III EREPEG Retrospectivas e Perspectivas Curriculares para o Ensino de Geografia Campina Grande novembro/2016

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1 PRÁTICAS METODOLÓGICAS NA FORMAÇÃO DOCENTE, UMA ABORDAGEM TEÓRICA SOBRE OS MAPAS TEMÁTICOS NO ENSINO DE GEOGRAFIA: EXPERIÊNCIAS NO PIBID Ailmo Xavier Soares Graduando em Licenciatura Plena em Geografia do Centro de Formação de Professores da Universidade Federal de Campina Grande Campus Cajazeiras/PB Klynsmann Herbert de Carvalho Morais (1) Graduando em Licenciatura Plena em Geografia do Centro de Formação de Professores da Universidade Federal de Campina Grande Campus Cajazeiras/PB Mateus Vieira de Oliveira (2) Graduando em Licenciatura Plena em Geografia do Centro de Formação de Professores da Universidade Federal de Campina Grande Campus Cajazeiras/PB Resumo Os mapas temáticos ou representações cartográficas são recursos didáticos que estão presentes no ensino de Geografia em todos os âmbitos do ensino, desde as séries iniciais até o ensino superior. O objetivo deste trabalho versa sobre uma análise da ação intitulada Mapas temáticos desenvolvida pelos alunos bolsistas do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) do curso de Licenciatura em Geografia da UFCG/CFP, na E.M.E.I.F. Cecília Estolano Meireles, localizado no respectivo município. Os procedimentos metodológicos utilizados foram um levantamento bibliográfico sobre a temática e a aplicação de um questionário contendo dez questões objetivas e subjetivas realizadas com as turmas do 7º A e B. Com relação aos resultados obtidos, identificamos que uma grande parcela dos estudantes apresentam dificuldades em analisar e compreender os mapas. Palavras chave: Mapas - Ensino de Geografia - PIBID

2 Introdução O presente artigo versa sobre a ação intitulada Mapas Temáticos desenvolvida pelos alunos bolsistas do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência ( PIBID) do Curso de Licenciatura em Geografia, na Escola Municipal Ensino Infantil e Fundamental Cecília Estolano Meireles nas turmas do 7º ano A e B do Ensino Fundamental II, localizado no município de Cajazeiras-PB. O objetivo geral deste trabalho é analisar como são trabalhados os mapas temáticos nas aulas de Geografia. Os objetivos específicos são identificar as metodologias trabalhadas pelos alunos bolsistas do PIBID, e também conhecer os recursos didáticos e as atividades produzidas pelos mesmos durante a ação. Os procedimentos metodológicos utilizados para o desenvolvimento deste trabalho e para o alcance dos objetivos propostos, consistiu em um levantamento bibliográfico referente à temática e também uma aplicação de um questionário contendo dez questões objetivas e subjetivas, que objetivavam compreender a importância dos mapas nas aulas de Geografia aplicados a trinta e três alunos em duas turmas do 7º A e 7º B. Os dados quantitativos foram tratados com o objetivo de compreender as concepções dos alunos sobre os mapas na ciência geográfica. Em um período correspondente a um mês, durante quatro encontros foram realizadas atividades nas aulas de geografia com o objetivo de trabalhar a importância dos mapas temáticos no ensino de geografia, levando assim os alunos a estudar e compreender o uso dos mapas de forma crítica e reflexiva. Buscamos através de práticas didático-pedagógicas construir juntos o conhecimento da ciência cartográfica para aplicar na realidade dos alunos, muitas das vezes em sua maioria os estudantes apresentam dificuldades em interpretar o conteúdo dos mapas, devido conter uma linguagem específica e também por alguns professores não trabalharem metodologias diferenciadas fazendo uma contextualização dos mapas temáticos na sala de aula, uma vez que, estes recursos são indispensáveis para a compreensão do espaço geográfico e também para o processo de ensino-aprendizagem do discente.

