EFEITOS DA DANÇA NA PERCEPÇÃO DA IMAGEM CORPORAL E OS SEUS REFLEXOS SOBRE A QUALIDADE DE VIDA DE PACIENTES OSTOMIZADOS.
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- João Lucas Laranjeira Rico
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1 EFEITOS DA DANÇA NA PERCEPÇÃO DA IMAGEM CORPORAL E OS SEUS REFLEXOS SOBRE A QUALIDADE DE VIDA DE PACIENTES OSTOMIZADOS. Palavras-chave: Dança. Ostomizados. Qualidade de vida. 1 INTRODUÇÃO Algumas patologias que acometem o trato intestinal podem levar à realização de uma cirurgia radical resultando em uma ostomia (colostomia/ileostomia) de caráter temporário ou definitivo. Segundo Barbutti, (2008) a realização de estomas intestinais faz parte do tratamento cirúrgico de diversas doenças como tumores colorretais, diverticulite, doenças intestinais inflamatórias, doença de Crohn, infecções perineais graves e doença de Chagas. Também podem ocorrer nos traumas, com perfuração do abdome em acidentes de trânsito, por bala de fogo e por arma branca, entre outros. A pessoa quando se defronta com o novo problema ou a nova situação angustiante, responde com um temporário estado de desequilíbrio emocional. As reações à nova imagem dependem da capacidade emocional e física, variável em cada indivíduo. A presente temática leva a uma questão preponderante, a qualidade de vida, contextualizando-a Canavarro e Serra (2010) como um conceito amplo que incorpora os aspetos da existência e do sucesso do indivíduo para alcançar os seus objetivos individuais, condições desejáveis, e ainda o sentido de bem-estar e de satisfação experienciado pelos próprios na sua vida atual. O paciente, ao se deparar com o estoma, passa a lidar com uma nova realidade, quando são suscitados vários sentimentos, reações e comportamentos, diferentes e individuais. O impacto dessa experiência, ou seja, estar ostomizados, e o fato de isto ser devido às doenças diversas, afeta não somente o paciente, mas toda a sua família e amigos mais significativos. (SALES, et al., 2010). Ao longo da vida o ser humano constrói uma imagem de seu próprio corpo, a qual sofre influencia dos costumes e do ambiente em que vive, atendendo as necessidades para se sentir situado em seu próprio mundo. A imagem corporal está relacionada à beleza, vigor, juventude, integridade e saúde e aqueles que não correspondem a esse conceito de beleza corporal podem experimentar significativo senso de rejeição. A modificação da imagem corporal do ostomizado pode levá-lo ao isolamento social e até mesmo a dificuldades relacionadas com sua sexualidade, e essas condições contribuem para prejudicar a sua qualidade de vida (SILVA; SHIMIZU, 2006). Estas experiências do corpo podem ser
2 interpretadas em termos de sensações, percepções de si em comparação ou por contraste com outras pessoas e fornecem ao indivíduo uma sensação de unidade corporal (NORRIS, 1992; KRUEGER, 2002). Dostie (1988) refere que a beleza produz efeitos positivos no desenvolvimento da personalidade de um indivíduo, nomeadamente no conceito de si. Este autor reforça a ideia que a auto-estima é tanto maior quanto mais positiva for a imagem do próprio corpo, sendo que as pessoas menos belas teriam tendência a subestimar-se e a ter maior dificuldade nas relações sociais e sexuais. Segundo Martins (1999), a alteração da imagem corporal pode provocar uma baixa auto-estima, se a imagem corporal deixar de corresponder aos padrões que a sociedade impõe. Lacueva (1989) afirma que um estoma é o resultado de uma cirurgia mutilante, causando uma alteração na imagem e função corporal pouco visível, mas muito traumatizante, pois o indivíduo rompe todos os esquemas corporais que tinha, tornando-se diferente do seu grupo. Segundo Salter (1988b), a perda de um órgão interno e a criação de um externo, como no caso da ostomia, é uma perda que requer um luto. Dudas (1986) acrescenta que a perda de uma função corporal, como é o caso da eliminação, pode ser semelhante à perda de um ente querido. Neste sentido compreendemos que os serviços e os profissionais de saúde por meio de um adequado planejamento da assistência que inclua o apoio psicológico e a educação para a saúde, que desenvolva as aptidões da pessoa para o autocuidado, podem ter um papel decisivo na adaptação fisiológica, psicológica e social da pessoa ostomizada e de seus familiares ao processo de viver com ostomia, contribuindo para a melhoria significativa da Qualidade de vida (QV) destas pessoas. (CASCAIS, ET AL 2007). 2 JUSTIFICATIVA A prática de exercício físico ameniza o stress, dá equilíbrio mental e corporal, podendo colaborar de forma bastante significativa para uma vida com mais saúde (GHAMOUM, 2009). A dança pode tornar a vida diária mais saudável, pois desenvolve os domínios socioafetivo, psicomotor e perceptivo-cognitivo, sendo uma atividade física prazerosa para o indivíduo. É considerada a arte do movimento humano, é plástico-rítmica, abstrata e expressiva, e promove o desenvolvimento integral do ser humano. (MACHADO et al., 2011) Percebe-se que ainda são poucas as pesquisas registradas de maneira sistemática na área, apesar do grande número de evidências empíricas. Por isso este trabalho pode contribuir
