A importância de aulas criativas nas praticas da educação física escolar

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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANA LICENCIATURA EM EDUCACAO FÍSICA PIBID-PROJETO 0: PROF. ROSECLER VENDRUSCOLO DISCENTE: MAUREM BELLO A importância de aulas criativas nas praticas da educação física escolar Pibid- Relato de experiência O PIBID proporciona a articulação entre a formação acadêmica e a pratica da docência durante a academia, possibilitando ampliar os conhecimentos da práxis. e sendo de grande valor para uma formação mais completa. Antes de iniciar com o subprojeto Educação Física 0, era difícil vislumbrar a possibilidade de atuação no chão da escola. Ou seja, eu não conseguia imaginar como seria possível uma ação efetiva na escola, tanto para ensinar os conhecimentos da cultura corporal quanto passar valores aos alunos. Por meio do subprojeto Educação Física 0 denominado A perspectiva da cultura em distintos contextos da formação docente na Educação Física escolar vinculado ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciação a Docência eu pude me inserir na realidade da escola. Assim, essa inserção me trouxe um novo horizonte sobre a docência que eu não podia ter enquanto apenas aluna, antes de iniciar o Pibid. Ter a oportunidade de ver como o professor constrói essa realidade esta me mostrando que apesar dos desafios, é possível atuar como professora e realizar uma boa pratica, pois antes desse subprojeto do Pibid eu estava sem perspectiva. E também pude ver que cada aula é um fenômeno, pois mesmo sendo aplicado o mesmo conteúdo para turmas de vários anos, mas com um nível de dificuldade diferentes, cada uma apresenta resultados distintos, é preciso ser flexível diante disso. Outro ponto fundamental na minha formação no qual esse subprojeto está sendo de grande importância é a possibilidade de ver na pratica aquilo que eu aprendo na academia e, dessa forma, dando mais significado à teoria que aprendo ao mesmo tempo em que a própria teoria aprimora meu olhar sobre a pratica docente. Uma questão que vem sendo discutida dentro da área da educação física escolar é a dificuldade de se ir além dos bols: futebol, basquetebol, voleibol e handebol. Entretanto, a escola que atuo por meio do subprojeto Educação Física 0, atende somente alunos dos primeiros anos do ensino fundamental, o esporte poderia estar bem mais inserido no dia a dia. E como o

2 próprio professor de educação física da escola e meu supervisor disse. De que adianta encher um copo que já esta cheio? Ou seja, para quê ensinar algo que os alunos já conhecem e já praticam dentro e fora do ambiente escolar. É preciso enriquecer e diversificar as aulas, e é o que ele o faz. Como bolsista do subprojeto Educação Física 0 do Pibid estou observando uma atuação docente que contempla verdadeiramente a questão da cultura corporal e trazendo às aulas de educação física uma grande variedade de conteúdos, os quais estão sendo trabalhados de forma criativa. Que incentiva a criatividade, a autonomia e a criticidade das crianças. E ainda o professor consegue abordar temas transversais que surgem ao logo da pratica, tais como gênero, violência e meio ambiente. Minha expectativa inicial e o que posso esperar após a inserção na escola. O que mudou na minha concepção da docência escolar, possibilidades. Certamente sem o subprojeto Educação Física 0/Pibid eu sairia da graduação consideravelmente despreparada para atuar na docência. Esse subprojeto esta transformando minha formação e me trazendo respostas, mas também novos questionamentos. O subprojeto/pibid é uma formação dentro da formação. Claro que cada escola tem sua idiossincrasia. Essa formação inicial não é para mostrar exatamente como se deve atuar na profissão, mas mostra que é possível aplicar boas aulas. Um ponto bem importante do Pibid é o tempo de inserção que ele proporciona dentro do espaço escolar. Pois numa disciplina de prática docente o graduando fica muito pouco na escola. Para se ter um bom entendimento de toda a dinâmica escolar é necessário uma verdadeira inserção, que irá proporcionar uma vivencia das sutilezas do dia-a-dia das aulas, dos alunos e da atuação do professor. Não apenas ver um cenário pronto, mas poder ver como este foi se construindo. Isso exige mais tempo. Também ver que não basta ter um bom plano de aula, na verdade isso acaba sendo apenas um detalhe diante de tantas outras exigências que a prática docente impõe. O professor precisa ter habilidade para dominar a turma mas sem autoritarismo, ou seja, precisa ganhar o respeito e a confiança dos aluno, precisa ser meio ator em alguns momentos, precisa saber o momento de dar espaço as crianças. Enfim, aspectos que só podemos aprender na prática e na observação de outros professores atuando. A importância de aulas criativas nas praticas da educação física escolar.

