E ERA A MURIÇOCA DOIDA : HISTÓRIA, SOCIEDADE, FEMININO E SUAS RELAÇÕES EM ALUÍZIO AZEVEDO
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- Jónatas Godoi de Miranda
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1 0 E ERA A MURIÇOCA DOIDA : HISTÓRIA, SOCIEDADE, FEMININO E SUAS RELAÇÕES EM ALUÍZIO AZEVEDO Danilo Pereira da Costa (UEPB/CH/CAMPUS III) Desde o início do século XX, ocorre uma questão discursiva em torno do conceito de identidade. Esta é uma continuação de trabalhos desenvolvidos pelos pesquisadores anteriores, que englobaram o Romantismo e o Naturalismo/Realismo. Sabe-se que o personagem do negro, até então codificado na Literatura, é sempre colocado como vítima de um processo meramente histórico, escravista, que até hoje provoca um olhar descentrado, perpetuações hierárquicas e naturalização da exclusão. Daí surge um purismo estético que define padrões sociais ideológicos. Como se pode explicar esse paradoxal fenômeno, principalmente no contexto histórico o qual ambos situavam-se? Segundo Hall (2000, p. 203), este aspecto efetua-se em uma completa desconstrução das perspectivas identitárias em uma variedade de áreas disciplinares, todas as quais, de uma forma ou de outra, criticam a idéia de uma identidade integral, originária e unificada. Para Santos (2005, p. 38), a superioridade de um grupo racial, sobre outro é uma hipótese cientifica não provada, apesar dos esforços da ideologia do colonialismo, interessada em justificar a miséria e o atraso dos países subdesenvolvidos. O mesmo autor também defende a idéia de que o racismo é uma teoria defendida em livros na sala de aula quando tratam com termos científicos a questão das diferenças raciais e que o orgulho de acharmos ser uma democracia racial apenas prova que esse fenômeno é constante na nossa história. O objetivo do nosso trabalho é investigar os modos de representação do negro e discutir a cerca das produções de outros autores da referida fase, além dos estudados, se existem traços característicos, que possam ser percebidos a partir da identidade e das
2 1 diferenças, e de que forma ocorreu o processo de construção ou desconstrução da identidade constitutiva do negro na sociedade brasileira. É de suma importância observar o modo como a sociedade brasileira lidou com a questão escravocrata, o que acarretou o negativismo sobre os aspectos da imagem do negro. Investigamos as possibilidades de rompimento com imagens negativas forjadas, compreendendo que a sociedade é formada por grupos étnico-raciais distintos, que possuem cultura e história próprias, igualmente valiosas, mas que de certa forma os comportamentos veiculados pelo mito da democracia racial contribuíram para a desconstrução dessa imagem negativa que diz respeito ao negro. Dessa forma, Fonseca (2001) nos explica que tal visão estereotipada aprisiona o negro na sociedade e perpassa olhares críticos, que endossam os valores defendidos pela sociedade. Mesmo em configurações afastadas de preconceitos e com os quais se buscam assegurar o direito de o negro se colocar como sujeito de seu discurso, percebeu as configurações herdadas do sistema de compartimentação própria da sociedade escravocrata. Vamos então entender a que se deve o fato da abordagem da mulher negra na literatura naturalista no século XIX, na obra O Cortiço, de Aluízio Azevedo, a partir do estabelecimento de padrões estereotipados que definem suas implicações sociais, desfavorecendo ou o negando enquanto sujeito. Foram analisados os estudos de Queiroz (1982), Preconceito de cor e a mulata na literatura brasileira, que analisa a forma estereotipada com que a literatura fixa a mulata. Queiroz enfatiza o elemento da elaboração do estereótipo literário da mulata, fundamentado na persistência das contribuições imagéticas do carnaval, por exemplo. Para que ampliássemos mais ainda nossos conceitos a cerca da identidade estudamos Identidade e Diferença: A perspectiva dos Estudos Culturais de Stuart Hall e Kathayn Woodusard (2000), que se pauta no conceito de identidade e concepções étnicas e raciais, nas quais são colocadas as formas de se responder várias discussões a cerca do assunto aqui investigado.
