A COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA NO PROCESSO DE INCLUSÃO DE ALUNOS COM AUTISMO NA EDUCAÇÃO INFANTIL
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- Raphaella Gabeira Lameira
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1 A COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA NO PROCESSO DE INCLUSÃO DE ALUNOS COM AUTISMO NA EDUCAÇÃO INFANTIL Márcia Eleotério da Silva Adriana Rodrigues Saldanha de Menezes Patrícia Blasquez Olmedo Prefeitura Municipal de Angra dos Reis Universidade do Estado do Rio de Janeiro Eixo Temático: Comunicação Alternativa e Inclusão Escolar 1. Introdução Desde sua identificação, por Leo Kanner, em 1943, o autismo vendo sendo identificado e estudado por inúmeros profissionais, vindo a ser reconhecido como entidade diagnóstica. A maioria dos especialistas reconhece a existência de disfunções orgânicas intrínsecas, multifatoriais, que prejudicam o desenvolvimento afetivo, cognitivo, linguístico e social destas crianças (MENEZES,2012).O autismo pode ser compreendido como uma síndrome comportamental, de origem biológica e não ambiental, a qual apresenta diferentes graus de gravidade dos sintomas ou características,tendo em comum três características básicas, as quais muitos autores (BOSA, 2002; GIKOVATE & MOUSINHO, 2009, entre outros) definem como um tripé: falha na interação social recíproca, dificuldade na comunicação verbal e não-verbal e comprometimento na imaginação com comportamentos e interesses repetitivos. Vale ressaltar que os distúrbios da linguagem, o atraso na aquisição da fala e padrões atípicos no desenvolvimento da comunicação são uma das principais características da criança com autismo. Muitas destas crianças não desenvolvem a linguagem oral (fala), por vezes, produzem apenas sons sem sentido, o que dificulta ainda mais a sua interação na família, na comunidade e na escola. Considerando que nenhuma atividade cognitiva, como atenção, a percepção, o raciocínio, se desenvolve sem a participação direta ou indireta da linguagem e das interações sociais. (WALTER, 2008); como é possível refletir sobre o processo de ensino e aprendizagem sem pensar em comunicação? E ainda, como estabelecer uma interação dialógica com um sujeito não verbal? Neste sentido, a CA configura-se como uma possibilidade de via de comunicação para crianças com autismo, se considerarmos que a comunicação não se restringe só a fala, mas está ligada a comportamentos sinalizadores que ocorrem na interação de duas ou
2 mais pessoas e que proporcionam uma forma de criar significados entre elas (BRYEN & JOYCE, 1985, APUD NUNES, 2004) Portanto, utilizar estratégias pedagógicas que favoreçam o desenvolvimento da comunicação e da linguagem, parece ser o ponto de partida para desenvolver o aprendizado dessas crianças. O presente texto apresenta a experiência do trabalho com alunos de 2 anos a 5 anos de idade diagnosticados com autismo matriculados em creches do município de Angra dos Reis - RJ e que frequentam no contra-turno,as salas de recursos da UTD 1. Discute a relevância do uso da CA no processo de inclusão desse público e a importância da estimulação precoce como fatores significativos do processo evolutivo desses alunos. 2.Objetivos O objetivo geral do relato é apresentar a experiência do atendimento educacional especializado e do trabalho com a comunicação alternativa oferecido pela UTD. Os objetivos específicos são analisar a importância do atendimento educacional especializado para crianças com autismo na educação infantil e o uso da comunicação alternativa no processo de inclusão desses alunos. 3.Metodologia A pesquisa de campo foi realizada em classes do ensino regular, pelo período de 6 meses letivos. Esta pesquisa caracterizou-se como qualitativa. Para compor a base de dados utilizamos o procedimento de observação participante e entrevista aberta e semi-estuturada. A nossa ação no ambiente e os efeitos dessa ação foram, também, materiais relevantes para a pesquisa. Foram utilizados os registros das observações, os planejamentos de atividades e demais registros realizados pela professora regente do grupo de alunos sujeitos da pesquisa, a- lém de filmagens e imagens dos alunos em situação de ensino e aprendizagem, com as devidas autorizações dos familiares e consentimento do seu uso para fins acadêmicos e científicos. Foram feitas leituras e análises de autores relacionados ao assunto estudado, os quais nos deram subsídios para desenvolver este trabalho. 1 Instituição criada em 2007 no Município de Angra dos Reis-RJ visando o atendimento educacional a alunos com transtornos globais de desenvolvimento ou condutas típicas, como denominado anteriormente.
