Universidade Federal do Pará/ Campus Cametá

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1 GAIA. Edimilson Ramos Marques CARDOSO. Benedito Fernando Farias Universidade Federal do Pará/ Campus Cametá Uma proposta metodológica para o Ensino da Geografia através das imagens do Landsat 8, em conjunto com o aplicativo Google Earth no 6º ano da Escola Dinorá Tavares Cametá-PA. Introdução Vivemos em um contexto marcado pelo intenso desenvolvimento tecnológico e pela rapidez no fluxo de informações que se propagam no mundo em questão de segundos, imprimindo assim uma nova dinâmica a noção de tempo e espaço e provocando mudanças no comportamento das pessoas. Na escola isso se reflete com muita intensidade, pois as crianças já nascem num mundo regido pelas novas tecnologias, com isso novas demandas acabam surgindo e a simples aula expositiva que utiliza apenas quadro e pincel já não consegue responder aos anseios do educando. Diante disso os professores de geografia precisam tirar proveito dos diversos recursos tecnológicos disponíveis criando metodologias que possibilitem o uso das novas tecnologias como recurso didático, em especial o sensoriamento remoto com o intuito de tornar suas aulas mais atrativas e dinâmicas despertando o interesse pela aprendizagem no aluno. No ensino da Geografia existe a possibilidade do uso de leituras de imagens orbitais, como por exemplo as do Landsat e do aplicativo Google Earth para a interpretação e análise das informações contidas nas diferentes paisagens.

2 A introdução de técnicas avançadas para a visualização do espaço geográfico a partir do Sensoriamento Remoto, tais como imagens de satélites, fotografias aéreas e imagens do Google Earth constituem uma importante ferramenta para os alunos identificarem as diversas feições do espaço de forma dinâmica, e em diferentes escalas, pois esse recurso tecnológico permite uma visão sinóptica do espaço. De acordo com Carvalho (2012) O uso da tecnologia de sensoriamento remoto em sala de aula, proporciona um grande avanço, já que pode enriquecer o ensino da Geografia dinamizando o estudo do espaço geográfico, uma vez que permite uma visão menos abstrata do que a apresentada no mapa. Mesmo diante de tantas vantagens proporcionadas pelo sensoriamento remoto, percebe-se que existe muita dificuldade por parte dos professores de geografia da rede municipal de ensino do município de Cametá em relação ao uso desse recurso, devido à ausência de métodos adequados. Objetivo Diante desse quadro e embasados nas ideias da autora Teresa Gallotti Florenzano (2011) elaboramos este trabalho de pesquisa com o intuito de apresentar uma proposta metodológica para o ensino da geografia utilizando imagens digitais e analógicas do Landsat 8 e do aplicativo Google Earth, para a turma do 6º ano da escola Dinorá Tavares Cametá-PA. Mostrando as possibilidades de uso do sensoriamento remoto através de atividades práticas, desenvolvidas em três etapas: em sala de aula, no laboratório de informática da escola e através de trabalho de campo. A Importância do Sensoriamento Remoto no Ensino da Geografia A Sociedade atual vive um período marcado pelos avanços tecnológicos, principalmente no âmbito da informação e da comunicação. Na educação o uso de

3 materiais tecnológicos vem sendo cada vem mais exigidos, como condiz, nos novos parâmetros curriculares nacionais que reforçam a importância do uso de novas tecnologias. Apesar desses incentivos percebe-se que poucos são os profissionais que se utilizam desses recursos em suas aulas ou fora delas. É necessário reconhecer a existência de uma grande dificuldade para se associar avanço tecnológico e práticas didáticas no ensino, nos níveis básicos da educação, fundamental e médio, englobandose ao ensino da geografia. (Carvalho, p. 21) Na área da educação as tecnologias proporcionam tanto para o professor como para os alunos uma maneira diferenciada de entender e relacionar os objetos analisados. Em especial na geografia, podemos destacar a importância do uso do sensoriamento remoto em sala de aula. O sensoriamento remoto é a tecnologia que permite obter imagens e outros tipos de dados da superfície terrestre, por meio da captação e do registro da energia refletida ou emitida pela superfície (Florenzano, 2011, p. 9). Dessa maneira, ressaltamos o diferencial que o uso desse recurso pode proporcionar para uma melhor abstração da realidade. Sua utilização pode representar um grande avanço no sentido de implementar uma melhoria na qualidade do ensino como um todo, e em especial na geografia, na medida em que se mostra capaz de imprimir o dinamismo necessário ao estudo do espaço geográfico e capaz, ainda, de solucionar um dos grandes problemas em que se esbarra o ensino da geografia: a falta de maturidade dos alunos diante de situações que requeiram um grau acentuado de abstração como o estudo através de mapas. (Carvalho, 2012, p. 33). Outra vantagem de se utilizar esse recurso, é a grande acessibilidade de informações constantemente atualizadas. Possibilitando dessa forma para o aluno, a realização de comparações do espaço em diferentes períodos, ou seja, como era antes e como ficou com o passar dos anos, após a ação social, possibilitando dessa forma um debate em sala de aula que estimule o aluno a colocar o seu ponto de vista, questionando, analisando e posteriormente refletindo sobre o assunto. A utilização do sensoriamento remoto também possibilita a inserção do aluno no mundo tecnológico, assim como permite gerar conteúdos didáticos do espaço local dos educandos que poderão complementar os livros didáticos ligando o local ao global.

