PROJETO DE LEI Nº 372/2011 Deputado(a) Luciano Azevedo

Transcrição

1 DIÁRIO OFICIAL DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA Porto Alegre, quinta-feira, 14 de junho de PRO 1 Torna obrigatório o encaminhamento ao consumidor de via escrita dos contratos firmados à distância. Art. 1.º As pessoas jurídicas fornecedoras de bens e serviços atuantes no Estado do Rio Grande do Sul ficam obrigadas a encaminhar ao consumidor uma via escrita do contrato firmado por telefone, pela internet ou por outras formas de contratação à distância. Parágrafo único. O encaminhamento do contrato escrito deverá ocorrer até o décimo quinto dia útil após a contratação à distância. Art. 2.º O descumprimento do disposto nesta Lei sujeitará os infratores às seguintes penalidades: I - advertência; e II - multa. Art. 3.º Esta Lei poderá ser regulamentada para garantir sua execução. Art. 4.º publicação. Esta Lei entrará em vigor no prazo de 90 (noventa) dias, a partir da data de sua Sala de Sessões, em JUSTIFICATIVA O presente projeto de lei tem como objetivo proporcionar mais uma forma de proteção aos consumidores que celebram contratos à distância, por meio de telefone, fixo ou móvel, e pela rede mundial de computadores, a internet, de modo a garantir que recebam no endereço informado no momento da compra, uma via escrita do contrato celebrado. O comércio eletrônico, que consiste na automação das transações comerciais por meio das tecnologias de informática e telecomunicações, vem sendo cada vez mais difundido e utilizado pelas empresas e aproveitado pela população em geral, principalmente no que se refere às contratações de telefonia celular, TV a cabo e cartão de crédito. Essa forma de aquisição de bens e serviços, torna o processo de venda mais ágil e com redução dos custos, além de estimular a competitividade. As negociações feitas à distância beneficiam tanto as empresas que oferecem seus produtos e serviços, através dos chamados call centers ou das páginas da internet, quanto os consumidores, que podem adquirir mercadorias sem sair de casa. Contudo, mesmo trazendo facilidades, esse tipo de contratação também pode acarretar riscos e inseguranças à parte originalmente mais frágil nas relações de consumo, o consumidor. Geralmente nesses casos, no momento do oferecimento do produto são omitidas informações relevantes à contratação, que podem induzir o consumidor a erro. Assim, o recebimento da via contratual possibilita melhor compreensão do objeto oferecido e a verificação de que o mesmo efetivamente consta da minuta tal como apresentado pela empresa. Além disso, permite ao consumidor identificar possíveis implicações prejudiciais não informadas no momento da venda.

2 DIÁRIO OFICIAL DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA Porto Alegre, quinta-feira, 14 de junho de PRO 2 Os meios de que dispõem os consumidores, atualmente, para garantir equivalência entre aquilo que foi combinado por telefone ou pela internet com o que de fato lhe será entregue, como a gravação do atendimento realizado, o número de protocolo do serviço ou outros dados oferecidos, não se vislumbram, na prática, muito eficazes, uma vez que o consumidor encontra dificuldades em obter os registros tal como informados no momento da venda. A desconformidade verificada muitas vezes entre o objeto contratado por meio eletrônico e a realidade apresentada posteriormente está prevista no Código de Defesa do Consumidor, em seus artigos 61 e 66, estabelecendo que constitui crime contra as relações de consumo fazer afirmação falsa ou enganosa, ou omitir informação relevante sobre a natureza, característica, qualidade, quantidade, segurança, desempenho, durabilidade, preço ou garantia de produtos ou serviços. Por tal razão, importante que o consumidor tenha à disposição o inteiro teor das condições, características e demais informações relevantes, acerca do objeto oferecido à distância. O cidadão tem o direito de poder analisar o contrato para verificar se o que foi combinado por telefone ou pela internet condiz com o que está escrito. A regra estadual ora apresentada, vem, portanto, complementar e especificar a normatização federal já existente. Nesse sentido, a iniciativa está em consonância com as disposições definidas pela Constituição Federal de 1988, a qual estabelece, em seu artigo 24, inciso VIII, ser competência concorrente da União, dos Estados e do Distrito Federal legislar sobre responsabilidade por dano ao consumidor. O Código de Defesa do Consumidor, desta forma, dispôs sobre normas gerais de proteção e defesa do consumidor, não limitando a competência dos Estados em legislar, de forma específica, sobre o tema. Pelas razões expostas, necessário se faz a adoção de medidas para assegurar o equilíbrio nessas relações de consumo, o que se pretende através da proposta ora encaminhada. Isso posto, submeto o presente projeto de lei à consideração dos nobres pares, solicitando o apoio de todos para sua aprovação. Sala de Sessões, em COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA Processo nº /11-5 Proponente: Ementa: Torna obrigatório o encaminhamento ao consumidor de via escrita dos contratos firmados à distância. Relator(a): Deputado(a) Paulo Azeredo Parecer: Favorável, c/emenda(s).

