A carreira docente sob o prisma das expectativas: um olhar sobre as publicações relacionadas ao professor
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- Jorge Sousa Caldeira
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1 A carreira docente sob o prisma das expectativas: um olhar sobre as publicações relacionadas ao professor Teaching career under the prism of expectatios: a look at the publications related to the teacher Joseane Amaral 1 Resumo: O presente trabalho objetiva discutir aspectos relacionados à carreira docente, com especial atenção para o profissional de Letras. Por meio da análise de textos veiculados em publicações ligadas à área educacional, buscamos mapear como se constituem as expectativas cognitivas e normativas (Luhmann, 1983) em torno do trabalho docente. Assim, com os aportes da Linguística de Corpus e as premissas da Teoria Holística da Atividade (Richter, (2008), procuramos demonstrar como as expectativas acabam migrando de esferas exteriores e constituindo as atribuições e o papel social do professor. Palavras-chave: Professor. Expectativas. Publicações. Papel social. Abstract: The research presented in this paper aims to discuss aspects of the teaching career, with special attention to the Languages Professional. Through analysis of texts in publications of the educational area, we seek to map how they develop the cognitive and normative expectations (Luhmann, 1983) about the teacher's work. Thus, with the contributions of Corpus Linguistics and the premises of the Holistic Activity Theory (Richter (2008), we demonstrate how the expectations migrating to the outer spheres and constituting functions and the social role of the teacher. Keywords: Teacher. Expectations. Publications. Social role. Trabalho do professor: expectativas e regulamentação O trabalho do professor é objeto de pesquisas ainda em fase inicial no Brasil. A partir de dados mencionados por Machado (2007, p. 85), só recentemente se passou a considerar o trabalho intelectual, não produtor de bens materiais, como objeto legítimo de estudo. Desta forma, o trabalho do professor emerge como elemento de pesquisas somente no final da década de 90, mais precisamente na virada do milênio, de acordo com Antunes apud Machado (2007). Todas essas informações nos levam a crer que o não reconhecimento da atividade docente enquanto trabalho, retardaram a emergência de pesquisas sobre a prática do professor, suas bases, finalidades e princípios de organização. Soma-se a isso o fato de que a legislação que deveria fornecer diretrizes ao trabalho deste profissional da educação mostra-se obscura e voltada quase que na integralidade a competências de aprendizagem. Pesquisas como as de Machado (2007) e Bronckart (2006) evidenciam que a relativa opacidade que envolve o trabalho do professor dificulta suas definições, como afirma o teórico (2006, p ) sobre este tipo de atividade: a dificuldade de descrevê-lo, caracterizá-lo e, até mesmo, de simplesmente falar dele. Dadas estas 1 Mestranda em Letras Estudos Linguísticos PPGL/Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). josi.ibiruba@gmail.com
2 características, sabe-se da necessidade iminente de analisar e construir bases sólidas para a docência, premissa que vai ao encontro de nossas pesquisas de dissertação. Nossas apreciações 2 envolvem a Linguística de Corpus como metodologia para analisar a constituição do papel social do professor de línguas, a partir das estruturas de expectativas. Tal conceito não está sendo empregado no significado dicionarizado do termo; a esse respeito, adotamos as diretrizes de Luhmann (1983) para estudar o papel social do professor. Nesse contexto, Luhmann (1983) defende que vivemos em um mundo constituído sensorialmente, com múltiplas possibilidades de experiências e ações. Cada experiência concreta remete a outras possibilidades complexas e contingentes ao mesmo tempo. Sobre complexidade, entende-se que existem mais possibilidades do que se pode realizar - é preciso fazer uma seleção. Com relação à contingência, as possibilidades apontadas podem ser diferentes das esperadas. Desta forma, o autor (1983, p. 56) aborda a importância das estruturas de expectativas, em dois níveis: Ao nível cognitivo são tratadas e experimentadas as expectativas que, no caso de desapontamentos, são adaptadas à realidade. Nas expectativas normativas ocorre o contrário: elas não são abandonadas se alguém as transgride. No caso de esperar-se uma nova secretária, por exemplo, a situação contém componentes de expectativas cognitivas e também normativas. Que ela seja jovem, bonita loura, só se pode esperar, quando muito, ao nível cognitivo; nesse sentido é necessária a adaptação no caso de desapontamentos [...] Por outro lado, espera-se normativamente que ela apresente determinadas capacidades