O PROFESSOR SUPERVISOR DO PIBID: CONSIDERAÇÕES SOBRE A PRÁTICA E CONTRIBUIÇÕES PARA A FORMAÇÃO DE NOVOS DOCENTES

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1 O PROFESSOR SUPERVISOR DO PIBID: CONSIDERAÇÕES SOBRE A PRÁTICA E CONTRIBUIÇÕES PARA A FORMAÇÃO DE NOVOS DOCENTES RESUMO Silvina Pimentel Silva Caroline Teixeira Borges Joelma Freire Cordeiro O presente texto discute a temática da formação docente, a partir do Projeto Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), mais especificamente com o foco voltado para o professor que atua como supervisor. Tem como objetivo discutir o papel do professor supervisor, como também analisar a forma como a sua atuação neste projeto contribui para a formação dos alunos bolsistas. A metodologia está ancorada na abordagem qualitativa, mais especificamente na pesquisa bibliográfica. Assim, com base nos dados bibliográficos apresentados, tornou-se possível perceber que o trabalho do professor supervisor não é uma tarefa simples, pois envolve um acompanhamento minucioso, não apenas das atividades dos licenciandos, mas também dos resultados, ou seja, do rendimento escolar nas turmas envolvidas. Desta forma, pode-se concluir que o professor supervisor desempenha papel central no PIBID, pois suas funções passam pela orientação, acompanhamento e supervisão dos alunos e também dos resultados obtidos. Trata-se de um trabalho complexo que envolve reflexão, agregamento de valores, capacidade de liderança e desenvoltura na interação com os bolsistas. Acima de tudo, o professor supervisor ocupa uma importante posição no processo formativo dos alunos de licenciatura bolsistas participantes do projeto, visto que é ele o responsável por inseri-los e acompanhá-los no espaço da prática profissional, oferecendo sua própria experiência para subsidiar a aprendizagem dos futuros professores. Por fim, verificou-se que o professor supervisor do PIBID desempenha o papel de coformador em relação ao processo formativo dos bolsistas, contribuindo assim para formar professores mais preparados para lidar com as demandas da escola. Palavras chave: Formação Docente, Professor Supervisor, PIBID. 1.INTRODUÇÃO O presente texto aborda a temática da formação de professores da educação básica, tendo como referência o Projeto Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) com ênfase no professor que atua como supervisor do PIBID. Tem como objetivo discutir o papel do professor supervisor, como também analisar a forma como a sua atuação contribui para a formação dos alunos bolsistas

2 2 O referido programa está inserido no campo de políticas públicas de valorização do magistério e concede bolsas a alunos de cursos de licenciatura a fim de que estes possam inserir-se na escola, seu espaço de atuação profissional, e assim desenvolver atividades com o auxílio do professor supervisor, que deve ser um professor experiente que exerça suas funções em escolas públicas. Uma grande contribuição do programa para a formação de professores é o fato de colocar o futuro docente em contato com a realidade das condições de trabalho da escola básica pública evitando que os licenciandos criem imagens idealizadas e fora do real, o que pode ocasionar dificuldades quando de sua inserção no mercado de trabalho. É importante destacar que dentre outras coisas, o programa também possibilita o trabalho conjunto entre a universidade e a escola, rompendo assim, com a cultura de separação entre os acadêmicos e os professores da escola. O programa possibilita a visão da escola também como um local de formação e o professor supervisor atuando como coformador junto aos licenciandos. 2. PROFESSOR SUPERVISOR: FUNÇÕES E PRÁTICA PEDAGÓGICA NO ÂMBITO DO PIBID A docência é uma atividade bastante complexa, pois trata-se de um trabalho realizado sobre outro ser humano. A respeito da natureza do trabalho docente Tardif e Lessard (2007, p. 8) afirmam tratar-se de uma atividade em que o trabalhador se dedica ao seu objeto de trabalho, que é justamente um outro ser humano, no modo fundamental da interação humana. Desta forma, pode-se afirmar que em se tratando de um trabalho interativo, em que o objeto de trabalho não é inerte, e sim outra pessoa, que possui ideias, opiniões e valores próprios. Assim, não é possível controlar totalmente suas ações e reações ao trabalho que é feito sobre ele, pois este é um sujeito pensante, que pode tanto assumir uma postura colaborativa em relação ao professor, quanto de oposição a ele. No caso do professor supervisor, seu objeto de trabalho no PIBID são os alunos das licenciaturas e futuros professores que se encontram sob sua supervisão. Há uma relação de trabalho entre os dois e necessariamente, uma prática pedagógica envolvida. Ao descrever um sub-projeto na área de Química realizado no Ensino Médio de uma escola pública, Oliveira et al. (2011,p. 52) descreve as funções do supervisor como: acompanhamento, orientação e supervisão e desta ainda que, além disso, cabe 04902