3 DIÁRIO OFICIAL DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA Porto Alegre, quinta-feira, 14 de junho de PRO 3 P A R E C E R DA COMISSÃO Nº227 Vem, para exame e parecer desta Comissão de Constituição e Justiça, o Projeto de Lei nº 372/2011, de autoria do Excelentíssimo Deputado Luciano Azevedo, que Torna obrigatório o encaminhamento ao consumidor de via escrita dos contratos firmados à distância. A presente proposição tem por objetivo determinar às pessoas jurídicas fornecedoras de bens e serviços atuantes no Estado do Rio Grande do Sul que forneçam ao consumidor, até o quinto dia útil após a contratação, o respectivo contrato de compra e venda ou prestação de serviços, quando a venda for realizada via internet, telefone ou outro meio de contratação à distância (art. 1.º, caput e paragrafo único). Tal projeto vem preencher uma lacuna nas atuais relações de consumo, com o incremento das compras via internet ou telefone: o desamparo total do consumidor em face da insatisfação ou de qualquer outro problema com o produto ou serviço contratado. Nos negócios realizados fisicamente, à moda antiga, com o consumidor se dirigindo até o ponto de venda, falando olho no olho do vendedor e este, por sua vez, comprometendo-se com a satisfação de seu cliente, é mais fácil ao consumidor exercer seus direitos quando ocorre algum problema com o produto ou serviço. Ja nos negócios feitos à distância, seja através de sites da internet, seja através de call-center's, o consumidor não tem a possibilidade de reclamar direto com o vendedor. Até mesmo porque, sendo uma forma de negociação mais ágil, a venda a distância geralmente omite particularidades que podem acarretar prejuízos ao consumidor. O envio do contrato, como forma de garantia da regularidade e lisura do negócio realizado, é medida de bom alvitre, colaborando com a melhoria das relações consumeiristas. Não há inconstitucionalidade na iniciativa. O Parlamentar possui competência para legislar sobre a matéria, eis que não há reserva de origem ao Poder Executivo quanto a matéria (art. 60 da Constituição Estadual). Da mesma forma, o Estado Federado possuo legitimidade para deliberar sobre Direito do Consumidor, conforme art. 24, VIII, da Constituição Federal: Art. 24 Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: ( ) VIII responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. É de se ressaltar que a legislação complementa a Lei Federal 8.078, de 11 de setembro de 1990, o Código de Proteção e Defesa do Consumidor, sendo corolário do princípio da hipossuficiência do consumidor, prescrito no art. 4.º, I, do CDC.

4 DIÁRIO OFICIAL DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA Porto Alegre, quinta-feira, 14 de junho de PRO 4 De outra banda, a legislação não causa impacto orçamentário para o erário. Assim sendo, encontramos manifesto o interesse público na Proposta, de modo que, inexistindo obstáculos de ordem jurídica ou legal, nem vícios de qualquer natureza, recomendamos a aprovação deste Projeto de Lei. proposição. Porém para melhor ajustar o projeto de lei, apresento emenda que altera a redação do art. 1º da Pelo exposto, o parecer é favorável. Sala das Sessões, 12 de junho Deputado(a) Marco Alba, Presidente. Deputado(a) Edson Brum, Vice-Presidente. Deputado(a) Heitor Schuch Deputado(a) Marlon Santos Deputado(a) Raul Pont Deputado(a) Raul Carrion Deputado(a) Paulo Azeredo, Relator(a). Deputado(a) João Fischer Deputado(a) Pedro Westphalen Deputado(a) Daniel Bordignon Deputado(a) Lucas Redecker Deputado(a) Ronaldo Santini EMENDA Nº 1 Comissão de Constituição e Justiça Altera o artigo 1º e Parágrafo Único do Projeto de Lei n.º 372/2011.

5 DIÁRIO OFICIAL DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA Porto Alegre, quinta-feira, 14 de junho de PRO 5 Art. 1º. As pessoas jurídicas fornecedoras de bens e serviços atuantes no Estado do Rio Grande do Sul ficam obrigadas a disponibilizar as condições gerais do contrato firmado por telefone, pela internet ou por outras formas de contratação à distância, quando solicitadas pelo consumidor. JUSTIFICATIVA A emenda ora apresentada busca impedir a burocratização excessiva e, ao mesmo tempo, resguardar o consumidor que poderá por obter ou não as principais informações relacionadas ao contrato por diversos meios de comunicação. Sala das sessões, 12 de junho de Deputado(a) Marco Alba, Presidente. Deputado(a) Edson Brum, Vice-Presidente. Deputado(a) Heitor Schuch Deputado(a) Marlon Santos Deputado(a) Raul Pont Deputado(a) Raul Carrion Deputado(a) Paulo Azeredo, Relator(a). Deputado(a) João Fischer Deputado(a) Pedro Westphalen Deputado(a) Daniel Bordignon Deputado(a) Lucas Redecker Deputado(a) Ronaldo Santini