3 O que é criatividade? Segundo Moraes (1998) o termo criatividade apresenta diversas definições, mas a maioria delas enfatiza a vinculação entre criatividade e novidade. Para Alencar (1995) as mais diversas definições de criatividade propostas dizem respeito ao fato de que criatividade implica na emergência de um produto, seja uma ideia ou invenção original, seja a elaboração e aperfeiçoamento de produtos ou ideias já existentes. Também presentes em muitas definições é o fato de que não basta que a resposta seja nova, é também necessário que ela seja apropriada a uma dada situl. Criatividade pode ser definida como "habilidade que todo ser humano tem para produzir qualquer tipo de resultado mental ou corporal, novo e desconhecido para quem o produziu, desenvolvida de forma intencional e objetiva, podendo formar novos sistemas e combinações de informações conhecidas." Dieckert (apud MORAES, 1998, p. 68) É possível promover a criatividade na educação física escolar? Criatividade X materiais didáticos. Quando cheguei na escola minha primeira impressão foi bem impactante neste aspecto (colocar qual aspecto), tanto que eu mesma não consegui visualizar como todas aquelas possibilidades (quais) poderiam ser utilizadas. Meu pensamento foi que eu não teria criatividade suficiente para usar todos os recursos da escola. Segundo Moraes (1998) o desenvolvimento e a expressão da criatividade não dependem somente dos esforços do indivíduo, mas também é importante o contexto social onde o indivíduo se acha inserido. A falta de criatividade é um dos graves obstáculos para a Educação Física de melhor qualidade. Será que estamos tendo criatividade suficiente para essa aprendizagem significativa, que educa para a vida? Ou ao menos criatividade suficiente para evitarmos a evasão em nossa disciplina. Iniciamos as observações. Dentro do planejamento das aulas existem as atividades permanentes que podem ser aplicadas a qualquer momento. E também há o planejamento das aulas que seguem uma temática mais abrangente. Pois ao invés de simplesmente segmentar os bimestres em esporte, jogos, lutas, dança e ginástica o planejamento vai mais além. Entendendo a inter-relação entre os conteúdos dos eixos da educação física. Por exemplo: um rolamento não é exclusivo da luta, ele está na ginastica, na dança. E tendo isso em vista pode-se enriquecer e diversificar muito as aulas, sem ficar engessado numa única forma de ensinar. Esta forma de pensar por si só já traz muita criatividade às aulas e quando o professor estrutura as aulas a partir de outro olhar, usando da criatividade, os alunos também respondem dessa forma.

