Estoques e Distribuição de Armas de Fogo no Brasil
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- Jónatas Gameiro Santarém
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1 Estoques e Distribuição de Armas de Fogo no Brasil Projeto MAPEAMENTO DO COMÉRCIO E TRÁFICO ILEGAL DE ARMAS NO BRASIL Pesquisa elaborada pela Oscip VIVA COMUNIDADE Câmara dos Deputados Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado (CSPCCO Apoio: Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci) Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) Ministério da Justiça 1
2 Copyright 2010 por Viva Comunidade Título Original: Manual de rastreamento de armas pequenas Editor André Figueiredo Editoração Eletrônica Luciana Lima de Albuquerque Consultoria Editorial Fernando Botto PUBLIT SOLUÇÕES EDITORIAIS Rua Miguel Lemos, 41 sala 605 Copacabana - Rio de Janeiro - RJ - CEP: Telefone: (21) editor@publit.com.br Endereço Eletrônico: 2
3 Ministério da Justiça Ministro da Justiça: Luiz Paulo Teles Ferreira Barreto Secretário Nacional de Segurança Pública: Ricardo Brisolla Balestreri Secretaria-Executiva do Pronasci Ronaldo Teixeira da Silva Coordenadora Geral de Ações de Prevenção em Segurança Pública, Senasp Cristina Gross Villanova Sub-Comissão de Armas e Munições da Câmara Federal Presidente Deputado Raul Jungmann Viva Comunidade / Overview Pesquisa Coordenador do Projeto: Antônio Rangel Bandeira (Viva Comunidade) Equipe Técnica Chefe de Pesquisa: Pablo Dreyfus in memoriam (Viva Comunidade) Pesquisadores: Júlio Cesar Purcena (Viva Comunidade) Marcelo de Sousa Nascimento (Overview Pesquisa) Assistentes de Pesquisa: André Luís da Silva Nunes (Overview Pesquisa) Natasha Leite de Moura (Viva Comunidade) Renata Pedro (Overview Pesquisa) 3
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5 SUMÁRIO 1. Introdução Breves considerações históricas Obstáculos à Pesquisa Cálculo do estoque Impacto da circulação de armas Violência armada Apreensão de armas de fogo Resultados das campanhas Entrega voluntária de armas de fogo Recadastramentos de armas de fogo Conclusão...41 Referências bibliográficas
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7 1. INTRODUÇÃO O primeiro objetivo deste trabalho foi traçar o universo de circulação de armas de fogo no Brasil a partir de métodos já testado em pesquisas anteriores por nossa equipe. O segundo escopo foi avaliar este universo de armas a partir do impacto de campanhas de entrega e regularização do registro de armas de fogo. A pesquisa contou com a atualização dos dados das principais fontes de informações sobre a matéria, além dos dados sobre o impacto, provenientes dos órgãos responsáveis pela segurança pública no Brasil e do sistema de saúde. Esta pesquisa buscou estabelecer parâmetros para avaliar as políticas de controle de armas implementadas recentemente no país, outro objetivo deste trabalho. O método utilizado é aqui exposto, com o intuito de propor uma discussão sobre este importante aspecto, de uma área de conhecimento nova, e que exige criatividade. Entendemos que é necessário não só buscar métodos capazes de avaliar essas políticas, mas manter regularidade na elaboração desse tipo de pesquisa, o que permitirá produzir uma série continuada que possa ser monitorada por novas políticas de controle de armas. A presente análise está assim sistematizada: considerações históricas, controle de armas no Brasil, obstáculos à pesquisa, cálculo dos estoques de armas, impacto da circulação dessas armas e avaliação das recentes campanhas Breves considerações históricas O primeiro regulamento nacional sobre armas de fogo foi promulgado em 1934, e tratava essencialmente da produção e do comércio internacional 7
