A TEORIA POLÍTICA DA JUSTIÇA DE JOHN RAWLS: Em direção a um liberalismo político para uma sociedade democrática bemordenada. Dissertação de Mestrado

Tamanho: px
Começar a partir da página:

Download "A TEORIA POLÍTICA DA JUSTIÇA DE JOHN RAWLS: Em direção a um liberalismo político para uma sociedade democrática bemordenada. Dissertação de Mestrado"

Transcrição

1 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FILOSOFIA A TEORIA POLÍTICA DA JUSTIÇA DE JOHN RAWLS: Em direção a um liberalismo político para uma sociedade democrática bemordenada Dissertação de Mestrado Walter Valdevino Oliveira Silva Orientador: Prof. Dr. Nythamar H. F. de Oliveira Jr. Porto Alegre 2005

2 Livros Grátis Milhares de livros grátis para download.

3 2 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FILOSOFIA A teoria política da justiça de John Rawls: Em direção a um liberalismo político para uma sociedade democrática bemordenada Dissertação de Mestrado Walter Valdevino Oliveira Silva Dissertação para obtenção do título de Mestre em Filosofia (Ética e Filosofia Política), defendida dia 6 de julho de Banca: Prof. Dr. Nythamar H. F. de Oliveira Jr. (orientador) Prof. Dr. Thadeu Weber Prof. Dr. Luiz Fernando Barzotto Agência de financiamento: CNPq Porto Alegre 2005

4 3 It does me no injury for my neighbour to say there are twenty gods, or no god. Thomas Jefferson ( ), Notes on the State of Virginia

5 4 Em memória de José Valdevino da Silva ( ), meu pai, a quem devo tudo.

6 5 Agradecimentos Gostaria de agradecer ao professor Nythamar de Oliveira pela amizade e acompanhamento ao longo desse período de dois anos. Seus seminários também tiveram grande importância tanto para definir melhor meus objetivos na dissertação, quanto para dar uma visão mais unificada de vários aspectos da filosofia. Esse período não teria sido tão proveitoso se não fosse a estrutura do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da PUCRS, que se destaca pela alta produção docente, realização de alguns dos mais importantes eventos de filosofia do país, realização de diversos seminários e interação permanente com Departamentos de Filosofia no exterior. O financiamento através do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) foi essencial. Por fim, agradeço a todos os amigos que, mais diretamente ou mesmo sem saber, contribuíram para que eu superasse os momentos difíceis ao longo desse período.

7 6 ÍNDICE Siglas Utilizadas...07 Resumo...08 Introdução...09 Capítulo 1 A justiça como eqüidade 1.1. Surgimento da justiça como eqüidade Método de justificação de ações morais O contratualismo rawlsiano O utilitarismo A teoria da justiça como eqüidade O papel da justiça A estrutura básica da sociedade Os princípios da justiça A questão da liberdade A estabilidade de uma sociedade bem-ordenada O senso de justiça...55 Capítulo 2 O liberalismo político 2.1. Principais mudanças Elementos fundamentais do liberalismo político Concepção política de justiça Concepção política de pessoa A idéia de um consenso sobreposto O construtivismo As características do consenso sobreposto A prioridade do justo sobre o bem A idéia de razão pública...91 Conclusão...95 Bibliografia...99

8 7 SIGLAS UTILIZADAS Liberalismo Rawls, John. Political Liberalism. New York: Columbia University Press, Tradução utilizada: O liberalismo político. São Paulo: Ática, Teoria Rawls, John. A Theory of Justice (Edição revisada de 1975). Cambridge: Harvard University Press, Tradução utilizada: Uma Teoria da Justiça. São Paulo: Editora Martins Fontes, 2000 (4ª ed.).

9 8 RESUMO Nos anos que se seguiram à publicação de Uma Teoria da Justiça (1971), a produção do filósofo americano John Rawls ( ) foi intensa tanto no sentido de responder às críticas feitas à sua obra, realizando algumas mudanças em sua teoria e aprofundando a idéia kantiana de sua filosofia moral, bem como, num momento posterior, no sentido de redefinir a concepção moral da teoria da justiça, modificando-a em direção a uma concepção estritamente política. Assim, meu objetivo é expor quais mudanças na teoria da justiça como eqüidade (justice as fairness) foram feitas, e de que forma foram feitas, durante as décadas de 1970, 1980 e Para tanto, tomo como tema de análise a questão da redefinição do caráter moral da teoria da justiça (como tinha sido exposto em Uma Teoria da Justiça) para a adoção de uma teoria simplesmente política, exposta de modo sistemático em O Liberalismo Político (1993). Acredito que, a partir desse tema, é possível ter uma melhor compreensão não somente de aspectos particulares da teoria rawlsiana, mas principalmente obter uma visão mais clara de um dos problemas fundamentais das democracias contemporâneas: como atingir a estabilidade e a unidade de um sistema social em meio ao pluralismo de doutrinas morais, religiosas e filosóficas que, segundo o próprio Rawls, deve ser uma característica intrínseca de qualquer sociedade democrática.

10 9 INTRODUÇÃO Publicada em 1971, Uma Teoria da Justiça, 1 resultado de estudos iniciados cerca de duas décadas antes, 2 rapidamente muda o panorama da teoria moral e política, tornando-se obra de referência imprescindível em qualquer debate atual sobre questões sociais, justiça, ética, racionalidade e método filosófico. Durante os anos que se seguem, uma quantidade imensa de artigos que discutem a obra é publicada. Paralelamente em parte por causa de alguns desses artigos, em parte devido às próprias mudanças históricas e à presença cada vez maior da questão do pluralismo no debate político Rawls passa a tentar corrigir inconsistências de sua teoria da justiça como eqüidade. As várias conferências nas quais sua teoria é reformulada são reunidas e publicadas em forma de livro em 1993, com o título de O Liberalismo Político. 3 Mais do que simplesmente uma evolução teórica isolada, as mudanças da teoria de Rawls são clara conseqüência das transformações ocorridas na agenda dos debates políticos contemporâneos, sobretudo nos Estados Unidos da América. 1 Rawls, John. A Theory of Justice (Edição revisada de 1975). Cambridge: Harvard University Press, Tradução utilizada: Uma Teoria da Justiça. São Paulo: Editora Martins Fontes, 2000 (4ª ed.). De agora em diante, citada apenas como Teoria. 2 Os principais artigos publicados por John Ralws antes de 1971 são: "Outline of a Decision Procedure for Ethics." The Philosophical Review (Abril de 1951), 60(2): , "Two Concepts of Rules." The Philosophical Review (Janeiro de 1955), 64(1): 3-32, Justice as Fairness, The Philosophical Review, vol. 57 (1958); Distributive Justice: Some Addenda, Natural Law Forum, vol. 13 (1968); Constitutional Liberty and the Concept of Justice, Nomos VI: Justice, org., C. J. Friedrich e John Chapman (Nova York, Atherton Press, 1963); Distributive Justice, Philosophy, Politics and Society, Third Series, org. Peter Laslett e W. G. Runciman (Oxford, Basil Blackwell, 1967); The Justification o Civil Disobedience, Civil Disobedience, org. H. A. Bedau (Nova York, Pegasus, 1969); The Sense of Justice, The Philosophy Review, vol. 62 (1963). Todos esses artigos podem ser encontrados conjuntamente em Rawls, John. Collected Papers (Org. Samuel Freeman). Cambridge: Harvard University Press, Rawls, John. Political Liberalism. New York: Columbia University Press, Tradução utilizada: O liberalismo político. São Paulo: Ática, De agora em diante, citado apenas como Liberalismo.

11 10 Desde a infância em Baltimore que contava com uma população negra de cerca de 40%, e também por acompanhar a luta de sua mãe em defesa dos direitos das mulheres Rawls toma consciência dos problemas da desigualdade e injustiça social. 4 Durante a década de 1960, período de intensa atividade intelectual, Rawls já estava dando aula na Universidade de Harvard e presenciou a discussão sobre a Guerra do Vietnam. O questionamento recaía sobre a validade das decisões de um governo, ou de uma classe política, que ascendia ao poder devido à riqueza e que acabava por impor seus interesses particulares nas decisões do governo, como a de ingressar na guerra. Juntamente com essa intensa discussão política, os anos 1950 e 1960 presenciaram uma considerável modificação nos debates sobre filosofia política, da qual Teoria pode ser considerada como uma das obras sintetizadoras. A argumentação em favor dos direitos passa a ocupar um lugar importante no debate acadêmico, sendo que a apropriação de algumas idéias marxistas amplia as reivindicações não só por liberdades civis e políticas, mas também por igual distribuição de renda e riquezas, educação, oportunidade de trabalho, assistência médica e outras medidas com o objetivo de beneficiar os menos favorecidos. De acordo com Amy Gutmann, Teoria pode ser vista, ao rejeitar a predominância dos interesses de classe ou grupos, como uma tentativa de integração da crítica socialista na teoria liberal. 5 Isso estaria claro nos dois princípios de justiça, responsáveis pela ordenação das principais instituições da sociedade, propostos por Rawls: o primeiro princípio, o da igual liberdade, assegura as liberdades liberais básicas: liberdade de pensamento, consciência, discurso, reunião, voto universal, de estar livre de ser preso sem motivo e liberdade de poder concorrer a cargos públicos. Mas ausentes dessa lista estão as 4 Cf.: Richardson, Henry & Weithman, Paul. The philosophy of Rawls Vol. 1. Development and Main Outlines of Rawls's Theory of Justice. New York: Garland Publishing, 1999, p The philosophy of Rawls Vol. 1. Development and Main Outlines of Rawls's Theory of Justice, p. 17

12 11 liberdades de mercado capitalistas: direito de ter propriedade comercial, direito de se apropriar do excedente de produção, direito de herança, etc. Como as partes contratantes da teoria da justiça como eqüidade não conhecem sua riqueza e posição social, não sabendo se são trabalhadores ou proprietários dos meios de produção, escolherão os princípios de justiça apenas preocupadas com que todos, independente da classe social e da riqueza, tenham as condições mínimas necessárias que garantam uma vida decente. Por outro lado, o segundo princípio de justiça justifica somente desigualdades econômicas e sociais que beneficiam os cidadãos menos favorecidos (princípio da diferença) e também defende a igualdade eqüitativa de oportunidades e de chances de vida, independente da renda e da classe social, e não somente a igualdade formal de oportunidades. A conseqüência deste segundo princípio de justiça é que será necessário, por exemplo, adotar esquemas de educação compensatória e evitar grandes desigualdades de riquezas que, como se sabe, são o principal causador de desigualdades políticas e de poder. 6 Mesmo assim, embora tentando compatibilizar a crítica socialista com ideais liberais fundamentais, defendendo uma política mais igualitária do que a lockeana e, em certo sentido, mais libertária do que o marxismo, Rawls é criticado por ambos os lados: Liberais que acreditam na distribuição de acordo com o mercado ou com o mérito individual (ou ambos) têm criticado Rawls por não considerar a liberdade de se apropriar dos frutos do próprio trabalho como estando entre as liberdades básicas. Socialistas que acreditam que 6 Em um interessante trecho sobre as implicações dos dois princípios de justiça, Philippe van Parijs compara a teoria de Rawls com a de Marx: Essas reservas não impedem, entretanto, que Rawls seja, sob certos aspectos, mais igualitarista que Marx, por exemplo. Desse modo, o princípio A cada um segundo seu trabalho, que, segundo Marx, deve reger a distribuição dos lucros sócio-econômicos no primeiro estágio da sociedade comunista, tolera as desigualdades ligadas à quantidade, à intensidade e talvez ao grau de qualificação do trabalho prestado, o que o princípio da diferença não necessariamente legitimaria. E o mesmo acontece com o princípio A cada um segundo suas necessidades, que corresponde ao estágio superior da sociedade comunista, se bem que aqui (...) as desigualdades de lucros sócio-econômicos podem ser concebidas como não fazendo mais do que compensar as desigualdades preexistentes e, portanto, como que se increvendo elas mesmas em uma perspectiva igualitarista. (Fondements d une théorie de la justice, p. 31).

