GEOGRAFIA DAS IMAGENS: A FOTO QUE FALA
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- Francisco Carvalho Maranhão
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1 GEOGRAFIA DAS IMAGENS: A FOTO QUE FALA Malena Ramos Silva¹ Marcos Eduardo Nascimento Moraes² Sára de Oliveira Honorato³ Roberto Márcio da Silveira 4 1 malena_mrs@hotmail.com; 2 menmoraes@gmail.com; 3 saryta.94@hotmail.com; 4 geoartesilveira@hotmail.com Resumo: Neste trabalho pretende-se relatar os resultados alcançados com uma metodologia proposta para os/as alunos/as do 2º ano do Ensino Médio da Escola Estadual de Ensino Médio Irmã Maria Horta, na cidade de Vitória/ES, no ano de Com tal objetivo, explorar relações entre a geografia e imagens fotográficas, através da qual podemos compreender a relação homem/natureza como uma bricolagem de ações, tempos, interesses, desejos, utopias, estabelecendo o elo entre o conceito e a vida que pulsa nos diversos ambientes que formam o espaço geográfico. As fotografias atuam como dispositivos para compreender um determinado espaço/tempo e vários aspectos são abordados, sendo destacado um processo de percepção pelo qual os indivíduos a partir de seus interesses e necessidades, estruturam e organizam sua interface com o real e o mundo. Durante a elaboração deste trabalho foram analisados dois conceitos-chave da geografia, paisagem que pode ser entendida como uma forma de representação simbólica do espaço, e lugar, este, analisado a partir das experiências diretas do mundo e da consciência que temos do ambiente em que vivemos. Após essa análise os alunos capturaram imagens diversas da cidade de Vitória/ES e juntamente com o professor regente e os bolsistas do PIBID, elaboraram painéis de acordo com a análise de cada grupo e foi preparada uma exposição fotográfica denominada de A foto que fala. É possível perceber que a Geografia, auxiliada pela arte de fotografar pode nos indicar de que maneira podemos olhar a paisagem e levar o aluno a compreender o mundo em que vive. Os resultados deste trabalho foram alcançados devido a busca e releitura dos alunos de aspectos e imagens do cotidiano que passavam despercebidos, as fotografias permitiram outra visualização para o lugar onde vivem. Apesar da diferença proposital para a escolha dos locais fotografados eles tiveram autonomia na captura de suas imagens, o que mostrou uma diversidade de olhares. Os trabalhos foram expostos no pátio da escola e o painel que melhor contextualizou aspectos geográficos foi premiado em votação feita pelos alunos, professores e colaboradores da escola. Palavras-chave: Geografia. Fotografia. Paisagem. Lugar
2 2 Introdução No ano de 2013, uma das equipes PIBID-Geografia desenvolveu um trabalho pedagógico com as turmas do 2º ano do Ensino Médio na Escola Estadual Irmã Maria Horta, na cidade de Vitória/ES, sob a supervisão e orientação do professor Roberto Márcio Silveira. A ideia era trabalhar com os alunos dinâmicas diferentes, sair da rotina imposta pelo sistema educacional. Resolveu-se então, trabalhar a Geografia, auxiliada pela arte de fotografar como uma maneira de indicar como podemos olhar a paisagem de forma crítica e levar o aluno a desbravar o mundo além da sala de aula. Como professores de Geografia em aprendizado, mas, acima de tudo, geógrafos, devemos ter nessa prática do ensinaraprender/aprenderensinar uma constante na Geografia, bem como em outras disciplinas, fazendo com que o professor possa estimular no aluno habilidades críticas que visem à elaboração de conceitos e valores que o leve a modificar suas atitudes em relação ao meio. A partir da percepção que os alunos têm do meio em que vivem é possível que o currículo da Geografia possa ser trabalhado de uma forma dialogada e interativa, caracterizada por uma constante troca de experiências. Enfatizamos que na atualidade vivemos em uma era midiática, onde é inquestionável a importância das imagens, e por isso, não podemos ignorar o seu uso no processo educacional, bem como a sua utilização como recurso metodológico para a aprendizagem dos conteúdos de geografia. Não há como negar a importância da imagem como linguagem visual no mundo contemporâneo. Difundida em quase todos os povos do mundo através dos meios de comunicação, a imagem desempenha atualmente papel fundamental na leitura e compreensão do mundo, dependendo dos objetivos de sua utilização pode servir tanto como instrumento para alienação das pessoas como meio de acesso e democratização do conhecimento. Pelas possibilidades que oferece no enriquecimento das aulas através da leitura visual, destacamos o uso da fotografia como uma linguagem educacional que se agrega as demais, para ser utilizada pelos professores de Geografia no Ensino Fundamental e Médio. A linguagem visual, através de textos e imagens, nos é apresentada diariamente, no caminho do trabalho, da escola, do supermercado, dos bancos. A escrita e a imagem
