III Congresso de Pesquisa e Extensão da FSG I Salão de Extensão & I Mostra Científica
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- Suzana Alcaide Tuschinski
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1 III Congresso de Pesquisa e Extensão da FSG I Salão de Extensão & I Mostra Científica ISSN PERFIL NUTRICIONAL DE PORTADORES DE SINDROME DE DOWN: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Ana Paula Bosi a, Joana Zanotti b a Graduanda em Nutrição (FSG), Faculdade da Serra Gaúcha (FSG), anapaula_bosi@hotmail.com b Mestra em Ciências Médicas (UFRGS), Faculdade da Serra Gaúcha (FSG), joana.zanotti@fsg.br Informações de Submissão anapaula_bosi@hotmail.com Rua Marechal Randon, Caxias do Sul - RS - CEP: Palavras-chave: Síndrome de Down. Estado Nutricional. Nutrição. Resumo: A Síndrome de Down (SD) é a cromossomopatia mais comum em humanos sendo a principal causa de deficiência intelectual e atraso no desenvolvimento na população. A obesidade e o excesso de peso são aparentemente comuns nesta população por terem sua taxa metabólica basal diminuída juntamente ao maior consumo alimentar e baixo nível de atividade física. Percebe-se também que o crescimento destes indivíduos difere em relação aos demais. Assim, o objetivo deste estudo é realizar uma revisão da bibliografia relacionando o estado nutricional, hábitos alimentares e frequência de atividade física de crianças e adolescentes portadores da Síndrome de Down. Foi realizada busca ativa em base de uma pesquisa bibliográfica, desenvolvida com artigos científicos de revistas eletrônicas (Scielo, Google acadêmico, Pubmed), além de fontes literárias. As publicações utilizadas foram dos anos de 2004 a Através do levantamento bibliográfico realizado, observou-se que grande parte dos indivíduos portadores da Síndrome de Down apresenta sobrepeso ou obesidade iniciando na infância e se estendendo para a vida adulta. Assim, sabendo que este público apresenta a prevalência de sobrepeso e obesidade, torna-se de fundamental importância à realização de estratégias nutricionais. INTRODUÇÃO: A Síndrome de Down (SD) ou trissomia do 21 é uma alteração cromossômica caracterizada pela presença de um cromossomo extra no par 21 descoberta por John Langdon Down. Esta alteração ocorre em 95% dos casos de SD. O 5% restante incluem mosaicismo, translocação ou duplicação gênica (MATOS, 2007). É a cromossomopatia mais comum em humanos sendo a principal causa de deficiência intelectual e atraso no desenvolvimento na população. As diferenças presentes no aspecto físico e no desenvolvimento decorrem de pontos genéticos individuais, nutrição, intercorrências clínicas, educação, estimulação e contexto familiar e social, não podendo por tanto, segundo consenso
2 1290 da comunidade científica, atribuir graus à SD. No Brasil, a cada 600 e 800 nascimentos, um é com SD (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2013). Acomete todas as raças e grupo socioeconômicos, sendo como fator de risco a idade materna e seu diagnóstico é confirmado através do exame do cariótipo (MARTIN, 2011). A idade materna e a baixa ingestão de ácido fólico são fatores de risco para o nascimento de crianças com SD. Mulheres 20 anos, a possibilidade de nascer uma criança com a síndrome é de 1:1500. Mulheres entre 35 e 39 anos, o risco de virem a ter crianças com SD é de 6,5 vezes maior sendo 1:380 e para aquelas com 45 anos, é de quase 1:28 (SANTOS, 2006; MATOS, 2007). Além do comprometimento intelectual, problemas de saúde como: Cardiopatia congênita, problemas de audição, hipotonia, problemas de visão, alterações na coluna cervical, tireoide, obesidade e envelhecimento precoce também podem ocorrer no portador da SD (MATOS, 2007). Essas