13 12 a propriedade capitalista de empresas de larga escala seja uma forma pós-feudal de governo privado têm criticado Rawls por deixar a escolha entre propriedade privada e coletiva da indústria de longa escala aberta à argumentação empírica, ao invés de estabelecê-la sobre fundamentos morais. 7 Em 1975, Rawls revisa o texto original da primeira edição de Teoria para a publicação da edição alemã. 8 O núcleo central da obra é mantido, mas algumas mudanças importantes são realizadas. A primeira delas diz respeito à questão da liberdade 9 e a segunda diz respeito à análise dos bens primários, que são as coisas que as pessoas racionais desejam, independentemente de quaisquer outras coisas que desejam. 10 Além dessas mudanças, resultantes de críticas feitas logo em seguida da publicação de Teoria, na segunda metade da década de 1970 Rawls começa a perceber inconsistências na Terceira Parte de sua obra, especificamente no que dizia respeito à questão da estabilidade de uma sociedade bem-ordenada. Essa Terceira Parte não estaria coerente com a visão da teoria da justiça como eqüidade em sua totalidade. A idéia de sociedade bem-ordenada, da forma como exposta em Teoria, dava a entender que todos os cidadãos endossariam a concepção de justiça como eqüidade como se ela fosse uma doutrina filosófica abrangente (comprehensive), ou seja, uma doutrina que diz respeito a vários senão a todos aspectos da vida humana: religiosos, morais, filosóficos, etc. 7 The philosophy of Rawls Vol. 1. Development and Main Outlines of Rawls's Theory of Justice, p Eine Theorie der Gerechtigkeit. Frankfurt: Suhrkamp, Essas mudanças foram feitas devido às críticas de H.L.A. Hart, publicadas no artigo Rawls on Liberty and Its Priority, University of Chicago Law Review, vol. 40 (1973), p Rawls afirma, entretanto, que uma resposta mais adequada para as críticas de Hart pode se encontrada no artigo Basic Liberties and Their Priority, ("The Basic Liberties and Their Priority." In Sterling M. McMurrin, ed., The Tanner Lectures on Human Values, III (1982), p Salt Lake City: University of Utah Press; Cambridge: Cambridge University Press, 1982), tradução brasileira: As liberdades básicas e sua prioridade, in Justiça e democracia. São Paulo: Martins Fontes, 2000, p Como no caso da liberdade, Rawls afirma que somente no artigo Social Unity and Primary Goods (Collected Papers, p. 359) a questão dos bens primários será melhor esclarecida.

14 13 Não que essa inconsistência estivesse clara em Teoria mesmo porque nesta obra ainda não havia distinção entre doutrinas abrangentes e não-abrangentes, mas o problema era que a apropriação do contrato social, como aparece em Teoria, parecia fazer parte de uma filosofia moral (também não havia distinção entre filosofia moral e filosofia política). A teoria da justiça como eqüidade não era vista como uma concepção estritamente política de justiça, ou seja, voltada somente para objetivos políticos. A importante limitação ao campo do político não tinha sido feita, o que dava margem à interpretação de que Rawls estaria elaborando uma teoria moral completa ou parcialmente completa, que pudesse estabelecer diretrizes morais para variados aspectos da vida humana; para além do campo político, portanto. Como veremos detalhadamente no Capítulo 2, essa restrição ao campo do político é o segundo grande motivo das críticas feitas contra o filósofo. 11 Com as modificações em sua teoria da justiça, Rawls passa a considerar seriamente a questão do pluralismo de doutrinas religiosas, filosóficas e morais abrangentes existentes nos regimes democráticos contemporâneos. Para ele, é preciso reconhecer que a existência deste pluralismo razoável de doutrinas abrangentes é uma conseqüência normal do exercício da razão humana em sociedades livres e democráticas. Seria muito pouco realista acreditar que os cidadãos de uma mesma sociedade democrática constitucional defendessem uma única doutrina abrangente. Por isso, o objetivo de Rawls é formular uma concepção de justiça política para um regime democrático constitucional que possa ser endossada pelas diversas doutrinas razoáveis existentes nesse regime, sem que essas mesmas doutrinas precisem ser substituídas ou receber novos fundamentos. 11 O primeiro é sobre a concepção da posição original de escolha dos princípios de justiça.

15 14 Assim, reconhecer o fato do pluralismo razoável como fundamental para garantir a estabilidade social é considerar uma questão que, para o filósofo, exerceu um papel de pouco destaque na história da filosofia moral. 12 Após essas reformulações, os questionamentos do liberalismo político passam a ser:... como é possível existir, ao longo do tempo, uma sociedade estável e justa de cidadãos livres e iguais profundamente divididos por doutrinas religiosas, filosóficas e morais razoáveis, embora incompatíveis. Em outras palavras: como é possível que doutrinas abrangentes profundamente opostas, embora razoáveis, possam conviver e que todas endossem a concepção política de um regime constitucional? Qual é a estrutura e o teor de uma concepção política que conquista o apoio de um tal consenso sobreposto? 13 Partindo desses questionamentos, gostaria de enfatizar dois aspectos importantes. Um deles remete a uma questão central das democracias contemporâneas; o outro, à própria história da filosofia, especificamente no que diz respeito ao desenvolvimento das concepções liberais. O primeiro aspecto relaciona-se às origens e implicações do que usualmente é chamado de construtivismo político. Com a modernidade, e cada vez mais atualmente, ganha força a idéia de que as instituições humanas e os princípios que as regem devem ser o resultado agora que não se depende mais da idéia de uma ordem superior, divina ou de qualquer outra espécie de uma construção, elaborada pelos cidadãos enquanto seres autônomos e possuidores de razão. Por este motivo, Rawls está interessado em propor a construção de uma base de justificação pública que seja amplamente aceita pelos cidadãos, já que ela diz respeito a questões fundamentais, em relação às quais todos sabem que devem opinar e ter um posicionamento. Percebe-se, portanto, a importância da necessidade de 12 Cf. Liberalismo, Introdução, p Liberalismo, Introdução, p

16 15 distinção entre a razão pública, ou ponto de vista público, e as diversas razões ou pontos de vista não-públicos. Nesse sentido, Rawls confere importância central, como veremos no Capítulo 2, para a distinção entre o razoável e o racional:... o liberalismo político, em vez de se referir à sua concepção política de justiça como correta, refere-se a ela como uma concepção razoável. Não se trata apenas de uma questão semântica, pois duas implicações decorrem disso. Em primeiro lugar, razoável indica um ponto de vista mais limitado da concepção política, que aqui articula valores políticos apenas, e não todos os valores, ao mesmo tempo que apresenta uma base pública de justificação. Em segundo lugar, o termo indica que os princípios e ideais da concepção política baseiam-se nos princípios da razão prática, conjugados a concepções de sociedade e pessoa que advêm, também elas, da razão prática. Tais concepções especificam o arcabouço no interior do qual os princípios da razão prática se aplicam. 14 Serão razoáveis, assim, os princípios derivados de um procedimento adequado de construção realizado por pessoas racionais submetidas a condições razoáveis. Esses princípios constituirão a base para a discussão pública de questões políticas fundamentais. Como espero que fique claro ao longo do texto, desde os primeiros artigos Rawls está tentando elaborar um procedimento construtivista. O segundo aspecto importante a ser enfatizado diz respeito à história da filosofia política e ao surgimento e desenvolvimento do conceito de tolerância e pluralismo, vinculados mais significativamente ao surgimento do período moderno que, segundo Rawls, rompe com os ideais dos antigos principalmente depois de três processos históricos: 1) A Reforma Protestante do século XVI, que levou ao pluralismo religioso; 2) O surgimento do Estado moderno, que centralizou a administração e inicialmente é controlado por monarcas absolutos; 3) O desenvolvimento da ciência moderna, que Rawls entende como o 14 Liberalismo, Introdução, p. 28.

17 16 desenvolvimento da astronomia com Copérnico e Kepler, assim como a física newtoniana; e também, é preciso enfatizar, o desenvolvimento da análise matemática (cálculo) por Newton e Leibniz. 15 Assim, para Rawls:... a origem histórica do liberalismo político (e do liberalismo em geral) está na Reforma e em suas conseqüências, com as longas controvérsias sobre a tolerância religiosa nos séculos XVI e XVII. Foi a partir daí que teve início algo parecido com a noção moderna de liberdade de consciência e de pensamento. Como Hegel sabia muito bem, o pluralismo possibilitou a liberdade religiosa, algo que certamente não era intenção de Lutero, nem de Calvino. É claro que outras controvérsias também tiveram uma importância crucial, como aquelas versando sobre a limitação dos poderes dos monarcas absolutos por princípios adequados e de traçado constitucional, visando a proteger direitos e liberdades básicas. 16 Com a modernidade, portanto, a questão da convivência estável e harmoniosa em sociedade passa a ser um problema de justiça política, e não mais um problema sobre o bem supremo. Embora preocupado, em Teoria, com propor alternativas para a resolução de problemas políticos específicos, sobretudo aqueles relacionados ao conflito clássico na história do pensamento liberal entre igualdade e liberdade, Rawls não dedica atenção necessária ao fato do pluralismo de doutrinas abrangentes que, cada vez mais, constituem um aspecto político fundamental das sociedades contemporâneas. Se a consideração desses fatores, como veremos, levou a várias reformulações na teoria da justiça como eqüidade, por outro lado, acredito que Rawls passa a elaborar uma visão muito mais coerente com, e adequada às, sociedades democráticas contemporâneas. 15 Liberalismo, Introdução, p Liberalismo, Introdução, p. 32.

18 17 Para concluir esta Introdução, gostaria de mencionar rapidamente um último aspecto que, embora não seja analisado no texto com mais detalhes devido à sua abrangência, deve ser considerado como um pressuposto para compreender a teoria rawlsiana e sobretudo as críticas feitas em relação a Liberalismo (voltarei a esse ponto novamente na Conclusão). Trata-se da apropriação que Rawls realiza da teoria kantiana. No conhecido 40 de Teoria (A interpretação kantiana da justiça como eqüidade 17 ) o filósofo pretende deixar claro que sua concepção da justiça se baseia na noção de autonomia kantiana e nos principais aspectos relacionados a ela, como a idéia de escolha racional, e de seres racionais iguais e livres. Assim, a posição original de escolha dos princípios de justiça, juntamente com o véu de ignorância que priva as partes contratantes de qualquer conhecimento de sua situação social, como classe, renda e riqueza e demais restrições, estariam muito próximos da doutrina de Kant pelo menos quando se tem uma visão global de seus escritos sobre a ética. 18 Nesse sentido, agir de acordo com os princípios de justiça escolhidos na posição original seria equivalente a agir com base em imperativos categóricos, já que a descrição da posição original seria equivalente ao ponto de vista do eu em si, ou nôumeno, no que se refere ao significado de um ser racional igual e livre. Essa apropriação da doutrina kantiana, sobretudo por eliminar as dicotomias entre necessário e contingente, a forma e o conteúdo, a razão e o desejo, os nôumenos e os fenômenos, sempre foi objeto de várias críticas. Com as modificações propostas em Liberalismo, Rawls ainda mantém que sua teoria tem uma vinculação clara com a doutrina kantiana. Continua, embora com algumas especificações, mantendo o vínculo apresentado acima entre posição original e a doutrina kantiana, mas passa a dar mais ênfase para a idéia 17 Teoria, 40, p Teoria, 40, p. 277.