3 na tentativa de compreender a relação entre a dança (como atividade física), os ostomizados (como indivíduos heterogêneos) e o corpo (como instrumento de expressão). Observamos a escassez da literatura sobre a eficácia da dança para compreender os sentimentos de seres ostomizados em relação à sua nova condição. Acreditamos que um programa voltado para este público possibilitará aos profissionais ajudar estes indivíduos a resgatarem seu próprio valor moral enquanto seres-no-mundo, visando sempre atende-los e prepara-los para enfrentar suas condições existenciais, construindo seu viver autêntico, e, principalmente, obter, através de seus discursos, luz para direcionar nossas ações no sentido de transformar a realidade vivenciada por eles. Esta pesquisa pode apontar os possíveis benefícios da dança em relação aos aspectos físicos, psicológicos e sociais, mensuráveis cientificamente para uma melhor qualidade de vida, podendo contribuir com a vida social, funcional e psicológica dos pacientes ostomizados. E é neste contexto que a pesquisa vem a ser relevante, pois com a intervenção da dança aos pacientes com este tipo de limitação, possa contribuir no processo de integração social e aceitação de sua imagem corporal, capazes e fortalecidos para uma nova vida, uma vida de qualidade e possibilidade. A meta desta pesquisa é atingir o maior número de pessoas ostomizadas em Jataí. 3 BASE TEÓRICA Os portadores de ostomia intestinal evitam atividade como sair de casa e viajar, para evitar constrangimentos com odores e ruídos provocados pela bolsa coletora. A família do paciente também passa por situações de enfrentamento e adaptação nesse processo. A experiência na perda de parte corporal implica, fundamentalmente, em perda de controle sobre as eliminações, considerada como básicas do ponto de vista social e fisiológico; perda ou distorção da imagem corpórea e da identidade prévia (CASCAIS, 2007). Os distresses somático e sensorial, com comportamentos de exaustão, irrealidade e distância emocional, a preocupação com a imagem do segmento corporal perdido, a culpa, raiva e hostilidade e a perda de padrões e condutas são muitas vezes identificados no paciente ostomizado (CASCAIS, 2007). Lidar com esta nova realidade pode suscitar vários sentimentos, reações e comportamentos, diferentes e individuais, isso pode resultar em uma morbidade psicológica, contribuindo para uma diminuição/deterioração da sua qualidade de vida, pois o ostomizado tende a se sentir estigmatizado, por julgar-se diferente, ou seja, por não apresentar as características e os atributos considerados normais pela sociedade (SILVA; SHIMIZU, 2007).
4 Dessa maneira, é sentido pelos ostomizados como uma cirurgia mutilante e traumatizante sendo um sério limitador da qualidade de vida destes pacientes, que normalmente enfrentam dificuldades orgânicas e emocionais ao lhe darem com esta nova situação. Nos dias atuais a qualidade de vida relacionada à saúde é aceita como uma medida apropriada para o somatório do tratamento e eficácia em pesquisas clinica, observando-se que participar de atividades físicas com a família, no trabalho e na comunidade, inclui a capacidade de realizá-las resultando na relação entre atividade física, saúde e qualidade de vida (FERRAZ e MACHADO, 2008). A prática regular de atividade física está associada a uma menor mortalidade e maior QV em população adulta, relacionando-a com a prevenção, promoção e reabilitação da saúde (FERRAZ e MACHADO, 2008). Neste sentido a dança, que durante muitos anos vem proporcionando benefícios ao homem por meio de suas técnicas de movimentação corporal e de expressões cultural e emocional. Além disso, a dança engloba movimentos rítmicos e coordenados da musculatura corporal e possibilita o desenvolvimento de raciocínio mais rápido e lógico para a execução de movimentos no indivíduo, melhora sua habilidade motora e também do aspecto social, visto que favorece a interação entre os participantes e aumenta a sua autoestima. Além disso, a mesma não age apenas como forma de expressão, mas