3 3 ao professor supervisor o acompanhamento da evasão e do rendimento escolar, na disciplina de Química. Assim, é possível perceber que o trabalho do professor supervisor envolve um acompanhamento minucioso, não apenas das atividades dos licenciandos, mas também dos resultados, do rendimento escolar nas turmas envolvidas. É um trabalho que possui uma dimensão bem mais global do que se pode imaginar pela simples nomenclatura professor supervisor. Segundo Tardif (2012) existem três concepções da prática em educação. A primeira, é a educação enquanto arte, onde a atuação do professor está associada a de um artesão e parte do pressuposto da reflexão-na-ação. Sobre o processo de reflexãona-ação, Schon (1997, p 83) afirma que: existe primeiramente, um momento de surpresa: um professor reflexivo permite-se ser surpreendido pelo que o aluno faz. Num segundo momento, reflecte sobre esse facto [...]. Depois, num terceiro momento, reformula o problema suscitado pela situação; talvez o aluno não seja de aprendizagem lenta, mas, pelo contrário, seja exímio no cumprimento das instruções. Num quarto momento, efectua uma experiência para testar sua nova hipótese. Nesta concepção a prática acontece necessariamente atrelada à reflexão. O professor precisa ser necessariamente um sujeito reflexivo. A segunda concepção de prática é a educação enquanto técnica guiada por valores, esta aparece divida em duas esferas: subjetividade e objetividade. Nas palavras do próprio Tardif (2012, p.163): o significado dessas distinções é que a prática educacional mobiliza duas grandes formas de ação: por um lado, ela é uma ação guiada por normas e interesses que se transformam em finalidades educativas; por outro, é uma ação técnica e instrumental que busca se basear num conhecimento objetivo (por exemplo, as leis da aprendizagem, uma ciência do comportamento, etc.) e num fenômeno axiologicamente neutro dos fenômenos educacionais. Deste modo, essa concepção engloba duas formas de ação: uma baseada nos preceitos da objetividade por pautar-se em uma ciência objetiva, a outra regida por normas e interesses subjetivos. Por fim, a terceira concepção, a educação enquanto interação, chama a atenção para a dimensão interativa da docência onde o professor precisa estabelecer relações com os alunos a fim de atingir seus objetivos e proporcionar a formação destes. Trazendo essas colocações para o contexto do PIBID, observa-se que o trabalho dor professor supervisor perpassa as três concepções da prática citadas por Tardif, pois exige reflexão-na-ação, possui também uma dimensão técnica 04903