19 18 de interpretação procedimental da concepção kantiana de autonomia, para a idéia de construtivismo e para a importante distinção entre o razoável e o racional. A idéia de prioridade do justo sobre o bem, que coloca Rawls na mesma linha de teóricos deontológicos em que Kant se situa, também tem grande importância para compreendermos em que sentido Rawls é um autor essencial nas discussões contemporâneas sobre normatividade.

20 19 CAPÍTULO 1 A justiça como eqüidade 1.1. Surgimento da justiça como eqüidade Método de justificação de ações morais Iniciar a leitura de Teoria sem possuir maiores referências sobre o contexto do debate político americano ou sobre a trajetória teórica do autor antes de 1971 pode levar a alguns estranhamentos. Se é verdade que Rawls passa a ter um amplo reconhecimento após a publicação de Teoria, é preciso lembrar também que desde 1951 o filósofo já estava publicando importantes artigos acadêmicos, interessado, por exemplo, nos debates sobre o utilitarismo e o procedimentalismo. 1 Não se tratando somente de reconstituir o percurso intelectual de Rawls, mas com o objetivo de mostrar até mesmo que suas reflexões apresentadas em Liberalismo já encontram a origem de sua formulação nos textos anteriores a 1971, é preciso entender de que modo sua concepção particular de contrato social tomou forma até ganhar uma elaboração mais definitiva em Teoria. 2 Como afirma Henry S. Richardson, seria aconselhável, para qualquer tentativa de chegar a um inteiro entendimento da justiça como 1 Para referência a esses artigos, ver nota 2, p Esse percurso fica claro através da própria explicação de Rawls no prefácio à primeira edição de Teoria: Ao apresentar Uma Teoria da Justiça, tentei reunir em uma visão coerente as idéias veiculadas nos artigos que escrevi ao longo dos últimos doze anos aproximadamente. Todos os tópicos centrais desses artigos são retomados, de modo geral com mais detalhamento. As outras questões necessárias para completar a teoria também são discutidas. A exposição se divide em três partes: A primeira parte cobre, com muito maior elaboração, o mesmo terreno de Justice as Fairness [ Justiça como eqüidade ] (1958) e Distributive Justice: Some Addenda [ Justiça distributiva: alguns adendos ] (1968), enquanto os três capítulos da segunda parte correspondem, respectivamente, mas com muitos acréscimos, aos tópicos de Constitutional Liberty [ Liberdade constitucional ] (1963), Distributive Justice [ Justiça distributiva ] (1967) e Civil Disobedience [ Desobediência civil ] (1966). O segundo capítulo da última parte cobre os temas de The Sense of Justice [ O senso de justiça ] (1963). Exceto em uns poucos lugares, os outros capítulos dessa parte não são paralelos aos ensaios publicados. Embora as idéias principais sejam em grande parte as mesmas, tentei eliminar inconsistências e completar e fortalecer o argumento em muitos pontos. (Teoria, Prefácio, p. XXI)

21 20 eqüidade, considerar a evolução dos primeiros pontos de vista de Rawls e o contexto no qual eles foram originados. 3 Desde o artigo Outline of a Decision Procedure for Ethics, de 1951, Rawls se mostra interessado em elaborar alguma forma de procedimentalismo para resolver questões morais. 4 Como veremos, a intenção procedimentalista de Rawls é clara, já indicando idéias que, depois, serão expressas através da concepção de equilíbrio reflexivo. Como afirma Amy Gutmann, Rawls argumentará que não temos melhor modo de justificar princípios que satisfazem padrões mínimos de razão moral (consistência lógica, generalidade, e assim por diante) do que traduzindo os princípios em práticas sociais e julgando se as práticas são consistentes com nossas convicções morais. 5 Embora deslocando o foco de sua teoria da moral para a política, Rawls tentará sempre se manter dentro desta perspectiva teórica. Com este objetivo, a intenção de Rawls neste artigo de 1951 é investigar se existe um procedimento de decisão razoável que seja suficientemente forte, pelo menos em alguns casos, para determinar a maneira pela qual interesses concorrentes deveriam ser julgados, e, em instâncias de conflito, um interesse ter preferência sobre outro; e, além disso, pode a existência desse procedimento, como também sua racionalidade, ser estabelecido por métodos racionais de investigação? 6 Ou seja, o objetivo é verificar a possibilidade de constituição de um método baseado em princípios racionais que seja capaz de avaliar se decisões morais são válidas ou não. Para tanto, Rawls elabora um procedimento razoável ou método razoável. O que de fato é interessante neste artigo, sobretudo para compreendermos as formulações rawlsianas 3 The philosophy of Rawls Vol. 1. Development and Main Outlines of Rawls's Theory of Justice, p. ix. 4 Em Teoria, ao fazer algumas considerações sobre a teoria moral ( 9, p. 49), ou seja, considerações sobre como funciona nosso senso de justiça, Rawls segue o ponto de vista geral de Outline of a Decision Procedure for Ethics, como ele mesmo deixa claro em nota (Teoria, p. 663, n. 24). 5 The philosophy of Rawls Vol. 1. Development and Main Outlines of Rawls's Theory of Justice, p Collected Papers, p. 1. Todas as citações dessa obra são traduzidas por mim.

22 21 posteriores, é a aproximação entre o seu procedimento razoável e o método da lógica indutiva, o mesmo que estabelece os critérios para verificar a objetividade do conhecimento científico. 7 Neste caso, Rawls quer elaborar um procedimento semelhante, baseado nos mesmos critérios, para verificar a objetividade das regras morais. O primeiro passo na elaboração desse procedimento razoável é a escolha da classe de juízes morais competentes. Um juiz moral competente deveria possuir quatro características: 1) ter um certo grau de inteligência que esteja dentro de um padrão de normalidade; 2) ter o conhecimento do funcionamento das coisas à sua volta e das conseqüências das ações de modo geral, bem como das peculiaridades dos fatos que irá julgar; 3) ser um homem razoável, sendo que isso significa a) basear-se em critérios da lógica indutiva para saber em que acreditar, b) mostrar interesse em considerar todos os lados das questões que lhe são apresentadas, c) considerar sempre a possibilidade de rever sua posição no caso da apresentação de evidências adicionais e d) estar atento para não ceder a inclinações pessoais; 4) ter um conhecimento complacente dos interesses humanos que levam à exigência de tomar decisões morais. 8 Rawls também toma cuidado para deixar de lado aspetos ideológicos, ou seja, juízes morais competentes devem evitar que ideologias que são monopólio do conhecimento e da verdade nas mãos de algum grupo, raça, instituição ou classe social influenciem suas decisões. Colocados esses pressupostos, é importante destacar que Rawls, desde este artigo de 1951, está preocupado com o problema da circularidade, que depois terá que enfrentar e 7 Vale a pena lembrar uma importante frase de Rawls no início de Teoria: A justiça é a primeira virtude das instituições sociais, como a verdade o é dos sistemas de pensamento (Teoria, 1, p. 3). 8 Cf. Collected Papers, p. 2.

23 22 que, portanto, é um aspecto relevante a ser considerado para entender o desenvolvimento de sua teoria da justiça: A competência é determinada somente pela posse de certas características, algumas das quais podem ser ditas capacidades e realizações (inteligência e conhecimento), enquanto outras podem ser ditas virtudes (portanto, as virtudes intelectuais de racionalidade). Ficará claro em seções posteriores por que não podemos definir um juiz competente, pelo menos no começo de nossa investigação, como alguém que aceita certos princípios. A razão é que desejamos dizer de alguns princípios para decidir interesses que um fundamento para aceitá-los como princípios razoáveis é que juízes competentes parecem aplicá-los intuitivamente para decidir questões morais. Obviamente, se um juiz competente fosse definido como alguém que aplica esses princípios, esse raciocínio seria circular. Assim, um juiz competente não deve ser definido em termos do que diz ou por quais princípios usa. 9 Estabelecidas as condições necessárias para avaliar a classe dos juízes morais competentes, o próximo passo é estabelecer a classe dos julgamentos morais ponderados. Para tanto, certas características deverão ser cumpridas: 1) os juízes morais não podem ser punidos pelas decisões que tomam; 2) a integridade do juiz deve ser mantida e ele não pode obter ganhos com sua decisão (pois o medo e a parcialidade prejudicam decisões justas); 3) os casos apresentados devem ser tais que envolvam somente conflitos de interesse reais, excluindo casos hipotéticos. Isso garante que os casos sejam aqueles que costumam surgir na vida comum e sobre os quais as pessoas tiveram a capacidade de refletir; 4) o juiz deve ter acesso a todos os fatos sobre o caso, podendo ouvir todas as partes envolvidas; 5) o juiz deve ter certeza sobre sua decisão, não pode estar em dúvida sobre ela; 6) o julgamento deve ser estável, ou seja, em outras épocas juízes morais devem ter tomado as mesmas decisões para casos similares; 7) o juiz deve aplicar intuitivamente os princípios éticos, sendo que um julgamento intuitivo não significa impulsividade ou instintividade, mas uma reflexão sobre 9 Collected Papers, p. 4.

24 23 o caso e sobre os possíveis efeitos de decisões diferentes e até mesmo a aplicação do senso comum. 10 Como podemos ver ao longo de todo o artigo, a intenção de Rawls é fazer com que se criem certas restrições que tornarão as decisões morais justas: formulação clara das decisões, semelhança entre decisões sobre questões semelhantes, resultados baseados em discussão clara e aberta dos fatores em jogo, e, sobretudo, necessidade de que se trabalhe passo a passo considerando a possibilidade de efetivação prática sempre, é claro, com a intenção de comprovar a razoabilidade de princípios éticos do mesmo modo que se comprova a razoabilidade de critérios indutivos. O pressuposto aqui é que, se os homens têm a capacidade de distinguir o certo do errado através do método indutivo aplicado nas ciências, eles também terão esta mesma capacidade para distinguir o verdadeiro do falso em julgamentos morais. Além disso, um julgamento moral em um caso particular só poderá ter sua racionalidade verificada se estiver de acordo com um princípio justificável ou conjunto de princípios justificáveis. Embora Rawls esteja tratando aqui somente de julgamentos para ações morais, é clara a semelhança deste procedimento com a adoção dos princípios de justiça em Teoria. São oito os princípios de justiça propostos, 11 todos eles procurando seguir as normas da lógica indutiva e especificando restrições. Por fim, Rawls conclui o artigo lembrando que o processo por ele descrito não pode ser encarado como um modo de descobrir princípios éticos justificáveis, 12 pois não existem métodos precisos para realizar tal tarefa. Para ele, pressupor isso seria muita 10 Collected Papers, p Cf. Collected Papers, p Cf. Collected Papers, p. 18.