características afetam direta ou indiretamente a nutrição destes pacientes, pois compromete os movimentos da mastigação, deglutição e consequentemente leva a escolhas alimentares monótonas e limitadas. Leva também ao desenvolvimento de constipação e refluxo gastresofágico devido à má formação e/ou hipotonia dos músculos do sistema digestório (MOURA, 2009). A obesidade e o excesso de peso são aparentemente comuns nesta população por terem sua taxa metabólica basal diminuída juntamente ao maior consumo alimentar e baixo nível de atividade física. Percebe-se também que o crescimento destes indivíduos difere em relação aos demais, pois apresentam o estirão de crescimento precocemente e o seu crescimento linear em menor velocidade, quando comparados ao público sem a síndrome resultando em indivíduos com uma estatura mais reduzida (MENDONÇA, 2008; SANTOS, 2006; ZINI, 2009). Nos últimos anos, houve a construção de diversas curvas de crescimento para portadores de Síndrome de Down, permitindo avaliar de forma precisa o padrão de crescimentos dessas crianças, diagnosticar as comorbidades e prevenir a obesidade e complicações futuras (VALENZUELA, 2011). Assim, o objetivo deste estudo é realizar uma revisão da bibliografia relacionando o estado nutricional, hábitos alimentares e frequência de atividade física de crianças e adolescentes portadores da Síndrome de Down. REFERENCIAL TEÓRICO: Alimentação e Estado Nutricional na Síndrome de Down Uma alimentação saudável deve ser realizada de uma forma inteiramente variada, para que o organismo receba todos os nutrientes e energia necessários para o seu completo funcionamento. Hoje, as práticas alimentares tem sido objeto de estudo da ciência devido ao aumento de sobrepeso e obesidade, sendo estas definidas como o excesso de gordura corporal devido ao consumo de alimentos
3 1291 mais calóricos e a redução de atividades físicas, e com isso o desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis como hipertensão, hiperlipidemais e hiperinsulinemia (MEDEIROS, 2011; VALLE, 2007). O estado nutricional dos indivíduos é fortemente influenciado por seus hábitos alimentares, como a substituições de refeições por lanches de valores calóricos elevados e com baixo valor nutricional, o alto consumo de refrigerantes, alimentos industrializados, doces, ricos em gorduras e o baixo consumo de frutas e hortaliças acabam levando a desvios nutricionais. É na infância que se da o desenvolvimento dos hábitos alimentares. Essa formação contribuirá para o desenvolvimento de hábitos alimentares na vida adulta. (ZUCHETTO, 2011). A prevalência de crianças e adolescentes obesos virem a serem adultos obesos faz da obesidade um dos maiores problemas de aspecto nutricional na infância (MEDEIROS, 2011). Estudos tem mostrado a importância do consumo de frutas e hortaliças para a prevenção da obesidade e de suas complicações futuras, porém o consumo destes alimentos por crianças, se da em um contexto negativo pelos pais (RINALDI, 2008). Na Síndrome de Down, as crianças ao nascer, acabam apresentando diferenças anatômicas e estruturais que as levam a ter problemas alimentares. Apresentam uma musculatura mais flácida na qual deve ser estimulada logo ao nascer. Poderão apresentar no inicio dificuldades para a sucção, deglutição e futuramente, desenvolver problemas com a mordida e mastigação (MOURA, 2009). É possível observar também que as habilidades em relação à alimentação são atrasadas quando comparadas a outras crianças. Este público apresentam fatores como: a baixa produção de saliva, a pouca coordenação para sugar e deglutir e cavidade oral pequena onde muitas vezes se faz necessário o uso de outras vias de alimentação, como a nasogástrica ou gastrostomia. Protrusão