4 Através da utilização de imagens do Landsat 8, os alunos são estimulados a analisar as figuras para identificar os objetos que estão nelas contidas, sempre buscando fazer a relação entre eles. Esses avanços possibilitam aos professores de geografia a elaboração de seus próprios materiais pedagógicos, dirigindo o olhar para a realidade do aluno, mudando a visão de um ensino que se limita somente ao uso de livros didáticos, que na sua maioria estão totalmente fora da realidade dos alunos em específico da região Norte do Brasil. Nesse sentido Carvalho (2012, p.23) afirma que: Em um tempo de transformações rápidas como o atual, torna-se cada vez mais premente se encontrar formas de associar os avanços tecnológicos ás novas necessidades criadas, e entre estas se encontram a reformulação das práticas pedagógicas, que pela importância que assumem na formação de novos valores, novos talentos e mentes curiosas que se transformem em novos pesquisadores, não podem se colocar a margem das inovações, mais sim, devem tentar incorporá-las, também, de um modo rápido e eficiente. Na conjuntura atual, há um número significativo de tecnologias disponíveis aos educadores que podem auxiliar sua atividade docente. Nesse sentido, Florenzano (2011) em seu livro Iniciação em Sensoriamento Remoto, discorre no capitulo 9 sobre a utilização do sensoriamento remoto como recurso didático onde faz várias abordagens sobre o uso dessa tecnologia e propõe várias sugestões de atividades. Assim a utilização dessas ferramentas tecnológicas no ensino de geografia contribuem para a compreensão do espaço geográfico. Uma vez que elas levam o aluno a construir seu conhecimento sobre o espaço e a discutir sobre as relações sociais, políticas e econômicas que nele se estabelecem (Carvalho, 2012, p. 35). Reforçando o verdadeiro papel da geografia que consiste em levar os cidadãos a uma consciência da espacialidade (Cavalcante, 1998, p. 20). Neste sentido torna-se indispensável a inserção desses recursos no ensino da geografia, pois não se pode admitir que uma disciplina tão rica se feche a essa importante ferramenta de aprendizagem que é o sensoriamento remoto.

5 A Interpretação de Imagens Utilizando o Landsat 8 e o Aplicativo Google Earth no Ensino Básico de Geografia. Atualmente, as instituições de ensino não podem mais ignorar o potencial dos novos recursos tecnológicos e didáticos na educação. Segundo Gabini e Diniz (2009), a escola deve-se abrir às possibilidades geradas pelas tecnologias para não se distanciar das novas linguagens. Porém, a simples adoção da utilização de computadores no processo de aprendizagem não garante que se está utilizando tecnologia no processo pedagógico. Para isso, se faz necessária a aquisição de conhecimento metodológicos para serem aplicados, visando a integração do aluno ao processo. Valente (2002) enfatiza que o uso da internet, ou do computador, por exemplo, não é garantia para que o aluno construa conhecimento. Neste sentido, inserir o uso de tecnologia na proposta curricular do ensino da Geografia é a tentativa de encontrar formas de tornar o ensino prazeroso e produtivo, como tem de ser, quando se procura levar o aprendizado de uma forma inovadora e que realmente faça a diferença para o aluno. Como ressalta (CARVALHO, 2012): É nesse contexto que pode ser entendido o potencial de utilização de sensoriamento remoto na educação como muito significativo, visto que ele apresenta-se como uma ferramenta que pode trazer um grande auxílio, não só no ensino da geografia, área que melhor pode ser beneficiada com este recurso, mas também por sua forte característica multidisciplinar. Fazer uso das imagens do Landsat 8 e do aplicativo Google Earth, nas aulas de Geografia, para uma interpretação da paisagem do ambiente vivido do aluno é possibilitar a leitura dos conceitos de Geografia em sala de aula dando-lhes a oportunidade de um ambiente rico em discussões para que o aluno possa fazer a relação da paisagem apresentada através do recursos tecnológicos com a visão prática do seu cotidiano, materializando e identificando os objetos de cunho sociais, culturais e ambientais identificados no meio, como: igrejas, escolas, praças, hospitais, feiras, etc., facilitando assim a aprendizagem e que também atraiam a atenção do educando. A Geografia contribui para esta formação, proporcionando ao aluno: - orientar o seu olhar para os fenômenos ligados ao espaço, reconhecendo-os