8 de armas de fogo, enquanto os registros para civis eram regulamentados por diretrizes do Ministério do Exército, mesmo que de maneira secundária. Este regulamento previa que as autoridades estaduais deveriam providenciar esse controle, que, contudo não era obrigatório. A partir de 1980, o Ministério do Exército introduziu novas regras, como: o registro obrigatório das armas nas secretarias de segurança pública; quantidade e tipo de armas para os civis maiores de 21 anos de idade armas que ficavam registradas nas polícias civis de cada estado. Entretanto, não havia nenhuma instituição nacional responsável pela centralização desses registros. Mesmo assim essa regulamentação foi um avanço, já que a legislação anterior previa apenas o registro como uma condição opcional (Iooty, 2005; Dreyfus e Nascimento, 2005). O passo seguinte foi a criação da primeira versão do Sistema Nacional de Armas (Sirnam), através da Lei 9.437, de 20 de Fevereiro de Um dos objetivos dessa lei foi centralizar o registro de armas, administrado isoladamente pelas 27 unidades da federação (UF). Outro objetivo foi controlar os pedidos de posse e, em alguns casos, portes de armas, através da consulta de registros criminais. Desse modo, somente após a autorização da Polícia Federal, os estados podiam emitir as licenças. Todavia, os estados tinham a obrigação de atualizar essas informações periodicamente, mas o processo de digitalização de registros locais era lento, o que dificultava a interligação ao Sinarm. Além do mais, a maioria das informações sobre armas de fogo registradas e apreendidas era subnotificada. Por essa razão, o número de armas registradas no Sinarm era inferior ao número de armas comunicadas (Dreyfus e Nascimento, 2005). Em função disso, a segunda versão do Sinarm a Lei de 22 de Dezembro de 2003 (Estatuto do Desarmamento) consistiu na elaboração de um sistema que centralizava, ainda mais, as informações sobre armas no Brasil. Os aspectos técnicos e administrativos da nova lei só entraram plenamente em vigor em julho de 2004, por meio do Decreto O Estatuto do Desarmamento estabeleceu a responsabilidade de registro de armas, bem como suas licenças pela Polícia Federal. Com isso, revogou a prerrogativa dos estados de emitir autorizações de posse e porte de armas. Finalmente, a Polícia Federal passou a centralizar em um único banco de dados todas as informações sobre fabricação, vendas internas, importações de armas de fogo para civis, além de armas de fogo apreendidas, e outras situações, pelos estados. Por outro lado, o Exército, através da Diretoria de Fiscalização de Produtos Controlados do Exército Brasileiro (DFPC), permaneceu controlando as informações sobre os principais aspectos relacionados aos fluxos e aos estoques, 8
9 tais como: a fabricação e o comércio internacional de todos os segmentos (civil e militar); o registro e a posse de armas de fogo de oficiais militares e dos membros das polícias militares, dos caçadores, dos atiradores e dos colecionadores (CAC); e as armas patrimoniais das Forças Armadas, das policias militares e dos corpos de bombeiros dos estados, da Agência Brasileira de Inteligência e do Gabinete Segurança Institucional da Presidência da República. Toda essa informação, segundo o Decreto 5.123, fica armazenada em um banco de dados conhecido como Sistema de Gerenciamento Militar de Armas (Sigma). A diferença entre os dois sistemas reside no fato do Sinarm concentrar as informações para armas de fogo nas mãos de civis, além de aspectos relacionados à segurança pública, como apreensão de armas, e o Sigma concentrar as informações sobre armas em mãos de militares, bem como informações ligadas às questões de defesa nacional, como produção e destruição, isto é, o que se relaciona com o nível de estoque Obstáculos à Pesquisa Após essa descrição sumária do histórico do controle de armas no Brasil, já podemos apontar os principais obstáculos encontrados durante a compilação dos dados pertinentes