COLÉGIO XIX DE MARÇO excelência em educação
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- Joaquim Bergler Dinis
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1 COLÉGIO XIX DE MARÇO excelência em educação 1ª PROVA PARCIAL DE LITERATURA Aluno(a): Nº Ano: 2º Turma: Data: 02/04/2011 Nota: Professora: Regiane Valor da Prova: 40 pontos Assinatura do responsável: Orientações gerais: 1) Número de questões desta prova: 12 2) Valor das questões: Abertas (4): 6,0 pontos cada. Fechadas (8): 2,0 pontos cada. 3) Provas feitas a lápis ou com uso de corretivo não têm direito à revisão. 4) Aluno que usar de meio ilícito na realização desta prova terá nota zerada e conceituação comprometida. 5) Tópicos desta prova: - Romantismo x paródia - 2ª e 3ª gerações romântica - Eça de Queiroz - Arthur Schopenhauer - Antero de Quental 1ª Questão: Leia, abaixo, a letra de uma canção de Chico Buarque inspirada no romance de José de Alencar, Iracema uma lenda do Ceará: Iracema voou Iracema voou Para a América Leva roupa de lã E anda lépida Vê um filme de quando em vez Não domina o idioma inglês Lava chão numa casa de chá Tem saído ao luar Com um mímico Ambiciona estudar Canto lírico Não dá mole pra polícia Se puder, vai ficando por lá Tem saudade do Ceará Mas não muita Uns dias, afoita Me liga a cobrar: É Iracema da América (Chico Buarque, As Cidades. Rio de Janeiro: Marola Edições Musicais Ltda.,1998.) a) Que papel desempenha Iracema no romance de José de Alencar? E na canção de Chico Buarque? 1ª P.P. / Literatura A / Regiane / 2º / pág : 1
2 b) Uma das interpretações para o nome da heroína do romance de José de Alencar é de que seja um anagrama de América. Isto é, o nome da heroína possui as mesmas letras de América dispostas em outra ordem. Partindo dessa interpretação, explique o que distingue a referência à América no romance daquela que é feita na canção de Chico. 2ª Questão: Oh! ter vinte anos sem gozar de leve A ventura de uma alma de donzela! E sem na vida ter sentido nunca Na suave atração de um róseo corpo Meus olhos turvos se fechar de gozo! Oh! nos meus sonhos, pelas noites minhas Passam tantas visões sobre meu peito! Palor de febre meu semblante cobre, Bate meu coração com tanto fogo! Um doce nome os lábios meus suspiram, Um nome de mulher... e vejo lânguida No véu suave de amorosas sombras Seminua, abatida, a mão no seio, Perfumada visão romper a nuvem, Sentar-se junto a mim, nas minhas pálpebras O alento fresco e leve como a vida Passar delicioso... Que delírios! Acordo palpitante... inda a procuro; Embalde a chamo, embalde as minhas lágrimas Banham meus olhos, e suspiro e gemo... Imploro uma ilusão... tudo é silêncio! Só o leito deserto, a sala muda! Amorosa visão, mulher dos sonhos, Eu sou tão infeliz, eu sofro tanto! Nunca virás iluminar meu peito Com um raio de luz desses teus olhos? Os versos acima integram a obra Lira dos Vinte Anos, de Álvares de Azevedo. Da leitura deles podemos depreender que o poema: a) revela sentimento de frustração provocado pelo medo de amar e pela recusa doentia e deliberada à entrega amorosa. b) ilustra a dificuldade de conciliar a idéia de amor com a de posse física. c) manisfesta o desejo de amar e a realização amorosa se dá concretamente em imagens de sonho. d) concilia sonho e realidade e ambos se alimentam da presença sensual da mulher amada. e) espiritualiza a mulher e a apresenta em recatado pudor sob véu suave de amorosas sombras. 1ª P.P. / Literatura A / Regiane / 2º / pág : 2
3 3ª Questão Soneto Perdoa-me, visão dos meus amores. Se a ti ergui meus olhos suspirando!.. Se eu pensava num beijo desmaiando Gozar contigo a estação das flores! De minhas faces os mortais palores. Minha febre noturna delirando. Meus ais, meus tristes ais vão revelando Que peno e morro de amorosas dores.. Morro, morro por ti! na minha aurora A dor do coração, a dor mais forte. A dor de um desengano me devora. Sem que última esperança me conforte. Eu - que outrora vivia! - eu sinto agora Morte no coração, nos olhos morte! Podemos afirmar que, nesse soneto, reconhecemos duas constantes da obra de Álvares de Azevedo: a idealização da mulher, sempre inacessível ao poeta, e a angústia da morte. a)transcreva 2 passagens do texto que justifiquem essa afirmação. b) Em uma das estrofes, ocorre uma figura de estilo chamada antítese que consiste na aproximação de idéias contrárias com o objetivo de destacar essa oposição ou contraste. Transcreva essa passagem. c) Esse soneto pode ser considerado um exemplo da tendência ultra-romântica?justifique sua resposta. 1ª P.P. / Literatura A / Regiane / 2º / pág : 3