lingual, mandíbulas pequenas e dentição tardia também interferem na alimentação por via oral destas crianças fazendo com que suas escolhas alimentares sejam monótonas e limitadas interferindo em seu padrão alimentar (ZUCHETTO, 2011; PIRES, 2011; PACHECO, 2013). A hipotonia dos lábios acaba fazendo com que fiquem com a boca entreaberta, ocasionando dificuldades para mastigar, cuspir e engolir o alimento, gerando a recusa de alimentos crocantes ou de difícil mastigação (ROIESKI, 2010). Acabam desenvolvendo a obesidade, compulsão alimentar, hipotireoidismo, metabolismo desacelerado e obstipação devido a hipotonia dos músculos envolvidos na digestão (MOURA, 2009). Para compensar este erro cromossômico, os pais acabam dando liberdade sem restrição ao ato de comer destas crianças onde irá favorecer o desenvolvimento das DCNT, já que elas apresentam uma autonomia e independência para realizarem suas escolhas alimentares. A preferência por alimentos de fácil mastigação e alta densidade energética juntamente ao fato da Cerca de 60% dos portadores da SD apresentam hábitos alimentares inadequados e em 83% à alimentação difere dos hábitos considerados saudáveis (GIARETTA, 2009; SANTOS, 2010). A independência alimentar, pode favorecer a um desequilíbrio de nutrientes, onde o consumo de vitaminas, minerais e fibras será inadequado, acarretando riscos para esta população. Para superproteger as crianças, estes pais acabam
4 1292 ofertando maiores quantidades de comida às crianças, incluindo guloseimas e lanches extras (ROIESKI, 2010; ZUCHETTO, 2011). Por apresentarem os músculos com hipotonia, ou seja, uma redução do tônus muscular, após uma refeição os portadores da SD não sentem a sensação de saciedade e por isso comem mais do que o necessário. Apresentam também os índices de leptina, responsáveis pelo controle do apetite, elevados e com isso tendem a comer mais. A resistência à insulina também é encontrada nestes portadores, o que acaba levando a desenvolverem um maior acúmulo de gordura corporal e diabetes (MOURA 2009; PIRES, 2011; RIBEIRO, 2014). Sendo assim, a obesidade e o excesso de peso são aparentemente comuns nesta população, pois apresentam sua taxa metabólica basal diminuída juntamente ao maior consumo alimentar e baixo nível de atividade física (SANTOS, 2006; MENDONÇA, 2008; ZINI, 2009; ZUCHETTO, 2011). Este grupo apresenta, assim como a população sem a síndrome, prevalência elevada de sobrepeso e obesidade iniciando na infância e seguindo para a vida adulta (SANTOS, 2006). Necessitam de uma dieta equilibrada e de acompanhamento adequado para que a obesidade e as demais patologias associadas possam ser prevenidas (PIRES, 2011). Para que estas criança e adolescentes se tornem adultos sem sobrepeso e/ou obesidade, é necessário um trabalho integrado entre família, equipe multidisciplinar e nutricionista (GIARETTA, 2009; ZUCHETTO, 2011). O acompanhamento nutricional desde o nascimento é essencial. A prática do aleitamento materno é muito recomendada por nutricionistas, pois ira auxiliar tanto na nutrição como no trabalho muscular deste bebê, onde irá ajudar a melhorar o tônus muscular dos lábios, boca e língua. Por não possuírem uma correta orientação e devido ao retardo mental da criança, muitas mães não reconhecem a hora de mudar a consistência do alimento, de realizar uma progressão alimentar, e com isso a dieta da criança permanece entre alimentos líquidos e pastosos, pois são de fácil mastigação e deglutição. Manter essa prática alimentar por muito tempo, evita que a criança desenvolva uma progressão na consistência dos alimentos (MOURA 2009; ROIESKI, 2010). A nutrição irá auxiliar na escolha dos produtos alimentícios e lanches mais adequados para o consumo, assim