à pesquisa. Foram eles: a) O intercâmbio pleno entre os dois principais sistemas de controle de armas, Sinarm e Sigma. Cabe ressaltar que a interligação entre essas bases contempla o ciclo de vida da arma, da produção e, em alguns casos, da importação até a destruição; b) O intercâmbio pleno entre as secretarias estaduais de segurança pública e a Polícia Federal que, deveria alimentar efetivamente o Sinarm com informações sobre registros e outras ocorrências que envolvam armas de fogo; c) A ausência de informações sobre a situação das armas de fogo acauteladas pelo sistema judiciário. As razões que explicam a ocorrência desses obstáculos foram objeto de pesquisas anteriores. (Dreyfus, Nascimento e Purcena, 2009; Purcena e Nascimento, 2010). Daí que não nos debruçaremos sobre esse aspecto do problema. Outro tipo de obstáculo enfrentado teve relação com o período de disponibilidade das informações sobre registro de armas. Desde a primeira vez que essa metodologia foi aplicada (Dreyfus e Nascimento, 2005), identificou-se 9
10 como variava esse período, conforme apresentamos na tabela 2, onde a maioria dos estados teve informações disponíveis, a partir do início dos anos 1980, quando o Exército instituiu o registro obrigatório. Assim sendo, existe a possibilidade de observar uma lacuna nos registros de armas, que pode variar de 20 a 50 anos. Além do mais, algumas entrevistas confirmaram que os registros anteriores à obrigatoriedade podem estar arquivados de forma não sistematizada, ou ainda, alguns registros podem ter se deteriorado com o tempo (Dreyfus e Nascimento, 2005). Cabe ressaltar que algumas armas de fogo, compradas antes do registro obrigatório, ainda estão em condições de uso. Podemos citar, como exemplo, as armas coletadas durante a primeira Campanha de Entrega Voluntária (2004 e 2005). Segundo análise dos dados das armas entregues no Viva Rio, 85% dos revólveres Taurus (a marca mais frequente nas apreensões de armas de fogo) foram fabricadas antes de 1981, e cerca de 90% se encontravam em estado de funcionamento. Além disso, mais de 60% das pessoas, que entregaram voluntariamente armas de fogo, tinham mais de 50 anos de idade, o que sugere que a maioria das armas entregues foi comprada antes de 1980, certamente antes de Embora tenhamos esses problemas com os registros antigos, desde 2008, a Polícia Federal tem trabalhado junto com os estados e outros atores, como a Associação Nacional da Indústria de Armas e Munições (Aniam), numa campanha de legalização das armas de uso permitido em posse de cidadãos, conforme estabelecido no Art. 30 do Estatuto do Desarmamento (armas de fogo que foram adquiridas antes do Estatuto e não possuíam registros estaduais). A tabela 1 corrobora a preocupação das autoridades responsáveis pela matéria, de que existe a necessidade de controlar os registros de armas de fogo em posse informal, isto é, aquelas que estão à margem da lei, porém não necessariamente utilizadas em crimes. Além de indicar a adesão dos estados na regularização de armas de fogo de uso permitido, a iniciativa demonstra o resultado positivo que a articulação entre diversos atores pode provocar através de campanhas de mobilização. A tabela 1 apresenta os dados da campanha em 2008 e 2009, e permite observar que a articulação do Estado com atores da sociedade civil resultou no aumento da regularização das armas, Tivemos 20 estados com aumento percentual superior a 100%. Os estados do MT (39,4 mil %), RO (13,7 mil %) e SE (6,7 mil %) tiveram aumentos bastante expressivos em relação ao ano anterior. Por outro lado, apenas SP (-89%) e RS (-96%) apresentaram quedas na variação. O AP não apresentou informação para o ano de 2008, e por isso não teve a variação calculada. 10