4 4ª Questão: O fragmento do poema abaixo pertence à segunda parte da obra Lira dos vinte anos, de Álvares de Azevedo. Leia-o, analise as afirmativas que o seguem e assinale a alternativa correta. É ela! É ela! É ela! É ela! É ela! É ela! murmurei tremendo, E o eco ao longe murmurou é ela! Eu a vi minha fada aérea e pura A minha lavadeira na janela! [...] Esta noite eu ousei mais atrevido Nas telhas que estalavam nos meus passos Ir espiar seu venturoso sono, Vê-la mais bela de Morfeu nos braços! [...] Afastei a janela, entrei medroso: Palpitava-lhe o seio adormecido... Fui beijá-la... roubei do seio dela Um bilhete que estava ali metido... Oh! Decerto... (pensei) é doce página Onde a alma derramou gentis amores; São versos dela... que amanhã decerto Ela me enviará cheios de flores... [...] É ela! é ela! repeti tremendo; Mas cantou nesse instante uma coruja... Abri cioso a página secreta... Oh! Meu Deus! era um rol de roupa suja! a) A figura da lavadeira no poema é a de uma mulher que não se pode possuir. Dessa maneira, o poema afasta a possibilidade de concretização do ato sexual, confirmando a idealização da mulher no período romântico. b) O tema da mulher idealizada é constante na obra de Álvares de Azevedo. No poema em questão, a imagem da virgem sonhadora é simbolizada pela lavadeira, uma forma de denunciar os problemas sociais e, ao mesmo tempo,retratar a imagem feminina como modelo materno. c) No poema "É ela! É ela! É ela! É ela!", a musa eleita é uma lavadeira. Dizendo-se apaixonado, o eu-lírico a observa enquanto dorme e retira do seio da amada uma lista de roupa, que imaginara ser um bilhete de amor. Trata-se de uma forma melancólica de expressar a grandeza das relações humanas e representar a concretização do amor. d) O emprego de termos elevados em referência à lavadeira, tais como "fada aérea e pura", é um fator que reforça o riso por associar a lavadeira a uma musa inspiradora e exaltadora da paixão. Trata-se, portanto, de um poema de linha irônica e prosaica. e) O poema, no conjunto das estrofes acima transcritas, revela tédio e melancolia. Esses sentimentos são reforçados pelo murmúrio do eu-lírico, "É ela! É ela!", ao visualizar sua amada. 1ª P.P. / Literatura A / Regiane / 2º / pág : 4
5 5ª Questão Navio Negreiro Castro Alves (fragmento) Senhor Deus dos desgraçados! Dizei-me vós, Senhor Deus! Se é loucura... se é verdade Tanto horror perante os céus... Ó mar! por que não apagas Coa esponja de tuas vagas De teu manto este borrão?... Astros! noite! tempestades! Rolai das imensidades! Varrei os mares, tufão!... Quem são estes desgraçados, Que não encontram em vós, Mais que o rir calmo da turba Que excita a fúria do algoz? Quem são?...se a estrela se cala, Se a vaga à pressa resvala Como um cúmplice fugaz, Perante a noite confusa... Dize-o tu, severa musa, Musa, libérrima, audaz! São os filhos do deserto Onde a terra esposa a luz. Onde voa em campo aberto A tribo dos homens nus... São os guerreiros ousados, Que com os tigres mosqueados Combatem na solidão... Homens simples, fortes, bravos... Hoje míseros escravos Sem ar, sem luz, sem razão... O fragmento acima foi retirado do canto V de Navio Negreiro, um dos poemas mais significativos do Romantismo brasileiro. a) Estabeleça uma comparação entre a temática abordada por Castro Alves e as características da segunda fase da poesia romântica, o chamado "Mal do Século". b) Indique dois recursos estilísticos utilizados por Castro Alves com o objetivo de persuadir e comover o leitor. 1ª P.P. / Literatura A / Regiane / 2º / pág : 5
