PROJETO DE LEI Nº 15/2009 Deputado(a) Frederico Antunes + 1 Deputado(s)

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1 DIÁRIO OFICIAL DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA Porto Alegre, sexta-feira, 6 de setembro de PRO 1 PROJETO DE LEI Nº 15/2009 Deputado(a) Frederico Antunes + 1 Deputado(s) Dispõe sobre a obrigatoriedade de advertência do perigo do uso de aparelho de telefonia celular na direção de veículos automotores, e dá outras providências. Art. 1º Fica obrigatória nas propagandas comerciais dos produtos de telefonia celular veiculadas no Estado do Rio Grande do Sul a advertência, falada e escrita, sobre o risco de acidente de trânsito relacionado ao uso de telefone celular na direção do veículo. Parágrafo único. A advertência a que se refere o caput deste artigo deverá também informar o consumidor de que a utilização de celular ao volante sem equipamento de viva-voz é considerado infração de trânsito. Art.2º Esta Lei poderá ser regulamentada para sua aplicação, especialmente quanto ao estabelecimento de sanções. Art.3º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Sala das Sessões, em Deputado(a) Frederico Antunes Deputado(a) Miki Breier JUSTIFICATIVA Muito tem se discutido sobre o elevado índices de acidentes de trânsito e suas causas. Visando o debate e consequentemente contribuir para a diminuição destas preocupantes estatísticas, apresentamos este projeto, objetivando alertar os consumidores e condutores de veículos, sobre o perigo que o uso de aparelho celular ao volante representa. Objetiva ainda, o alerta de que a utilização destes aparelhos sem equipamento de viva-voz, constitui infração de trânsito. Fator de indução a acidentes de trânsito, a conduta acima descrita, mereceu atenção do legislador quando tipificou como infração no Código de Transito Brasileiro, nos termos dos incisos V e VI do art. 252, a direção de veículo com apenas uma das mãos ou utilizando-se de fones nos ouvidos conectados a aparelhagem sonora ou de telefone celular. Ao utilizar o celular ao volante, sem equipamento de viva-voz, o condutor acaba tendo que dirigir com apenas uma das mãos, como também, divide sua atenção entre o movimento da via e a conversa ao telefone. Alia-se as dificuldades acima, a necessidade de controle de emoções, raciocínio, e a sensação de impotência frente ao desconhecimento da informação recebida, entre outras reações, que por si só, podem evocar no condutor um quadro de extrema agitação ou angústia, face a necessidade ou impossibilidade de

2 DIÁRIO OFICIAL DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA Porto Alegre, sexta-feira, 6 de setembro de PRO 2 tomada de decisão momentânea, acarretando sua total desconcentração ao trânsito. Apesar de incessantemente vermos alusão a estes riscos, diariamente motoristas são autuados pela infração destas normas, muitas vezes por desconhecer o perigo desta conduta. Estudos realizados sobre as conseqüências do uso do aparelho celular no trânsito, alertam sobre os riscos que esta ação representa: - Relatório do Centro Britânico Transport Research Laboratory (Laboratório de Pesquisa em Transportes) aponta que essa conduta é mais perigosa do que dirigir sob efeito de álcool. O motorista com um celular ao ouvido vai reagir de forma muito mais lenta aos perigos e sua distância de frenagem a l20km/h é 14m mais longa do que a de um motorista que se encontra com ambas as mãos ao volante e, em média, 10m maior do que a de uma pessoa sob efeito de álcool em dosagem acima do permitido em Lei.(Parecer Dep. Federal Edson Ezequiel ao PL nº 2.741/03) - Um estudo de Utah (EUA) mostrou que condutores ao volante falando pelo celular, mesmo que seja com fone de ouvido, ficam com visão afunilada e com as mesmas reações de quem está sob o efeito de 0,8 decigramas de álcool. (Parecer Dep. Federal Edson Ezequiel ao PL nº 2.741/03) - Uma pesquisa feita pela entidade canadense de trânsito AAA Foundation for Traffic Safety, mostrou que a distração provocada pelo telefone celular é duas ou três vezes maior em pessoas com mais de 50 anos. (Parecer Dep. Federal Edson Ezequiel ao PL nº 2.741/03) - Estudos evidenciam que o risco de acidentes de trânsito ao falar por celular enquanto se dirige é de quatro vezes mais do que o normal. Mesmo falar com as mãos livres, por fone auricular ou viva-voz, tem esse mesmo aumento de risco quadruplicado (Conselho Europeu de Segurança no Transporte). (Parecer Dep. Federal Edson Ezequiel ao PL nº 2.741/03) Ação do motorista Tempo gasto(estimado) Distância percorrida a 100 km/h Acender um cigarro 3 segundos 80 metros Beber um copo d água 4 segundos 110 metros Sintonizar o rádio 4 segundos 110 metros Procurar objeto na carteira Mais de 3 segundos Mais de 80 metros Consultar um mapa Mais de 4 segundos Mais de 110 metros Discar número de telefone 5 segundos 140 metros Fonte: Volkswagen Assim, face o exposto, ressaltando a tramitação no Congresso Nacional de proposta similar de autoria do Deputado Luis Carlos Heinze, apresentamos o presente projeto de lei. Fontes: Detran/MT Associação Brasileira de Educação de Trânsito/ABETRAN Sala das Sessões, em Deputado(a) Frederico Antunes Deputado(a) Miki Breier COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA PROJETO DE LEI Nº 15/2009