3 2 As imagens do negro na cultura brasileira e a questão da visibilidade organizada por Maria Nazareth Soares Fonseca (2001), e na pesquisa desenvolvida por Bernd (1988, 2003) Literatura e identidade nacional, em que discute e especifica a origem das palavras, o emprego e as armadilhas que podem surgir na concepção da literatura que destaca o negro. Esse apoio teórico apreendeu durante o processo de pesquisa, as formas literárias expressivas por meio das quais os autores destacados apontam as contradições e pluralidades na construção da imagem do negro na literatura brasileira. Para a viabilidade da pesquisa, outros estudos foram realizados e aprofundados em torno de conceitos teóricos e de obras afro-brasileiras. A REPRESENTAÇÃO AFRO-BRASILEIRA: LITERATURA, HISTÓRIA E SOCIEDADE Em relação à representação do melhor negro na literatura brasileira em fins do século XIX, temos verificado facetas expressas na literatura que definem o assunto investigado. Segundo informações de Bezerra (2007), os estudos disponíveis sobre o tema da presença do negro na literatura foram publicados, em sua maioria, sob o olhar dos pesquisadores estrangeiros, que possuíam visões diferentes sobre a questão racial. Para Hall (2000), Têm-se delineado, em suma no contexto do crítico internacionalista das concepções étnicas, sociais e nacionais da identidade cultural e da política da localização algumas das concepções teóricas mais imaginativas sobre a questão da identidade e subjetividade (HALL, 2000, p. 106). A maneira como o negro é retratado se configura como uma cópia fiel do estereótipo que conduzia ao preconceito e à almejada distância da camada dominante. De acordo com França: Dos tipos negros criados pela literatura colonial e oitocentista, sobretudo por esta última, muitos ainda são moedas corrente no imaginário nacional (FRANÇA, 1996, p ). Podemos definir que a postura do negro em relação a este problema é de acordo com o que a sociedade busca definir, ou seja, que hoje um dia as reais necessidades ficam
4 3 invisíveis porque se quer garantir um tipo de sociedade justa, hipoteticamente harmonizada. É neste contexto que podemos dizer que o racismo está relacionado à questão de baixo-estima, como Santos conclui em um de seus estudos: O brasileiro se acostumou a ver o negro desempenhando determinados papéis: mendigo, empregado, operários, artista e jogador de futebol. (...) Nos últimos cinqüenta anos a sociedade brasileira estabeleceu para os negros dois novos papéis: de sambista e jogador de futebol (SANTOS, 2005, p. 58). Com esta idéia o autor quer nos repassar a idéia de que a sociedade camufla o racismo atribuindo ao negro as possibilidades de serem adeptos de atividades que se enquadrem muitas vezes em status na sociedade, apesar de serem comparados também a atividades consideradas negativas. A sociedade toma como justificativa a idéia de que além de seu papel importante na formação cultural o futebol forneceria ademais uma alternativa de vitalidade e perspectivas de uma atitude física e mental (SEVCENKO, 1992, p. 62). Santos nos dá esta idéia claramente quando sua explicação nos mostra os seguintes aspectos: As dificuldades do movimento negro não são apenas os que seus adversários lhe trazem. Ele tem uma dificuldade congênita: nasceu, e permaneceu ainda, um movimento de elite. Dificultando original, reconheça-se de todos os nossos movimentos políticos, ideológicos e culturais. No Brasil só são populares, de fato, a religião, o futebol, o carnaval e a Rede Globo de Televisão o que sufoca, como uma mascara de ferro, tudo o que se tentou fazer, até aqui, para tornar o país uma democracia real (SANTOS, 2005, P. 62). As idéias trazidas por Sevcenko retratam esta realidade bem como também assumem esta postura de cultura enraizada que passa despercebida e camuflada através da sociedade e gerando em preconceito que embora não seja explicitamente visível é constante. Em O Negro na Literatura Brasileira, Sayers (1958, p ) afirma que o negro tem sido estudado como figurante na literatura e na vida do Brasil e aparece na literatura do país desde os seus primórdios. Em alguns casos é uma figura importante, em outros, um personagem secundário. Personagem este que afirma estudos teóricos e tornase o epicentro de questões que o fazem um personagem principal de estudo, o que causa
