LUGAR E PAISAGEM: AULA DE CAMPO E IMAGENS ORBITAIS PARA COMPREENSÃO DA DINÂMICA DE USO E COBERTURA DA TERRA

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1 LUGAR E PAISAGEM: AULA DE CAMPO E IMAGENS ORBITAIS PARA COMPREENSÃO DA DINÂMICA DE USO E COBERTURA DA TERRA MAÍRA ONEDA DAL PAI Américas Curitiba/PR. mairaoneda@hotmail.com OTACÍLIO LOPES DE SOUZA DA PAZ Acadêmico de Geografia UFPR, Avenida Cel. Francisco H Santos, Jardim das Américas Curitiba/PR. otacilio.paz@gmail.com AMANDA CAROLINE MIOTO BRAGHINI Américas Curitiba/PR. amandacarolini@hotmail.com ELISIANE BORGES DO SANTOS Américas Curitiba/PR. zizi_borgess@hotmail.com ROBERTHA TREVISAN CORADASSI BUFF Américas Curitiba/PR. robertha.buff@gmail.com ELAINE DE CACIA DE LIMA FRICK Professora do departamento de Geografia UFPR, Avenida Cel. Francisco H Santos, Jardim das Américas Curitiba/PR. elaineclfrick@gmail.com RESUMO: A geografia como campo de estudo do espaço tem grande importância na educação básica. E apesar de ser uma ciência clássica, ultimamente o que se tem buscado para o ensino de geografia, são didáticas diferenciadas a fim de melhorar o aprendizado do aluno. Com a utilização de alguns métodos é possível se obter baixo custo em função da grande eficiência em passar conhecimento. A prática realizada nesse trabalho foi a do método de construção de um mapa de uso e cobertura do solo a partir de interpretação de imagens orbitais. Essa atividade se mostrou muito esclarecedora ao aluno, proporcionando a ele um novo olhar e, todavia mais crítico sobre o lugar onde vive. Além disso, permitiu que o aluno reconhecesse a conexão entre a geografia da sala de aula e a vida cotidiana. Os resultados obtidos mostram que novas formas de ensino atraem mais a atenção do aluno e isso reflete não só numa vida acadêmica melhor, mas em um convívio social melhor. PALAVRAS-CHAVE: ENSINO DE GEOGRAFIA; AULA DE CAMPO; GEOGRAFIA DO CUSTO ZERO. INTRODUÇÃO A Geografia, dentro do currículo escolar, tem como objetivo dar aos estudantes a capacidade de ler e interpretar o espaço, envolvendo as mais diversas características e ações sobre este em suas abordagens em sala de aula.

2 Porém, a falta de compreensão da importância dessa disciplina por parte dos estudantes acaba por tornar essa ciência chata ou até mesmo desinteressante. Costella (2008), Santos et. al. (2014) e outros autores afirmam que uma das possibilidades para reverter esse quadro é tornar o aluno autor e ator dentro do processo de ensino e aprendizagem. Para tal, um recurso pedagógico pode ser extremamente útil: a aula em campo. Segundo Mezzomo e Frick (2010) na aula de campo (também entendida como aula em campo) o estudante descobre o estar no mundo, criando um sentimento de pertencimento a realizada de por ele ouvida ou imaginada e, segundo Paz et. al. (2014), a aula de campo proporciona uma maior facilidade para o estudante descobrir a presença da ciência geográfica no seu cotidiano. Iniciativas como a do Projeto Expedições Geográficas (PEG), do curso de Geografia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) tem como o objetivo disseminar a prática pedagógica da aula em campo na educação básica (salientando a aplicabilidade da aula de campo para outras disciplinas além da Geografia). Com apoio do PEG, o objetivo desse trabalho foi desenvolver uma prática pedagógica permitindo ao estudante compreender a aplicação da Geografia na sua realidade, especialmente identificando alterações na paisagem do seu cotidiano (mudanças de uso e cobertura do solo), estando inserida dentro uma Geografia do custo zero (KAERCHER, 2009), visando uma grande possibilidade para sua aplicação por outros professores e em outras realidades. MATERIAIS E MÉTODOS Este trabalho traz uma proposta de interação entre a prática da aula em campo e a chamada Geografia do Custo Zero. Com base nisso, defende-se aqui as possibilidades da realização da aula de campo e da elaboração de atividades diferenciadas que agradem aos alunos, de preferência que não tenha custo (ou que seja baixo) para o docente, discente ou para a instituição. A Geografia do Custo Zero é assim definida por Kaercher (2009) porque: [...] não implicam em gastos extras nem tampouco recursos tecnológicos (nada contra eles, mas no geral não estão muito disponíveis nas escolas públicas do meu estado, da minha cidade). Uma simples folha xerocada e já temos, muitas vezes, matéria-prima para belas discussões e produções. O diferencial não é o computador, é dar o clique na turma. O PEG foi criado no ano de 2006, por acadêmicos do curso de Geografia, que viram a necessidade de um número maior de aulas em campo para a graduação. A partir de 2008, o projeto deixou de dar ênfase para a graduação e voltou seus olhos para as escolas da rede pública de ensino. Em 2014 o projeto bateu recorde de aulas de campo (35 no total). A construção dessa prática pedagógica está inserida na metodologia do PEG, apresentada na figura 1.