3 Nessa perspectiva, buscamos durante a ação, trabalhar os mapas fazendo uma reflexão acerca da importância dos diferentes elementos representados nos mesmos, o título, legenda, escala entre outros foram questões que em todos os momentos procuramos enfatizar nas atividades para que dessa forma colaborasse no processo de aprendizagem, tendo em vista a pluralidade dos mapas que envolve uma totalidade de informações adquiridas nos diferentes momentos históricos sobre a dinâmica natural e socioeconômica do espaço geográfico o qual estamos inseridos. Os mapas no ensino de geografia As práticas metodológicas utilizadas no ensino de Geografia correlatas a utilização dos mapas, em algumas escolas não contemplam em sua totalidade a riqueza de informações representadas nos mesmos. Estas representações cartográficas, quando trabalhados em sala de aula pelos professores, em muitos casos, as abordagens realizadas não fazem uma relação contextualizada com a realidade do aluno, estes conteúdos são passados de forma superficial e/ou isolados, ou seja, quando trabalhados os temas como clima, vegetação, hidrografia, entre outros, os profissionais apresentam e contextualizam essas características sem enfatizar esses elementos com o lugar o qual o aluno está inserido. As representações cartográficas desde os tempos mais remotos da humanidade foram instrumentos de grande relevância no conhecimento empírico e também na construção do conhecimento científico. Através de técnicas rudimentares o homem deixava impresso registros dos caminhos e locais de caça por onde passavam, descrevia os lugares entre outras peculiaridades, nos diferentes momentos históricos da sociedade foram produzidos inúmeros mapas que passaram a serem recursos indispensáveis para as atividades de localização, construção de rotas comerciais, navegações e também dos fenômenos geográficos ( DUARTE, 2008, p. 19 ). Os mapas temáticos são recursos didáticos que abordam os fenômenos geográficos, nesta perspectiva se faz necessário trabalhar com os mesmos no ensino de geografia. Para que os alunos possam identificar e compreender as diferentes realidades do espaço geográfico.

4 Cavalcanti (2012, p. 51) afirma que: [...] É importante o uso do mapa no cotidiano das aulas de geografia, para auxiliar análises e desenvolver habilidades de observação, manuseio, reprodução, interpretação, correção e construção de mapas. Os alunos podem ter a oportunidade de construir seus mapas, suas representações de realidades estudadas, aplicando operações mentais já desenvolvidas (como os mapas mentais), ou aprendendo elementos da cartografia para expressar melhor a realidade. Os alunos precisam ter, também, a oportunidade de ler mapas, de localizar fenômenos, de fazer correlações entre fenômenos. Durante a ação do PIBID desenvolvida na respectiva escola trabalhamos os mapas temáticos fazendo uma abordagem teórica sobre os elementos contido nos mesmos e sua importância no processo ensino-aprendizagem, nos encontros semanais levamos metodologias lúdicas para que facilitasse a compreensão dos estudantes sobre a temática proposta, já que esta ação surgiu da necessidade das turmas do 7º A e 7º B, como podemos observar na (imagem 01) abaixo. Imagem 01-Atividades desenvolvidas na ação do PIBID Fonte: PIBID subprojeto de geografia CFP/UFCG, Nos encontros enfatizamos a importância dos mapas, destacando sua contribuição para o entendimento da organização territorial e social espacial do Brasil e do Estado da Paraíba, foi aplicado um questionário para que pudéssemos avaliar como

5 estava o conhecimento dos alunos acerca dos mapas nas aulas de geografia na referida escola, os alunos foram incumbidos de confeccionar mapas temáticos destacando seus elementos. Usamos também os livros didático de geografia, já que os mesmos, em todos os seus volumes desde o ensino fundamental e médio apresenta figuras cartográficas que proporcionam aos leitores uma interpretação e complementação dos conteúdos abordados. Porém, em algumas escolas esses recursos didáticos, como os mapas, as cartas cartográficas e o globo são usados como objetos de decoração pelas instituições, não exercendo uma função educacional inclusive nas aulas de geografia. Desta forma, tais recursos podem ser utilizados para atraírem a atenção dos educandos a participarem com maior intensidade das aulas de geografia, pois seria algo inovador para os mesmos, caso estes não forem utilizados nas atividades educacionais. Essa prática no ensino de Geografia nos permite repensar a ação docente frente às problemáticas abordadas nessa temática e expormos algumas alternativas que corrobore na construção do processo de ensino e aprendizagem. A pluralidade dos mapas na contemporaneidade possibilita que o professor trabalhe as aulas de geografia de forma dinâmica valorizando os saberes dos alunos e, associando o conhecimento prévio com o conteúdo para juntos construírem conhecimentos, quebrando assim, a dicotomia que o professor é o único detentor do conhecimento, e que os discentes são apenas os receptores dos conteúdos. Os mapas abordam uma grande diversidade de conteúdos e informações que exigem um conhecimento da cartografia para compreendê-los e cabe o professor de geografia estimular e ensinar os alunos a ler e interpretar mapas, e entre essa gama de conteúdos que os mapas nos trazem podemos destacar de forma superficial os elementos físicos e os fenômenos sociais, os quais como por exemplo: divisões territoriais dos países e regiões, a dinâmica populacional, os recursos hídricos, solos, vegetação, clima entre outros, que fazem parte do currículo de Geografia. Os livros didáticos apresentam figuras cartográficas com o objetivo de proporcionar aos leitores uma leitura dinâmica e atrativa dos diferentes aspectos abordados em cada conteúdo. Sabemos que os mapas possuem linguagens específicas da ciência cartográfica, o que dificulta a compreensão de alguns alunos em analisar e