11 Tabela 1 Armas de fogo de uso permitido anistiadas em 2008 e 2009, segundo UF. Armas regularizadas Armas regularizadas Armas regularizadas Armas regularizadas UF no Sinarm (2008) no Sinarm (2009) % UF no Sinarm (2008) no Sinarm (2009) % AP S/I TO % RS % MS % SP % CE % AC % ES % PR % RN % MG % BA % DF % PI % AM % GO % RJ % PE % AL % RR % PA % SE % PB % RO % MA % MT % SC % Total % Fonte: elaborados a partir das informações do Sinarm Conforme a metodologia que orientou esse trabalho (Dreyfus e Nascimento, 2005), buscamos comparar o total de armas registradas nos estados com os dados do Sinarm, e nosso objetivo era avaliar possíveis discrepâncias entre as fontes que poderiam indicar subnotificação, isto é, constatar se os estados não tinham passado informações de registro de maneira plena para o Sinarm. O que pôde ser medido através da diferença entre o informado pelos estados e o número que constava no Sinarm. Assim, quanto maior fosse o registro na SSP e menor no Sinarm, maior seria a subnotificação, conforme demonstrado na tabela 2. Essa noção não foi deixada de lado na presente atualização da estimativa dos estoques de armas de fogo no Brasil, mas optamos por destacar as campanhas realizadas recentemente para mitigar esse problema. Portanto, destacamos o aumento de 23% entre 2006, que representou mais de um milhão de armas de fogo, como resultados das campanhas de regularizações dessas armas. Além dos obstáculos para a identificação dos dados de armas de fogo em mãos civis, outro desafio importante para a pesquisa foi a obtenção de dados do Exército Brasileiro. Neste relatório não contamos com as informações do Anuário Estatístico do Exército (Aneex), base de dados que contém informações sobre a produção, vendas internas e externas de armas de fogo de uso permitido, bem como número de lojas de armas e de estabelecimentos registrados para exercício de atiradores e caçadores. Por esse motivo, adotamos 11
12 os dados disponibilizados no trabalho anterior (Dreyfus e Nascimento, 2005), que eram dados sobre produção e vendas, cobrindo o período de , além de informações sobre os CAC e as lojas de armas. Apesar dessa rica fonte de informações, não foi possível obter dados sobre os estoques das Forças Armadas, nem tampouco das armas de uso privativo dos militares. Conforme foi mencionado, esses dados são registrados no Sigma e, a exemplo dos demais países latino-americanos, são considerados altamente confidenciais (Dreyfus e Nascimento, 2005). Contudo, decidimos nessa versão dedicar maior espaço para a avaliação do universo de armas de fogo em mãos de civis. Ainda assim, em termos comparativos, apresentaremos esses dados baseados em outras versões desta metodologia (Dreyfus e Nascimento, 2010). 12
13 Tabela 2 Armas de fogo registradas segundo fonte de informação, período e UF. Registros no Registros no Registros no Registros Período coberto pelo registros Início do UF Sinarm (2003) Sinarm (2006) Sinarm (2010) nas SSP's estaduais registro AC S/I AL AM AP BA CE S/I DF ES GO MA S/I S/I 1970 MG MS S/I MT PA PB S/I S/I 1963 PE PI S/I S/I 1987 PR RJ RN RO S/I RR S/I S/I S/I RS / Entre 1950 e 1955 SC SE S/I SP TO S/I 1989 Total Nota: Dados para o Sinarm até setembro de Fonte: elaborados a partir das informações do Sinarm e (Dreyfus e Nascimento, 2005; Dreyfus e Nascimento, 2010). 13
14 14
15 2. CÁLCULO DO ESTOQUE Para realizar o cálculo do estoque, baseamo-nos no método desenvolvido anteriormente por Dreyfus e Nascimento (2005) e revisado recentemente por Dreyfus e Nascimento (2010). Nesta versão, decidimos focar o cálculo de estoque para avaliar essencialmente a dimensão civil da circulação de armas. Além disso, em função de novas informações dos estados reunidas na presente pesquisa, tivemos a oportunidade de refinar o multiplicador usado no trabalho, que se baseou nas armas apreendidas com registro prévio. Nas versões anteriores, o percentual de registro prévio levava em