6 c) Especifique a que se refere a expressão "este borrão" no verso 7 da primeira estrofe do poema de Castro Alves. 6ª Questão No dia 12 de outubro de 1492, Cristóvão Colombo escreveu em seu diário que ele queria levar alguns índios à Espanha para que aprendam a falar ("que deprendan hablar"). Cinco séculos depois, no dia 12 de outubro de 1989, em uma corte de justiça dos Estados Unidos, um índio mixteco foi considerado "retardado mental" (mentally retarded) porque não falava corretamente a língua castelhana. Ladislao Pastrana, mexicano de Oaxaca, trabalhador braçal ilegal nos campos da Califórnia, ia ser encerrado para o resto da vida em um asilo público. Pastrana não se entendia com a intérprete espanhola, e o psicólogo diagnosticou "um claro déficit intelectual". Finalmente, os antropólogos esclareceram a situação: Pastrana expressava-se perfeitamente em sua língua, a língua mixteca, que é falada pelos índios herdeiros de uma alta cultura de mais de dois mil anos de antigüidade. O Paraguai fala guarani. Um caso único na história universal: a língua dos índios, língua dos vencidos, é o idioma nacional unânime. E, no entanto, a maioria dos paraguaios opina, de acordo com as pesquisas, que os que não entendem espanhol "são como animais". De cada dois peruanos, um é índio, e a Constituição do Peru diz que o quéchua é um idioma tão oficial como o espanhol. A Constituição diz, mas a realidade não escuta. O Peru trata os índios como a África do Sul trata os negros. O espanhol é o único idioma ensinado nas escolas e o único entendido pelos juízes e policiais e funcionários. (O espanhol não é o único idioma da televisão, porque a televisão também fala inglês.) Há cinco anos, os funcionários do Registro Civil de Buenos Aires negaram-se a registrar o nascimento de um menino. Os pais, indígenas da província de Jujuy, queriam que seu filho se chamasse Qori Wamancha, um nome de sua língua. O registro argentino não o aceitou "por tratarse de nome estrangeiro". Os índios das Américas vivem exilados em sua própria terra. A linguagem não é um sinal de identidade, é a marca da maldição. Não os distingue: delata-os. Quando um índio renuncia à sua língua, começa a civilizar-se. Começa a civilizar-se ou começa a suicidar-se? Quando eu era criança, nas escolas do Uruguai nos ensinavam que o país tinha se salvado do "problema indígena" graças aos generais que no século passado exterminaram os últimos charruas. O problema indígena: os primeiros americanos, os verdadeiros descobridores da América, são "um problema". E para que o problema deixe de ser um problema, é preciso que os índios deixem de ser índios. Apagá-los do mapa ou apagar-lhes a alma, aniquilá-los ou assimilá-los: o genocídio ou o outrocídio. GALEANO, Eduardo. Ser como eles. Com base no texto: a) Explique com suas próprias palavras a distinção feita por E. Galeano entre genocídio e outrocídio. 1ª P.P. / Literatura A / Regiane / 2º / pág : 6
7 b) Explique em que sentido se pode dizer que o poema de Castro Alves( questão 5 ) e o texto de Eduardo Galeano tematizam a figura do outro. Especifique quem são os outros em cada um dos textos. 7ª Questão: (CEFET-PR) O excerto a seguir foi extraído da obra Noite na Taverna, livro de contos escritos pelo poeta ultra-romântico Álvares de Azevedo ( ). Uma noite, e após uma orgia, eu deixara dormida no leito dela a condessa Bárbara. Dei um último olhar àquela forma nua e adormecida com a febre nas faces e a lascívia nos lábios úmidos, gemendo ainda nos sonhos como na agonia voluptuosa do amor. Saí. Não sei se a noite era límpida ou negra; sei apenas que a cabeça me escaldava de embriaguez. As taças tinham ficado vazias na mesa: aos lábios daquela criatura eu bebera até a última gota o vinho do deleite Quando dei acordo de mim, estava num lugar escuro: as estrelas passavam seus raios brancos entre as vidraças de um templo. As luzes de quatro círios batiam num caixão entreaberto. Abri-o: era o de uma moça. Aquele branco da mortalha, as grinaldas da morte na fronte dela, naquela tez lívida e embaçada, o vidrento dos olhos mal-apertados Era uma defunta! e aqueles traços todos me lembravam uma idéia perdida era o anjo do cemitério! Cerrei as portas da igreja, que, eu ignoro por quê, eu achara abertas. Tomei o cadáver nos meus braços para fora do caixão. Pesava como chumbo Com relação ao fragmento acima, afirma-se: I) Acentua traços característicos da literatura romântica, como o subjetivismo, o egocentrismo e o sentimentalismo; ao contrário, despreza o nacionalismo e o indianismo, temas característicos da primeira geração romântica. II) Idealiza figuras imaginárias, mulheres incorpóreas ou virgens, personagens que confirmam o amor inatingível, idealizado na literatura ultra-romântica. III) Tematiza a morte, presente em grande parte da obra do autor. Assinale a alternativa correta. a) Apenas I e III estão corretas b) Apenas I está correta c) Apenas II e III estão corretas d) I, II e III estão corretas e) Apenas I e II estão corretas 1ª P.P. / Literatura A / Regiane / 2º / pág : 7