3 3 configuram-se como as principais linguagens utilizadas pelos meios de comunicação. As imagens em especial, são muito exploradas por apresentarem elementos emotivos, com, cores, formas, expressões e evocações imediatas que chamam a atenção das pessoas. Por isso não podemos ignorar a importância da imagem no processo educacional. A disciplina de geografia define inicialmente o seu objeto e estabelece os principais conceitos que sustentam a reflexão pretendida tais como: Espaço, Paisagem, Território, Lugar e Região. Para desenvolvermos o trabalho proposto com os alunos do 2º ano do Ensino Médio, optamos pelas categorias, lugar e paisagem. A utilização da fotografia como recurso para leitura e apreensão da paisagem e do lugar. A observação de uma imagem fotográfica fornece pistas da realidade segundo o olhar de quem a produziu, cabendo ao professor a tarefa de estimular os alunos a descobrir o significado dos elementos presentes na imagem, que poderão ser revelados através de sua leitura. A fotografia torna-se um poderoso instrumento didático que poderá apresentar resultados significativos para a aprendizagem se utilizado corretamente em sala de aula. Esta eterniza uma paisagem com apenas um clique que poderá se transformar num objeto de estudo, proporcionando ao aluno o mesmo visual do espaço fotografado. Para Milton Santos (2004). O meio geográfico é um meio de vida, um híbrido de materialidade objetiva. Mas tal meio compreendido como espaço geográfico, é produto da história, pois, é cristalizado da experiência passada do indivíduo e da sociedade, corporificadas em formas sociais (espaço) e também em configurações espaciais (território) e paisagens. Desta forma, a paisagem é percebida sensorial e empiricamente, mas não é espaço, porém a materialização de um momento histórico. Sua descrição e observação servem como ponto de partida para as análises do espaço geográfico, sendo insuficientes para sua compreensão.
4 4 Uma paisagem, portanto, não é formada, apenas por seus elementos visíveis, mas também pelos não visíveis, cuja leitura para sua compreensão exige mais que a simples observação, é necessária uma leitura perceptiva do espaço que varia de acordo com a seleção feita pelo olhar do observador. Já o lugar é, à sua maneira, o mundo, segundo Milton Santos (2004). Assim, o conceito de lugar apoderou-se de inúmeras interpretações sendo um conjunto de objetos que têm autonomia de existência pelas coisas que o formam - ruas, edifícios, canalizações, indústrias, empresas, restaurantes, eletrificação, calçamentos, mas que não têm autonomia de significação, pois todos os dias novas funções substituem as antigas, novas funções se impõem e se exercem. Yi-Fu Tuan (1983) caracteriza o lugar a partir da experiência, o lugar avaliado como lar, em suas diversas escalas: o próprio lar, a vizinhança, a cidade. Assim, um lugar atinge realidade concreta quando nossa experiência com ele é total, isto é, através de todos os sentidos, como também com a mente ativa e reflexiva. Portanto, o ensino da geografia deve levar o aluno a compreensão do lugar onde vive, sendo uma ciência de caráter estratégico não serve apenas para educar o cidadão, mas também para ajudá-lo a mudar e compreender o seu meio e o mundo globalizado. OBJETIVO GERAL Explorar relações entre a geografia e imagens fotográficas que possibilite a compreensão da relação homem/natureza. OBJETIVOS ESPECÍFICOS Analisar as paisagens geográficas produzidas a partir da experiência e vivência dos alunos. Compreender as relações (re) produzidas no espaço por meio de fotografias. METODOLOGIA Após analisarmos os conceitos geográficos propostos para acompanhar este trabalho, propusemos aos alunos uma atividade de registros de imagens fotográficas de diversos contextos que retratavam a natureza física, econômica, social e cultural da região da Grande Vitória/ES.