25 24 ingenuidade. O que ele propõe, então, é que o processo seja utilizado de maneira inversa, ou seja, para justificar julgamentos feitos em determinados casos, e não como um método que estabeleça critérios para que se realize um julgamento justo. Assim, se alguém fosse justificar sua ação em determinado caso, deveria mostrar que ela pode ser explicada pelos princípios da justiça e ainda estar de acordo com o maior número possível de circunstâncias expostas por Rawls. Em outras palavras, o procedimento proposto no artigo deveria ter como objetivo principal ser uma medida para saber se determinadas decisões estariam dentro dos padrões necessários para serem consideradas morais. Como veremos mais adiante, esse aspecto do procedimentalismo rawlsiano é fundamental para compreendermos a intenção do autor ao elaborar seu contrato social e a teoria da justiça como eqüidade enquanto um procedimento hipotético que pode ser evocado a qualquer momento, por qualquer pessoa racional, para julgar o quanto uma sociedade está próxima ou afastada dos princípios de justiça O contratualismo rawlsiano Por que ter iniciado com essa exposição dos objetivos de Rawls em seu artigo de 1951? A razão disso ficará clara a partir do destaque de alguns tópicos dos artigos Justice as Fairness (1958), Constitucional Liberty and the Concept of Justice (1963), The Sense of Justice (1963) e Distributive Justice (1967): mostrar que, progressivamente, Rawls reformula sua concepção do que seria uma situação ideal e, portanto, justa de estabelecimento, primeiro, de juízos morais e, depois, de princípios de justiça. Como veremos, essas reformulações são feitas no sentido de aumentar cada vez mais as restrições impostas às partes que escolherão os princípios justos para regular o

26 25 funcionamento de uma sociedade. Com isso, Rawls chegará à elaboração de uma posição original totalmente abstrata, onde as partes estarão submetidas a um véu de ignorância limitador do seu conhecimento a respeito de todos os fatos particulares de suas vidas (que, num sentido kantiano, poderiam fazer com que elas tomassem decisões heterônomas). A originalidade dessa formulação teórica conferirá grande força à Teoria. Mais do que isso, apesar das modificações propostas em Liberalismo, a posição original será mantida na teoria liberal de Rawls como fase indispensável para o estabelecimento dos princípios de uma sociedade democrática justa e estável. Em Justice as Fairness, o objetivo geral de Rawls é mostrar que a idéia fundamental do conceito de justiça é a eqüidade, e que, portanto, o utilitarismo não daria conta desse aspecto, impasse que poderia ser solucionado recorrendo a uma teoria do contrato social. Nesse sentido, Rawls chama atenção para o fato de estar interessado, ao contrário do proposto em Outline of a Decision Procedure for Ethics, somente na justiça enquanto virtude de instituições sociais, ou o que ele chama de práticas, 13 e não mais enquanto justiça de ações morais particulares. Nota-se, portanto, um primeiro deslocamento da teoria de Rawls no sentido de restringir o âmbito de aplicação de sua construção procedimentalista, ou seja, passando a considerar que o procedimentalismo, para ter sucesso, precisa ser aplicado a âmbitos limitados. Encontraremos essa restrição elaborada mais fortemente quando Rawls especificar que sua teoria da justiça tem como objetivo somente a estrutura básica da sociedade. 13 Uso a palavra prática [practice] em todos os lugares como uma espécie de termo técnico significando qualquer forma de atividade especificada por um sistema de regras que define cargos, funções, mudanças, penalidades, defesas e assim por diante, e que dá a estrutura para uma atividade. Como exemplos, pode-se pensar em jogos e rituais, julgamentos ou parlamentos, mercados e sistemas de propriedade. (Collected Papers, p. 47),

27 26 Estabelecido isso, Rawls passa diretamente para a formulação dos dois princípios de justiça: primeiro, cada pessoa que participa de uma prática ou é afetada por ela tem um direito igual à liberdade mais extensa compatível com uma igual liberdade para todos; e segundo, desigualdades são arbitrárias a menos que seja razoável esperar que elas funcionarão para a vantagem de todos e dadas as posições e cargos que elas atribuem ou os cargos e posições que podem ser ganhos a partir delas são abertos a todos. 14 Vemos, portanto, a primeira formulação dos clássicos princípios de justiça que serão a estrutura de Teoria, publicada três anos depois. Embora um pouco diferentes das posteriores formulações elaboradas por Rawls, os dois princípios sempre irão manter praticamente o mesmo conteúdo. O importante aqui, entretanto, não são tanto as particularidades dos dois princípios de justiça, mas constatar as condições que Rawls elabora para a escolha dos dois princípios. A primeira característica dessa primeira formulação de posição original é a de que seja imaginada uma sociedade de pessoas entre as quais um certo sistema de práticas já esteja bem estabelecido 15 e que estas pessoas sejam mutuamente auto-interessadas quando participam de práticas comuns. Além de mostrar que Rawls já pressupõe algo que terá um papel fundamental na sua formulação posterior da teoria da justiça como eqüidade (o mútuo auto-interesse), essa primeira característica mostra que, diferentemente de Teoria, ainda não se trata de uma situação abstrata e hipotética. Aliás, é justamente o caráter histórico e fictício do contrato social que Rawls quer evitar neste artigo de Collected Papers, p Collected Papers, p Cf. Collected Papers, p. 59.

28 27 Rawls ainda claramente seguindo os parâmetros de Outline of a Decision Procedure in Ethics estabelece que as pessoas dessa sociedade devem ser racionais, ou seja: elas conhecem seus próprios interesses mais ou menos de modo preciso; elas são capazes de prever as conseqüências possíveis de adotar uma prática no lugar de outra, elas são capazes de aderir a um curso de ação, uma vez que tenham decidido por isso; elas podem resistir a tentações momentâneas e às seduções do ganho imediato; e o mero conhecimento ou percepção da diferença entre sua condição e aquelas dos outros não é, dentro de certos limites e em si, uma fonte de grande descontentamento. 17 Para garantir o convívio pacífico dessas pessoas racionais em sociedade, também é preciso pressupor que elas possuam interesses e necessidades similares ou complementares e que não haja grandes diferenças de poder e habilidades entre elas. Nesta primeira formulação da situação de escolha dos princípios da justiça, estes serão escolhidos quando as pessoas racionais discutirem sobre o funcionamento das instituições estabelecidas de sua sociedade, sendo que naturalmente do fato da cooperação e da necessidade de reciprocidade surgiriam restrições: as restrições que assim surgiriam podem ser pensadas como aquelas que uma pessoa teria em mente se estivesse elaborando uma prática na qual seu inimigo devesse lhe atribuir o seu lugar. 18 A idéia de Rawls, ao elaborar essa situação de escolha dos princípios de justiça, é a de que, para se ter uma moralidade, é necessário o reconhecimento de princípios imparciais, que limitem ou refreiem os interesses particulares: os princípios de justiça podem, então, ser vistos como os princípios que surgem quando os refreamentos de ter uma moralidade são impostos a partes nas circunstâncias típicas de justiça Collected Papers, p Collected Papers, p Collected Papers, p. 55.

29 28 Devido às características dessa posição geral (general position) de escolha dos princípios de justiça, Rawls dá ênfase ao que ele chama de dever prima facie (prima facie duty) 20 e ao jogo justo (fair play), ambos relacionados com a capacidade de reconhecer as outras pessoas também como portadoras de interesses e sentimentos similares, sobretudo quando engajadas em atividades conjuntas. Já em Constitucional Liberty and the Concept of Justice, de 1963, Rawls passa a deixar claro que seu interesse ao falar de justiça é considerá-la enquanto se aplica somente a instituições políticas, ou seja, sistemas de regras reconhecidas publicamente que definem cargos e posições, direitos e deveres, privilégios e penalidades, e que dão forma e estrutura para a atividade social. Não se trata mais, portanto, da justiça aplicada a pessoas particulares e suas ações. Percebe-se, neste artigo, uma separação mais clara ainda das duas esferas, sobretudo porque Rawls está interessado em discutir somente as liberdades constitucionais fundamentais e sua justificação. Neste artigo, Rawls ainda mantém as principais características da situação de escolha dos princípios de justiça apresentadas em Justice as Fairness : um procedimento no qual pessoas racionais (com as características de racionalidade já apresentadas), mutuamente auto-interessadas, escolhem os princípios que deverão coordenar um sistema de práticas já estabelecido. A diferença, entretanto, está nas condições que passam a ser formuladas para que as pessoas proponham seus princípios de justiça: é necessário que cada parte possa propor livremente seus princípios, mas levando em conta os princípios dos outros, sendo que todos devem estar cientes de que deverão seguir os princípios acordados se os participantes de uma prática aceitam suas regras como justas, e, portanto, não têm nenhuma queixa a apresentar contra ela, surge então um dever prima facie (e um correspondente direito prima facie) das partes em relação umas às outras de agir de acordo com a prática quando elas a adotam para ser cumprida (Collected Papers, p. 60).

30 29 Nesse sentido, o primeiro princípio de justiça seria escolhido porque não haveria modo de se chegar a um acordo que permitisse que cada um ou alguns recebessem mais vantagens; todos escolhem, portanto, como princípio inicial, o princípio de igual liberdade. Já em favor da aceitação do segundo princípio, Rawls desenvolve uma argumentação mais complexa com o objetivo de mostrar que, se existem desigualdades sociais que funcionam como razão para promover maiores esforços dos cidadãos, essas desigualdades seriam aceitas, desde que as vantagens decorrentes dessa situação promovam o ganho de todos, e não somente de alguns. Aqui, Rawls recorre à possível situação hipotética na qual as pessoas desconheceriam suas habilidades e talentos. Seu objetivo é mostrar por que um sistema de casta não seria escolhido como princípio estruturador da sociedade, caso as pessoas estivessem escolhendo os princípios sem saber que lugar ocupariam posteriormente nessa sociedade. Se as pessoas desconhecessem seus talentos e habilidades mas, mesmo assim, por alguma razão, escolhessem o sistema de castas, a chance de pertencerem a uma casta mais alta seria bastante reduzida devido simplesmente ao fator numérico (poucos indivíduos nas castas mais privilegiadas e muitos nas castas inferiores); por outro lado, se elas conhecessem seus talentos e habilidades, escolhendo esse sistema de castas, também seria grande a chance de pertencerem a uma casta inferior e, portanto, de não serem capazes de utilizar essas habilidades para ascender socialmente. Em ambos os casos, as partes seriam levadas, como única alternativa, a escolher uma sociedade aberta (open society), de acordo com o segundo princípio de justiça.

31 30 Como vemos, a abstração de desconhecer talentos e habilidades é apresentada aqui somente como contra-argumento a um possível questionamento sobre a escolha do segundo princípio de justiça, e não como integrante do próprio processo de escolha. 21 Já em 1963, no artigo The Sense of Justice, Rawls faz uma longa consideração sobre o que leva as pessoas a cooperarem socialmente e a seguirem os dois princípios de justiça escolhidos por elas mesmas. Para tanto, realiza uma contrução psicológica (psychological construction) procurando mostrar a importância dos sentimentos morais, dos laços de amizade, afeição e confiança mútua, e destacando a necessidade de que os cidadãos possuam a capacidade de ter um senso de justiça. É neste artigo que Rawls passa a formular pela primeira vez a posição original efetivamente como um procedimento de abstração submetido às restrições que ele defenderá até seus últimos textos: Nesta posição assume-se que há uma ausência de informação; em particular, assume-se que as partes não conhecem sua posição social, nem conhecem seus talentos e habilidades peculiares ou seja, seus dons inatos. Em suma, elas não sabem se foram bem sucedidas na loteria natural. (...) Assume-se que as partes na posição original sejam pessoas morais abstraídas de certos tipos de conhecimento sobre si e sua situação. 22 Em 1967, no artigo Distributive Justice, no qual Rawls desenvolve algumas implicações do artigo Justice as Fairness, a expressão véu de ignorância é adotada pela primeira vez como parte essencial da construção hipotética da posição original e com o objetivo de se aproximar da formulação kantiana do imperativo categórico: 21 Segundo Rawls, no caso das características básicas do sistema social em que cada um inicia (a constituição e os principais sistemas econômicos e sociais), os dois princípios devem ser satisfeitos. Na ausência de decisões reais de pessoas racionais sob condições de igual liberdade, deve-se se guiar por aqueles princípios que se pode mostrar que pessoas racionais, quando submetidas às restrições da moralidade, reconheceriam. Os princípios de arranjos hipotéticos com os quais as pessoas poderiam concordar sob condições de riscos reais são irrelevantes (Collected Papers, p. 85, grifo meu). 22 Collected Papers, p. 113.