6 interpretar de forma crítica e reflexiva os elementos e fenômenos contidos nos mesmos. Quando há a ausência de um estudo sobre essa temática, ou, quando realizada de forma incorreta corrobora no desinteresse parcial ou total por parte dos alunos. Para que o uso dos mapas torne-se atrativo CÂMARA, e Barbosa (2012 p.39) consideram que: Aprender a utilizar os mapas é um processo lento, que deve ser desenvolvido em diversas etapas, desde a representação feita pelo próprio aluno (mesmo que de forma rudimentar) de espaços vividos por ele, da realidade conhecida e experimentada, até a interpretação de mapas que representam espaços e realidades que ele não conhece, de forma complexa, exigindo maior nível de abstração. (RUA, et al, 1993, 13,14). Como citado à cima, trabalhar com mapas na sala de aula não é uma tarefa simples, requer uma maior atenção do professor na realização dessa atividade pelo fato que para aprender a utilizar esses recursos didáticos requer dedicação por parte dos alunos. Devido apresentar linguagens específicas da cartografia esse processo de ensinoaprendizagem torna-se lento e para que haja abstração desses conteúdos o professor deverá trabalhar com os alunos algumas técnicas de aprendizagem, como por exemplo, fazer uma leitura sobre o tema que será discutido, buscando novas metodologias que auxiliem na construção do conhecimento, como: uso de jogos, os quais facilitam a compreensão dos conteúdos. Os mapas para a maioria das pessoas sempre estiveram associados ao ensino de Geografia, porém o exercício desta prática didático pedagógica não se faz presente em algumas instituições. Nesse sentido Kaecher (2012 p.228) afirma que: [...] Pouco uso de mapas. Pode ser paradoxal, mas se usa pouco o mapa nas aulas de Geografia. E, curiosamente, para a maioria das pessoas Geografia faz lembrar... Mapas. Os motivos podem, inclusive, escapar o nosso controle, as escolas nem sempre estão bem equipadas. E outra característica: trabalha-se mais projeções cartográficas (que tende a ser chato) do que o significado, interpretação e construção dos mapas. Mapa vira um conteúdo cristalizado, um produto pronto. Para o autor os mapas são pouco utilizados nas aulas de Geografia devidos uma série de problemas, entre eles destaca a ausência desses recursos didáticos nas

7 instituições, ou na sua maioria os professores trabalham com projeções cartográficas sem fazer uma contextualização com a realidade do aluno tornando-se conteúdo sem significado. Pensar a perspectiva de trabalhar com os mapas temáticos é um processo que deve ser discutido principalmente no ensino de geografia, levar esse recurso para a sala de aula com a finalidade de desenvolver a capacidade de aprendizagem dos alunos se faz necessário mesmo que seja uma tarefa árdua. Assim, Alves (2016, p.33) enfatiza que: [...] o uso das representações cartográficas, também, são recursos que o educador deve usar em sala para a exploração e vivência do mundo cartográfico. Exemplo disso é a produção de maquetes construída com base em carta topográfica. Essa produção transfere o aluno para o conhecimento e interpretação do mapa para retirada das curvas de nível e identificação da área de acordo com a escala adotada. A educação cartográfica desperta a criatividade no aluno e o interesse pelos conhecimentos cartográficos, bem como a aprendizagem. Como citado acima às representações cartográficas são recursos didáticos que devem ser trabalhados na sala de aula, buscando outras metodologias que contribuam para a construção do conhecimento, através das maquetes, mapas, mapas mentais, croquis entre outros, para que desperte a criatividade e o interesse dos alunos pelos conhecimentos cartográficos. Neste contexto, a partir das linguagens cartográficas podemos trabalhar as categorias geográficas, paisagem, lugar, território, região e espaço, fazendo uma sistematização do conhecimento geográfico e científico (ALVES, p.33). Desta forma, podemos identificar durante o decorrer do texto que existe uma gama de possibilidade de se trabalhar os mapas nas aulas de geografia, e que esses recursos são indispensáveis para a formação discente. Resultados e discussões Norteado pela metodologia realizada e após os resultados dos questionários aplicados nas turmas do 7º A e 7º B do Ensino Fundamental II, da referida Escola constatou-se os seguintes resultados que serão analisados e discutido a seguir:

8 Gráfico 1: Disponibilidade de mapas temáticos na Escola Fonte: Soares, Oliveira e Morais, No que concerne os mapas temáticos na escola, podemos identificar no (gráfico 1) que entre as turmas não tiveram disparidades nas respostas quanto a disponibilidade destes recursos didáticos, eles relataram que existe uma gama de mapas na instituição e que muitos destes são desatualizados, o que dificulta com que os professores trabalhem em sala de aula de forma significativa. Gráfico 2: O uso dos mapas temáticos no ensino de geografia Fonte: Soares, Oliveira e Morais, 2016.