8 8ª Questão: O romance A Cidade e as Serras, de Eça de Queirós, publicado em 1901, é desenvolvimento de um conto chamado Civilização. Do romance como um todo pode afirmar-se que a) se desenvolve em duas linhas de ação: uma marcada por amores incestuosos; outra voltada para a análise da vida da alta burguesia lisboeta. b) apresenta um narrador que se recorda de uma viagem que fizera havia algum tempo ao Oriente Médio, à Terra Santa, de onde deveria trazer uma relíquia para uma tia velha, beata e rica. c) caracteriza uma narrativa em que se analisam os mecanismos do casamento e o comportamento da pequena burguesia da cidade de Lisboa. d) apresenta uma personagem que detesta inicialmente a vida do campo, aderindo ao desenvolvimento tecnológico da cidade, mas que ao final regressa à vida campesina e a transforma com a aplicação de seus conhecimentos técnicos e científicos. e) revela narrativa cujo enredo envolve a vida devota da província e o celibato clerical e caracteriza a situação de decadência e alienação de Leiria, tomando-a como espelho da marginalização de todo o país com relação ao contexto europeu. 9ª Questão: A maior parte de todo o saber humano, em cada um dos seus gêneros, existe apenas no papel, nos livros, nessa memória de papel da humanidade. Apenas uma pequena parte está realmente viva, a cada momento dado, em algumas cabeças. Trata-se de uma conseqüência sobretudo da brevidade e da incerteza da vida, mas também da indolência e da busca de prazer por parte dos homens. (Arthur Schopenhauer, in A Arte de Escrever) Segundo o filósofo, apenas uma pequena parte do saber humano está viva. Isso se deve aos seguintes fatores, exceto: a)busca de prazer por parte dos homens. b)brevidade da vida. c)pequena quantidade de estudiosos. d)incerteza da vida. e)indolência dos homens. 10ª Questão O poeta moribundo Poetas! Amanhã ao meu cadáver Minha tripa cortai mais sonora!... Façam dela uma corda e cantem nela Os amores da vida esperançosa! (...) Eu morro qual nas mãos da cozinheira O marreco piando na agonia Como o cisne de outrora...que gemendo Entre os hinos de amor se enternecia. Álvares de Azevedo Considere as seguintes afirmações em relação ao poema de Álvares de Azevedo. I) O poeta revela um sentimento de inconformismo com a morte e expressa, em tom elevado, sentimentos típicos do mal do século. II) Embora romântico, o poema já antecipa traços modernos, como auto- ironia do poeta. III) Álvares de Azevedo satiriza a morte e compara-se a um marreco. 1ª P.P. / Literatura A / Regiane / 2º / pág : 8
9 Quais estão corretas? a) Todas estão corretas. b) Apenas I c) Apenas II d) Apenas III e) Apenas II e III 11ª Questão Mais luz! Amem a noite os magros crapulosos, E os que sonham com virgens impossíveis, E os que se inclinam, mudos e impassíveis, À borda dos abismos silenciosos... Tu, lua, com teus raios vaporosos, Cobre-os, tapa-os e torna-os insensíveis, Tanto aos vícios cruéis e inextinguíveis, Como aos longos cuidados dolorosos! Eu amarei a santa madrugada, E o meio- dia, em vida refervendo, E a tarde rumorosa e repousada. Viva e trabalhe em plena luz: depois, Seja-me dado ainda ver, morrendo, O claro sol, amigo dos heróis! Antero de Quental É correto afirmar que o eu lírico critica: a) Os vícios a que se entregam os artistas em geral b) A devassidão moral característica dos artistas c) O fato de os artistas preferirem a imagem da lua à imagem do sol d) A covardia dos jovens, comparados às gerações passadas e) O irracionalismo emocional dos românticos 12ª Questão: Assinale a alternativa cujo fragmento melhor se associa à figura que se vê na pintura Vagante sobre o mar de névoa, do pintor romântico alemão Caspar David Friedrich. a) Tu, lua, /torna-os insensíveis b) Tu, lua, com teus raios vaporosos,/cobre-os, tapa-os c) Seja-me dado ainda ver, morrendo,/o claro sol, amigo dos heróis! d) E os que se inclinam, mudos e impassíveis,/à borda dos abismos silenciosos... e) Eu amarei a santa madrugada,/ E o meio- dia/ E a tarde 1ª P.P. / Literatura A / Regiane / 2º / pág : 9
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