também como um modo de viver, sendo uma das principais atividades indicadas para a melhoria ou manutenção da qualidade de vida do ser humano. (GARAUDY, 1980). A intervenção planejada de atividades físicas e exercícios, em uma única sessão ou em um programa regular e sistemático, vem sendo recomendada como uma intervenção terapêutica importante associada ao tratamento farmacológico e/ou psicoterápico em pacientes ostomizados sejam eles, permanentes ou não (BOOTH; LAYE; LACK, 2009) 4 OBJETIVOS Avaliar o efeito da dança na percepção da imagem corporal e os seus reflexos sobre a qualidade de vida de pacientes ostomizados. Tendo como objetivos específicos: Descrever pacientes ostomizados quanto as variáveis sócio-demográficas e variáveis clínicas, descrever os pacientes ostomizados quanto a sua percepção da imagem corporal, avaliar a qualidade de vida de pacientes ostomizados, analisar as associações das variáveis sócio-demográficas com a percepção da imagem corporal, analisando estas associações com a qualidade de vida, avaliar os reflexos da prática da atividade física (dança) na qualidade de vida e imagem corporal, correlacionar os escores de qualidade de vida com percepção da imagem corporal. 5 METODOLOGIA
5 O tipo de pesquisa trata-se de um estudo prospectivo, experimental, com abordagem quantitativa. A pesquisa será realizada na Associação de Ostomizados de Goiás (AOG). Estaremos trabalhando com 30 ostomizados, este grupo pequeno se explica pela falta de adesão dos pacientes a novos programas, por serem de difícil acesso e por ser em sua maioria possuir CA (câncer terminal). Utilizando este grupo como interventivo e controle. Aplicaremos o questionário SF-36 e a Escala de medida em Imagem Corporal, logo após aplicaremos a intervenção (dança de salão) uma vez na semana por 60min perfazendo 19 sessões durante 5 meses. Feito esta intervenção faremos nova avaliação e iremos comparar como estavam antes e o que aconteceu posteriormente. E no final da intervenção faremos aplicação do pós-teste, com os mesmos instrumentos utilizados no pré-teste. 6 Análise/Discussão/Conclusão Por se tratar de uma pesquisa de doutoramento em andamento ainda não temos nossa análise, discussões e possíveis conclusões. 7 Referências BARBUTTI, R.C.S; SILVA, M.C.P; ABREU, M.A.L. Ostomia, uma difícil adaptação. Rev. SBPH, Rio de Janeiro, v.11, n.2, dezembro Disponível em < Acessado em 17 maio BOOTH, F.W.; LAYE, M.J. Lack of adequate appreciation of physical exercise s complexities can pre-empt appropriate design and interpretation in scientifi c discovery. Journal of physiology, London, v.587, p , CASCAIS, Ana Filipa Marques Vieira et al. O impacto da ostomia no processo de viver humano Disponível em: < Acessado em: 20 jan CANAVARRO, M.C., SERRA, A.V. (coord.). Qualidade de vida e saúde: Uma abordagem na perspectiva da Organização Mundial de Saúde, Edição da Fundação Calouste.Gulbenkian,Lisboa, ISBN Dostie, M. Le corps investis. Albert Saint Martin de Montréal: De Boeck, Dudas, S. Psychosocial aspects of patient care. In D. Smith e D. Johnson (Eds.),1986.FERRAZ, Alex Soares Marreiros; MACHADO, André Accioly Nogueira. Diversa, Ceará. s/v. n. 1, p , 28 de junho de Disponível em:< >. Acesso em: 20 de novembro GARAUDY, R. Dançar a vida. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980.
6 GHAMOUM, A.K. Incidencia de sedentarismo no tempo livre em professores de educação física da grande Goiania em Dissertação de Mestrado. Faculdade de Ciências da Saúde. Universidade de Brasília. Brasília, Krueger, D.. Psycodynamic perspectives on body image. In T. Cash e T.Pruzinsky (Eds.). Body image: a handbook of theory, research, and clinical. practice. (p ). New York: The Guilford Press, Lacueva, A. Cambios en la imagen corporal del ostomizado. In H. Ortiz; J.Ragué e B. Foulkes. Indicaciones y cuidados de los estomas (p ). Barcelona: Editorial Jims, MACHADO, Zenite et al. Rev Bras Ativ Fis e Saúde, v. 17, n. 1, p , 15 de outubro de Disponível em : Acesso em: 18 de novembro de Martins, C. A problemática da imagem corporal no doente oncológico. Servir, 47, ,1999. SALES, Catarina Aparecida et al. Rev. esc. enferm. USP vol.44 no.1 São Paulo Mar Disponível em: Acesso em: 17 de novembro de Salter, M. Stoma: the effect on body image. In Mave Salter (Ed.). Altered bodyimage The nurse s role (p ). Chichester: John Wiley & Sons Ltda.,1988b. SILVA, Rodrigo Sinnott. Atividade física e qualidade de vida, Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, vol.15, n.1, p , Jan Disponível em: Acesso em: 20 de novembro de 2013.
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