6 não apenas a partir da dicotomia sociedade-natureza, mas tomando-os como produtos das relações que orientam seu cotidiano, definem seu lócus espacial e o interligam a outros conjuntos espaciais. (PCN, 1999) As escolas e os educadores estão diante de um grande desafio. Atualmente os aparelhos eletrônicos estão disponíveis para os nossos alunos nas escolas, em casa ou em lan house como computadores e internet, que proporcionam diversão e passa-tempo. Contudo, utilizar as tecnologias como os computadores, aparelhos de DVD, televisores, projetores de vídeo, etc., é de suma importância, pois a utilização dos mesmos facilita o ensino e aprendizagem. Proposta de Atividade para a Turma do 6º ano da E.M.E.F Dinorá Tavares Devido à grande relevância que o sensoriamento remoto representa para o ensino de geografia, e pela ausência de metodologias adequadas para sua utilização, por parte dos professores da escola mencionada propomos uma atividade, para os alunos do 6º ano da E.M.E.F Dinorá Tavares, fundamentada nas ideias de Florenzano (2011). Para isso será utilizado a imagem do Landsat 8, da região de Cametá, em conjunto com o aplicativo Google Earth, onde será trabalhada a identificação dos diferentes objetos presentes na paisagem. A pesquisa teve início no dia 24 de fevereiro de 2014 e será concluída dia 23 do dezembro do mesmo ano. Para essa atividade será utilizado os seguintes matérias: imagem impressas em papel couché A4 do satélite Landsat 8, papel vegetal A4, régua, fita crepe, lápis preto, lápis de cor, borracha e apontador. Assim como também será usado imagens digitais do Landsat 8 e do aplicativo Google Earth. Primeiramente será explicado para os alunos os conceitos de interpretação de imagem, elementos de interpretação, resolução, escala e legenda. Posteriormente distribuiremos a imagem impressa e a folha de papel vegetal para cada aluno. Em seguida seguiremos as seguintes etapas:

7 Primeiro fixar com fita adesiva o papel vegetal somente na parte superior da imagem, para que ela possa ser visualizada sem a interferência do papel. Depois identificar um objeto, como por exemplo o aeroporto, para se ter noção da escala da imagem. Identificar (estrada, área urbana, aeroporto, vegetação, rio, área agrícola) levando em conta os seguintes requisitos básicos de interpretação: cor, forma e textura. Gerar um mapa da área de Cametá e elaborar a legenda com a ajuda do roteiro de interpretação, nomeando todos os objetos identificados. No laboratório de informática, utilizando a imagem no formato digital do Google Earth, será comparado pelos alunos as discriminações dadas em sala de aula aos diferentes objetos da paisagem, e feito as possíveis correções por eles próprios. De posse dessas informações realizaremos uma atividade de campo visando a identificação dos principais pontos discriminados no mapa criado, materializando assim os objetos identificados nas imagens, bem como abrindo caminho para que futuramente se estabeleça as relações existentes entre os objetos no espaço geográfico cametaense. Considerações Finais Portanto, percebemos que o uso do sensoriamento remoto nas aulas de geografia é capaz de proporcionar uma interação entre professores e alunos, que por sua vez são estimulados através de imagens digitais ou analógicas a identificarem os principais pontos da cidade de Cametá-Pa. A partir da identificação dos objetos, será realizada a materialização dos mesmos através do trabalho de campo. Essa interação dentro e fora de sala, faz com que o nível de conhecimento se amplie, despertando o interesse do aluno pela a aprendizagem. Contudo, no município são poucos os profissionais que fazem uso da tecnologias em sala de aula para aperfeiçoar o seu método de ensino. Dessa forma esperamos que este artigo venha subsidiar o trabalho desenvolvido pelo professor de geografia por meio de sugestões de atividades levando à sala de aula os benefícios que a

8 utilização do sensoriamento remoto é capaz de proporcionar para o ensino e aprendizagem. Referências Bibliográficas: CARVALHO, Vânia Maria Salomon Guaycuru de. Sensoriamento Remoto no Ensino Básico da Geografia: Definindo novas estratégias. RJ: APED, CAVALCANTE, Lana de Souza. Geografia, escola e construção de conhecimentos. 18ª. Ed. Campinas, SP: Papirus, FLORENZANO, Teresa Gallotti. Iniciação em sensoriamento remoto. 3ª. Ed. SP: Oficina de Textos, GABINI, W. S.; DINIZ, R. E. da S. Os professores de química e o uso do computador em sala de aula: discussão de um processo de formação continuada. Ciência & Educação, v. 15, n. 2, p , 2009 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, BRASIL: Parâmetros Curriculares Nacionais PCN Ensino Médio. VALENTE, J. A. Uso da internet em sala de aula. Educar em Revista, Curitiba, n. 19, p , 2002.