de trabalho. Ocorrendo desapontamento nesse ponto, não se tem a sensação de que a expectativa estava errada. A expectativa é mantida, e a discrepância é atribuída ao ator. A partir do pensamento luhmanniano, podemos dizer que a expectativa cognitiva está relacionada a constantes adaptações, ao passo que a normativa mantém relação com os papéis sociais assumidos pelo sujeito. Assim, ao nível normativo, expectativas que dizem respeito a capacidades de trabalho de uma secretária, por exemplo, estão intimamente ligadas ao seu papel social, ou seja, à postura e conduta que deve ser assumida pelo sujeito em determinado contexto de atuação. De igual forma, não é com base em expectativas cognitivas que devem ser construídas as bases de uma profissão, questão central em nossas pesquisas. Posicionamento que vem ao encontro de nossos anseios é apontado por Richter (2010, p.2): nos sistemas baseados em expectativas cognitivas, ordens e sanções são sensíveis a contexto, não havendo consenso dentro da classe profissional a respeito dessas questões. Sabendo-se da carência de normatização que defina bases para a docência no ensino de línguas e aponte os pormenores da legalidade do trabalho do professor, passamos a enfocar a comparação desta realidade no caso de profissões emancipadas. De acordo com Steinhilber (1996, p. 78): Profissões regulamentadas são aquelas que possuem seus respectivos Conselhos Profissionais, reguladores e fiscalizadores do exercício profissional. Profissões reconhecidas são aquelas que têm amparo legal, 2 Projeto intitulado Dever e ação: a geração de expectativas sobre o professor de línguas no discurso midiático um estudo baseado em Linguística de Corpus, sob orientação do professor Dr. Marcos Gustavo Richter.
3 possuem escolas de formação autorizadas por autoridades competentes, porém, cujo exercício profissional não é regulado pelos respectivos profissionais. Nesse ponto da discussão, o autor esclarece que a profissão de professor é reconhecida, mas não regulamentada. Não são os próprios membros que dirigem os rumos de sua profissão, tarefa que cabe ao governo, por meio de legislação específica. No entanto, podemos afirmar que não há legislação que delimite o trabalho do professor. Apenas algumas diretrizes para o ensino são fornecidas pela LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394/96 e pelos PCNs Parâmetros Curriculares Nacionais, editados em Ainda sobre a regulamentação, profissões como nutricionista, psicólogo, economista e biólogo estão incluídas no rol das 62 profissões regulamentadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego, que constam na lista da CBO Classificação Brasileira de Ocupações. 3 No inventário da CBO, onde é possível visualizar as profissões de mototaxista e motoboy, garimpeiro, peão de rodeio e repentista, o professor não está incluído. Conforme salienta o mesmo autor (op. cit., p. 129), a própria LDB reforça a importância das profissões regulamentadas quando, no capítulo referente à Educação Superior, estabelece no Art. 50 É livre o exercício das profissões, exigida a qualificação especial, na forma da Lei, para as profissões regulamentadas. Fica nitidamente exposto, neste trecho, a força das profissões de maioridade jurídica, cuja proteção contra invasões por leigos é garantida por lei. A discussão sobre a regulamentação esbarra, muitas vezes, em questões de ordem política, uma vez que trazer mudanças à legislação da profissão docente pode significar levantar questões acima do caráter sistemático desta mudança, interferindo nos cursos de formação e no ambiente escolar. Sobre esse aspecto, são pertinentes as sábias palavras de Kant, elucidadas por Richter (2009, p. 4): é muito confortável ser um menor. Se eu tenho um livro que pensa por mim, um pastor que age como se fosse minha consciência, um físico que prescreve a minha dieta e assim sucessivamente, não tenho então necessidade de empenhar-me por conta própria. Para compreender como todas estas questões se refletem nos rumos da profissão docente, passamos a tratar das atribuições e do papel social do professor, para, em seguida, mostrar como em profissões marcadas por expectativas cognitivas esse papel é povoado por vozes externas às de sua esfera de atuação. Atribuição e papel social docente O dever-ser do professor constitui-se, como vimos anteriormente, por discursos exteriores ao seu domínio, como consta na legislação brasileira representada pela LDB e os PCNs. No entanto, tais documentos não apresentam em sua especificidade as atribuições do professor enquanto profissional. Nesse contexto, defendemos a dificuldade de utilizar a denominação trabalho prescrito 4 para o agir do professor, 3 Disponível no endereço 4 Apresentamos nossas reflexões no Seminário Internacional de Texto, Enunciação e Discurso, na PUC- RS (2010).