5 4 um confronto, ou seja, para muitos estudos, uma contradição nas idéias expostas sobre o tema. Bernd (1984, p. 52) afirma que a negritude permitiu aos negros recuperar dimensões perdidas durante os séculos em que foram vítimas de humilhação e desprezo, ela revelou-se inoperante no sentido em que não foi capaz de reverter o esquema colonial no qual o negro não era mais sujeito, mas objeto da história. Assim, pode-se afirmar que, mesmo com relevância e a busca pela afirmação da negritude, a pesquisa continua com algumas teorias que são pertinentes ao estudo do fenômeno, como a questão de haver outros escritores negros, além do Aluízio Azevedo, que contribuíram enormemente com o mesmo acervo literário e hoje encontram-se sem referências ou estudo crítico necessário. Do ponto de vista literário, os autores começaram a se interessar por assuntos do cotidiano brasileiro. Nesse contexto, começaram a surgir obras que abordavam temas de mérito caráter social. Nos últimos anos, o termo identidade tem sido discutido em vários ambientes. Em nosso estudo destacaremos algumas das questões que surgem em relação a esse tema. Para Hall (2000), está acontecendo uma completa desconstrução das perspectivas identitários em várias áreas disciplinares que de uma forma ou de outra criticam a idéia de uma identidade unificada. Nesse estudo o autor faz um questionamento sobre a necessidade de mais uma discussão sobre o tema identidade. De acordo com (HALL, 2000, p. 109). É precisamente porque as identidades são construídas dentro e não fora do discurso que nós precisamos compreendê-los como produzidas em locais históricos e institucionais específicos, no interior de formações e práticas discursivas especificas, por estratégias e iniciativas especificas. Além disso, elas emergem no interior do jogo de modalidades especificas de poder e são, assim, mais o produto da marcação da diferença e da exclusão do que o signo de uma unidade idêntica, naturalmente constituída, de uma identidade em seu significado tradicional isto é, uma mesmidade que tudo inclui uma identidade sem costuras, inteiriça, sem diferenciação interna. Em Hall, as identidades são construídas por meio da diferença e não fora delas. Nesse sentido, é apenas por meio da relação com o outro, com aquilo que não somos,
6 5 chamado de exterior constitutivo, que se pode construir a identidade (HALL, 2000, p. 110). Em Da Diáspora: identidade e mediações culturais, Hall (2003, p. 169) discute o conceito de sistemas de representação: A designação das ideologias como sistemas de representações reconhece seu caráter essencialmente discursivo e semiótico. Os sistemas de representação são os sistemas de significado pelos quais nós representamos o mundo para nós mesmo e os outros. Reconhece que o conhecimento ideológico resulta de práticas especificas as práticas envolvidas na produção do significado. Nesse sentido, é através dos sistemas de representação que podemos representar o mundo e nós mesmos. Fonseca (2003), em Visibilidade e ocultação da diferença: imagens do negro na cultura brasileira faz uma análise sobre as imagens construídas sobre o negro na cultura brasileira e destaca de inicio a situação em que os negros ficaram após a abolição da escravatura. Nesta perspectiva: Este foi o alto preço que o negro teve que pagar por ter sido libertado dos antigos senhores e não assumindo pelo capitalismo emergente e pela modalidade do trabalho lei implantada no país. Visto muitas vezes como um selvagem embrutecido e como dotado de raciocínio curto, o negro entra na era pósabolicionista para ocupar oportunidades residuais e ocupações degradantes e mal remuneradas (FONSECA, 2001, p. 90). Assim, como outras artes, a literatura apresenta um importante papel na sociedade, daí seu valor para o nosso estudo que examina como o meio literário retratava a escrava, a negra mestiça, ou seja, a mulata e de que forma era propagada tal imagem pelos escritores, já que como personagens seus estereótipos estavam firmemente estabelecidos social e culturalmente. Borges et al. (2002, p. 53): Estereótipos são preconceitos cristalizados em imagens ou expressões verbais. [...] de [...] grupos humanos, atribuindo-lhes traços de personalidade ou comportamentos. De forma geral, encontramos na literatura duas representações sociais da negra: bonita e sensual ou retinta, feia, suja e ligada ao lado pejorativo do trabalho. A
