MÓDULO 4 ZONA DE PROTEÇÃO DO AERÓDROMO Cláudio Jorge Pinto Alves (versão: 12/05/2014)
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1 MÓDULO 4 ZONA DE PROTEÇÃO DO AERÓDROMO Cláudio Jorge Pinto Alves (versão: 12/05/2014) A Portaria n.º 256/GC5, de 13 de maio de 2011, apresenta o Plano Básico de Zona de Proteção de Aeródromos (PBZPA) estabelecendo as restrições relativas às implantações que possam afetar adversamente a segurança e a regularidade das operações aéreas. Além do PBZPA estabelece o Plano Básico de Zona de Proteção de Helipontos (PBZPH), o Plano de Zona de Proteção de Auxílios à Navegação Aérea (PZPANA), o Plano de Zona de Proteção dos Procedimentos de Navegação Aérea (PZPPNA), o Plano Específico de Zona de Proteção de Aeródromos (PEZPA) e o Plano Básico de Gerenciamento de Risco Aviário (PBGRA). O Plano Básico de Zoneamento contra o Ruído (PBZR) foi estabelecido pela ANAC no RBAC 161/2011. A Portaria 1141/87 que abordava essa questão foi revogada. O PBZPA é definido em função das superfícies limitadoras de obstáculos de aeródromo e com base no planejamento aeroportuário aprovado pela ANAC. No caso de aeródromos com mais de uma pista, aplica-se o plano separadamente a cada uma delas. Neste módulo são abordados os aspectos ligados a altimetria (Portaria 256) nos itens 1 a 6 e, na sequência, os aspectos ao uso de solo, devido ao ruído aeronáutico, disponível no RBAC RESTRIÇÕES ALTIMÉTRICAS Os aeródromos são enquadrados, segundo: - O código de referência do aeródromo (agora estabelecido pela ANAC) e - O tipo de operação da pista (VFR, IFR-Não Precisão e IFR-Precisão. Respectivamente, aquela que opera sob regras de vôo visuais, com regras de vôo por instrumento e com regras de vôo por instrumento que forneça orientação bidimensional do tipo ILS, radar de aproximação etc.). A pista homologada para procedimento de aproximação por instrumentos com guia vertical, para efeito dessa Portaria, será considerada IFR-Não Precisão se o OCH do procedimento for maior ou igual a 300 pés (100m) e IFR-Precisão, se o OCH for menor que os 300 pés (100m). OCH é a altura de separação de obstáculos definida para a pista pelo DECEA. 2 PLANO DE ZONA DE PROTEÇÃO O Plano contém as superfícies: Aproximação; Decolagem; Transição; Horizontal Interna e Cônica. Nos casos de pistas de aproximação de precisão também serão consideradas as superfícies: Pouso Interrompido; Aproximação Interna e Transição Interna. 1
2 2.1 Superfície de Aproximação Constitui um plano inclinado (ou combinação deles) anteriores à cabeceira da pista. 2.2 Superfície de Decolagem Esta superfície compõe-se de um plano inclinado além da pista de decolagem ou de uma zona desimpedida. 2
3 ( b ) Começa no final da clearway se o comprimento da clearway exceder a distância especificada 2.3 Superfície de Transição Trata-se de uma superfície complexa ao longo das laterais da faixa de pista. O gradiente varia de 1/5 (20%) a 1/7 (14,3%) dependendo do tipo de operação e do código de referência da pista: Visual IFR Não-Precisão IFR Precisão 1 e 2 3 e 4 1 e 2 3 e 4 1 a , ,3 14,3 2.4 Superfície Horizontal Interna 3
4 Consiste num plano horizontal com desnível de 45 m em relação à elevação do aeródromo. Seus limites externos são semicírculos, com centros nas cabeceiras das pistas, unidos por tangentes. Os raios, em metros, variam conforme o tipo de operação e o código de pista. VFR 1 VFR 2 VFR 3 e 4 IFR 1 e 2 IFR 3 e Superfície Cônica O gabarito estende-se em rampa de 1/20 (5%) para fora dos limites externos do gabarito da Superfície Horizontal Interna. Dependendo do tipo de operação e do código de pista atinge até 100m de altura. VFR - 1 VFR - 2 VFR - 3 VFR - 4 NP- 1 e 2 NP- 3 NP- 4 P- 1 e 2 P- 3 e 4 35 m 55 m 75 m 100 m 60 m 75 m 100 m 60 m 100 m 4
