TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo ACÓRDÃO

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1 TRIBUNAL DE JUSTIÇA PODER JUDICIÁRIO São Paulo Registro: ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos do Apelação nº , da Comarca de Socorro, em que é apelante JOSE VALDIR DE CAMARGO sendo apelado MARIA APARECIDA DA SILVA CUSTODIO. ACORDAM, em do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Deram provimento ao recurso. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Exmo. Desembargadores GRAVA BRAZIL (Presidente sem voto), ANTONIO VILENILSON E JOSÉ LUIZ GAVIÃO DE ALMEIDA. São Paulo, 6 de setembro de Viviani Nicolau RELATOR Assinatura Eletrônica

2 VOTO Nº : 7946 APELAÇÃO Nº : ( /1-00) COMARCA : SOCORRO APTE. APDA. M2 : JOSÉ VALDIR DE CAMARGO (AJ) : MARIA APARECIDA DA SILVA CUSTÓDIO APELAÇÃO. Usucapião especial Improcedência Apelo do autor Consistência- Área usucapienda inferior ao módulo rural estabelecido para a região - Irrelevância - Requisitos necessários para a aquisição da propriedade comprovados nos autos Reclamo acolhido para declarar o domínio do apelante sobre o imóvel usucapiendo - Recurso provido.(voto 7946). Trata-se de ação de usucapião ajuizada por JOSÉ VALDIR DE CAMARGO, julgada improcedente nos termos da r. sentença de fls. 302/304, proferida pelo Excelentíssimo Juiz de Direito JOSÉ ROBERTO LEME ALVES DE OLIVEIRA. Inconformado, bate-se o autor pela inversão do julgado aduzindo provados, nos autos os requisitos exigidos pela norma do art do Código Civil vigente (fls. 306/307). Tempestivo, o apelo foi recebido (fls. 308), o Ministério Público, em Primeira Instância, manifestouse pela ratificação do julgado (fls. 309/311) Com parecer da Ilustrada Procuradoria Geral de Justiça favorável ao recorrente (fls. 317/319), o recurso foi distribuído ao Excelentíssimo Desembargador Osni de Souza (fls. 320) e nos termos da Resolução 2004/05, redistribuído a este relator (fls. 321). É O RELATÓRIO. Cuida, a espécie, de apelo interposto APELAÇÃO Nº SOCORRO - VOTO DVN 2

3 com vistas à reforma do decreto de improcedência exarado em ação de usucapião por apresentar o imóvel usucapiendo dimensão inferior que a de um módulo rural estabelecida para a região. O apelante comprovou a posse mansa e pacífica do imóvel que encerra área de 3.192,34 metros quadrados por período superior a trinta anos. Alegou, ainda, que não é proprietário de outro imóvel rural ou urbano, que o referido imóvel tornou-se produtivo e que lhe serve de residência, bem como a seus familiares. Inexistente impugnação à alegada ocupação, presentes se afiguram os requisitos necessários para a aquisição da propriedade. O fato de a área ser inferior ao módulo rural estabelecido pelo artigo 5º, inciso III, do Estatuto da Terra, somente se aplica em caso de transmissão da propriedade por ato voluntário entre pessoas vivas, mas nunca ao usucapião, que é modo originário de aquisição de propriedade. Não é obstáculo à aquisição de propriedade de gleba de terra menor do que o módulo rural, através de usucapião extraordinário, a prescrição limitativa do Estatuto da Terra, uma vez que a legislação citada impede tãosomente a transferência, com desmembramento de área rural, sendo esta menor do que o módulo legal, mas não cria novo requisito para o usucapião. Segundo escólio de Benedito Silvério Ribeiro: Por mais que se combata o minifúndio, afigura-se injusto obstar aos possuidores de imóveis rurais que adquiram por usucapião rural área inferior ao módulo, de vez que estariam frustrados aqueles ocupantes de nesgas de terras fisicamente menores. Há porções encravadas e de menor dimensão do que o módulo vigente para o local, constituídas de terras férteis, boa aguada e localização privilegiada, nas quais é possível morar, produzir e subsistir, talvez de melhor forma do que em latifúndio de terra árida, montanhosa ou arredia a qualquer atividade laboral. Dispõe o Estatuto da Terra que o imóvel rural não é divisível em área de dimensão inferior à constitutiva do módulo da propriedade rural (art. 65).(...) Entende Celso Ribeiro Bastos que a conclusão mais correta é considerar como usucapível mesmo as áreas inferiores, até porque a Constituição fala em área de terra 'não superior' a cinquenta hectares. Não é de se aplicar aqui a legislação referente a módulos. Estes têm em mira o desdobramento comum de propriedade, APELAÇÃO Nº SOCORRO - VOTO DVN 3