como no tamanho das porções e ajudar a estabelecer um plano alimentar mais adequado para modificar o comportamento alimentar negativo (ZUCHETTO, 2011). Avaliação Antropométrica A avaliação antropométrica é uma ferramenta utilizada como diagnóstico nutricional que possui como objetivo verificar se o crescimento e as proporções corporais estão dentro do esperado (SICA, 2012). Segundo Santos (2006), os portadores de Síndrome de Down possuem a velocidade de ganho de peso, da infância até a adolescência, semelhante às pessoas sem a síndrome. Porém, a velocidade do
5 1293 seu ganho estatural se encontra reduzida, podendo este fator justificar os casos de sobrepeso e obesidade nestes indivíduos. Esta baixa estatura, é a principal característica destes portadores. Com este crescimento anormal, o uso de curvas de crescimento específicas para esta população é indicada para um diagnóstico mais preciso em relação ao estado nutricional (ZINI, 2009). A distribuição de forma diferente da gordura corporal neste público é outro particularidade da síndrome podendo estar relacionada a SD ou ser resultado da hipotonia muscular. Por apresentarem uma falta de massa corporal magra, sua taxa metabólica basal se torna reduzida o que leva ao automático acúmulo de gordura (RIBEIRO, 2014). A velocidade de crescimento linear após o nascimento, reduz em 20% entre o 3º e 36º mês de vida para os portadores de ambos os sexos, para meninas entre 3 e 10 anos, reduz cerca de 5% e 10% para meninos entre 3 e 10 anos. Já para 10 e 17 anos em meninas e 12 e 17 anos em meninos, a redução é de 27% e 50% respectivamente. Por apresentarem disfunção na tireóide e hipotonia, sua composição muscular é diferente (SANTOS, 2006). Nos últimos anos, houve a construção de diversas curvas de crescimento para portadores de Síndrome de Down, permitindo avaliar de forma precisa o padrão de crescimentos dessas crianças e adolescentes, avaliar o estado nutricional e diagnosticar as comorbidades e prevenir a obesidade e complicações futuras (VALENZUELA, 2011). Um dos parâmetros muito utilizados para avaliar estes portadores, é a curva de crescimento específico de Cronk et al que foi criada com os dados da população americana, na qual relaciona peso e estatura com a idade de crianças e adolescentes de 1 mês a 18 anos e considera as morbidades encontradas com maior frequência nesse público, como hipotireoidismo e doenças cardíacas congênitas (SANTOS, 2006; GORLA, 2011). O uso destas curvas permite avaliar de maneira correta o padrão adequado de crescimento destas crianças, diagnosticar comorbidades precocemente e prevenir futuras complicações (VALENZUELA, 2011). Cronk et al em 1978 realizou um estudo transversal com 90 crianças americanas que eram portadoras da SD entre zero e 36 meses e observou-se que o peso e a estatura ao nascerem ficaram em torno de -0,5DP comparado a população geral americana. Aos 36 meses, os valores de peso e comprimento ficaram entre -1,5DP e -2DP. O crescimento foi mais reduzido nos primeiros dois anos. Em 1988 o mesmo autor aumentou sua população de estudo. Avaliou 730 crianças entre um mês a 18 anos. Foram montadas curvas com cinco percentis divididos por idade e sexo. O sexo feminino e masculino com SD apresentou o valor da estatura média final, menor que a população geral. A tendência de sobrepeso e obesidade foi observada no final da infância. Foi observado também que o ganho de peso é mais elevado em relação ao ganho de estatura resultando em um IMC elevado. Observa-se menor velocidade de ganho de estatura nesses portadores, chegando a 50% aos 17 anos, ocorrendo à interrupção deste ganho aos 16 anos para meninos e 15 anos para as meninas (SANTOS, 2006; GORLA, 2011; VALENZUELA, 2011).