32 31 O véu de ignorância impede qualquer um de ter vantagem ou desvantagem devido às contingências da classe social e da fortuna; e, portanto, os problemas de barganha que surgem na vida diária devido à posse desse conhecimento não afetam a escolha dos princípios. Pois a doutrina do contrato, a teoria da justiça e, sem dúvida, a própria ética são parte da teoria geral de escolha racional, um fato perfeitamente claro na sua formulação kantiana O utilitarismo Antes de passar para uma exposição do conteúdo de Teoria que possa tornar inteligível o motivo pelo qual Rawls, alguns anos após a publicação da obra, afirma haver inconsistências relativas à estabilidade na Terceira Parte, gostaria ainda como introdução, mas também já adiantando aspectos importantes da obra de fazer algumas considerações sobre o utilitarismo. Rawls não avalia em detalhes nem a evolução da teoria utilitarista nem seus principais autores, somente toma como objeto de crítica a idéia utilitarista geral de que uma sociedade bem-ordenada seria aquela cujas instituições funcionam de modo a atingir o maior saldo líquido de satisfação resultante da soma das participações individuais de todos os seus membros. 24 É importante ficar claro a razão pela qual Rawls toma o utilitarismo como objeto de crítica: para ele, obviamente não é o caso que a teoria utilitarista é dominante no mundo anglo-saxão porque a maioria das pessoas aderiu a ela simplesmente, mas pelo fato de que todas as tentativas teóricas de explicação 23 Collected Papers, p Em nota (Teoria, p. 25, nota 9, remetendo à página 659), Rawls cita os principais autores e obras utilitaristas clássicos em oposição aos quais ele está escrevendo. São eles: Henry Sidgwick, com The Method of Ethics (7ª ed. Londres, 1907), Principles of Political Economy (Londres, 1883) e Outline of the History of Ethics (5ª ed. Londres, 1902); A. C. Pigou, The Economics of Welfare (Londres, Macmillan, 1920); Shaftsbury, com An Inquiry Concerning Virtue and Merit (1711); Hutcheson, com An Inquiry Concerning Moral Good and Evil (1725); Hume, com A Treatise of Human Nature (1739), e An Inquiry Concerning the Principles of Morals (1751); Adam Smith, com A Theory of the Moral Sentiments (1759); Bentham, com The Principles of Morals and Legislation (1789); J. S. Mill, com Utilitarianism (1863); Edgeworth, com Mathematical Psychics (1888). Além dos autores clássicos, Rawls também cita, nessa mesma nota já mencionada, comentadores contemporâneos da tradição utilitarista.

Justiça Equitativa e Autonomia Política em John Rawls

Justiça Equitativa e Autonomia Política em John Rawls Justiça Equitativa e Autonomia Política em John Rawls XI Salão de Iniciação Científica PUCRS Bolsista Apresentador: Iuri Hummes Specht 1, Thadeu Weber 2 (orientador) 1 Faculdade de Filosofia, PUCRS, 2

Leia mais

Influências em John Rawls

Influências em John Rawls Filosofia social Questão fundamental Quais os princípios da justiça distributiva ou justiça social? Quais os princípios para determinar (descobrir e selecionar) como distribuir apropriadamente os bens

Leia mais

Dignidade Humana e Justiça Social

Dignidade Humana e Justiça Social Dignidade Humana e Justiça Social Francisco José Vilas Bôas Neto Francisco José Vilas Bôas Neto Dignidade Humana e Justiça Social Belo Horizonte 2013 Lista de Siglas 1) CKTM Construtivismo Kantiano na

Leia mais

Cotações. Prova Escrita de Filosofia. 10.º Ano de Escolaridade Março de Duração da prova: 90 minutos. 3 Páginas

Cotações. Prova Escrita de Filosofia. 10.º Ano de Escolaridade Março de Duração da prova: 90 minutos. 3 Páginas Prova Escrita de Filosofia Versão A 10.º Ano de Escolaridade Março de 2016 Duração da prova: 90 minutos 3 Páginas Leia atentamente o enunciado Para cada resposta, identifique o grupo e o item. Apresente

Leia mais

Justiça. Universidade Federal de Santa Catarina. From the SelectedWorks of Sergio Da Silva. Sergio Da Silva, University of Brasilia

Justiça. Universidade Federal de Santa Catarina. From the SelectedWorks of Sergio Da Silva. Sergio Da Silva, University of Brasilia Universidade Federal de Santa Catarina From the SelectedWorks of Sergio Da Silva 2000 Justiça Sergio Da Silva, University of Brasilia Available at: https://works.bepress.com/sergiodasilva/70/ Justiça Fonte:

Leia mais

A FUNDAMENTAÇÃO ÉTICA DOS DIREITOS HUMANOS NA TEORIA DA JUSTIÇA DE JOHN RAWLS

A FUNDAMENTAÇÃO ÉTICA DOS DIREITOS HUMANOS NA TEORIA DA JUSTIÇA DE JOHN RAWLS A FUNDAMENTAÇÃO ÉTICA DOS DIREITOS HUMANOS NA TEORIA DA JUSTIÇA DE JOHN RAWLS Caroline Trennepohl da Silva * RESUMO: A intenção do trabalho é refletir acerca da fundamentação ética dos direitos humanos

Leia mais

DATA: VALOR: 20 pontos NOTA: NOME COMPLETO:

DATA: VALOR: 20 pontos NOTA: NOME COMPLETO: DISCIPLINA: FILOSOFIA PROFESSOR: ENRIQUE MARCATTO DATA: VALOR: 20 pontos NOTA: NOME COMPLETO: ASSUNTO: TRABALHO DE RECUPERAÇÃO FINAL SÉRIE: 3ª EM TURMA: Nº: I N S T R U Ç Õ E S 1. Esta atividade contém

Leia mais

Deficiência Mental: Contribuições de uma perspectiva de justiça centrada nos funcionamentos.

Deficiência Mental: Contribuições de uma perspectiva de justiça centrada nos funcionamentos. Deficiência Mental: Contribuições de uma perspectiva de justiça centrada nos funcionamentos. Alexandre da Silva Costa Estudo que faz uma análise acerca das contribuições da perspectiva de justiça baseada

Leia mais

JUSTIÇA E EQUIDADE EM JOHN RAWLS

JUSTIÇA E EQUIDADE EM JOHN RAWLS JUSTIÇA E EQUIDADE EM JOHN RAWLS John Rawls (1921-2002) viveu no século XX e passou sua vida na busca da construção de uma teoria da justiça que fosse capaz de conjugar os dois principais valores morais

Leia mais

I. Iniciação à atividade filosófica Abordagem introdutória à Filosofia e ao filosofar... 13

I. Iniciação à atividade filosófica Abordagem introdutória à Filosofia e ao filosofar... 13 Índice 1. Competências essenciais do aluno... 4 2. Como estudar filosofia... 5 3. Como ler, analisar e explicar um texto filosófico... 7 4. Como preparar-se para um teste... 10 5. Como desenvolver um trabalho

Leia mais

Ciranda pela Educação/2018

Ciranda pela Educação/2018 25 de julho de 2018 -Suzano Ciranda pela Educação/2018 A implementação da Base Nacional Comum Curricular, o protagonismo da Educação Infantil e a participação dos Conselhos Municipais de Educação. Organização:

Leia mais

A Posição Original de Rawls

A Posição Original de Rawls A Posição Original de Rawls Edezio Muniz de Oliveira Mestrando em Filosofia Universidade do Vale do Rio dos Sinos Resumo A Posição Original é um artifício criado por John Rawls que possui como finalidade

Leia mais

Uma perspetiva contemporânea acerca da justiça

Uma perspetiva contemporânea acerca da justiça Uma perspetiva contemporânea acerca da justiça A justiça é a primeira virtude das instituições sociais, como a verdade o é em relação aos sistemas de pensamento. John Rawls A conceção de justiça como equidade

Leia mais

Escola Secundária 2-3 de Clara de Resende COD COD

Escola Secundária 2-3 de Clara de Resende COD COD CRITÉRIOS ESPECÍFICOS DE AVALIAÇÃO (Aprovados em Conselho Pedagógico de 27 de outubro de 2015) No caso específico da disciplina de FILOSOFIA, do 10º ano de escolaridade, a avaliação incidirá ao nível do

Leia mais

22/08/2014. Tema 7: Ética e Filosofia. O Conceito de Ética. Profa. Ma. Mariciane Mores Nunes

22/08/2014. Tema 7: Ética e Filosofia. O Conceito de Ética. Profa. Ma. Mariciane Mores Nunes Tema 7: Ética e Filosofia Profa. Ma. Mariciane Mores Nunes O Conceito de Ética Ética: do grego ethikos. Significa comportamento. Investiga os sistemas morais. Busca fundamentar a moral. Quer explicitar

Leia mais

Cristiann Wissmann Matos *

Cristiann Wissmann Matos * JUSTIÇA COMO EQUIDADE: JUSTIFICAÇÃO DE UMA TEORIA SUBSTANTIVA. Cristiann Wissmann Matos * Resumo: O presente trabalho descreverá o modelo de justificação moral desenvolvido na justiça como equidade de

Leia mais

Introdução Maquiavel, O Príncipe

Introdução Maquiavel, O Príncipe Introdução Tão grande é a distância entre como se vive e como deveria viver-se que, quem prefere ao que se faz aquilo que deveria fazer-se, caminha mais para a ruína do que para a salvação. Maquiavel,

Leia mais

Notas sobre a Liberdade de Consciência em John Rawls

Notas sobre a Liberdade de Consciência em John Rawls Notas sobre a Liberdade de Consciência em John Rawls Jaderson Borges Lessa 1 Resumo: A liberdade de consciência é uma das liberdades fundamentais garantidas pelo primeiro princípio de justiça de John Rawls.

Leia mais

A CONCEPÇÃO POLÍTICA EM JOHN RAWLS: TENTATIVA DE INTEGRAÇÃO ENTRE LIBERDADE E IGUALDADE

A CONCEPÇÃO POLÍTICA EM JOHN RAWLS: TENTATIVA DE INTEGRAÇÃO ENTRE LIBERDADE E IGUALDADE A CONCEPÇÃO POLÍTICA EM JOHN RAWLS: TENTATIVA DE INTEGRAÇÃO ENTRE LIBERDADE E IGUALDADE Guilherme de Oliveira Feldens / Unisinos, Brasil I. Introdução A publicação de Uma teoria da justiça (A Theory of

Leia mais

ÉTICA GERAL E PROFISSIONAL MÓDULO 2

ÉTICA GERAL E PROFISSIONAL MÓDULO 2 ÉTICA GERAL E PROFISSIONAL MÓDULO 2 Índice 1. Ética Geral...3 1.1 Conceito de ética... 3 1.2 O conceito de ética e sua relação com a moral... 4 2 1. ÉTICA GERAL 1.1 CONCEITO DE ÉTICA Etimologicamente,

Leia mais

Filosofia 10º Ano Ano letivo de 2015/2016 PLANIFICAÇÃO

Filosofia 10º Ano Ano letivo de 2015/2016 PLANIFICAÇÃO I Iniciação à Atividade Filosófica 1. Abordagem introdutória à filosofia e ao filosofar PERCURSOS 10.º ANO Competências a desenvolver/objectivos a concretizar Recursos Estratégias Gestão 1.1. O que é a

Leia mais

Ética é um conjunto de conhecimentos extraídos da investigação do comportamento humano ao tentar explicar as regras morais de forma racional,

Ética é um conjunto de conhecimentos extraídos da investigação do comportamento humano ao tentar explicar as regras morais de forma racional, 1. Ética e Moral No contexto filosófico, ética e moral possuem diferentes significados. A ética está associada ao estudo fundamentado dos valores morais que orientam o comportamento humano em sociedade,

Leia mais

INTRODUÇÃO À FILOSOFIA MORAL (conclusão)

INTRODUÇÃO À FILOSOFIA MORAL (conclusão) INTRODUÇÃO À FILOSOFIA MORAL (conclusão) 25 DE FEVEREIRO DE 2013 (6ª aula) Sumário da Aula Anterior: Egoísmo ético: definição, pontos fortes e fragilidades. Utilitarismo. O Princípio da Utilidade. Utilitarismo

Leia mais

Departamento de Ciências Sociais e Humanas

Departamento de Ciências Sociais e Humanas Departamento de Ciências Sociais e Humanas Área Disciplinar de Filosofia Planificação de Filosofia 10º Ano 2018/2019 MÓDULOS CONTEÚDOS Nº de aulas de 45 I. ABORDAGEM INTRODUTÓRIA À FILOSOFIA E AO FILOSOFAR

Leia mais

AGRUPAMENTDE ESCOLAS DE CARVALHOS. Planificação Filo sofia 10º ano. Iniciação à atividade filosófica O que é a filosofia?

