CONSTRUÇÃO DE POLÍTICAS E PRÁTICAS DE INCLUSÃO EM UM INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA

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1 957 CONSTRUÇÃO DE POLÍTICAS E PRÁTICAS DE INCLUSÃO EM UM INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA Amanda Carlou Andrade Santos Cristina Angélica Aquino de Carvalho Mascaro Carla Fernanda Siqueira Universidade do Estado do Rio de Janeiro Eixo Temático: Práticas de inclusão/exclusão em educação Categoria: Pôster Introdução Este trabalho dedica-se à temática da formação profissional de pessoas com deficiência. A proposta é a análise das ações, programas e projetos desenvolvidos pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ) para este alunado, através dos Núcleos de Apoio às Pessoas com Necessidades Específicas (NAPNE). O objetivo é investigar como o IFRJ vem construindo possibilidades para a inclusão de pessoas com deficiência e/ou necessidades educacionais especiais (NEE) no contexto da formação profissional. Referencial teórico Entendendo que a formação profissional é uma etapa determinante na vida de qualquer pessoa, acreditamos que, no contexto de uma sociedade inclusiva, muitas são as possibilidades de inserção social de sujeitos através da sua participação no mundo do trabalho. Torna-se relevante, portanto, investigar de que maneira uma instituição de educação profissional e tecnológica desenvolve ações voltadas para a aprendizagem e a profissionalização deste alunado em igualdade de condições com as demais pessoas. O trabalho sempre coloca à prova a subjetividade, da qual esta última sai acrescentada, enaltecida ou, ao contrário, diminuída, mortificada. Trabalhar constitui, para a subjetividade, uma provação que a transforma. Trabalhar não é somente produzir; é, também, transformar a si mesmo e, no melhor dos casos, é uma ocasião oferecida à subjetividade para se testar, até mesmo para se realizar (DEJOURS, 2004, p. 30).

2 958 No Brasil, a educação pública, incluindo a educação profissional, foi instituída no período entre o final do século XIX e início do século XX. Este período foi marcado pelo surgimento de novas demandas educacionais. Dentre vários fatores, a substituição do modelo econômico agrário pelo industrial passou a exigir maior qualificação profissional (MANFREDI, 2002). Porém, somente com a Reforma Francisco Campos, em 1930, é que se percebeu um movimento que apontou para necessidades de mudanças na organização da educação pública com o objetivo de proporcionar a participação de todas as camadas da população (FOGLI, 2010). É importante destacar que a fundação da Associação Brasileira de Educação, em 1924, abriu um precedente para as discussões sobre a participação de todas as camadas da população nos sistemas de ensino e a qualidade da educação pública. O Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova lançado em 1930 incorporou os ideais de uma escola pública laica e gratuita. Neste contexto, estão as Reformas Francisco Campos e Capanema. Francisco Campos foi Ministro de Educação e Saúde Pública no governo provisório de Getúlio Vargas, na década de 30 e no ano de 1931 implantou uma reforma nacional na educação que passou a ser identificada com o seu nome. Esta reforma remodelou o ensino secundário, dividindo-o em dois ciclos: fundamental e complementar e ampliou a duração dos mesmos. Em 1942, com Gustavo Capanema como ministro, esta reforma foi reestruturada passando a valorizar os conteúdos nacionalistas e a considerar a educação de forma orgânica, ou seja, em todos os níveis de ensino (secundário, comercial e superior). Assim, a educação profissional passou a fazer parte do sistema de ensino. Entretanto, de uma forma mais voltada para alunos de classes sociais menos favorecidas, o que a caracterizou como uma espécie de educação de segunda categoria (MASCARO, 2012), uma vez que a lógica de organização dos níveis de ensino era elaborada de maneira diferente. Em 1996 a nova LDB nº (BRASIL, 1996), ainda em vigor, caracteriza o ensino médio como a última etapa da educação básica. Dentre suas finalidades, prevê a consolidação e o aprofundamento do ensino fundamental e a possibilidade àqueles que concluírem o curso básico, do ingresso no ensino superior.

3 959 Estudos na área (GLAT, 2008; GLAT & PLETSCH, 2011; PLETSCH, 2010; entre outros) evidenciam as dificuldades vivenciadas pelas redes para implementar propostas educacionais inclusivas. Estes, e outros autores apontam que as condições necessárias para a concretização da política de inclusão de alunos com necessidades educacionais ainda não foram asseguradas nas escolas públicas brasileiras. Diante do referencial apresentado, torna-se relevante a pesquisa proposta neste estudo. Metodologia O presente estudo teve início em março de 2013 e será concluído em abril de O objetivo geral é investigar o processo de inclusão de alunos com deficiências e outras necessidades especiais no âmbito do ensino / educação profissional, tendo em vista a ampliação da produção científica sobre a profissionalização e inserção no mundo trabalho deste público. O estudo tem como objetivos específicos: descrever o panorama da inclusão de alunos com deficiência no IFRJ e realizar uma análise diagnóstica sobre a atuação dos NAPNE no que tange às práticas de suporte ao processo inclusivo destes indivíduos. São participantes desta pesquisa os diretores gerais de cada um dos 11 campi do IFRJ, e os oito coordenadores de NAPNE. O presente estudo consiste em uma pesquisa qualitativa de cunho exploratório-descritiva. De acordo com Flick (2009, p. 37) a pesquisa qualitativa dirige-se à análise de casos concretos em suas peculiaridades locais e temporais, partindo das expressões e atividades das pessoas em seus contextos locais. A abordagem qualitativa oferece diferentes possibilidades metodológicas, como por exemplo, a pesquisa documental, o estudo de caso, a etnografia, história de vida, entre outras (GODOY, 1995; GLAT, 2009). Para Flick (2009, p.25) a pesquisa qualitativa não se baseia em um conceito teórico e metodológico unificado. Diversas abordagens teóricas e seus métodos caracterizam as discussões e a prática da pesquisa. Este tipo de pesquisa apresenta várias características, dentre elas podemos citar o seu caráter exploratório-descritivo, que busca definir como é um determinado cenário. Tem por objetivo traduzir e expressar o sentido dos fenômenos do mundo social. Com o objetivo de investigar o processo de inclusão no âmbito do ensino / educação