conta somente as armas apreendidas no Rio de Janeiro, com dados referentes ao universo de armas apreendidas e registradas nesse estado, e correspondia ao período de 1951 a 2003 (Dreyfus e Nascimento, 2005). Já na atual versão, contamos com mais 288 mil informações, considerando todos os órgãos que cooperaram ao longo deste trabalho 1. Foram informações provenientes de: Acordo de cooperação entre o Governo do Estado do Rio de Janeiro e o Viva Rio. 1 As secretarias de segurança pública dos estados: Alagoas, Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Pará, Pernambuco, Piauí, Paraná, Rio de Janeiro, Roraima, Rio Grande do Sul, São Paulo e Tocantins. Os Tribunais de Justiça dos estados: Acre, Minas Gerais, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. A Polícia Federal forneceu informações através do Serviço Nacional de Armas e das Superintendências Regionais dos estados do Acre, Pernambuco, Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo. Por último, informações do Exército Brasileiro. 15
16 Cooperação das secretarias estaduais de segurança pública com a CPI das Armas, da Câmara dos Deputados, entre abril de 2005 e novembro de Colaboração das secretarias estaduais de segurança pública e do Sinarm com a Subcomissão de Armas e Munições da Câmara dos Deputados, entre abril de 2007 e junho de Contamos, ainda, com os dados de alguns Tribunais de Justiça estaduais, Exército Brasileiro, outros departamentos da Polícia Federal e Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) do Ministério da Justiça Entretanto, somente cinco estados ofereceram as informações apropriadas para calcular o registro prévio; foram eles: Alagoas, Bahia, Distrito Federal, Rio de Janeiro e São Paulo. Com base nestes estados, encontramos 23,6% de registro prévio entre as armas apreendidas, a partir do cálculo de uma média ponderada pelo número de armas disponíveis. Esse multiplicador foi utilizado para calcular o estoque, recorrendo-se a uma decisão conservadora. Por outro lado, oferecemos uma versão menos ortodoxa, que leva em conta o percentual de armas de registro prévio encontrado no Distrito Federal. O principal motivo para recorrer a uma versão menos ortodoxa se deu em função desse estado ter apresentado registros de armas de fogo de vários estados, bem como de outros órgãos como as Forças Armadas. O percentual encontrado foi de 29,4%. A revisão do multiplicador baseado no registro prévio se constitui na principal distinção deste exercício em relação às versões anteriores de aplicação desse tipo de metodologia. Ademais, optamos por não diferenciar mais os grupos criminal e informal, uma vez que ambos constituem o grupo de armas ilegais que têm sido o principal alvo das políticas de controle de armas no Brasil. Finalmente, detalhamos os principais grupos, que sendo devidamente mapeados, permitem estimar o universo de armas em circulação no Brasil. Lembramos que utilizamos dados oficiais para os grupos: pessoas físicas, empresas de segurança privada, empresas privadas e lojas de armas; e utilizamos dados estimados para os grupos: armas de uso privativo dos militares (oficiais e suboficiais), dos bombeiros e dos policiais militares (PM), CAC, armas patrimoniais dos militares e dos órgãos de segurança pública. Na tabela 4, apresentamos as informações de registros no Sinarm referentes aos anos de 2006 e 2010, para o grupo de civis que formam a dimensão 16
