Cotações. Prova Escrita de Filosofia. 10.º Ano de Escolaridade Março de Duração da prova: 90 minutos. 3 Páginas
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- Anna Farinha de Figueiredo
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1 Prova Escrita de Filosofia Versão A 10.º Ano de Escolaridade Março de 2016 Duração da prova: 90 minutos 3 Páginas Leia atentamente o enunciado Para cada resposta, identifique o grupo e o item. Apresente as suas respostas de forma legível. Apresente apenas uma resposta para cada item. As cotações dos itens encontram-se imediatamente abaixo. Cotações Grupo I Grupo II Grupo III 1. 5 pontos 2. 5 pontos 3. 5 pontos 4. 5 pontos 5. 5 pontos 6. 5 pontos 7. 5 pontos 8. 5 pontos pontos pontos pontos pontos pontos 40 pontos 90 pontos 70 pontos Total: 200 pontos 1
2 Grupo I Considere os seguintes enunciados e selecione a única opção que lhe permite obter uma afirmação correta. 1. A ação intencional é: (A) um acontecimento que depende apenas de causas externas à vontade do agente; (B) um acontecimento que envolve o agente, mas não depende da sua vontade; (C) uma interferência voluntária do agente no curso dos acontecimentos; (D) um comportamento não dirigido nem controlado pelo agente. 2. Qual das seguintes frases NÃO exprime um juízo de valor? (A) a pena de morte devia ser abolida em todos os países; (B) matar animais para os comer não tem nada de mal; (C) gostar de arte é uma característica humana; (D) a mentira é pior do que a traição. 3. Segundo o relativismo cultural, (A) os hábitos e as tradições culturais não devem ser valorizados; (B) há verdades morais aceites por todos os povos e culturas; (C) os juízos morais dependem das convenções de cada sociedade; (D) a moralidade não é uma questão de convenção social. 4. O determinista radical sustenta que: (A) as nossas ações não são causadas; (B) as nossas ações não são livres; (C) nem todos os acontecimentos são causados; (D) as nossas ações não são causadas nem são livres; 5. Para Kant, uma ação conforme o dever é moralmente correta, pois o agente cumpre o dever. Esta afirmação é: (A ) verdadeira, pois a ação conforme o dever possui valor moral; (B) falsa, pois ao agir conforme o dever o agente não cumpre o dever; (C) falsa, pois a ação conforme o dever não possui para Kant valor moral; (D) verdadeira, pois ao agir conforme o dever o agente não cumpre o dever; 6. Stuart Mill defende que uma ação tem valor moral: (A) sempre que o agente renuncia ao prazer; (B) quando a intenção do agente é boa; (C) sempre que resulta de uma vontade boa; (D) quando dela resulta um maior bem comum. 7. De acordo com Rawls, o véu de ignorância garante: (A) que nenhum sujeito se encontra na posição original; (B) que a posição original tem um carácter hipotético; (C) a equidade na criação de uma sociedade igualitária; (D) a equidade na escolha dos princípios da justiça. 8. Em John Rawls o conceito de perfil do cidadão pressupõe (A) racionalidade, moralidade e egoísmo; (B) racionalidade, desinteresse mútuo e egoísmo; (C) racionalidade, moralidade e desinteresse mútuo; (D) moralidade, interesse e egoísmo. V.S.F.F. 2
3 Grupo II A partir da análise do texto (cite o texto): O motivo é irrelevante para a moralidade da ação. Aquele que salva um semelhante de se afogar faz o que está moralmente certo, seja o seu motivo o dever, seja a esperança de ser pago pelo seu incómodo; aquele que trai um amigo que confia em si é culpado de um crime, mesmo que o seu objetivo seja servir outro amigo relativamente ao qual tem maiores obrigações. J. Stuart Mill, Utilitarismo (adaptado) 1. Confronte Kant e Mill no que diz respeito aos imperativos que determinam a moralidade de uma ação. 30 O objetivo desta pergunta é comparar Kant e Mill, respetivamente, no que diz respeito ao imperativo categórico e ao princípio da utilidade. O aluno deverá definir imperativo como uma obrigação, quer no Kant, quer no Mill, e explicar o que entendem estes autores por determinação da moralidade de uma ação. Por outras palavras, uma ação ganha um valor moral quando tem na sua origem os imperativos citados. (05) O imperativo kantiano é categórico pois não admite exceções (o mandamento é universal: igual para todos e em qualquer circunstância), nem condições (diferentes condições - se...então - gerariam exceções, o que não é permitido). Para garantir este caráter categórico, o imperativo kantiano tem origem na razão prática e é a priori, independente da experiência, o que lhe permite, juntamente com o seu formalismo, garantir a sua universalidade. O objetivo da ação de acordo com este imperativo é o dever; a ação é um fim em si, nada persegue exterior a ela. A determinação da moralidade da ação é dada pela intenção do agente que usa este imperativo. (10) O princípio de utilidade de Mill é um imperativo hipotético, pois admite exceções e condições: uma ação será moral, exceto se não... ou debaixo da condição de... a consequência