5 Em relação ao PBZPA estabelecido pela Portaria 1141/87 (anterior a vigente) não estão citadas a Faixa de Pista e a Área Horizontal Externa. A faixa de pista é, normalmente, o ponto de partida de algumas superfícies (decolagem, aproximação e transição). Já a Horizontal externa deixa de ser prevista. Para o caso das pistas com operações instrumentais de precisão foram criadas superfícies de proteção às operações mais próximas à pista: Transição Interna, Aproximação Interna e Pouso Interrompido. Na figura a seguir mostra-se a vista geral do PBZPA vigente e dois cortes. 5
6 3. PRINCIPAIS RESTRIÇÕES Nenhum objeto deve perfurar as superfícies limitadoras de obstáculos. Qualquer objeto que ultrapasse as tais superfícies deve ser removido, exceto se considerado irremovível. Isto é, considerado pela autoridade aeronáutica de remoção inviável. Os objetos fixos não devem ser permitidos se ultrapassarem as superfícies de Aproximação Interna, Transição Interna e de Pouso Interrompido, exceto os auxílios à navegação aérea frangíveis. Os objetos móveis não podem ficar em situação de perfuração dessas mesmas superfícies durante a operação de pouso. As torres de controle, a critério do DECEA, poderão ultrapassar as superfícies limitadoras. Os depósitos de combustíveis destinados ao abastecimento das aeronaves poderão, a critério do COMAR, ser instalados nas Superfícies de Transição, desde que não interfiram nos gabaritos. O Princípio de Sombra foi mantido. Esse conceito permite que uma nova implantação ultrapasse limites verticais de superfícies limitadoras desde que a mesma esteja sob o plano de sombra de um obstáculo existente irremovível, conforme ilustrado a seguir. 6
7 3. PLANO ESPECÍFICO O Plano Específico de Zona de Proteção é organizado com características especiais e fundamentado nos procedimentos de tráfego aéreo, nos acidentes naturais e artificiais existentes e no desenvolvimento da região. Este plano, quando aprovado, tem caráter definitivo e qualquer aproveitamento que ultrapasse os gabaritos nele fixados, não caberá nem consulta. A alternativa é substituir o plano específico por outro para aprovação. Cabe ao DECEA a elaboração do PEZPA. 4. PROTEÇÃO CONTRA RAIOS LASER Para garantir a segurança de aeronaves contra os perigosos efeitos de projetores de raios laser, ficam estabelecidas no entorno dos aeródromos as seguintes zonas de proteção adicionais: - Zona Livre de Raios Laser (LFFZ); - Zona Crítica de Raios Laser (LCFZ); e - Zonas de Sensibilidade de Raios Laser (LSFZ). 7
8 5. EFEITO ADVERSO Um objeto ou uma atividade pode afetar adversamente a segurança ou a regularidade das operações aéreas se: - sua altitude/altura ultrapassar as superfícies limitadoras de obstáculos; - sua dimensão ou estrutura física ou material empregado ou radiação eletromagnética afetar a operação de sistemas de telecomunicações, vigilância ou demais auxílios à navegação aérea; - restringir a visualização da torre de controle com relação às pistas e demais áreas de monitoramento do setor; - causar impacto na capacidade ou eficiência das operações em um aeródromo; 8
