

50 A linguagem da sentença Veremos nesta aula que as sentenças têm uma linguagem muito própria e possuem seus componentes estruturais. Observaremos que a sentença está dividida em três partes: o relatório, a fundamentação e o dispositivo, cumprindo cada uma dessas partes um importantíssimo papel na composição desse documento que põe fim a um processo. Conceitos essenciais Entre os atos mais importantes praticados por um juiz está a sentença. A sentença é o ato que põe fim a um processo, em primeiro grau de jurisdição. Podemos definir jurisdição como o poder de dizer o direito aplicável a determinado caso concreto, a fim de esclarecer um conflito de interesses. A palavra jurisdição deriva do latim juris (direito) dictionis (ação de dizer). Jurisdição significa exatamente isso: dizer o direito. Quando, portanto, afirmamos que um juiz ao dar uma sentença pratica um ato de jurisdição, estamos confirmando sua função. Alguns autores do direito entendem que a sentença se realiza sobre um tripé: a lei (como elemento maior), o fato jurídico (como elemento menor) e a decisão (como Conclusão). Embora tenhamos conhecimento de que os outros atos praticados pelo juiz no transcorrer de um processo sejam relevantes, nesse momento nos dedicaremos a estudar alguns aspectos da linguagem contida nas decisões, levantando e dando destaque aos pontos que mais se sobressaem dentro dessa peça denominada sentença. Podemos observar que, na parte inicial da sentença, encontramos a expressão "vistos", ou seja, isso significa que aquele que está dando a decisão o juiz informa-nos que os autos do processo foram vistos, lidos, submetidos ao sentido da visão. Tudo o que está contido no processo (petições, documentos, fotografias, laudos etc.) foi devidamente visto. Não podemos, entretanto, esquecer de que o pensamento de um juiz não se forma exclusivamente a partir do sentido da visão. Ele usa todos os outros sentidos durante o processo (audição, tato, olfato), levando-nos a concluir que, mesmo que o julgador use a expressão "vistos", esse vocábulo engloba os outros sentidos posteriormente mencionados. Quando o magistrado, em seguida e agora sim na primeira parte da sentença, usa a expressão "relatório", o uso dessa palavra nos informa que se encontram registradas todas as principais ocorrências acontecidas no andar do processo, e que são ressaltados os mais relevantes pontos processuais desde o seu início até o momento em que a sentença está sendo redigida. O "relatório" é feito de forma concisa e objetiva, limitando-se a fornecer somente informações dos referidos marcos processuais, sem que haja por parte do julgador qualquer menção à decisão que irá dar. 50

51 Mesmo que no "relatório" a linguagem da sentença seja exclusivamente narrativa, o juiz vale-se de recursos linguísticos próprios dessa modalidade textual, evitando ambiguidade e vaguidão. Por ambiguidade podemos compreender quaisquer distanciamentos sequenciais da narrativa, envolvendo os advérbios "quem", "quando", "o quê", "como" e outros, o que nos levaria a confundir pessoas, fatos, situações e, consequentemente, as próprias ocorrências processuais. Por vaguidão podemos entender a falta de encadeamento das ideias, deixando abertas determinadas brechas que acabariam tornando incompreensível a narrativa como um todo. Já na segunda parte da sentença encontramos a expressão "fundamentos", ou seja, trata-se do momento argumentativo em que o juiz analisará as questões fáticas e de direito, possibilitando ao leitor, a partir daí, visualizar quais foram os caminhos percorridos até a final decisão. Essa parte da sentença é verdadeiramente retórica, exatamente porque nesse momento é que a linguagem do magistrado ganha grande expressividade, visto que ele usa todo seu talento para raciocínios lógicos, a fim de alcançar a máxima coerência na exposição das conclusões a que chegou. A terceira parte da sentença é a denominada de "dispositivo", porque é nesse momento que o magistrado "dispõe", do verbo "dispor". Aqui a questão do uso dessa expressão é bastante interessante. Entre as opções oferecidas no dicionário de Aurélio Buarque de Holanda, a significação mais adequada para esse vocábulo é aquela que aponta para a ideia de "harmonizar", "resolver em caráter definitivo", "decidir-se". Muito embora saibamos que todas as decisões de primeiro grau possam ser modificadas pelo Tribunal Superior competente, a ideia de "resolver em caráter definitivo" somente faz sentido se pensarmos que, para o juiz de primeiro grau que redigiu a decisão, a questão está completamente resolvida e fechada. Decidindo, o juiz manifesta-se pela "procedência" ou "improcedência" do pedido, tendo sempre por base e referencial o autor da demanda. Se o magistrado se decide no sentido de atender ao pedido formulado pelo autor da ação, ele julga a ação procedente; se ele entende que o melhor direito está demonstrado pelo réu, ele a julga improcedente. Há casos em que o juiz pode, dependendo do tipo de questão que tem sob seus cuidados, orientar-se pela "procedência parcial" do pedido, o que significa concluir que ele admitiu e reconheceu uma parcela de direito ao autor e outra parcela ao réu. 51

52 A sentença é uma peça do processo altamente técnica. Os juízes têm o dever de mostrarem-se peritos nessa linguagem e respectiva redação, de modo a assegurar, o quanto possível, seja completa a mensagem que quer comunicar sendo de fácil compreensão para os leitores. Para, entretanto, encerrar esse estudo é importante mencionar que nas sentenças de um modo geral e no âmbito material civil das ações, o juiz poderá trabalhar com três verbos: declarar, constituir e condenar. Dizemos que a sentença é declaratória quando ela se manifesta sobre a certeza da existência de uma relação jurídica. Será também declaratória quando referir-se sobre a certeza quanto à autenticidade ou falsidade de um documento. Já as sentenças constitutivas têm a finalidade de criar, modificar ou extinguir uma relação jurídica, satisfazendo por si mesmas as pretensões processuais, criando novos estados jurídicos. Por meio das sentenças condenatórias o juiz impõe uma sanção àquela parte processual que se recusar a cumprir suas determinações. Estabelecendo uma penalidade por meio da sentença, a ideia é a de que ela funcione como um título executivo. Embora aqui nesse estudo tenhamos procurado distinguir as três principais modalidades de sentenças, o que vemos na vida prática é que essas às vezes se misturam dentro de uma só decisão. Referências DAMIÃO, Regina Toledo. Curso de português jurídico. São Paulo: Atlas, CRUZ E TUCCI, José Rogério. A motivação da sentença no processo civil. São Paulo: Saraiva: 1987 ANOTAÇÕES COMPLEMENTARES 52

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