7 6 sensualidade, como um atributo ligado a uma identidade, é uma qualidade e um estigma, pois a sexualização costuma ser uma forma de controle ou dominação.... a escravidão, [...], permitiu que os senhores [...] dispusessem de escravas para a satisfação sexual desinibida... Gorender (2000, p. 41). Assim, pode-se pensar numa hierarquia interna do gênero racionalizado onde as mulheres brancos ocuparam o topo hegemônico de gênero e raça, as mulatas (morenas, mestiças) as amantes desejáveis, uma posição intermediária e as negras, trabalhadoras braçais inferiorizadas, a base. A mulata é sempre dentro do mesmo quadro de referência e, a partir desta estereotipia literária, verificamos que permanece o registro dela como uma mulher degradada em um ambiente sexualizado, marginal e desvantajoso socialmente. A REPRESENTAÇÃO DA MULHER NEGRA EM O CORTIÇO A obra O Cortiço de Aluízio Azevedo, traz uma abordagem para se pensar a mulher negra na literatura do século XIX, seguindo a lógica das teorias raciais em voga no período. O negro enquanto objeto da literatura, foi exposto de forma submissa, instintiva, carnal, entre outros adjetivos. O evolucionismo é ilustrado insistentemente dentro do cortiço podendo-se localizar, nesta obra, os princípios formulados por Darwin e outros cientistas. A evolução está posta na obra na figura de João Romão. O determinismo, isto é, o homem como produto do meio, também é visto aí no personagem Jerônimo. Logo, há uma grande ligação desse romance com os modelos científicos do século XIX. As mulheres na obra são reduzidas a condição de objeto usado pelo homem, como Bertoleza, escrava fugida que a amasia com o português João Romão, passando a trabalhar para ele como: Bertoleza representava agora ao lado de João Romão o papel tríplice de caixeiro, de criada de amante. Mourejava a velar, mas de cara alegre, às quatro da madrugada estava já na faina de todos os dias, aviando café para os fregueses e depois preparando o almoço para os trabalhadores de uma pedreira que havia além de um grande capinzal aos fundos da venda. Varria a casa, cozinhava, vendia ao balcão na taverna, quando o amigo andava ocupado lá por fora (AZEVEDO, 1997, p. 17).
8 7 Aqui, a mulher nega é exposta de maneira submissa ao branco. A negra Rita baiana é descrita como uma mulata faceira, provocante, sensual, que a destaca nas festas no cortiço como dançarina levando os homens a perderem a cabeça, a exemplo de Jerônimo. Rita é reduzida a condição de objeto sexual, típico do determinismo biológico. Há um forte apelo sexual e Rita baiana é uma das personagens que mais retrata isso, observe a seguinte descrição de Rita, e do fascínio que exercia sobre o português Jerônimo. Naquela mulata estava o grande mistério, a síntese das impressões que ele recebeu chegando aqui. Ela era a luz ardente do meio-dia; era o calor vermelho das sestas de fazenda; era o aroma quente dos trevos e das baunilhas, que o atordoara nas matas brasileiras... Era a muriçoca doida, que esvoraçava havia tempo em torno do corpo dele assando-lhe os desejos (AZEVEDO, 1997, p. 13). O determinismo é claro na relação de Rita baiana e Jerônimo, pois o branco português ao entrar em contato com a negra, larga sua mulher e acaba matando Firmo, homem com o qual Rita era amigada. Logo, uma raça superior unida com organismos inferiores, é incapaz de desenvolve-se e progredir estando fadada ao declínio social e ao atraso. Analisando a situação dos excluídos digo, os negros no pós-abolição Dalcastagnè pontua a apropriação feita entre ascensão social e qualidade natural: Da cor da pele ao discurso sobre o povo brasileiro, passando pela marcação da diferença em relação à culinária, ao modo de vestir; ou de falar, às origens, tudo reafirma valores vinculados à conquista do poder como qualidades naturais. (...). (DALCASTAGNÈ, 2001 p.489). Como diz o sociólogo francês Pierre Bourdieu (1990, p. 194) na raiz do reconhecimento de qualquer forma de capital simbólico está o desconhecimento de sua substância e das maneiras pelas quais é adquirido. Portanto, o cientificismo do século XIX é marcante nas obras literárias desse período, e O Cortiço não foge a regra. Nessa obra a mulher negra tem uma visibilidade estereotipada. Contudo, mesmo estando dentro da lógica das ideologias raciais, Aluízio também se coloca do lado da contra-ideologia, já que denuncia o código social vigente.