4 uma vez que as prescrições, quando existem, são vagas e confusas; para tanto, valemonos das expectativas segundo a concepção luhmanniana. Dahrendorf (1969, p. 54) esclarece que papéis sociais são feixes de expectativas, que se ligam, em uma determinada sociedade, ao comportamento dos portadores de posições. Ainda conforme o pensador social (p. 52), o campo de posições no qual o indivíduo se vê colocado, ocupando uma determinada posição, pode implicar numa pluralidade de relações diferenciáveis. A posição professor consiste nos segmentos posicionais professor-aluno, professor-pais de alunos, professorcolegas, professor-superiores, onde cada um dos segmentos seleciona uma direção relacional no campo de posições do professor. Tais posições são demarcadas pelo papel social a que pertencem os indivíduos, bem como pelas expectativas que os circundam. Ainda na perspectiva do mesmo autor (op cit, p. 54): A cada posição que uma pessoa ocupa, correspondem determinadas formas de comportamento que se esperam do portador dessa posição; a tudo que ele é, correspondem coisas que ele faz ou tem; a cada posição social corresponde um papel social. Ocupando posições sociais, o indivíduo torna-se uma pessoa do drama escrito pela sociedade em que vive [...] enquanto as posições apenas indicam locais em campos de referência, o papel revela a natureza das relações entre os portadores de posições e os de outras posições do mesmo campo. Papéis sociais significam reivindicações da sociedade aos portadores de posições [...] Importantes reflexões vêm à tona a partir do fragmento explicitado. Com relação ao papel social do professor, já não se pode analisar a natureza das relações entre os portadores de posições da mesma forma. A cada década, as relações do professor com os demais segmentos posicionais têm se modificado substancialmente; percebe-se que o docente age, muitas vezes, buscando satisfazer as exigências de outrem. Quais são, atualmente, as atribuições do professor? Em que bases elas estão amparadas? Estes e outros questionamentos conduzem ao estudo da organização do trabalho especializado (cf. Richter, 2010), em uma das três pilastras defendidas pela Teoria Holística da Atividade (THA): os fatores de atribuição, que são definidos como o conjunto de variáveis centradas nas noções de papéis sociais, espaços institucionais (onde a atividade é exercida), atribuições (que tarefas são previstas), competências (em que bases curriculares e jurídicas a atividade é exercida), modelos de conduta (que padrões de comportamento são esperados, em seus devidos contextos, para o profissional, o cliente e demais pessoas), referência e pertença grupal. Somam-se a isso a modelagem do papel social (identificação, introjeção e acoplamento) e as práticas autodefensivas de estabilização e preservação do papel no ecossistema social. Analisar a modelagem do papel social docente é parte de nossa pesquisa, que pretende avaliar como se apresenta tal papel discursivizado pela mídia, assim como estabelecer comparações com outra profissão ligada à educação, embora emancipada juridicamente, a Educação Física, regulamentada de acordo com a Lei Federal n de 01 de setembro de Um dos motivos que justificam nossa intenção é apresentado por Lousada, Abreu-Tardelli e Mazillo (2007, p. 240): ao professor, por exemplo, atribuem-se tarefas e exigem-se habilidades que não lhe eram explicitamente exigidas anteriormente, sem, no entanto, que
5 sejam oferecidas condições para que o professor possa atingir essas habilidades. O professor, por conta própria, tem que se especializar por exigência da instituição. Esses constantes deslocamentos na profissão do professor não são percebidos com tanta transparência em profissões emancipadas; ao que consta, por exemplo, não se sabe de médicos que sejam obrigados a mudar de especialidade da noite para o dia sem que recebam a devida capacitação para tanto. O professor, por outro lado, precisa enfrentar situações-limite, muitas vezes sem receber o devido preparo para isso, adaptação que caracteriza as expectativas cognitivas. Ainda na perspectiva das pesquisadoras (2007, p. 240), vemos, por exemplo, em relação às contratações dos professores, uma tendência às cooperativas, evidenciando que o trabalho do professor também faz parte, hoje, da desregulamentação e da flexibilização do mercado (grifo nosso). A desregulamentação a que se referem as autoras parece influir diretamente nos rumos que toma a profissão docente. Vejamos como isso se apresenta em publicações destinadas à área educacional, e como elas se referem ao tratar do responsável pela condução do ensino, o professor. As publicações e o risco da exogenia na profissão docente O mercado de publicações destinadas ao ensino cresce a cada dia. Em muitas delas, manchetes do tipo saiba como gerenciar situações de risco ; seja um professor de sucesso ; sua aula pode ser um show são apenas alguns exemplos fictícios de como alguns textos de revistas tentam induzir o professor a consumir fórmulas prontas que parecem ser a solução para os seus problemas profissionais. Richter (2008, p. 11) aponta que tanto acadêmicos quanto profissionais demonstram grandes dificuldades em construir um perfil identitário de professor, uma vez que os construtos discursivos que o interpelam são difusos e contraditórios, além de se constituírem a partir de setores sociais externos fenômeno denominado exogenia discursiva. Nesse sentido, esse movimento em que elementos migram de uma esfera social a outra, é responsável pelas modificações dos papéis sociais, cujas alterações se processam ao longo da história. É comum percebermos essa ingerência no que tange à profissão de Letras - tanto pela elaboração das leis que regem o ensino, quanto pelos parâmetros que acabam ditando a produção em massa de documentos, pelos docentes, voltados a tais preceitos. Outro tipo de intervenção que vem ganhando espaço a cada dia é a interferência midiática, como exemplificado acima. Procurando preencher a lacuna da formação continuada na profissão do professor, inúmeras publicações se propõem a fazer julgamentos, apontar críticas e, não bastasse, fornecer soluções aos problemas do professor. Para tanto, entrevistas com diferentes classes profissionais que muitas vezes não são docentes - trazem a saída ideal, como se num passe de mágica tudo fosse resolvido. Entretanto, sabemos que o problema tem raízes mais profundas. Este é um exemplo clássico e muito presente no cotidiano desta profissão: todos parecem saber o motivo do fracasso na aprendizagem, da falta de atenção dos alunos, da indisciplina, exceto quem vivencia este processo: o professor. Concordamos com as palavras de Richter (2009, p. 2), que nos diz: mais do que o argumento de autoridade, entra em jogo aí o tipo de expectativas que um lugar determina dentro e fora de sistemas sociais.
6 Após toda argumentação exposta, passamos aos resultados que nossas pesquisas através da Linguística de Corpus já conseguiram demonstrar. A Linguística de Corpus (LC) é uma área que trata do uso de corpora computadorizados (coletâneas de textos, escritos ou de transcrições de fala, mantidos em arquivo de computador). Ao revelar uma quantidade surpreendente de evidências linguísticas provindas de corpora eletrônicos, a LC questiona os paradigmas estabelecidos dos estudos linguísticos e mostra novos caminhos para o linguista, o professor, o tradutor, o lexicógrafo e muitos outros profissionais (BERBER SARDINHA, 2004). A seguir, apresentamos uma pré-análise de nosso corpus, que reúne publicações da Revista Educação Física e da Revista Língua Portuguesa. Ambos possuem relativamente o mesmo número de palavras, cerca de 37 mil cada. Após a seleção dos textos, feita por meio da palavra-chave professor, passamos à limpeza, compilação e organização do corpus. Em seguida, iniciamos os procedimentos de análise através do software WordSmith Tools. No quadro abaixo apresentamos a lista de frequência das palavras Wordlist - nos dois corpora selecionados. Nosso estudo pretende evidenciar as diferenças entre as duas profissões. Revista Língua Portuguesa Revista Educação Física Professor: 46 Professores: 53 Professora: 8 Professor: 28 Professores: 8 Docente: 5 Docente: 9 Docentes: 5 Profissional: 6 Profissional: 184 Profissionais: 4 Profissionais: 189 Profissão: não consta Profissão: 64 Motivação: 17 Motivação: 2 Embora incipiente, esta análise já demonstra resultados intrigantes no que tange à comparação linguística do corpus destas duas profissões, distintas em termos legais, embora integrantes da esfera educacional. O recurso Wordlist permite perceber que a visão de profissional difere muito na comparação entre os corpora; a