9 - afetar o comprimento de uma pista planejada ou existente de um aeródromo; ou - for considerado uma implantação de natureza perigosa e estiver localizado nas Superfícies de Aproximação, Decolagem e Transição. 6. COMPETÊNCIAS PELA 256 Devem ser submetidos à autorização do COMAR objetos novos ou extensões de objetos: - com altura superior a 30 m ou desnível maior de 60m em relação à elevação do aeródromo, dentro do raio de 15 km do ponto de referência do aeródromo (ARP) nas pistas de aproximação visual e dentro do raio de 45 km do ARP nas pistas de aproximação por instrumentos; - dentro dos limites laterais da Superfície Cônica, com alturas que ultrapassem a rampa de 2,5% em relação à altura da superfície Horizontal Interna; - dentro dos limites laterais da Superfície Horizontal Interna, desnível superior a 40 m; - dentro dos limites laterais das superfícies de Transição, Aproximação e Decolagem; e, - de qualquer natureza que se eleve a 100 m, de altura sobre o terreno ou sobre o nível médio da superfície aquática em que estiver localizada. Cabe ao COMAR, dentre outras atividades: Emitir decisão final do processo de autorização de aproveitamento Informar, via ofício, à AGU e ao Ministério Público as implantações que contrariem as restrições impostas na Portaria 256 Exigir a adequada sinalização de obstáculos Organizar o Cadastro Regional de Implantações relativo aos aproveitamentos autorizados Instaurar processo administrativo cada vez que constatar a ocorrência de infração às normas Cabe à Administração Municipal/Distrital, dentre outras atividades: Compatibilizar o adequado ordenamento territorial Garantir a preservação e a proteção de sítios aeroportuários compatibilizando o planejamento urbano com as Zonas de Proteção Fiscalizar as implantações e o desenvolvimento das atividades urbanas Exigir do interessado a decisão final do COMAR nos processos de novas implantações Cabe à Administração Aeroportuária Local, dentre outras atividades: Manter a vigilância do entorno do aeródromo Informar ao COMAR sobre a existência de implantações que contrariem as restrições Elaborar o PBZPA 7. RESTRIÇÕES DE USO DE SOLO O uso do solo deve ser compatibilizado com a atividade aeronáutica de um aeródromo. A elaboração do tipo de plano, se Básico ou Específico, depende no RBAC 161 da movimentação média de aeronaves nos últimos 3 anos. Se superior a 7000 movimentos anuais deve ser providenciado um Plano Específico, se inferior, basta o Plano Básico. A ANAC pode exigir o Específico mesmo que não se tenha movimentação significativa de aeronaves no aeródromo. 9
10 O Plano Básico de Zoneamento do Ruído é composto pela demarcação de duas curvas isofônicas correspondentes aos índices de 65 e 75 DNL que limitam as regiões mais críticas (com intenso incômodo sonoro, superior a 75 DNL), áreas com algumas limitações (entre 65 e 75 DNL) e áreas livres de restrições de uso (abaixo de 65 DNL). Onde L1 é a distância horizontal, medida sobre o prolongamento da pista, entre a cabeceira e o centro do semicírculo de raio R1. R1 é o raio do semicírculo da curva de ruído 75 com centro sobre o prolongamento do eixo da pista. L2 e R2 referem-se, analogamente, a curva de ruído 65. Para helipontos as curvas seguem os contornos a seguir: 10
11 Para o Plano Específico devem ser demarcadas as curvas isofônicas de 65, 70, 75, 80 e 85 DNL, considerando áreas de runup (teste de motores), trajetórias de voos e período de operação conforme estabelecido do RBAC 161. As restrições de usos de solo estão definidas nas Tabelas E1 e E2 do regulamento, disponível no site da ANAC ( O monitoramento do ruído deve ser empreendido em aeródromos que apresentem uma movimentação anual acima dos operações (atualmente Brasília, Galeão, Santos Dumont, Guarulhos, Congonhas e Marte). O operador do aeródromo tem prazo (2 a 6 anos) para registrar o Plano de Zoneamento do Ruído dependendo do seu nível de operações. Quanto mais intenso, mais rápido o plano deve ser registrado. 11
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