6 1294 Estudo realizado por Santos (2006), comparando portadores da trissomia do 21 com grupos controles (Idade Biológica e Idade Cronológica), observou que o IMC deste grupo de portadores era maior e é possivelmente explicado devido ao fato de que os portadores apresentam o ganho de peso semelhante ao grupo controle e seu ganho de estatura é reduzido. Outro estudo realizado por Dal Bosco et al (2011), com 46 indivíduos entre 2 e 50 anos, utilizou-se como métodos para avaliar o estado nutricional de portadores entre 2 e 18 anos as curvas de crescimento específicas de Cronk. Para os indivíduos entre 19 e 50 anos, foi utilizado o IMC conforme os pontos de corte da Organização Mundial da Saúde de 1998, pois para os portadores de SD nessa faixa etária, não há classificação específica. A OMS considera a obesidade como uma doença crônica na qual há excesso do tecido adiposo e a ocorrência facilita o desenvolvimento de dislipidemais, diabetes melittus, afecções pulmonares, cânceres, problemas renais, alterações endócrinas dentre outros (MARTIN, 2011). O peso e a composição corporal são resultados do balanço energético. Quando este é positivo, ou seja, a ingestão é maior que o gasto resulta em um ganho de peso. Quando é negativo, onde a ingestão é menor que o gasto, ocorre a perda de peso e neutro quando a ingestão é igual ao gasto, resulta em manutenção do peso (SANTOS, 2010). Atividade física Crianças e adolescentes devem ser estimuladas a realizar atividade física com o objetivo de desenvolver a massa magra e auxiliar no gasto calórico. Caracteriza-se como atividade física qualquer movimento corporal que resulte num gasto acima dos níveis de repouso. O exercício aeróbio apresenta características favoráveis aos portadores da síndrome, pois atua de forma significativa na capacidade cardiorrespiratória e no percentual de gordura. Além disso, realizar atividade física promoverá um melhor condicionamento cardiovascular, redução de medidas corporais, redução de IMC, frequência cardíaca, colesterol, sintomas de depressão e asma. Realizar atividade física é um hábito saudável em relação ao controle e tratamento de obesidade (ZUCHETTO, 2011; SICA, 2012). Fatores como: escolas sem atividade física, pais sedentários, residir em área urbana, TV no quarto da criança são fatores que podem levar ao sedentarismo. Para os portadores da SD, a inatividade física pode estar associada a condições relacionadas à síndrome como hipotonia e fraqueza muscular, problemas cardíacos e respiratórios. A hipotonia muscular promove uma menor flexibilidade e consequentemente, menor o desejo para o desenvolvimento de atividades físicas (ZUCHETTO, 2011). A Educação Física presente na grade curricular das escolas, tem como objetivo promover uma vasta variedade de experiências ao portador da síndrome, pois a cada estímulo gerado, as adaptações vão se tornando mais fáceis. Além do desenvolvimento motor, o desenvolvimento cognitivo também é
7 1295 estimulado fazendo assim com que o portador apresente comportamentos mais amenos, mais autoestima e confiança desejando sempre buscar mais desafios e sensações ligadas ao poder da auto superação (SANTOS, 2010). MATERIAL E MÉTODOS: O presente estudo consiste em uma revisão bibliográfica sobre o perfil nutricional de portadores da Síndrome de Down. Foi realizada busca ativa em base de uma pesquisa bibliográfica, desenvolvida com artigos científicos de revistas eletrônicas (Scielo, Google acadêmico, Pubmed), além de fontes literárias. As publicações utilizadas foram dos anos de 2004 a A linguagem pesquisada foi o português. Para busca de informação sobre a temática foram utilizados os seguintes termos: Síndrome de Down, Perfil Nutricional, Estado Nutricional. RESULTADOS E DISCUSSÕES: Através do levantamento bibliográfico realizado, observou-se que