3 Figura 1 Resumo metodologia do PEG. Org: Os autores, A metodologia do projeto é constituída de três partes: Pré Campo, Campo, e Pós Campo. Na aula de Pré Campo, são abordados na teoria os assuntos que serão abordados na prática durante o campo, por exemplo, hidrografia, vegetação, clima, geologia, histórico da região a ser estudada e etc. A próxima etapa é a aula de Campo, na qual são abordados na realidade os assuntos tratados em sala de aula, confrontando a teoria a prática. Por fim, durante a aula de Pós Campo, são recapitulados e discutidos os assuntos tratados nas aulas anteriores e é aplicada uma avaliação participativa. A atividade proposta consistiu na elaboração de dois mapas de uso e cobertura do solo (com base em imagens orbitais de alta resolução espacial) com o intuito de fornecer suporte para os estudantes analisassem as alterações na paisagem na localidade que o colégio estava inserido. A intuição de ensino escolhida para a aplicação foi o Colégio Estadual Tancredo Neves, localizado na planta Santa Tereza, bairro Arruda, Colombo, Paraná. Essa atividade proposta aos alunos, foi realizada durante a aula de Pós Campo como avaliação multidisciplinar. Durante o campo, realizado no entorno da própria intuição, foi instruído aos alunos que observassem os vários elementos (naturais e antrópicos) presentes na paisagem.na nossa experiência, os alunos que participaram da produção do mapa eram de uma turma do 2 ano do Ensino Médio. Os materiais utilizados nessa atividade foram: régua, papel vegetal, lápis, lápis de cor, tesoura, papel paraná ou papel cartão brancos, cola bastão, caneta esferográfica preta e imagens orbitais da planta de Santa Tereza retiradas do Google Earth, datadas de 2004 e 2014 (figura 2).

4 Figura 2 Imagens usadas na proposta de atividade. Fonte: Google Earth Pró. Org: Os autores, Após selecionadas, as imagens foram impressas e repassadas aos alunos, que então sobrepuseram às imagens do Google Earth, uma folha de papel vegetal. Em seguida foram orientados a interpretar reconhecendo e contornando com lápis as áreas de vegetação arbórea, vegetação herbácea, rios, área urbana e pontos de interesse da região (escolas, comércios, postos de saúde, etc.), esses temas estão apresentados na figura 3. Em seguida, as áreas identificadas foram coloridas e descritas em legenda, junto à escala e ao norte geográfico. Depois de prontos os mapas, os alunos colaram o papel vegetal em um papel mais firme, papel paraná branco, utilizando cola bastão. Tema Descrição Área Urbanizada: áreas urbanizadas ou em processo de urbanização, possuindo edificações dos mais diversos tipos. Loteamentos: supressão vegetacional com arruamento implantado destinada a construção de edificações. Eixos de integração viária: ruas e estradas constituídas de asfalto, paralelepípedo ou de pedra.