maximizar a felicidade do maior número de pessoas. A consequência é a finalidade da ação. Este mandamento é a posteriori, tem por base a experiência. (10) Com esta informação, os alunos devem opor os autores. O texto deve ser citado. (05) 2. Será que salvar alguém de se afogar é um dever moral absoluto? Compare as respostas de Kant e de Stuart Mill a este problema. (30) Kant diria que sim e Mill que não. (05) Um dever é absoluto quando não admite exceções ou condições. (05) Na perspetiva kantiana, a máxima de salvar alguém de morrer afogado é universalizável numa lei moral. Neste sentido, a ação de salvar alguém de morrer afogado é determinada pelo imperativo categórico. Como o imperativo categórico não admite exceções, salvar alguém seria sempre, em qualquer circunstância, um dever absoluto. (10) O princípio da utilidade de Mill admite exceções e condições. Ora, se não salvar alguém de morrer afogado fosse uma ação excecional cuja consequência fosse a maximização da felicidade do maior número de pessoas, seria aceite como moral. Assim sendo, se pode haver uma exceção à regra de salvar alguém de morrer afogado, então este dever moral não é absoluto. (10) 3. Apresente uma objeção à teoria utilitarista de Mill. (30) Qualquer uma das críticas apresentadas na aula: - Privação dos direitos fundamentais dos indivíduos. Sacrifício das minorias. - Destruição dos projetos de vida dos indivíduos. - Impossibilidade de calcular com rigor as consequências de uma ação. - Impossibilidade de medir com rigor a felicidade. - Caráter involuntário da moral. 3
4 Grupo III As contingências históricas, a sorte ou o azar, a lotaria social e natural ditam que os seres humanos não são efetivamente iguais. Ninguém escolhe as aptidões naturais que possui, a família na qual nasce, as condições socioeconómicas e as circunstâncias geográficas onde se desenvolve. Há uma arbitrariedade moral nesta distribuição. Assim sendo é injusto que um ser humano não consiga desenvolver todo o seu potencial humano e ter idênticas oportunidades de ocupar uma determinada função social por não ter condições culturais, educativas, económicas e sociais que o apoiem. sobre a teoria da justiça como equidade, de Rawls Leonardo Sempé, Considerações 1. Explique como pretende Rawls resolver o problema exposto no texto. (30) Identificar/formular o problema: o caráter arbitrário das desigualdades económicas, sociais e naturais entre os seres humanos e a necessidade da sua correção/atenuação com vista à constituição de uma sociedade equitativamente justa (05) Referir o texto (05) O aluno poderia responder de duas formas: 1) As desigualdades devem ser compensadas com os princípios de justiça: a) da liberdade: cada pessoa deve ter um direito igual ao mais extenso sistema de liberdades básicas, que seja compatível com um sistema de liberdades idêntico para as outras. b) Da diferença e da oportunidade justa: as desigualdades sociais e económicas devem ser distribuídas para que, simultaneamente se possa razoavelmente esperar que elas sejam em benefício de todos e decorram de posições e funções às quais todos têm acesso. (10) As desigualdades apontadas podem ser um obstáculo à concretização dos projetos de vida dos indivíduos: a falta de dinheiro impede o acesso a uma educação de qualidade, por exemplo. Ora, os princípios referidos têm como objetivo atenuar/compensar estas desigualdades dando uma igual liberdade e oportunidade a todos os indivíduos, independentemente das suas condições económicas, sociais e naturais. Quem deseja estudar não pode ser impedido pela falta de dinheiro. A sociedade defendida por Rawls deve garantir que este indivíduo tenha acesso a uma educação de qualidade. Além disso, o propósito mais importante desta sociedade é atenuar/compensar as desigualdades favorecendo os mais desfavorecidos. (20) 4
5 2) Os princípios orientadores da sociedade rawlsiana - o acordo original - são escolhidos numa situação original, cujas condições garantem uma equidade entre os cidadãos. À partida, nenhum cidadão é diferente dos outros. O aluno deverá explicar cada um dos conceitos associados à situação original (véu da ignorância e perfil do cidadão) e mostrar de que forma é que eles garantem a igualdade entre os cidadãos. A coberto do véu da ignorância e de acordo com o perfil de cidadão, não há desigualdades sociais, económicas ou naturais. Se os princípios são escolhidos por cidadãos que ignoram a sua situação económica, social e natural, então, e de acordo com a regra maximin (explicar), estes princípios devem favorecer a igualdade/compensar a desigualdade. 2. Concorda com a ideia de Rawls de que as desigualdades naturais, sociais e económicas entre os seres humanos resultam do acaso e devem ser corrigidas pelo Estado/ sociedade? Justifique. O aluno deverá tomar uma posição: sim/não. (05) Apresentar um argumento sólido a favor da sua posição (35). FIM 5
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