grande parte dos indivíduos portadores da Síndrome de Down apresenta sobrepeso ou obesidade iniciando na infância e se estendendo para a vida adulta como mostra um estudo realizado por Giaretta (2009) e Santos (2010) onde cerca de 60% dos portadores da SD apresentam hábitos alimentares inadequados e em 83% à alimentação difere dos hábitos considerados saudáveis. Para Moura (2009), estes indivíduos acabam desenvolvendo a obesidade e compulsão alimentar devido à hipotonia dos músculos envolvidos na digestão. Outro fator que leva a obesidade neste público, além da hipotonia muscular que dificulta a prática de atividades físicas, é a taxa metabólica basal destes que se encontra reduzida (SANTOS, 2006; MENDONÇA, 2008; ZINI, 2009; ZUCHETTO, 2011). Em 1988, quando Cronk et al avaliaram 730 crianças entre um mês a 18 anos e encontraram que o sexo feminino e masculino apresentavam valores da estatura média final menor que a população geral sem a síndrome. Foi observado também que o ganho de peso é mais elevado em relação ao ganho de estatura resultando consequentemente em um IMC elevado. Já na avaliação de Dal Bosco et al (2011), com 46 indivíduos portadores da SD entre 2 e 50 anos, encontrou-se que 10,9% apresentavam baixo peso para estatura, 32,6% eram eutróficos e 56,5% apresentavam sobrepeso ou obesidade sendo que os dois últimos correspondiam a indivíduos na faixa de 19 a 50 anos indo de encontro com outros estudos que apresentaram que este público tem maior prevalência de sobrepeso e obesidade.
8 1296 CONCLUSÃO: Sabe-se que uma alimentação saudável previne o surgimento de doenças crônicas não transmissíveis como diabetes e obesidade. Associado às práticas de atividade física, a alimentação adequada contribui para a adequação do estado nutricional. Nos últimos anos, vem ocorrendo uma mudança nos hábitos alimentares tanto de indivíduos com a Síndrome de Down quanto àqueles sem a Síndrome. Conhecer os fatores associados ao estado nutricional de crianças e adolescentes com Síndrome de Down torna-se indispensável, possibilitando assim uma intervenção nutricional precoce, visto que este público apresenta uma maior prevalência de sobrepeso e obesidade, devido a sua taxa metabólica reduzida e também devido a fatores ambientais. Tendo em vista que os portadores da Síndrome de Down apresentam características fenotípicas diferenciadas, na qual se observa a prevalência de sobrepeso e obesidade, torna-se de fundamental importância à realização de estratégias nutricionais com este público para a promoção do adequado estado nutricional e a formação de hábitos alimentares saudáveis. REFERÊNCIAS Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Diretrizes de atenção à pessoa com Síndrome de Down / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. 1. ed., 1. reimp. Brasília : Ministério da Saúde, GORLA, José Irineu; DUARTE, Edison; COSTA, Leonardo Trevisan; FREIRE, Fábia. Crescimento de crianças e adolescentes com Síndrome de Down Uma breve revisão de literatura. Rev Bras Cineantropom Desempenho Hum, São Paulo 2011, n. 13 v.3 GIARETTA, A.; GHIORZI, A.R. O ato de comer e as pessoas com Síndrome de Down. Rev Bras Enferm. Brasília, MARTIN, Juan Eduardo Samur-San; MENDES, Roberto Teixeira; HESSEL, Gabriel. Peso, estatura e comprimento em crianças e adolescentes com síndrome de Down: análise comparativa de indicadores antropométricos de obesidade. Rev. Nutr., Campinas, v. 24, n. 3, June MATOS, Sócrates Bezerra De; SANTOS, Leonardo Caires Dos; PEREIRA, Ciro Silveira; BORGES, Kleiton Silva. Síndrome de Down: avanços e perspectivas. Rev. Saúde. Com. Ilhéus, v3, n.2, 2007 MEDEIROS, Carla Campos Muniz et al. Estado Nutricional e Hábitos de Vida em Escolares. Rev Bras Crescimento Desenvolvimento Hum, v.21, n.3, 2011.
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