5 Vegetação arbórea: vegetação de porte arbóreo nativa ou plantada. Vegetação herbácea: vegetação de porte herbáceo com algumas árvores. Figura 3 Principais temas de uso e cobertura da terra da planta Santa Tereza, Colombo, Paraná. Fonte: Google Earth Pró. Org: Os autores, RESULTADOS E DISCUSSÃO As principais alterações na paisagem da planta Santa Tereza, identificadas pelos estudantes, estão ilustradas na figura 4. Os mapas elaborados pelos alunos estão ilustrados na figura 5. Figura 4 Principais mudanças de uso e cobertura da terra na planta Santa Tereza, Colombo, Paraná. Fonte: Google Earth Pró. Org: Os autores, 2014.

6 Figura 5 Mapas de uso e cobertura da terra de 2004 e 2014 da planta Santa Tereza, Colombo, Paraná. Fonte: Google Earth Pró. Org: Os autores, De início, a construção de um mapa e o reconhecimento de certos aspectos (vegetação, área urbana, hidrografia e etc.), permite ao aluno um olhar verticalizado e um maior conhecimento dos elementos que o rodeia. Com o auxílio da aula de campo e com a visualização de elementos no mapa, os alunos adquiriram um novo olhar sobre os elementos de sua paisagem quotidiana. Perceberam, por exemplo, ao olhar no mapa, que o esgoto que passa perto da escola, na verdade é um rio, ou então que a vegetação presente nos arredores da escola é mata nativa da região, inclusive com espécies em extinção. Outra vantagem que essa atividade trás, é a comparação entre os mapas de diferentes épocas, o que permite ao aluno perceber drásticas mudanças que ocorrem no espaço em um curto período de tempo e permite que ele possua um olhar crítico sobre essas mudanças. A exemplo da Figura 5, foi discutido como a especulação imobiliária tem causado a derrubada da mata nativa da região. CONSIDERAÇÕES FINAIS Como observado na experiência acima descrita, a produção de um mapa de uso e cobertura do solo se mostrou uma ferramenta muito útil na hora da construção do aprendizado com o aluno. A atividade proporcionou uma gama muito diversificada de assuntos que podem ser abordados e discutidos, bem como possibilitou ao aluno novos ângulos de observação e percepção do espaço. Essa é a grande vantagem das didáticas diferenciadas de ensino, ir além do rotineiro livro didático e do quadro-negro da sala de aula.

7 O que se percebe por parte dos alunos é um maior interesse sobre o assunto abordado, refletindo positivamente na educação. Quando interessado, o aluno desenvolve o olhar crítico o que o ajuda a aplicar o conhecimento escolar em seu dia a dia. REFERÊNCIAS COSTELA, R. Z. O ignificado da construção do conhecimento geográfico gerado por vivências e por representações espaciais. 203f. Tese (Doutorado em Geografia) Instituto de Geociências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, DAHMER, R. L.. Ações pedagógicas e questões ambientais na Educação Básica das escolas públicas da rede estadual do município de Blumenau, SC. 175f. Dissertação (Mestrado em Geografia) Departamento de Geografia, Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, MEZZOMO, M. M.; FRICK, E. de C. de L. Projeto Expedições Geográficas na Serra do Mar: Teoria e Prática do Ensino de Geografia. In: Anais XVI Encontro Nacional dos Geógrafos. Porto Alegre, RANGEL, M. Métodos de Ensino Para a Aprendizagem e a Dinamização das Aulas. 2. ed. Campinas: Papirus, p. SANTOS, L. P. S.; PERES, B. M.; MENEZES, V. S.; COSTELLA, R. Z.; Nossas práticas, nossos desafios: a Geografia do custo zero em sala de aula. In: Anais VI Fórum Internacional de Pedagogia. Santa Maria, Disponível em:< _idinscrito_668_9161dfe5f692bad32e16a d.pdf > acesso em 23/08/2015.