17 de armas legais de uso privado: pessoas físicas (A), empresas de segurança privada (B), empresas privadas (C) e lojas de armas (D). Por último, por se tratar de uma estimativa, buscamos arredondar os valores para últimas casas decimais, seguindo a regra, maior ou igual a 5, para cima, e menor de 5, para baixo. A. Pessoas físicas Segundo os dados do Sinarm, em 2006 havia registros de armas de fogo para pessoas físicas, a maior parte deles oriundos dos estados de SP (46%), GO (6%), SC (6%) e PR (6%). Em setembro de 2010, esses registros chegaram a registros. Os estados de SP (39%), RS (9%), PR (6%), SC (6%) e GO (5%) foram aqueles que tiveram os maiores percentuais. Possivelmente, as alterações nas posições foram em função das regularizações nas campanhas de entrega e recadastramento de armas de fogo dos últimos anos. B. Empresas de segurança privada De acordo com informações do Sinarm, em 2006 existiam registros de empresas de segurança privada, sendo SP (36%), RJ (11%) e MG (7%) os estados com os maiores números de empresas com armas de fogo. Em setembro de 2010 esses registros chegaram a , sendo os estados SP (41%), DF (9%), MG (8%), RJ (6%) e RS (5%) aqueles com maiores representações. C. Empresas privadas Em relação às empresas privadas, segundo o Sinarm, em 2006, havia registros de armas de fogo por parte delas. Os estados com maior participação foram SP (63%), DF (7%) e PE (8%). Em setembro de 2010, esses registros chegaram a , e os estados com maior percentual foram SP (33%), RJ (10%), MG (7%), RS (6%) e BA (6%). D. Lojas de armas Segundo o Sinarm, em 2006 as armas de fogo registradas para lojas especializadas nesse produto totalizaram e os estados com maiores percentuais foram SP (23%), RS (22%) e RJ (8%). Em setembro de 2010, esses registros chegaram a e os estados com maior participação foram: SP (26%), RS (20%), RJ (8%), SC (7%) e PR (5%). 17
18 Tabela 4 Registros de armas de fogo no Sinarm, UF Pessoa física (A) Segurança Empresas Lojas de privada (B) privadas (C) armas (D) Total Pessoa física (A) Segurança Empresas Lojas de privada (B) privadas (C) armas (D) Total AC AL AM AP BA CE DF ES GO MA MG MS MT PA PB PE PI PR RJ RN RO RR RS SC SE SP TO Total Nota: Dados para o Sinarm até setembro de Fonte: elaborados a partir das informações do Sinarm. Para suprir a ausência de informações do Exército Brasileiro, que complementariam a estimativa para as armas privadas, utilizamos com fonte secundária os dados de outro trabalho. Orientamos aqueles que têm interesse em se aprofundar na discussão, a consultarem o trabalho Small Arms in Brazil: Production Trade, and Holdings. Para estimativa dos estoques não civil ou estatal, os referidos dados foram: E. Armas de uso privado dos militares Segundo (Dreyfus e Nascimento, 2010), estimou-se em armas registradas para os oficiais e suboficiais, sendo 73% para os militares na ativa 18
19 e 27% para os militares reformados. Cabe ressaltar que os oficiais e suboficiais representam 43% do contingente das Forças Armadas, que podem ter e portar armas de uso privado, o que exclui os praças, que podem obter autorizações para posse e porte apenas em casos especiais. F. Armas de uso privado dos bombeiros e policiais militares A estimativa de registros de arma de fogo para bombeiros e policiais militares foi de Os membros das forças auxiliares da ativa, segundo a estimativa, têm armas de registradas, enquanto os reformados G.Colecionadores, atiradores e caçadores (CAC) Os CAC, grupo de civis controlado pelo Exército, têm estimado registros de armas de fogo, sendo para colecionadores, para atiradores e para caçadores. Da mesma forma, apresentamos a estimativa de armas legais em poder do Estado: H. Estado Em relação aos dados das armas patrimoniais (pertencentes ao Estado), as Forças Armadas tem o maior arsenal, pois concentram 62% do total, os órgãos ligados à segurança pública ficaram 36% e outros órgãos, como os de Justiça, representaram 2%. Ao detalhar por grupos, os militares da ativa detêm armas registradas, os da reserva ; as polícias militares ; as polícias civis, Federal e Rodoviária Federal somaram ; Força Nacional de Segurança Pública ; e os outros órgãos somaram Com as informações desses grupos, o passo seguinte foi calcular a quantidade estimada de armas em circulação. Desse modo, as informações sobre apreensão de armas são essenciais, pois no momento em que o Estado intervém nesse estoque de armas, geralmente por meio de operação policial, retira-se uma amostra das armas em circulação. Elas podem ter tanto uma origem legal quanto ilegal. Portanto, o princípio se baseia na dedução de que as armas apreendidas representam uma amostra do universo de armas em circulação. Assim, a tarefa fundamental é saber qual é a proporção de armas com registro prévio, dentro das armas apreendidas. É essa proporção que 19