9 8 Não só Aluizio como outros naturalistas foram responsáveis pela continuidade de animalizar as figuras das negras e mulatas servindo como mantenedor do preconceito na literatura. O que ajudou e muito na criação do estereotipo da mulata como objeto de prazer. De quanto pudemos observar e inferir, é conveniente afirmar que no concemente à presença da negra como elemento da literatura no Brasil, esta funcionou como eficiente recurso de manutenção da situação preconceituosa existente. Á medida que se difundiam, as obras literárias com negras e mulatas como personagens, estas eram aceitas pelo público e recriava-se o estereotipo, dentro do qual se refletiam os efeitos e a ideologia do preconceito de cor (BROOKSHAW, 1983). A literatura ao tentar não expressar tensões nas relações inter-étnicas e nem exarcebar preconceitos, observou tais princípios, valorizando os dotes físicos da mulata, que a deixam apreciável e justificam o teor da narrativa, porém não aceitável no que diz respeito à moral, reforçando a ideologia da cultura dominante. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES Assim, tendo em vista a análise realizada na obra literária O Cortiço, observamos a forma a que Aluízio Azevedo retratou o negro brasileiro, dentro de um contexto de uma sociedade hierarquizada, em que o africano representa um elemento social inferior, responsável pelo atraso na nação. Entre os personagens da obra, chama atenção da negra Bertoleza que é exposta de maneira submissa ao português João Romão, que por ser branco ascende socialmente graças ao trabalho da negra. Dentro da lógica das teorias raciais essa sociedade não teria espaço para negros considerados incapazes e inferiores, além disso, cabia ao branco levar o desenvolvimento a esses povos. Portanto, Bertoleza deveria sim, trabalhar para João Romão, já que era inferior a ele. Outra figura que se destaca é Rita baiana, vista unicamente por seu lado sensual responsável por levar o homem branco a cometer loucuras, a desestruturar-se e ficar a margem social. Mais uma vez o negro é responsável pelo fracasso do branco. Em um
10 9 momento da obra o autor chega a referir-se a ela como uma cadela no cio, enfatizando seu lado instintivo. Portanto, os intelectuais do século XIX utilizaram-se das ideias raciais formuladas neste período e deram aos negros uma visibilidade estereotipada, particularmente da mulher negra. Estas que até então eram considerados invisíveis dentro da sociedade que construíram, agora são culpadas pelo não progresso da nação, isso porque determinaram que biologicamente elas são inferiores e incapazes. Sendo assim, países como o Brasil, eminentemente negro, estava fadado ao subdesenvolvimento. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AZEVEDO, Aluízio de. O Cortiço. São Paulo: Ática, O Cortiço. São Paulo: Ática, Adaptação de Fábio Pinto. Porto Alegre: L&PM, p. (Coleção É só o Começo) BERND, Zilá. A questão da negritude. Porto Alegre: Mercado Aberto, BEZERRA, Rozilda Alves. Mozaico de culturas: Identidade e representação nas literaturas de língua portuguesa. Natal: Philia; Recife: Elógica, 2007a. BOURDIEU, Pierre. Coisas ditas. Tradução de Cássia R. da Silva e Denise Moreno Pegorim. São Paulo: Brasiliense, 1990 DALCASTAGNÈ, Regina. Da senzala ao cortiço história e literatura em Aluízio Azevedo e João Ubaldo Ribeiro. In: Revista Brasileira de Estudos Históricos: Espaços da Política. São Paulo, V 21, n⁰ 42, p
11 10 FONSECA, Maria Nazareth Soares (org). Visibilidade e ocultação da diferença: imagens de negro na cultura brasileira. In: Brasil afro-brasileiro. Belo Horizonte: Autêntica, BROOKSHAW, David. Raça e cor na literatura brasileira. Porto Alegre: Mercado Aberto, FRANÇA, Jean M. Carvalho. Imagens do negro na literatura brasileira. São Paulo: Brasiliense, HALL, Stuart. Da Diáspora: identidades e mediações culturais. Belo Horizonte: Ed. UFMG, HALL, Stuart & WOODWARD, Kathyn. Quem precisa de identidade? In: Identidade e diferença: a perspectiva de Estudos Culturais. Tradução: Tomas Tadeu da Silva. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, SANTOS, Gilene Aparecida dos. A invenção do ser negro: um discurso de idéias que naturalizaram a inferioridade dos negros. Rio de Janeiro: Pallas, SAYERS, Raymond. O negro na literatura brasileira. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, SEVCENKO, Nicolau. Orfeu extático na metrópole. Companhia das Letras: São Paulo, SILVA DE ABREU, Elenalva Roseno dos Santos. A imagem da mulata na literatura brasileira: a recreação de um estereótipo social. In: LINS, Juarez Nogueira & LOPES DA
12 11 SILVA, Eduardo Jorge (orgs). Práticas de linguagem e educação. Natal: Ed. da Livro Rápido, 2008.
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