revista Educação Física possui 373 ocorrências das palavras profissional e profissionais, ao passo que a Língua Portuguesa apresenta, somados, apenas 10. Também com relação à atribuição, a palavra motivação nos chama a atenção: parece que o profissional de Letras recorre muito mais a este recurso do que o de Educação Física. A esta conclusão a que chegamos por meio dos dados acima apresentados, acrescentamos os estudos de Richter (2009, p. 8), que destaca o homem como um ser jurídico: Tanto um jurista como Kelsen quanto um psicanalista como Lacan defendem que só há laço social (ou pacto social) na e através da lei. A isso acrescenta, como propõe Cossio, que a lei interpela o ser humano egologicamente, ou seja, na condição de sujeito juridicamente responsável a priori, ocupando uma gama de lugares sociais e, em cada um destes (até vários simultaneamente), alimentando e cobrando expectativas. Levando em conta tais argumentos, a emancipação do professor de Educação Física pode indicar maior proteção contra a interferência de agentes externos,
7 contribuindo para a constituição de uma profissão com bases solidamente construídas, e marcadas por um discurso endógeno e consistente. Considerações Finais A relevância desta investigação deve-se, principalmente, a dois fatores: a necessidade de partir de contribuições reais para a busca de resultados e a carência de estudos que envolvam o papel social do professor e as expectativas que regulam o seu agir. Nossa comparação entre Educação Física e Letras, como já demonstramos, não é aleatória. Olhar para as expectativas que circundam duas profissões ligadas ao ensino, embora distintas juridicamente, poderá contribuir para demonstrar a importância da criação de um discurso endógeno, ou seja, da construção interna de uma imagem e papel social comum a uma classe, discurso autoconstruído e que se desdobra em valores, conduta e respaldo social. A Teoria Holística da Atividade privilegia as indagações sobre a construção de sistemas de atividade regidos por seus próprios membros que, basicamente, compartilham o mesmo papel social e, em acréscimo, empenham-se em reverter uma situação crônica de ingerência de outros sistemas o que acaba por esvaziar o senso de identidade e mesmo de relevância social da classe profissional. Considerando esses estudos, sugere-se que a presente investigação reforce a pesquisa acerca da profissionalização docente, analisando as marcas discursivas que aludem a um docente linguístico discursivizado pela mídia como um profissional formado para atuar sem autonomia. Reforçamos que nosso objetivo é indicar que a voz do professor não pode ser desautorizada por textos vulgarizadores, ou ainda simplesmente equiparada ao saber leigo, como fazem algumas publicações. Referências Bibliográficas ABREU-TARDELLI, L.S.; LOUSADA, E.G.; MAZILLO, T. O trabalho do professor: revelações possíveis pela análise do agir representado nos textos. In: GUIMARÃES, A. M. M; MACHADO, A. R.; COUTINHO, A. (Orgs.). O interacionismo sociodiscursivo: questões epistemológicas e metodológicas. Campinas, SP: Mercado de Letras, p BERBER SARDINHA, A.P. Linguística de Corpus. Barueri, SP: Manole, BRONCKART. Jean-Paul. Por que e como analisar o trabalho do professor. In:. Atividade de linguagem, discurso e desenvolvimento humano. Trad. A. R. Machado e M. L. M. Matencio. Campinas, SP: Mercado de Letras, p DAHRENDORF, Ralph. Homo Sociologicus. Londres, Róutledge and Kegan Paul, LUHMANN, N. Sociologia do Direito I. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, MACHADO, A. R. Por uma concepção ampliada do trabalho do professor. In: GUIMARÃES, A. M. M; MACHADO, A. R.; COUTINHO, A. (Orgs.). O
8 interacionismo sociodiscursivo: questões epistemológicas e metodológicas. Campinas, SP: Mercado de Letras, p RICHTER, M. G. Aquisição, representação e atividade. Santa Maria: UFSM, PPGL- Editores, Conceitos de aquisição da linguagem na perspectiva da Linguística de Corpus: um estudo empregando um novo mapeador semântico. Revista Delta, [No prelo]. Saberes didáticos: em favor do ensino ou da aprendizagem? In: CÍRCULO DE ESTUDOS LINGUÍSTICOS DO SUL, IX, 2010, Universidade do Sul de Santa Catarina. Anais do IX Celsul. p STEINHILBER, Jorge. Profissional de Educação Física... Existe? Rio de Janeiro: Sprint, 1996.
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