4 4 (objetividade) e é guiada por normas e interesses (subjetividade), além disso envolve a interação nas relações com os licenciandos. 3. O PAPEL DO PROFESSOR SUPERVISOR NA FORMAÇÃO DOS FUTUROS PROFESSORES Conforme destacado anteriormente neste texto, o PIBID é um projeto incluído no âmbito das políticas públicas de valorização do magistério e subscrita no campo de formação de professores. Deste modo, faz-se necessário considerar o papel do professor supervisor na formação dos alunos bolsistas e como tais contribuições são percebidas pelos sujeitos envolvidos. Primeiramente é importante apresentar a definição da palavra formação. Dentre as definições apresentadas pelo dicionário Novo Aurélio de Língua Portuguesa (2001), nos interessa a seguinte: ato, efeito ou modo de formar. Neste caso, faz referência à formação como uma ação, que no caso da educação, se dá sobre o outro. Para Antônio Nóvoa (1997,p. 18) mais do que um lugar de aquisição de técnicas e de conhecimentos,a formação de professores é o momento chave da socialização e da configuração profissional. Neste sentido, a formação é um momento em que se aprender não só teorias e práticas a serem empregadas em contextos formais de trabalho, mas para além disso é o momento em que o sujeito se configura profissionalmente. Daí a importância do contato com o espaço de atuação profissional desde o início da formação, pois permitirá a percepção da realidade em que os docentes se inserem. Formosinho (2009, p. 104) corrobora que a Prática Pedagógica é a componente intencional da formação de professores cuja finalidade explícita é iniciar os alunos no mundo da prática profissional docente. É correto afirmar que o PIBID cumpre bem esse propósito formativo pois coloca os alunos em seu espaço de atuação docente desde cedo, no início de sua formação. Oliveira et al. (2011) elenca algumas contribuições do PIBID para a formação docente, extraídas de relatos dos próprios alunos bolsistas. Dentre outras coisas, foram relatadas coisas como: um maior conhecimento teórico, a valorização das atividades em grupo, o desenvolvimento da aprendizagem do licenciando e a viabilização da busca de novas estratégias para solucionar problemas do ensino, tornando a melhoria do ensino público uma realidade. Levando em consideração as contribuições mencionadas, é importante ressaltar que a atuação do professor supervisor é imprescindível para a aprendizagem 04904

5 5 dos alunos de licenciatura, pois este profissional acompanha as atividades e realizadas e proporciona a orientação necessária, possibilitando uma maior aprendizagem que por sua vez, permitirá a formação de professores mais preparados para lidar com as especificidades da sala de aula. Portanto, pode-se afirmar que o professor supervisor atua como coformador em relação ao processo de formação dos licenciandos que participam do PIBID na condição de bolsistas. 4.CONSIDERAÇÕES FINAIS Com base nos argumentos apresentados, pode-se concluir que o professor supervisor desempenha papel central no PIBID, pois suas funções passam pela orientação, acompanhamento e supervisão dos alunos e também dos resultados obtidos. Trata-se de um trabalho complexo que envolve reflexão, o agregamento de valores, capacidade de liderança e desenvoltura na interação com os bolsistas. Assim, acima de tudo, o professor supervisor ocupa uma importante posição no processo formativo dos licenciandos, visto que é ele o responsável por inseri-los e acompanhá-los no espaço da prática profissional, oferecendo sua própria experiência para subsidiar a aprendizagem dos futuros professores. Portanto, o professor supervisor do PIBID atua como coformador no processo formativo dos bolsistas, contribuindo assim para formar professores mais preparados para lidar com as demandas da escola, o que sinaliza uma melhoria na educação básica de modo geral. 5. REFERÊNCIAS FERREIRA, Aurélio. Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. 2ed, 24 imp.rev. ampl. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 2001 FORMOSINHO, João (Coord.). Formação de professores: aprendizagem profissional e ação docente. Portugal: Porto, NÓVOA, António. Formação de professores e profissão docente. In: Os professores e a sua formação. 2. ed. Lisboa: Dom Quixote, 1995, p OLIVEIRA, Ana Lúcia Nunes Falcão et al. Avaliação das ações do PIBID: área de Química da UFPI no ensino médio da escola pública. In: CARVALHO, Antonia Dalva França. (org.). O PIBID na formação para o trabalho docente: enfoques pragmáticos. Teresina: EDUFIP, P SCHÖN, Donald A. Formar professores como profissionais reflexivos. In: NÓVOA, António. (coord.). Os professores e a sua formação. 2. ed. Lisboa: Dom Quixote, 1995, p TARDIF, Maurice. Saberes docentes e Formação Profissional. Petrópolis/2RJ: Vozes, LESSARD, Claude. O trabalho docente: elementos para uma teoria da docência como profissão de interações humanas. Tradução de João Batista Kreuch. 3ª ed. Petrópolis, Rj: Vozes,