4 mas no nosso entender não podem funcionar como obstáculo para que um instituto constitucional atinja o seu desiderato. São, portanto, usucapíveis mesmo as áreas de proporções inferiores às do módulo rural da região (Comentários à Constituição do Brasil, cit., v. 7, p. 347). (Tratado de Usucapião. Vol. 2. 4ª edição. Editora Saraiva Pág ) Nesse sentido, precedentes desta Corte: Ação de usucapião. Imóvel situado em loteamento irregular e em desconformidade com o módulo rural.irrelevância. Precedentes desta Câmara. Extinção, com lastro nos referidos fundamentos, que não prevalece. 'Acessio possessionis'. Impossibilidade da soma da posse 'ad usucapionem' com a posse anterior exercida pelo proprietário da coisa. Posses a serem somadas que devem ser da mesma qualidade. Aplicação do disposto no art do Código Civil. Preservação, por fundamento diverso, da extinção. Apelo improvido. ( Apelação Cível n.º ª Câmara de Direito Privado - Relator Desembargador DONEGÁ MORANDINI J. em ). Usucapião extraordinária. Área inserida em loteamento irregular. Irrelevância. Aquisição de imóvel por usucapião rural com medida inferior ao módulo. Possibilidade de usucapir. Requisitos necessários para a aquisição da propriedade já reconhecidos na sentença. Pedido acolhido para declarar o domínio dos apelantes sobre o imóvel usucapiendo Recurso provido. (Apelação Cível n.º ª Câmara de Direito Privado - Relator Desembargador ADILSON DE ANDRADE - J. em ) Usucapião extraordinária. Ação julgada procedente. Recurso do MP, alegando impossibilidade de se usucapir glebas inferiores ao módulo rural. Irrelevância. Modo originário de aquisição da propriedade. Ausência de vedação expressa no Estatuto da Terra, no que se refere a aquisições originárias. Recurso não-provido. ( Apelação Cível ª Câmara de Direito Privado - Relator Desembargador FRANCISCO LOUREIRO - J. em ). "USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIA - Extinção do processo sem julgamento do mérito, sob a alegação de impossibilidade do objeto - APELAÇÃO Nº SOCORRO - VOTO DVN 4

5 Modo originário de aquisição da propriedade - Imóvel com área de superfície inferior à do módulo rural - Irrelevância - Ausência de vedação expressa no Estatuto da Terra, no que se refere a aquisições originárias - Recurso provido, para o fim de anular a sentença e determinar a produção de provas. (Apelação ( ) - 4ª Câmara de Direito Privado Relator Desembargador FRANCISCO LOUREIRO J. em 25/02/ Data de Publicação: 17/03/2010). "Usucapião rural especial Ação procedente Inconformismo Desacolhimento Usucapião regulada pelo art. 191, da CF Inaplicabilidade do prazo de 20 anos do revogado diploma civil e da regra de transição do art , do atual CC - Prazo de 5anos que se inicia em agosto de 1996 Inocorrência da hipótese de impossibilidade de usucapião sobre bens públicos Presença dos requisitos legais - Atividade produtiva comprovada Área usucapienda que pode ser inferior ao módulo rural para fim de usucapião Sentença mantida Recurso desprovido. (Apelação Relator Desembargador GRAVA BRAZIL J. em 07 de junho de 2011). Considerando, pois, que o fato de o imóvel usucapiendo ser inferior ao módulo mínimo rural, por si só, não impossibilita o reconhecimento da usucapião em favor do apelante, tem-se que a propriedade já existe. E caracterizada a situação fática, imperiosa a declaração para originar o título de domínio correspondente. Nesse sentido, o parecer da ilustre Procuradora de Justiça Silvana Buogo (fls. 317/319). Resta, nesta medida, albergar o reclamo para julgar procedente ação para fins de reconhecer o reconhecer o domínio do autor sobre o imóvel descrito na inicial expedindo-se o mandado para o devido registro, nos termos do artigo 945 do Código de Processo Civil. recurso. Ante o exposto, dá-se provimento ao VIVIANI NICOLAU Relator APELAÇÃO Nº SOCORRO - VOTO DVN 5