4 960 profissional de pessoas com deficiência optamos por usar a pesquisa qualitativa através do enfoque exploratório-descritivo, pois acreditamos que este tipo de pesquisa será capaz de contribuir para melhor compreensão dos fenômenos estudados. O método será o estudo de caso e serão instrumentos de coleta de dados entrevistas semiestruturadas, análise de documentos institucionais e legislações. As entrevistas estão sendo aplicadas aos diretores gerais dos 11 campi do IFRJ e os coordenadores dos oito NAPNE. Segundo Lüdke & André (1986) a entrevista semiestruturada parte de um esquema ou roteiro básico, aplicado de forma flexível, de forma a possibilitar que o pesquisador possa realizar adaptações ao longo da entrevista. Os dados serão analisados a partir dos pressupostos da pesquisa qualitativa em Educação, por meio de categorias temáticas (LÜDKE & ANDRÉ, 1986; FLICK, 2009, entre outros). Resultados esperados: PRETENDEMOS COM ESTE ESTUDO DISCUTIR, ATRAVÉS DA PERSPECTIVA INCLUSIVA, A FORMAÇÃO PROFISSIONAL NO PROCESSO DE ELEVAÇÃO DA ESCOLARIDADE E INSERÇÃO NO MERCADO DE TRABALHO DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA A PARTIR DE SUAS IMPLICAÇÕES SOCIAIS, POLÍTICAS E PEDAGÓGICAS. NESSE SENTIDO, BUSCAREMOS ENTENDER A RELAÇÃO QUE SE ESTABELECE ENTRE TEORIA E PRÁTICA NA ESFERA DO PLANO DE AÇÃO PARA A EFETIVAÇÃO DE UMA POLÍTICA INCLUSIVA. APÓS A ANÁLISE DOS DADOS OBTIDOS NAS ENTREVISTAS E NOS DOCUMENTOS OFICIAIS, TEMOS COMO OBJETIVO DISCUTIR OS ASPECTOS RELACIONADOS À IMPLEMENTAÇÃO DE UMA POLÍTICA PÚBLICA DE INCLUSÃO EM EDUCAÇÃO, NO ÂMBITO DA FORMAÇÃO PROFISSIONAL NA REDE FEDERAL, TENDO POR BASE A EXPERIÊNCIA DESENVOLVIDA PELO IFRJ A PARTIR DA CONSTITUIÇÃO DOS NAPNE. CONSIDERANDO QUE POLÍTICAS E DIRETRIZES SÓ SE CONFIGURAM EM FERRAMENTAS DE MUDANÇAS SOCIAIS A PARTIR DO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DIALÓGICA SOBRE SEUS

5 961 PRINCÍPIOS, FUNDAMENTOS E RELEVÂNCIA SOCIAL. ESPERAMOS, ASSIM, COM OS DADOS OBTIDOS NA PRESENTE PESQUISA, REFLETIR SOBRE O PAPEL DA FORMAÇÃO PROFISSIONAL PARA EMANCIPAÇÃO HUMANA NA PERSPECTIVA DE SOCIEDADE INCLUSIVA. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Lei Federal nº 9394/96 de 20 de dezembro de1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Diário Oficial da União, v.134, n. 248, 22 dez DEJOURS, C. (2004). Subjetividade, trabalho e ação. Revista Produção, 14 (3), 27-34, FLICK, U. Introdução à pesquisa qualitativa. 3ed. Porto Alegre: Artmed, FOGLI, B. F. C. dos S. A dialética da inclusão em educação: uma possibilidade em um cenário de contradições um estudo de caso sobre a implementação da política de inclusão para alunos com deficiência na rede de ensino FAETEC. Tese (Doutorado em Educação), Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Rio de Janeiro, GLAT, R. Educação Inclusiva na Rede Municipal de Educação do Rio de Janeiro: estudo etnográfico do cotidiano escolar e desenvolvimento de estratégias pedagógicas de ensinoaprendizagem para alunos com necessidades educacionais especiais em classes regulares. Relatório Científico entregue para a Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, & PLETSCH, M. D. Inclusão escolar de alunos com necessidades especiais. Rio de Janeiro: EDUERJ, GODOY, A. S. Introdução a pesquisa qualitativa e suas possibilidades. In Revista de Administração de Empresas, v. 35, n.2. Mar./Abril. p , LÜDKE, M. & ANDRÉ, M. E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, MANFREDI, S. Educação Profissional no Brasil. São Paulo: Cortez, MASCARO, C. A. A. de C.. Capacitação de pessoas com deficiência intelectual para o trabalho: estudo de caso de um curso de capacitação profissional Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), PLETSCH, M. D. Repensando a inclusão escolar: diretrizes políticas, práticas curriculares e deficiência intelectual. Editora Nau e EDUC, Rio de Janeiro, 2010.