AGRUPAMENTDE ESCOLAS DE CARVALHOS. Planificação Filo sofia 10º ano. Iniciação à atividade filosófica O que é a filosofia? Iniciação à atividade filosófica O que é a filosofia? 1. O que é a filosofia? 1.1 O problema da definição. A origem etimológica. A filosofia como atitude interrogativa Problemas/áreas da filosofia 1.2

Leia mais

Segundo Rousseau, o que impediu a permanência do homem no Estado de natureza?

Segundo Rousseau, o que impediu a permanência do homem no Estado de natureza? Segundo Rousseau, o que impediu a permanência do homem no Estado de natureza? O princípio básico da soberania popular, segundo Rousseau, é: a) o poder absoluto b) o poder do suserano c) a vontade de todos

Leia mais

Posição original: um recurso procedimental puro

Posição original: um recurso procedimental puro Posição original: um recurso procedimental puro 3 Original position: a resource pure procedural Elnora Gondim * Osvaldino Marra Rodrigues ** Resumo: O objetivo do presente artigo é mostrar que a posição

Leia mais

O caminho moral em Kant: da transição da metafísica dos costumes para a crítica da razão prática pura

O caminho moral em Kant: da transição da metafísica dos costumes para a crítica da razão prática pura O caminho moral em Kant: da transição da metafísica dos costumes para a crítica da razão prática pura Jean Carlos Demboski * A questão moral em Immanuel Kant é referência para compreender as mudanças ocorridas

Leia mais

Recensão. Nythamar de Oliveira, Rawls, Jorge Zahar Editor, Rio de Janeiro, 2003, 74 p. ISBN

Recensão. Nythamar de Oliveira, Rawls, Jorge Zahar Editor, Rio de Janeiro, 2003, 74 p. ISBN Recensão Nythamar de Oliveira, Rawls, Jorge Zahar Editor, Rio de Janeiro, 2003, 74 p. ISBN 85-7110-704-1. Nythamar de Oliveira afronta, em Rawls, o desafio de nos apresentar uma das mais complexas e polémicas

Leia mais

Posição original: um recurso procedimental puro

Posição original: um recurso procedimental puro Posição original: um recurso procedimental puro Original position: resource pure procedural 9 Elnora Gondin * Osvaldino Gondin ** Resumo: o objetivo do presente artigo é mostrar que a posição original

Leia mais

P L A N I F I CA ÇÃ O ANUAL

P L A N I F I CA ÇÃ O ANUAL P L A N I F I CA ÇÃ O ANUAL DEPARTAMENTO: CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS ÁREA DISCIPLINAR: FILOSOFIA DISCIPLINA: FILOSOFIA CURSO: CURSOS CIENTÍFICO-HUMANÍSTICOS ANO: 10º - ANO LETIVO: 2017/2018 MANUAL: REFLEXÕES

Leia mais

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ÉTICA E FILOSOFIA POLÍTICA III 1º semestre de 2013 Disciplina Optativa Destinada: alunos de filosofia e de outros departamentos Código: FLF0463 Pré-requisito: FLF0113 e FLF0114 Prof. Alberto Ribeiro G.

Leia mais

Ficha de filosofia. A necessidade de fundamentação da moral Análise comparativa de duas perspectivas filosóficas. Fundamento e critérios da moralidade

Ficha de filosofia. A necessidade de fundamentação da moral Análise comparativa de duas perspectivas filosóficas. Fundamento e critérios da moralidade Ficha de filosofia A necessidade de fundamentação da moral Análise comparativa de duas perspectivas filosóficas Fundamento e critérios da moralidade Ética deontológica Ética consequencialista Respeito

Leia mais

A ética e a política em Kant e Rawls

A ética e a política em Kant e Rawls Ana Luísa CAMPOS CASSEB y José Claudio MONTEIRO DE BRITO FILHO A ética e a política em Kant e Rawls Rediscutindo a tolerancia a partir do respeito Ana Luísa CAMPOS CASSEB y José Claudio MONTEIRO DE BRITO

Leia mais

A ilusão transcendental da Crítica da razão pura e os princípios P1 e P2: uma contraposição de interpretações

A ilusão transcendental da Crítica da razão pura e os princípios P1 e P2: uma contraposição de interpretações A ilusão transcendental da Crítica da razão pura e os princípios P1 e P2: uma contraposição de interpretações Marcio Tadeu Girotti * RESUMO Nosso objetivo consiste em apresentar a interpretação de Michelle

Leia mais

Filosofia do Direito

Filosofia do Direito 1 Filosofia do Direito Grupo de estudo Revisão José Roberto Monteiro 21 de novembro de 2012 2 Matéria para a prova de 22/11/12 A Justiça em Aristóteles. Hugo Grócio. Immanuel Kant. Hans Kelsen 3 A Justiça

Leia mais

O neocontratualismo de Rawls

O neocontratualismo de Rawls Filosofia Unisinos 16(1):71-82, jan/apr 2015 2015 by Unisinos doi: 10.4013/fsu.2015.161.05 O neocontratualismo de Rawls Rawls neocontractualism Thadeu Weber 1 Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande

Leia mais

Prova Escrita de Filosofia

Prova Escrita de Filosofia Exame Final Nacional do Ensino Secundário Prova Escrita de Filosofia.º Ano de Escolaridade Decreto-Lei n.º 9/0, de 5 de julho Prova 74/Época Especial Critérios de Classificação Páginas 04 Prova 74/E. Especial

Leia mais

Nessa perspectiva, a posição original faz parte das condições de elegibilidade dos

Nessa perspectiva, a posição original faz parte das condições de elegibilidade dos Posição Original: um recurso procedimental justo. Elnora Gondim 1 Osvaldino Marra Rodrigues 2 Resumo: A posição original, em Rawls, é um procedimento que faz parte das condições de elegibilidade dos princípios

Leia mais

A EPISTEMOLOGIA E SUA NATURALIZAÇÃO 1 RESUMO

A EPISTEMOLOGIA E SUA NATURALIZAÇÃO 1 RESUMO A EPISTEMOLOGIA E SUA NATURALIZAÇÃO 1 SILVA, Kariane Marques da 1 Trabalho de Pesquisa FIPE-UFSM Curso de Bacharelado Filosofia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil E-mail:

Leia mais

Teoria Realista das Relações Internacionais (I)

Teoria Realista das Relações Internacionais (I) Teoria Realista das Relações Internacionais (I) Janina Onuki janonuki@usp.br BRI 009 Teorias Clássicas das Relações Internacionais 25 de agosto de 2016 Realismo nas RI Pressuposto central visão pessimista

Leia mais

Aula 19. Bora descansar? Filosofia Moderna - Kant

Aula 19. Bora descansar? Filosofia Moderna - Kant Aula 19 Bora descansar? Filosofia Moderna - Kant Kant (1724-1804) Nasceu em Könisberg, 22/04/1724 Estudos Collegium Fredericiacum Universidade Könisberg Docência Inicialmente aulas particulares Nomeado

Leia mais

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO TEORIA DO CONHECIMENTO E FILOSOFIA DA CIÊNCIA III 1º Semestre de 2009 Disciplina Optativa Destinada: alunos de Filosofia e de outros departamentos Código: FLF0445 Pré-requisito: FLF0113 e FLF0114 Prof.

Leia mais

A Modernidade e o Liberalismo Clássico. Profs. Benedito Silva Neto e Ivann Carlos Lago Teorias e experiências comparadas de desenvolvimento PPPG DPP

A Modernidade e o Liberalismo Clássico. Profs. Benedito Silva Neto e Ivann Carlos Lago Teorias e experiências comparadas de desenvolvimento PPPG DPP A Modernidade e o Liberalismo Clássico Profs. Benedito Silva Neto e Ivann Carlos Lago Teorias e experiências comparadas de desenvolvimento PPPG DPP Introdução Modernidade: noções fundamentais que, mais

Leia mais

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA POLÍTICA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA POLÍTICA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA POLÍTICA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Disciplina: Teorias Contemporâneas da Justiça (FLS 5039) Área: Teoria Política Professor responsável: Álvaro de Vita Segundo semestre

Leia mais

PROFESSOR: MAC DOWELL DISCIPLINA: FILOSOFIA CONTEÚDO: TEORIA DO CONHECIMENTO aula - 02

PROFESSOR: MAC DOWELL DISCIPLINA: FILOSOFIA CONTEÚDO: TEORIA DO CONHECIMENTO aula - 02 PROFESSOR: MAC DOWELL DISCIPLINA: FILOSOFIA CONTEÚDO: TEORIA DO CONHECIMENTO aula - 02 2 A EPISTEMOLOGIA: TEORIA DO CONHECIMENTO Ramo da filosofia que estuda a natureza do conhecimento. Como podemos conhecer

Leia mais

Elnora Gondim

Elnora Gondim 56 JOHN RAWLS: O PAPEL DA EDUCAÇÃO Elnora Gondim elnoragondim@yahoo.com.br São Paulo - SP 2009 57 JOHN RAWLS: O PAPEL DA EDUCAÇÃO Elnora Gondim 1 elnoragondim@yahoo.com.br RESUMO: Rawls define a educação

Leia mais

Estrututra Legal e Regulatória para a Implementação da GIRH. Resolução de Conflitos

Estrututra Legal e Regulatória para a Implementação da GIRH. Resolução de Conflitos Estrututra Legal e Regulatória para a Implementação da GIRH Resolução de Conflitos Meta e objetivos do capítulo Meta A meta deste capítulo é apresentar abordagens alternativas de solução de conflitos que

Leia mais

CURSO METODOLOGIA ECONÔMICA. Professora Renata Lèbre La Rovere. Tutor: Guilherme Santos

CURSO METODOLOGIA ECONÔMICA. Professora Renata Lèbre La Rovere. Tutor: Guilherme Santos CURSO METODOLOGIA ECONÔMICA Professora Renata Lèbre La Rovere Tutor: Guilherme Santos Ementa da Disciplina Noções de Filosofia da Ciência: positivismo, Popper, Kuhn, Lakatos e tópicos de pesquisa recentes.