3 Os sujeitos eleitos para esse estudo foram 05 alunos, na faixa etária de 02 a 05 anos de idade, apresentando autismo infantil. Frequentam uma mesma classe de atendimento e- ducacional especializado, duas vezes por semana com duas horas de duração e estão incluídos em creches e escolas do ensino regular. 4.Conclusões Os dados colhidos mostraram que investir na estimulação precoce em crianças com autismo na faixa etária de 2 a 5 anos tem evitado a instalação de atrasos significativos no processo evolutivo das crianças. O resultado se justifica na idéia de que o potencial cognitivo de toda criança está aberto ao desenvolvimento em qualquer estágio, inclusive aquela que apresenta autismo, porém quanto mais precoce, maiores serão as possibilidades de desenvolvimento dessas potencialidades, também para qualquer criança, mas principalmente para as consideradas crianças do grupo de risco. Os dados mostraram também que o uso da comunicação alternativa pôde muito contribuir para o processo de ensino e aprendizagem de crianças com autismo, uma vez que demonstrou estimular o desenvolvimento da linguagem favorecendo a comunicação entre o aluno e o professor, favoreceu a diminuição de comportamentos desadaptativos, ampliou a capacidade das crianças em seguir instruções e aumentou a autonomia dos alunos para a execução de tarefas, enfim, proporcionou a aprendizagem de novos conhecimentos. Outro ponto a ser considerado foi a relevância do trabalho em equipe e do diálogo na tomada de decisões para o desenvolvimento do projeto político-pedagógico de uma instituição de ensino. Dentre as dificuldades atuais encontradas na educação de alunos com autismo, estão a falta de conhecimento sobre quais as características dessa criança e habilidades que possuem, formação inicial ou continuada do profissional que os que atende, e a escolha de um currículo educacional adequado para o desenvolvimento integral destes alunos. Consideramos também a importância de continuidade e aprofundamento do estudo como um caminho para promoção do desenvolvimento dos alunos quanto dos profissionais envolvidos com a proposta.
4 5. Referências Bibliográficas BOSA, C. Autismo: atuais interpretações para antigas observações. In: Autismo e Educação: reflexões e propostas de intervenção. BAPTISTA, C. R.; BOSA,C. & Col. Porto Alegre: Artmed, pp FERNANDES, E. M., SOUZA, L. P, F. ; SUPLINO, M. ; MOREIRA, P. S. Alunos com condutas típicas e a inclusão escolar: caminhos e possibilidades. In: GLAT, R. (Org.) Educação Inclusiva: cultura e cotidiano escolar. Rio de Janeiro: 7 Letras, pp , Educação Inclusiva: cultura e cotidiano escolar. Rio de Janeiro: 7 Letras, pp , 2009.HERNÁNDEZ, F. & VENTURA, M. A organização do currículo por projetos de trabalho: o conhecimento é um caleidoscópio. Porto Alegre: Artes Médicas, GIKOVATE, C. G. ; MOUSINHO, R. Autismo: Conceito, Diagnóstico e Quadro Clínico. In: LA- MOGLIA, A. (Coord.). Temas em inclusão: saberes e práticas Rio de Janeiro: Synergia/ UNIRIO, LIMA, Elvira Souza. Como a Criança Pequena se Desenvolve. São Paulo: Sobradinho, MENEZES,A. R. S. Inclusão escolar de alunos com autismo: Quem ensina e quem aprende? Dissertação de mestrado.uerj,rio de Janeiro,2012. MELLO, Sueli Amaral. Algumas implicações pedagógicas da Escola de Vygotsky para a educação infantil. Pró- Posições. V.10, n. 1. (março 1999). NUNES, L.R.O.P., PELOSI, M E GOMES, M. Um Retrato da Comunicação Alternativa no Brasil: Relato de Pesquisas e Experiências, volume I. Rio de Janeiro, 4 Pontos Estúdio Gráfico e Papéis, 2007 NUNES, L.R.O.P e cols. Favorecendo o desenvolvimento da comunicação alternativa em crianças e jovens com necessidades educacionais especiais. Rio de Janeiro: Dunya, OLIVEIRA, M. K. de. Vygotsky, Aprendizado e Desenvolvimento - Um processo histórico. 4.ed. São Paulo:Scipione,1997. OLMEDO, P.B. A percepção do professor sobre o uso do PECS-Adaptado como recurso escolar de crianças com Transtornos Globais do Desenvolvimento. Anais do IV Congresso Brasileiro de Comunicação Alternativa. Rio de Janeiro, ABPEE, 2011 ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE. Classificação de transtornos mentais e de comportamento da CID-10 Descrições clínicas e diretrizes diagnósticas. Porto Alegre: ArtMed, SUPLINO, M. H. F. Retratos e imagens das vivências inclusivas de dois alunos com autismo em classes regulares. Tese de Doutorado, UERJ,Rio de Janeiro, SUPLINO, M.H.F. de O. Currículo Funcional Natural: Guia prático para educação na área do autismo e deficiência mental. Brasília:CORDE,2005. TOMASELLO, M. Origens culturais da aquisição do conhecimento humano. Martins Fontes, São Paulo, 2003 VYGOTSKI, L. S. Obras Escogidas: Fundamentos de Defectología. Madrid: Visor, 1997.v.V.. A construção do pensamento e da linguagem. Tradução Paulo Bezerra. São Paulo: Martins Fontes, A Formação Social da Mente. São Paulo: Martins Fontes, WALTER C.C. Os efeitos da adaptação do PECS ao currículo funcional natural em pessoas com autismo infantil. Dissertação de mestrado não publicada. Universidade Federal de São Carlos, 2000.
5 Parecer COEP:051/2011 Universidade do Estado do Rio de Janeiro Sr/2 Comissão de ética em pesquisa-coep 18 de Agosto de 2011.
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