9 De acordo com os dados da pesquisas (gráfico 2) podemos observar que houve uma grande disparidade quanto o questionamento aplicado nas referidas turmas, pois na turma do 7º A 75% dos alunos afirmaram que são trabalhados os mapas nas aulas de Geografia, o que mostra que são utilizados, já na turma do 7º B 64% elencaram que não faz uso durante as atividades, dessa forma é importante destacar que há uma controvérsia entre os próprios alunos, uma vez que, alguns afirmam que são usados e outros negam essa afirmativa, lembrando que a professora é a mesma nas duas turmas. Gráfico 3: Confecção de mapas nas aulas de geografia Fonte: Soares, Oliveira e Morais, Com relação a confecção de mapas nas aulas de Geografia (gráfico 3) identificase que na turma do 7º A 68% afirmam que essa atividade é trabalhada de acordo com a necessidade dos conteúdos e 32% que não, no que refere a turma 7º B aparece nos dados mais uma vez uma contradição nas respostas dos alunos, pois 41% afirmam que os mapas não são confeccionado e 41% que sim, e 18% não assinalaram. O gráfico a seguir vai destacar as diversas dificuldades de interpretação dos mapas.

10 Gráfico 4: Dificuldades apresentadas na interpretação dos mapas Fonte: Soares, Oliveira e Morais, Conforme os dados obtidos no (gráfico 4) observa-se, que na turma do 7 A 75% afirmam que apresentam dificuldades em interpretar e compreendê-los, já 25% destaca que não, na turma do 7º B 23% enfatiza que têm dificuldades mas 58% responderam que têm facilidade na compreensão. É importante destacar a contradição na turma do 7 B, pois sua maioria elencam que não apresentam dificuldades porém destacaram que estes recursos não são trabalhados como podemos observar no (gráfico 2). Nessa perspectiva, podemos notar que nas duas uma boa quantidade de alunos tem dificuldades de interpretar mapas, uma turma mais que outra, e a intenção da ação realizada no PIBID é tentar melhorar esse quadro apresentando novas metodologias acerca dos mapas temáticos e a importância de saber ler e interpretar cada um deles. Considerações finais Durante a ação realizada na escola pelos alunos bolsistas do PIBID, tivemos a certeza do quando é necessária enfatizar a busca pela interpretação adequada dos mapas nas aulas de geografia, fazendo com que os alunos notassem o quanto é importante o entendimento do espaço geográfico de forma lúdica e simples através dos mapas temáticos.

11 Sendo que estes estão presentes nos livros didáticos representados por figuras, nas cartas topográficas, imagens e também objetos entre outros, devido existir uma pluralidade de mapas construídos nos diferentes momentos históricos da sociedade e por estes apresentarem linguagens específicas da ciência cartográfica alguns estudantes mostram dificuldades em analisar e compreender mapas, como podemos identificar nos dados dos gráficos apresentados acima, nessa perspectiva, é importante que o docente trabalhe os mapas fazendo uma contextualização com a realidade dos alunos.

12 Referências Bibliográficas ALVES, Cícera Cecília Esmeraldo. Ensino de geografia e suas diferentes linguagens no processo de ensino e aprendizagem: perspectivas para a educação básica e geosaberes. Disponível em:< file:///d:/meus%20documentos/downloads/dialnetensinodegeografiaesuasdiferente slinguagensnoproces pdf> Acesso em: 10/08/2016 às (15hs45min). CÂMARA, Camila de Freitas. BARBOSA, Maria Edivani Silva. Abordagem cartográfica no ensino de geografia: reflexões para o ensino fundamental. Disponível em: < Acesso em: 10/08/2016 às (14hs20min). CAVALCANTI, Lana de Sousa. O ensino de Geografia na Escola. Campinas, SP: Papirus, DUARTE, Paulo Araújo. Fundamentos da Cartografia.3 ed- Florianópolis: UFSC, KAERCHER, Nestor André. O gato comeu a geografia crítica? Alguns obstáculos a superar no ensino-aprendizagem de geografia. 4 ed.-são Paulo: contexto,2012.