Leia mais

JUSTIÇA COMO EQÜIDADE: UMA CONCEPÇÃO POLÍTICA DA JUSTIÇA

JUSTIÇA COMO EQÜIDADE: UMA CONCEPÇÃO POLÍTICA DA JUSTIÇA 100 JUSTIÇA COMO EQÜIDADE: UMA CONCEPÇÃO POLÍTICA DA JUSTIÇA Valéria Lima Bontempo * Resumo: Este artigo mostra as idéias centrais do filósofo contemporâneo, John Rawls, sobre sua teoria da justiça, ou

Leia mais

2 A Concepção Moral de Kant e o Conceito de Boa Vontade

2 A Concepção Moral de Kant e o Conceito de Boa Vontade O PRINCÍPIO MORAL NA ÉTICA KANTIANA: UMA INTRODUÇÃO Jaqueline Peglow Flavia Carvalho Chagas Universidade Federal de Pelotas 1 Introdução O presente trabalho tem como propósito analisar a proposta de Immanuel

Leia mais

BEITZ, Charles R. The Idea of Human Rights. Oxford: Oxford University Press, ISBN

BEITZ, Charles R. The Idea of Human Rights. Oxford: Oxford University Press, ISBN BEITZ, Charles R. The Idea of Human Rights. Oxford: Oxford University Press, 2009. ISBN 978 0 199 60437 1. MIKELLI RIBEIRO Doutorando em Ciência Política (UFPE) E- mail: mikelli.lucas@gmail.com É inegável

Leia mais

DATA DE ENTREGA 19/12/2016 VALOR: 20,0 NOTA:

DATA DE ENTREGA 19/12/2016 VALOR: 20,0 NOTA: DISCIPLINA: FILOSOFIA PROFESSOR: ENRIQUE MARCATTO DATA DE ENTREGA 19/12/2016 VALOR: 20,0 NOTA: NOME COMPLETO: ASSUNTO: TRABALHO DE RECUPERAÇÃO FINAL SÉRIE: 3ª SÉRIE/EM TURMA: Nº: 01. RELAÇÃO DO CONTEÚDO

Leia mais

Elnora Gondim

Elnora Gondim 62 RAWLS: A RAZÃO PÚBLICA PRÁTICA RESTRITA E O COERENTISMO Elnora Gondim elnoragondim@yahoo.com.br Mato Grosso-MT 2010 63 RAWLS: A RAZÃO PÚBLICA PRÁTICA RESTRITA E O COERENTISMO Elnora Gondim 1 elnoragondim@yahoo.com.br

Leia mais

A LÓGICA EPISTÊMICA DE HINTIKKA E A DEFINIÇÃO CLÁSSICA DE CONHECIMENTO. Resumo

A LÓGICA EPISTÊMICA DE HINTIKKA E A DEFINIÇÃO CLÁSSICA DE CONHECIMENTO. Resumo A LÓGICA EPISTÊMICA DE HINTIKKA E A DEFINIÇÃO CLÁSSICA DE CONHECIMENTO Autor: Stanley Kreiter Bezerra Medeiros Departamento de Filosofia UFRN Resumo Em 1962, Jaako Hintikka publicou Knowledge and Belief:

Leia mais

O direito dos povos: uma proposta de sociedade bem ordenada 1

O direito dos povos: uma proposta de sociedade bem ordenada 1 O direito dos povos: uma proposta de sociedade bem ordenada 1 The Law of Peoples: a proposal for a well-ordered society Jéssica de Farias Mesquita 2 Resumo: O presente texto tem como objetivo examinar

Leia mais

Descobrindo a Verdade

Descobrindo a Verdade Descobrindo a Verdade Capítulo 1 Descobrindo a Verdade que é a verdade e o que sabemos sobre ela? Será O que ela é absoluta ou toda verdade é relativa? Como descobrimos a verdade sobre aquilo que não podemos

Leia mais

Desenvolvimento como liberdade

Desenvolvimento como liberdade Desenvolvimento como Liberdade PET - Economia - UnB 02 de julho de 2013 Amartya Kumar Sen Amartya Sen 03 de novembro de 1933: nasceu em Santiniketan, atual Bangladesh. 1959: PhD Trinity College, Cambridge

Leia mais

Sociologia Jurídica. Apresentação 2.1.b Capitalismo, Estado e Direito

Sociologia Jurídica. Apresentação 2.1.b Capitalismo, Estado e Direito Sociologia Jurídica Apresentação 2.1.b Capitalismo, Estado e Direito O direito na sociedade moderna Fonte: UNGER, Roberto Mangabeira. O Direito na Sociedade Moderna contribuição à crítica da teoria social.

Leia mais

Grupo I Para cada uma das questões que se seguem assinala a opção correta

Grupo I Para cada uma das questões que se seguem assinala a opção correta Grupo I Para cada uma das questões que se seguem assinala a opção correta 1. A filosofia é: a) Um conjunto de opiniões importantes. b) Um estudo da mente humana. c) Uma atividade que se baseia no uso crítico

Leia mais

RESENHA A HISTÓRIA DAS IDÉIAS NA PERSPECTIVA DE QUENTIN SKINNER

RESENHA A HISTÓRIA DAS IDÉIAS NA PERSPECTIVA DE QUENTIN SKINNER RESENHA A HISTÓRIA DAS IDÉIAS NA PERSPECTIVA DE QUENTIN SKINNER Vander Schulz Nöthling 1 SKINNER, Quentin. Meaning and Understand in the History of Ideas, in: Visions of Politics, Vol. 1, Cambridge: Cambridge

Leia mais

O presente documento divulga informação relativa à prova de exame a nível de escola da disciplina de Filosofia, a realizar em 2017, nomeadamente:

O presente documento divulga informação relativa à prova de exame a nível de escola da disciplina de Filosofia, a realizar em 2017, nomeadamente: Informação - Prova de Exame a Nível de Escola Filosofia (de acordo com Decreto-Lei n.º 3/2008, de 7 de janeiro, retificado pela Declaração de Retificação n.º 10/2008, de 7 de março, alterado pela Lei n.º

Leia mais

Dissertação x argumentação

Dissertação x argumentação Dissertação x argumentação O texto dissertativo-argumentativo se organiza na defesa de um ponto de vista sobre determinado assunto. É fundamentado com argumentos, para influenciar a opinião do leitor,

Leia mais

TEMA: tipos de conhecimento. Professor: Elson Junior

TEMA: tipos de conhecimento. Professor: Elson Junior Ciências Humanas e suas Tecnologias. TEMA: tipos de conhecimento. Professor: Elson Junior Plano de Aula Conhecimento O que é? Como adquirir Características Tipos Recordar é Viver... Processo de pesquisa

Leia mais

INFLUÊNCIAS TEÓRICAS PRIMEIRAMENTE, É PRECISO DESTACAR A INFLUÊNCIA DO PENSAMENTO ALEMÃO NA SUA

INFLUÊNCIAS TEÓRICAS PRIMEIRAMENTE, É PRECISO DESTACAR A INFLUÊNCIA DO PENSAMENTO ALEMÃO NA SUA MAX WEBER 1864-1920 A SOCIOLOGIA WEBERIANA TEM NO INDIVÍDUO O SEU PONTO PRINCIPAL DE ANÁLISE. ASSIM, O AUTOR SEMPRE PROCURA COMPREENDER O SENTIDO DA AÇÃO INDIVIDUAL NO CONTEXTO EM QUE ELA SE INSERE. O

Leia mais

Teoria da Democracia e Representação política

Teoria da Democracia e Representação política Teoria da Democracia e Representação política 1 Estado Contemporâneo Toma decisões para o conjunto da sociedade e dispõe de meios para torná-las imperativas a todos. Por essa razão, sua estrutura de comando

Leia mais

FCSH/UNL 2012/13 Teorias Sociológicas: Os Fundadores

FCSH/UNL 2012/13 Teorias Sociológicas: Os Fundadores FCSH/UNL 2012/13 Teorias Sociológicas: Os Fundadores Consciência Colectiva - Conjunto de crenças e sentimentos comuns à generalidade de uma sociedade particular, que formam um sistema com características

Leia mais

Vocabulário Filosófico Dr. Greg L. Bahnsen

Vocabulário Filosófico Dr. Greg L. Bahnsen 1 Vocabulário Filosófico Dr. Greg L. Bahnsen Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto / felipe@monergismo.com GERAL Razão: capacidade intelectual ou mental do homem. Pressuposição: uma suposição elementar,

Leia mais

AUTONOMIA E CONSENSO SOBREPOSTO EM RAWLS AUTONOMY AND OVERLAPPING CONSENSUS IN RAWLS

AUTONOMIA E CONSENSO SOBREPOSTO EM RAWLS AUTONOMY AND OVERLAPPING CONSENSUS IN RAWLS DOI: http://dx.doi.org/10.5007/1677-2954.2011v10n3p131 AUTONOMIA E CONSENSO SOBREPOSTO EM RAWLS AUTONOMY AND OVERLAPPING CONSENSUS IN RAWLS THADEU WEBER (PUC-RS / Brasil) RESUMO O texto discute a possibilidade

Leia mais

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO INTRODUÇÃO À FILOSOFIA 1º Semestre de 2018 Disciplina Obrigatória Destinada: alunos do curso de Filosofia Código: FLF0113 Sem pré-requisito Prof. Dr. João Vergílio Gallerani Cuter Prof. Dr. Moacyr Novaes

Leia mais

TEORIA DO CONHECIMENTO. Aulas 2, 3, 4,5 - Avaliação 1 Joyce Shimura

TEORIA DO CONHECIMENTO. Aulas 2, 3, 4,5 - Avaliação 1 Joyce Shimura TEORIA DO CONHECIMENTO Aulas 2, 3, 4,5 - Avaliação 1 Joyce Shimura - O que é conhecer? - Como o indivíduo da imagem se relaciona com o mundo ou com o conhecimento? Janusz Kapusta, Homem do conhecimento

Leia mais

Critérios de avaliação e de correção da ficha formativa

Critérios de avaliação e de correção da ficha formativa Ficha Formativa n. Período: Turma: linguísticas: Escreve de modo claro, articulado e coerente, utilizando um vocabulário com um grau de abstração apropriado. Interpreta corretamente os documentos apresentados

Leia mais

AVISO: O conteúdo e o contexto das aulas referem-se aos pensamentos emitidos pelos próprios autores que

AVISO: O conteúdo e o contexto das aulas referem-se aos pensamentos emitidos pelos próprios autores que AVISO: O conteúdo e o contexto das aulas referem-se aos pensamentos emitidos pelos próprios autores que foram interpretados por estudiosos dos RUBENS temas RAMIRO expostos. JUNIOR Todo exemplo (TODOS citado

Leia mais

Planificação/Critérios Ano Letivo 2018/2019

Planificação/Critérios Ano Letivo 2018/2019 Planificação/Critérios Ano Letivo 2018/2019 Nível de Ensino: Secundário Áreas/Disciplina: Filosofia Ano: 10.º Curso: Básico Científico-Humanístico x Profissional Planificação Período Sequências/Temas /Módulos

Leia mais

AGRUPAMENTO de ESCOLAS de SANTIAGO do CACÉM Ano Letivo 2015/2016 FILOSOFIA 10º ANO PLANIFICAÇÃO ANUAL

AGRUPAMENTO de ESCOLAS de SANTIAGO do CACÉM Ano Letivo 2015/2016 FILOSOFIA 10º ANO PLANIFICAÇÃO ANUAL AGRUPAMENTO de ESCOLAS de SANTIAGO do CACÉM Ano Letivo 2015/2016 FILOSOFIA 10º ANO PLANIFICAÇÃO ANUAL Documento(s) Orientador(es): Programa da Disciplina ENSINO SECUNDÁRIO UNIDADE I Iniciação à atividade