20 permite estimar a circulação de armas de fogo para um determinado universo, conforme ilustrado na figura 1. Entretanto, as informações sobre armas apreendidas apresentam um nível de riqueza de detalhes que podem ir além da estimativa per se. Na figura 1, foram incluídos (lado direito) alguns exemplos de exploração dessas informações, que de maneira geral podem ser utilizadas com apoio ou apoiando outras análises e/ou fontes de informações. Por exemplo, citamos o trabalho Seguindo as Rotas das Armas (Purcena e Nascimento, 2010), que consistiu em analisar padrões de transferências internacionais de armas, declaradas no sistema alfandegário, com apreensões e rastreamentos de armas de fogo. Todavia, as possibilidades são inúmeras, tais como relacionar a apreensão de armas com os tipos mais frequentes de delitos. Por fim, essas análises, bem como a própria estimativa de circulação, podem ser uma importante ferramenta de avaliação de políticas de controle de armas. Figura 1: Esquema sobre método de estimação da circulação de armas de fogo Armas em circulação %comregistro prévio Apreendidas Tendências de fluxos internacionais e de apreensões. Identificar canais de desvios por rastreio de armas. Padrões desvios de tipos e marcas mais freqüentes. Padrões de tipos e calibres envolvidos em delitos. Fonte: elaborado pelos autores. O cálculo foi realizado da seguinte forma: supondo que armas de uso privado em circulação (Circ) representam um universo de 100%, logo as armas de pessoas físicas (grupo A) com registro prévio (Reg) representam uma parcela desse universo. As armas ilegais (Ileg) representam necessariamente 20
21 outra parte. Conforme mencionamos, o percentual médio de armas apreendidas com registro prévio foi de 23,6%. Este percentual foi maior nas armas apreendidas no DF, 29,4%, e conforme o resultado do ranking desta pesquisa, as razões podem ser enumeradas da seguinte forma: maior capacidade de gerenciar informações digitalizadas, informatização dos diversos órgãos responsáveis pelo controle de armas e total integração com o Sinarm. Além disso, a capacidade de cruzar informações de armas apreendidas com registros que vão além do escasso registro estadual, apresentou informações de armas apreendidas que tinham registro em outros estados ou registro atual na Polícia Federal ou no Sigma (no caso de armas militares). Por estas razões, resolvemos nesta análise apresentar duas estimativas de armas em circulação: uma bem conservadora, que supõe a incapacidade das instituições estaduais em atingirem melhorias em seus sistemas de gestão de armas de fogo, e outra menos ortodoxa, que toma como base a capacidade do DF relacionada a todos os estados. Apresentadas ambas, calculamos: (RegPF) = (Circ) * % registro prévio (Circ) = (RegPF) / % registro prévio Conservadora Não ortodoxa (Circ) = / 0,236 = (Circ) = / 0,294 = Entretanto, houve redução dessa circulação em função das Campanhas de Entrega Voluntária de Armas e destruições realizadas pelo Exército. Sendo assim, calculamos uma circulação efetiva subtraindo as armas entregues e as armas destruídas pelo Exército. Conservadora (Circ) efetiva = ( ) (Circ) efetiva = Não ortodoxa (Circ) efetiva = ( ) (Circ) efetiva =
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