5 5 A atividade consistiu na exposição de 10 fotos, sendo 9 em tamanho de 15 x 21cm e 1 de 21 x 29,7cm. Em grupos com 5 alunos cada, durante 1 semana os alunos registraram imagens e tiveram liberdade artística para apresentar as fotos em preto e branco, imagem envelhecida, passado, presente e eventos culturais(anexos). Após a seleção das imagens orientada pelo professor regente e os bolsistas PIBID, começaram as produções dos painéis com as fotografias. Foram utilizados os seguintes materiais: fotos, papelão, tesoura, canetas, cola, cartolina ou papel cartão. Os painéis foram produzidos pelos bolsistas do PIBID juntamente com o professor e os alunos. Destaca-se nessa atividade vários aspectos, dentre eles, um processo de percepção onde a cena é definida em função do um ponto de vista de onde é observada, ou seja, do ponto de vista do fotógrafo e outro, que diz respeito a um aspecto cognitivo, sendo esse um processo mental pelo qual os indivíduos (o aluno) a partir de seus interesses e necessidades, estruturam e organizam sua interface com o real e o mundo, "selecionando as informações percebidas, armazenando-as e conferindo-lhes significados"(machado,1998). CONSIDERAÇÕES FINAIS Considerando que atualmente vivemos em uma sociedade cada vez mais visual, que mostra a imagem de uma forma muito intuitiva, sem uma percepção reflexiva e crítica, percebemos, que essa perspectiva, se deve ao fato das imagens, em especial, as fotografias, ocuparem papel secundário no processo ensinoaprendizagem. A fotografia é o meio de reproduzirmos a espacialidade geográfica, bem como, os fenômenos culturais que ali atuam. Através das imagens, conseguimos identificar elementos que podem aguçar a imaginação, construir histórias e relembrar o passado, etc; assim, a fotografia deve ser vista mais que uma ilustração e sim um texto que deve ser lido através da percepção. A escola desempenha o papel de aproximar o sujeito (protagonista) da imagem, dessa forma é preciso que o professor desenvolva habilidades que possibilitem os discentes a interpretarem as imagens presentes no seu dia a dia, sendo esta linguagem o arcabouço necessário que permeia a comunicação entre o aluno, professor e realidade. Diante
6 6 disso, é imprescindível a importância de os indivíduos saírem da rotina escolar para realizarem tarefas extracurriculares. Os professores de Geografia ainda se limitam aos textos escritos, livros, mapas temáticos, etc, e não buscam alternativas eficazes para aprimorar a aprendizagem escolar. Embora vivemos em tempos modernos, muitos profissionais docentes, vivem em uma concepção que ele é o detentor do saber. O presente projeto "Geografia das Imagens: A Foto que Fala", orientado pelo professor Roberto Márcio da Silveira e a equipe PIBID/UFES/CAPES, vem com a proposta de tornar público metodologias mais atuais capazes de contribuir para construção de ideias que auxiliem os alunos a utilizarem a imagem como elemento aprimorador de seu intelecto, afim de contribuir para a construção de sua identidade que o referencia dentro do espaço local/global em que vivem, assim, melhorando cada vez mais a sua compreensão da espacialidade e de mundo vivido. BIBLIOGRAFIA MACHADO, Lucy Marion C. P. Paisagem, Ação, Percepção e Cognição.In: 3º ENCONTRO INTERDISCIPLINAR SOBRE O ESTUDO DA PAISAGEM. Cadernos paisagem Paisagens. Rio Claro, 1998, p SANTOS, M. A Natureza do Espaço: Técnica e tempo, razão e emoção. São Paulo, Hucitec, 1996b. TUAN, Yi- Fu. Espaço e Lugar: a perspectiva da experiência. São Paulo: DIFEL, 1983.
7 7 ANEXOS: Figura 1 Bolsistas do PIBID elaborando os painéis Figura 2 Aluno confeccionando painel
8 8 Figura 3 Professor auxiliando alunos Figura 4 Professor e bolsistas do PIBID colando os painéis
9 9 Figura 5 Painéis expostos Figura 6 Painel Centros Urbanos
10 10 Figura 7 Painel O Espírito Santo e suas duas faces Figura 8 Painel Artísticos Movimentos
11 Figura 9 Alunas premiadas pelo melhor painel 11
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