Leia mais

COMENTÁRIO DA PROVA DE FILOSOFIA. Professores Daniel Hortêncio de Medeiros, Eduardo Emerick e Ricardo Luiz de Mello

COMENTÁRIO DA PROVA DE FILOSOFIA. Professores Daniel Hortêncio de Medeiros, Eduardo Emerick e Ricardo Luiz de Mello COMENTÁRIO DA PROVA DE FILOSOFIA Professores Daniel Hortêncio de Medeiros, Eduardo Emerick e Ricardo Luiz de Mello Excelente prova. Clara, direta, coerente e consistente. Os alunos e alunas prepararam-se

Leia mais

A utilidade da lógica na lecionação do programa de Filosofia

A utilidade da lógica na lecionação do programa de Filosofia A utilidade da lógica na lecionação do programa de Filosofia Ficha técnica: Autor/a: Faustino Vaz Título: A utilidade da lógica na lecionação do programa de Filosofia Licença de utilização Creative Commons

Leia mais

Barganha e Poder em Redes

Barganha e Poder em Redes Barganha e Poder em Redes Redes Sociais e Econômicas Prof. André Vignatti Modelando a Interação entre Duas Pessoas Queremos desenvolver um modelo matemático para prever os resultados de uma rede de trocas

Leia mais

O esvaziamento da dimensão política da justiça nas teorias de Rawls e Habermas

O esvaziamento da dimensão política da justiça nas teorias de Rawls e Habermas O esvaziamento da dimensão política da justiça nas teorias de Rawls e Habermas VERA LUCIA DA SILVA * Resumo: O presente artigo tem por objetivo questionar os termos e a existência do debate contemporâneo

Leia mais

VERSÃO DE TRABALHO. Exame Final Nacional de Filosofia Prova ª Fase Ensino Secundário º Ano de Escolaridade. Critérios de Classificação

VERSÃO DE TRABALHO. Exame Final Nacional de Filosofia Prova ª Fase Ensino Secundário º Ano de Escolaridade. Critérios de Classificação Exame Final Nacional de Filosofia Prova 7.ª Fase Ensino Secundário 09.º Ano de Escolaridade Decreto-Lei n.º 9/0, de 5 de julho Critérios de Classificação Páginas Prova 7/.ª F. CC Página / critérios gerais

Leia mais

O que vêm à sua mente?

O que vêm à sua mente? Controle Social O que vêm à sua mente? Controle Social Controle da sociedade Algo controla a sociedade X Controle da sociedade A sociedade controla algo Quando o Algo controlou a sociedade Breve resgate

Leia mais

Escola Secundária Manuel Teixeira Gomes PROVA GLOBAL DE INTRODUÇÃO À FILOSOFIA 10º ANO ANO LECTIVO 2001/2002

Escola Secundária Manuel Teixeira Gomes PROVA GLOBAL DE INTRODUÇÃO À FILOSOFIA 10º ANO ANO LECTIVO 2001/2002 Escola Secundária Manuel Teixeira Gomes PROVA GLOBAL DE INTRODUÇÃO À FILOSOFIA 10º ANO ANO LECTIVO 2001/2002 Grupo I 1. Afirmar que a autonomia é uma das características da filosofia significa que A. A

Leia mais

AGRUPAMENTO de ESCOLAS de SANTIAGO do CACÉM Ano Letivo 2017/2018 FILOSOFIA 10º ANO PLANIFICAÇÃO ANUAL

AGRUPAMENTO de ESCOLAS de SANTIAGO do CACÉM Ano Letivo 2017/2018 FILOSOFIA 10º ANO PLANIFICAÇÃO ANUAL AGRUPAMENTO de ESCOLAS de SANTIAGO do CACÉM Ano Letivo 2017/2018 FILOSOFIA 10º ANO PLANIFICAÇÃO ANUAL Documento(s) Orientador(es): Programa da Disciplina ENSINO SECUNDÁRIO TEMAS/DOMÍNIOS CONTEÚDOS OBJETIVOS

Leia mais

Os Sociólogos Clássicos Pt.2

Os Sociólogos Clássicos Pt.2 Os Sociólogos Clássicos Pt.2 Max Weber O conceito de ação social em Weber Karl Marx O materialismo histórico de Marx Teoria Exercícios Max Weber Maximilian Carl Emil Weber (1864 1920) foi um intelectual

Leia mais

Informação-Exame Final Nível de Escola para N.E.E. Decreto-Lei n.º 3/2008, de 7 de janeiro Prova de Filosofia 10º e 11.º Anos de Escolaridade Prova 225 2015 -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Leia mais

ESTUDO INTRODUTÓRIO PARTE I DISCURSO E ARGUMENTAÇÃO

ESTUDO INTRODUTÓRIO PARTE I DISCURSO E ARGUMENTAÇÃO Sumário ESTUDO INTRODUTÓRIO A TEORIA DISCURSIVA DO DIREITO DE ALEXY E AS DUAS QUESTÕES FUNDAMENTAIS DA FILOSOFIA DO DIREITO Alexandre Travessoni Gomes Trivisonno CAPÍTULO 1 UMA TEORIA DO DISCURSO PRÁTICO

Leia mais

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS NÚCLEO ACADÊMICO DE PESQUISA FACULDADE MINEIRA DE DIREITO. Camila Cardoso de Andrade

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS NÚCLEO ACADÊMICO DE PESQUISA FACULDADE MINEIRA DE DIREITO. Camila Cardoso de Andrade PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS NÚCLEO ACADÊMICO DE PESQUISA FACULDADE MINEIRA DE DIREITO Ementa do Grupo de Pesquisa Introdução à Filosofia Política de Jürgen Habermas Camila Cardoso

Leia mais

Universidade Federal do Rio de Janeiro Instituto de Filosofia e Ciências Sociais Seminário de Ética e Filosofia Política Por Leonardo Couto

Universidade Federal do Rio de Janeiro Instituto de Filosofia e Ciências Sociais Seminário de Ética e Filosofia Política Por Leonardo Couto Universidade Federal do Rio de Janeiro Instituto de Filosofia e Ciências Sociais Seminário de Ética e Filosofia Política Por Leonardo Couto Notas sobre os Liberais John Rawls, Ronald Dworkin A finalidade

Leia mais

Próxima aula: Ética III Kant (ponto 6).

Próxima aula: Ética III Kant (ponto 6). Próxima aula: Ética III Kant (ponto 6). Leitura: Rachels, Cap. 10. Perguntas: 1. É deontológica a ética kantiana? 2. São diferentes as duas versões do imperativo categórico? 3. Qual é a função do sistema

Leia mais

Rawls: a posição original. Rawls: the original position

Rawls: a posição original. Rawls: the original position Revista de Ciências Humanas e Artes ISSN 0103-9253 v. 16, n. 1/2, jan./dez. 2010 Rawls: a posição original ELNORA GONDIM OSVALDINO MARRA RODRIGUES Universidade Federal do Piauí RESUMO O presente artigo

Leia mais

FILOSOFIA 11º ano O CONHECIMENTO E A RACIONALIDADE CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA

FILOSOFIA 11º ano O CONHECIMENTO E A RACIONALIDADE CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA FILOSOFIA 11º ano O CONHECIMENTO E A RACIONALIDADE CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA Governo da República Portuguesa Descrição e interpretação da atividade cognoscitiva 1.1 Estrutura do ato de conhecer 1.2 Análise

Leia mais

ESTÁGIOS DA POSIÇÃO ORIGINAL E SUAS CARACTERÍSTICAS ESSENCIAIS

ESTÁGIOS DA POSIÇÃO ORIGINAL E SUAS CARACTERÍSTICAS ESSENCIAIS ESTÁGIOS DA POSIÇÃO ORIGINAL E SUAS CARACTERÍSTICAS ESSENCIAIS Catarina Alves dos Santos Doutora em Filosofia pelo PPGF-UFRJ E-mail:catarina_santos@terra.com.br Resumo: Podemos considerar a posição original

Leia mais

12/02/14. Tema: Participação Social Uma Aproximação Teórica e Conceitual. Objetivos da Aula. Conselhos Gestores

12/02/14. Tema: Participação Social Uma Aproximação Teórica e Conceitual. Objetivos da Aula. Conselhos Gestores 12/02/14 Tema: Participação Social Uma Aproximação Teórica e Conceitual Professora Ma. Edilene Xavier Rocha Garcia Objetivos da Aula Discutir uma forma específica de participação sociopolítica. Os Conselhos

Leia mais

A TEORIA DA JUSTIÇA DE JOHN RAWLS. Palavras-chave: justiça-política-eqüidade-direitos. Keywords: justice-politics-fairness-rights

A TEORIA DA JUSTIÇA DE JOHN RAWLS. Palavras-chave: justiça-política-eqüidade-direitos. Keywords: justice-politics-fairness-rights UFMA UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM POLÍTICAS PÚBLICAS III JORNADA INTERNACIONAL DE POLÍCAS PÚBLICAS QUESTÃO SOCIAL E DESENVOLVIMENTO NO SÉCULO XXI 1 A TEORIA DA JUSTIÇA

Leia mais

C O N T E X T O S D A J U S T I Ç A

C O N T E X T O S D A J U S T I Ç A CONTEXTOS DA JUSTIÇA Rainer Forst CONTEXTOS DA JUSTIÇA FILOSOFIA POLÍTICA PARA ALÉM DE LIBERALISMO E COMUNITARISMO TRADUÇÃO Denilson Luís Werle Sumário Prefácio... 7 Introdução Liberalismo, comunitarismo

Leia mais

DIREITO CONSTITUCIONAL

DIREITO CONSTITUCIONAL DIREITO CONSTITUCIONAL Teoria da Constituição Constitucionalismo Parte 3 Profª. Liz Rodrigues - As etapas francesa e americana constituem o chamado constitucionalismo clássico, influenciado por pensadores

Leia mais

Metodologia Científica. Thaís Gaudencio do Rêgo

Metodologia Científica. Thaís Gaudencio do Rêgo Metodologia Científica Thaís Gaudencio do Rêgo gaudenciothais@gmail.com Ciência O conhecimento fornecido pela ciência distingue-se por um grau de certeza alto Desfruta de uma posição privilegiada com relação

Leia mais

INFORMAÇÃO-PROVA DE EQUIVALÊNCIA À FREQUÊNCIA FILOSOFIA MAIO 2017 Prova: 161

INFORMAÇÃO-PROVA DE EQUIVALÊNCIA À FREQUÊNCIA FILOSOFIA MAIO 2017 Prova: 161 INFORMAÇÃO-PROVA DE EQUIVALÊNCIA À FREQUÊNCIA FILOSOFIA MAIO 2017 Prova: 161 Escrita 10.º e 11.º de Escolaridade (Portaria n.º 207/2008, de 25 de Fevereiro - Cursos Tecnológicos de informática; Contabilidade

Leia mais

BuscaLegis.ccj.ufsc.Br

BuscaLegis.ccj.ufsc.Br BuscaLegis.ccj.ufsc.Br Análise da perspectiva de Justiça na conjuntura do Liberalismo e do Comunitarismo Carolina Cunha dos Reis A possibilidade de fundamentação da ação política sobre os princípios éticos

Leia mais

Filosofia e Ética Professor Ronaldo Coture

Filosofia e Ética Professor Ronaldo Coture Filosofia e Ética Professor Ronaldo Coture Quais os conceitos da Disciplina de Filosofia e Ética? Compreender os períodos históricos do pensamento humano. Conceituar a teoria axiológica dos valores. Conceituar

Leia mais