3 DIÁRIO OFICIAL DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA Porto Alegre, sexta-feira, 6 de setembro de PRO 3 Processo nº /09-9 Proponente: Deputado(a) Frederico Antunes + 1 Deputado(s) Ementa: Dispõe sobre a obrigatoriedade de advertência do perigo do uso de aparelho de telefonia celular na direção de veículos automotores, e dá outras providências. Relator(a): Deputado(a) Jorge Pozzobom Parecer: Favorável. PARECER DA COMISSÃO Nº 79/2013 Vem a esta Comissão de Constituição e Justiça, para exame e parecer, o Projeto de Lei nº 15/2009, do nobre Deputado Frederico Antunes, que dispõe sobre a obrigatoriedade de advertência do perigo do uso de aparelho de telefonia celular na direção de veículos automotores, e dá outras providências. Em breve resumo e conforme consta no Projeto, o objetivo é tornar obrigatória, nas propagandas comerciais dos produtos de telefonia celular veiculadas no Estado do Rio Grande do Sul a advertência, falada e escrita, sobre o risco de acidente de trânsito relacionado ao uso de telefone celular na direção do veículo (art. 1º), dispondo, também, no seu parágrafo único, que a advertência a que se refere o caput do artigo deverá também informar o consumidor de que a utilização de celular, ao volante, sem equipamento de viva-voz é considerado infração de trânsito. Dispõe o art. 24, inc. VIII da Constituição Federal: Art Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: (...) VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico; O Projeto de Lei 15/2009 não apresenta infringência a dispositivos da Constituição Federal, como fruto legítimo que é do exercício pelo Estado de sua competência legislativa suplementar para dispor sobre proteção ao consumidor.

4 DIÁRIO OFICIAL DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA Porto Alegre, sexta-feira, 6 de setembro de PRO 4 A Constituição de 1988 contemplou, pela primeira vez na história constitucional do País, os direitos do consumidor. No seu artigo 5º, inciso XXXII, como um dos seus direitos fundamentais, prescreveu a Carta Maior que: O Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor. E como bem enfocou Toshio Mukai: (...) Essa disposição já mostra que o constituinte quis que a matéria fosse de ordem concorrente, ao empregar a expressão genérica Estado A defesa do consumidor, mais, foi inserida dentre os princípios da Ordem Econômica, consoante disposto no inciso V do artigo 170. A relevância de tal inserção traduz-se, pois, na categoria em que o legislador quis fixar as relações do consumo na esfera constitucional federal, conferindo-lhe disposição principiológica própria, dentre aquelas que asseguram existência digna. Em face da previsão constitucional da defesa coletiva dos consumidores, que elevou os direitos e deveres individuais e coletivos à categoria de direitos e garantias fundamentais, adveio a Lei Federal n , de 11 de setembro de 1990 Código do Consumidor. No que diz respeito às regras relativas à defesa do consumidor, pois, compete à União legislar sobre normas gerais, restando aos Estados competência legislativa suplementar. E, em atendimento às prescrições do ordenamento constitucional federal (art. 24, inc. VIII e seu 2º), o presente Projeto de Lei, está com indiscutível caráter de norma geral, enfatizando o princípio da informação, do qual se extrai o dever de informação do fornecedor e direito básico à informação adequada do consumidor, previsto, dentre outros, nos artigos 4º, 6º, inciso III, 9º e 31 do Código do Consumidor. Segundo o que dispõe o Código de Defesa do Consumidor, um dos direitos basilares no diploma consignado é o direito à informação. Referido princípio do artigo 4º, inciso IV, norteador da política nacional de relações de consumo, é expresso como direito básico do consumidor, nos artigos 6º, inciso III, 9º, 31 e 36 do diploma. Dispõe o artigo 6º, inciso III, citado:

5 DIÁRIO OFICIAL DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA Porto Alegre, sexta-feira, 6 de setembro de PRO 5 Artigo 6º São direitos básicos do consumidor: (...) III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, preço e garantia, bem como sobre os riscos que apresentam. Abordando as práticas comerciais, o mesmo diploma repete o direito básico em comento, de maneira cabal, inclusive quanto à origem e características do produto, prescrevendo: Artigo 31 - A oferta e apresentação de produtos ou serviços devem assegurar informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre suas características, qualidade, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que apresentem à saúde e segurança dos consumidores. Nota-se que, independentemente da existência de eventuais riscos, o fornecedor não pode se furtar do dever de informar ao consumidor todas as especificações do produto. Segundo previsto ainda nos artigos 6º, inciso I, e 9º do Código do Consumidor: Artigo 6º - São direitos básicos do consumidor: I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos. Artigo 9º - O fornecedor de produtos e serviços potencialmente nocivos ou perigosos à saúde ou segurança deverá, nos rótulos e mensagens publicitárias, informar, de maneira ostensiva e adequada, a respeito da nocividade ou periculosidade, sem prejuízo da adoção de outras medidas cabíveis em cada caso concreto. Por último, o direito à informação deve ser respeitado e rigorosamente cumprido

6 DIÁRIO OFICIAL DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA Porto Alegre, sexta-feira, 6 de setembro de PRO 6 seu art. 266: A Constituição do Estado do Rio Grande do Sul, no capítulo da Defesa do Consumidor, dispõe em Art O Estado promoverá ação sistemática de proteção ao consumidor, de modo a garantir-lhe a segurança e a saúde, e a defesa de seus interesses econômicos. Por fim, insta sinalar que a iniciativa do projeto está em consonância com o disposto no art. 61 da Constituição Federal, e art. 59 da Constituição do Estado. Cabe ressaltar, com isso, e visando afastar qualquer futuro argumento nesse sentido, que o presente PL não está legislando sobre telecomunicações, quando a competência seria privativa da União. Isso porque o PL não está tratando sobre a exploração do serviço de telecomunicações, nem mesmo sobre organização dos serviços ou outros aspectos institucionais, o que, na esteira do art. 21, inc. XI e 22 inc. IV, da Carta Magna, seria competência privativa da União. Muito menos se está legislando sobre propaganda comercial, que seria também competência privativa da União (art. 22, inc. XXIX da Carta Maior), pois o texto do PL apenas institui uma inserção informativa nas peças publicitárias previamente elaboradas pelas empresas, sem interferência de qualquer ordem no trabalho publicitário. Em vista do exposto, não existe óbice jurídico ao prosseguimento do presente Projeto de Lei. Parecer favorável. Sala da Comissão, em 03 de setembro de Deputado(a) Heitor Schuch, Presidente. Deputado(a) Raul Pont, Vice-Presidente. Deputado(a) João Fischer Deputado(a) Edson Brum Deputado(a) Dr Basegio Deputado(a) Jorge Pozzobom, Relator(a). Deputado(a) Frederico Antunes Deputado(a) Raul Carrion Deputado(a) Edegar Pretto

7 DIÁRIO OFICIAL DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA Porto Alegre, sexta-feira, 6 de setembro de PRO 7 Deputado(a) Ronaldo Santini