4 Que resultados podemos ter quando tornamos as aulas mais criativas? O que fica quando a aula termina? Que retorno pode-se observar a partir do resultado das aulas. Quando o professor traz novas formas de aplicar o conteúdo e quando o professor proporciona que os próprios alunos resolvam as tarefas e se auto organizem ao invés de simplesmente mandar, ditar o que cada um vai fazer e como vai fazer. O resultado que eu pude observar é que eles se tornam capazes de resolver pequenos conflitos, de resolver tarefas mais complexas em conjunto, de serem mais autônomos, menos dependentes, mais criativos na execução de atividades e melhor interação entre eles próprios. Os alunos têm atitudes criativas com liberdade, independência e responsabilidade. Segundo Moraes (1998) aulas que proporcionam prazer e satisfação, diminuem as barreiras, aumentam a aprendizagem, e as capacidades criativas se desenvolvem, preparando assim o homem para enfrentar as diversas dificuldades do cotidiano. É claro que também há um constante trabalho de educação por parte do professor. Atento a cada situação no que diz respeito a gênero, violência, respeito, egoísmo. Pois quando o professor identifica qualquer umas destas situações mas não interfere e age como se não tivesse visto, o resultado é sempre catastrófico. Eu observei nas aulas que o professor Eumar está trabalhando com tema de tempo de prontidão, tempo de jogo, tempo e interpretação e tempos humanos. Com o objetivo de através dos jogos chegar ao teatro. Essas aulas foram organizadas de forma que houvesse uma sequencia pedagógica a ser seguida e cujo os objetivos eram atingidos e os mesmos servia de base para das continuidade as próximas atividades. A princípio me pareceu que as aulas eram muito boas devido ao espaço e materiais disponíveis, porém com o passar das aulas eu pude observar que acima de tudo que criatividade é o material mais importante que um professor deve levar para sua aula, e ele poderá dar uma ótima aula mesmo sem materiais. Para exemplificar isso, quero relatar uma atividade maravilhosa que tive a oportunidade de observar. Foi uma aula dentro do planejamento que visava noção de tempo, espaço, reação e interpretação. Na qual as crianças foram divididas em grupos, cada qual devia representar um cenário humano tais como, cozinha, banheiro, academia e estacionamento, utilizando apenas o corpo e sem usar palavras. O resultado foi que eles exerceram muita autonomia e auto organização para montar e movimentar o cenário. E em cada um foi expressado muita criatividade, a qual eles não teriam exacerbado se nós tivéssemos determinado o que eles devia fazer. Mackinnon (apud ALENCAR, 1995) observou que as pessoas criativas apresentam os seguintes traços de personalidade: intuição, flexibilidade cognitiva, percepção de si mesmo como uma pessoa responsável, persistência e dedicação ao trabalho, pensamento independente, menor interesse em pequenos detalhes e maior nos significados

5 e implicações dos fatos, maior tolerância à ambiguidade, espontaneidade, maior abertura às experiências, interesses nãoconvencionais. Como enriquecer a aula sem que se precise de mais materias? Um elemento fantástico, que pode é deve ser muito explorado é utilizar do imaginário das crianças, que já é algo muito presente que elas já tem dentro delas. Criando uma pequena historia, o professor faz aflorar a criatividade e muito a ludicidade. Então um pedaço de pano se transforma num terrível monstro, uma simples corda vira uma perigosa cobra, o próprio chão se transforma num rio de lava fervente. Desta forma, eles se envolvem muito mais na atividade, acrescentam mais elementos criativos durante a vivência, aprendem a resolver problemas ao invés de seguir ordens. Precisamos dar desafios nos quais o aluno é obrigado a refletir antes de dar uma resposta. Conforme Freire (1994) o papel do professor é criar no aluno, condições de desequilíbrio, apresentando, para ele, o novo, o inusitado, o desconhecido. A criatividade do professor é importante tanto nas aulas para ensinar os alunos de formas diferentes, dando motivação a eles serem criativos, autônomos e confiantes, quanto na hora de resolver os pequenos conflitos do cotidiano escolar, pois não há uma receita pronta. É possível dar ótimas aulas as vezes sem material algum. Como professores, não podemos mudar o sistema já instalado, mas podemos causar pequenas e constantes rupturas. É, portanto, necessário que o professor organize atividades produtivas de aprendizagem, enfatizando o pensamento que conduza à solução criativa de problemas e à autonomia (MORAES, 1998). Uma forma diferente de trabalhar com jogos, que estou aprendendo no Pibid, é ao invés de ditar as regras já prontas, é ir testando e reinventando as regras junto com os alunos. Assim tornando - os ativos no processo, autônomos e capazes de refletir sobre o a atividade. Referências ALENCAR, E.M.L.S. Criatividade. 2. ed. Brasília: Editora da Universidade de Brasília, FREIRE, J.B. Educação de corpo inteiro. 4. ed. São Paulo: Editora Scipione, 1994.

6 MORAES, E.P. Importância da criatividade nas aulas de Educação Física, Monografia (Especialização em Educação Física) - Brasília: Faculdade de Educação Física / Universidade de Brasília, Brasília, 1998