Guias sobre tratamento da obesidade infantil
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- Neuza Lancastre Paixão
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1 Guias sobre tratamento da obesidade infantil Uma força-tarefa da Endocrine Society dos Estados Unidos publicou um conjunto de guias atualizadas de prática clínica para avaliação, tratamento e prevenção da obesidade na infância e na adolescência, disponível através do link: Antes de comentar sobre os novos direcionamentos americanos e suas principais recomendações, optamos por realizar uma breve revisão do cálculo e classificação do IMC para a população pediátrica. Em crianças, o índice de massa corporal associa-se, de modo significativo, à obesidade. Em razão da variação de peso e altura que ocorrem durante o crescimento, a interpretação difere de acordo com o sexo e a faixa etária. O limite de normalidade é estabelecido por curvas de IMC específicos para idade e sexo, sendo classificadas como sobrepeso e obesidade, respectivamente quando maior ou igual ao desvio padrão +2 e +3 escores Z-IMC - isto para crianças até os 5 anos de idade. O Brasil adota as curvas de IMC da Organização Mundial da Saúde (OMS), disponíveis para meninas e meninos de 0 a 5 anos, de 5 a 19 anos. Como calcular? Após cálculo habitual do IMC, este valor deve ser colocado na tabela específica para idade e no ponto de cruzamento da curva é definido o desvio padrão em que se encontra. Exemplo: Menina de 3 anos, 15 kg, altura 0,97 cm, tem IMC de 15,9. Ao ser colocado na tabela abaixo se apresenta em desvio padrão próximo a zero, portanto eutrófico.
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3 A Força Tarefa Internacional para a Obesidade define a condição de sobrepeso para um índice situado na curva de percentil de índice de massa corporal entre os valores de 85% a 95% para faixa etária e a classificação de obesidade corresponde ao valor acima de 95%. O cálculo é realizado da mesma maneira para o IMC, porém ao ser colocado na tabela o desvio padrão é substituído pelo percentil. Uma criança ou adolescente cujos valores de IMC estão entre os percentis 85 e 95 para idade e sexo é considerada como sobrepeso, enquanto aquelas cujo IMC está acima de 95 para idade e sexo são consideradas obesas. Crianças abaixo de dois anos de idade são consideradas obesas se a relação específica por sexo do peso pelo comprimento for maior ou igual ao percentil de 97,7 nos gráficos da Organização Mundial da Saúde, observam os membros da força-tarefa.
4 Exemplo:
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6 No atual guia técnico foi observado que as taxas de obesidade infantil nos Estados Unidos parecem ter estabilizado nos últimos anos. A notícia não tão boa é que os membros da força-tarefa foram obrigados a adicionar novas definições para "obesidade extrema", um grupo que infelizmente continua a aumentar em prevalência. As crianças com idade maior que dois anos são consideradas extremamente obesas se têm um índice de massa corporal (IMC) 120% do percentil 95 ou 35 kg/m2, dependendo da etnia. Os membros da força-tarefa recomendam que os médicos avaliem rotineiramente crianças e adolescentes ao atingirem um IMC igual ou acima do percentil 85, em busca de comorbidades comuns relacionadas à obesidade, como pré-diabetes ou diabetes, dislipidemia e hipertensão. Por outro lado, eles aconselham a não solicitar exames laboratoriais de rotina na tentativa de identificar as poucas e raras causas endócrinas que resultam em obesidade pediátrica, a menos que justificado por características clínicas sugestivas. Da mesma forma, para as causas genéticas de obesidade infantil e adolescente, os exames genéticos devem ser limitados a crianças com obesidade precoce, história familiar de obesidade extrema ou hiperfagia. Assim como nas diretrizes anteriores, os membros da força-tarefa colocam ênfase considerável na prevenção da obesidade, argumentando que é difícil alcançar resultados eficazes e duradouros com modificação do estilo de vida uma vez que a obesidade está instalada.. A pedra angular para prevenção e tratamento da obesidade é, naturalmente, a mudança no estilo de vida. A estratégia precisa ser multifacetada e direcionada não apenas à criança ou adolescente, mas à família dela, e ao contexto educacional e social em que vivem. Os clínicos, por exemplo, precisam prescrever e, posteriormente, apoiar hábitos alimentares saudáveis, a maioria deles evidentes, incluindo evitar alimentos e bebidas ricos em calorias e com poucos nutrientes. Os pacientes também devem ser desencorajados a beliscar constantemente, especialmente após a escola e o jantar, e os pais devem ser incentivados a planejar refeições regulares.
7 Crianças e adolescentes precisam realizar um mínimo de 20 minutos por dia idealmente 60 minutos de atividade física vigorosa, pelo menos cinco dias por semana. Outros aspectos também devem ser considerados como a promoção de padrões de sono saudáveis, limitar tempo das crianças diante de uma tela (fora das tarefas escolares) a não mais de duas horas ao dia, e desencorajar outros comportamentos digitais sedentários. Reconhecendo o impacto psicológico que muitas vezes acompanha a obesidade, os membros da força-tarefa recomendam que crianças e adolescentes sejam avaliados quanto à presença de problemas psicossociais, caso suspeitem de que tais questões estejam ocorrendo. Em contraste com as diretrizes anteriores, os membros da força-tarefa já não recomendam o aleitamento materno para prevenir a obesidade, uma vez que as evidências que embasavam as recomendações anteriores para isso foram consideradas fracas. Apenas um dos agentes farmacológicos aprovados pelo FDA para tratamento da obesidade podem ser utilizados para indivíduos entre os 12 e 16 anos de idade, que é o Orlistate, porém os profissionais de saúde, desde que tenham experiência no uso, poderão utilizar outros agentes farmacológicos se houver insucesso com as medidas não farmacológicas. Também foram melhor definidos os riscos e benefícios da cirurgia bariátrica em adolescentes e os membros da força-tarefa detalham várias opções cirúrgicas nas novas diretrizes. No entanto, caso seja considerado, o procedimento bariátrico deve ser realizado somente em pacientes com a puberdade completa e com comorbidades graves relacionadas à obesidade, devendo sempre haver uma tentativa de mudança de hábitos de vida e alimentares de longo prazo antes da opção pela cirurgia.. "Apesar de um aumento significativo em pesquisas sobre a obesidade pediátrica desde a publicação inicial dessas diretrizes há oito anos, são necessários mais estudos sobre os fatores genéticos e biológicos que aumentam o risco de ganho de peso e influenciam a resposta às intervenções terapêuticas", observam o Dr. Styne e colaboradores.
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