FRACASSO/QUEIXA ESCOLAR: UM ESTUDO ACERCA DAS PRODUÇÕES CIENTÍFICAS RELACIONADAS COM O TEMA PUBLICADAS EM PERIÓDICOS

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1 FRACASSO/QUEIXA ESCOLAR: UM ESTUDO ACERCA DAS PRODUÇÕES CIENTÍFICAS RELACIONADAS COM O TEMA PUBLICADAS EM PERIÓDICOS Aline Danielli Vignoto (PIBIC/FA-UEM), Nilza Sanches Tessaro Leonardo (Orientador), nilza_sanches@yahoo.com.br Universidade Estadual de Maringá/Centro de Ciências Humanas Letras e Artes Palavras-chave: Fracasso escolar, Dificuldade de Aprendizagem, Psicologia Escolar, Queixa escolar. Resumo Muitas são as queixas existentes em relação às crianças em idade escolar e o seu desempenho na escola, temos principalmente a dificuldade de aprendizagem. Atualmente a realidade encontrada é a de que uma grande quantidade de alunos não está conseguindo aprender na escola, e na maioria das vezes as explicações para esse não aprendizado centram-se neles próprios. Portanto, o objetivo deste estudo, constituiu-se em verificar as produções desenvolvidas e que estão publicadas em periódicos científicos relacionadas com a temática, buscando compreender o que faz com que continue sendo o aluno e/ou sua família os únicos responsáveis pelo seu não aprendizado. Introdução A escola nos dias de hoje é acessível a quase todas as crianças, porém, não se pode afirmar que todas conquistaram o direito de um ensino de qualidade, ou seja, uma escola em que terão garantidos o aprendizado e desenvolvimento. O que se observa é que boa parte dos alunos que frequentam uma escola apresentam defasagem de aprendizagem, bem como distorção série/idade. Podemos inferir que a criança somente conquistou o direito de entrar pelos portões da escola, mas ainda não possui o direito de aprender. É muito alto o número de alunos do ensino fundamental principalmente de 1ª a 4ª série que não conseguem aprender em sala de aula. É comum encontrar em escolas públicas classes com alunos que possuem idades superiores a série que deveriam pertencer, também há muitas crianças que apesar de vários anos de escolarização (3, 4, 5, etc. anos) não sabem ler, escrever e calcular, estas crianças não conseguem nem mesmo decifrar códigos. Com isto pode-se afirmar, que hoje o que ainda se têm é uma escola que fracassa na função de transmitir os conhecimentos produzidos historicamente pela humanidade.

2 Um dado muito interessante a ser ressaltado neste momento é o de que na maioria das vezes é o aluno o responsável pelo seu não aprendizado, isto é, as causas deste fracasso estão centradas nele próprio, prática essa que é antiga é que permanece até o momento. Quanto a este aspecto, Machado e Souza (1997) relatam que foi a partir da década de 80 do século XX que as pesquisas passaram a questionar a concepção de que o aluno é o único responsável pelo seu fracasso, chamando atenção para outros aspectos como a má qualidade do ensino, e a presença, nas práticas escolares, de estereótipos, preconceito etc. em relação à criança pobre. Talvez no decorrer das décadas não se tenha dado a devida importância à ocorrência do fracasso escolar, não se tenha percebido que esse problema não diz respeito somente ao aluno, ou a escola, mas sim é um problema pertencente a todo um contexto que envolve aspectos sociais, econômicos e culturais. Em se tratando especificamente do Brasil, este encontra-se entre os países com os piores indicadores sociais, o que não consideramos surpresa, principalmente quando se traz para discussão, que possui um sistema educacional deficitário, com a maioria das escolas públicas apresentando um resultado catastrófico quanto à aprendizagem dos seus alunos. Hoje, infelizmente o Brasil parece ser o país das falcatruas, da desesperança, das misérias, principalmente da miséria cultural. De acordo com o que foi exposto aqui, é de extremo interesse para a Psicologia que aconteçam novos estudos nessa área, buscando transformar este sistema educacional que possui tantas deficiências. Esperamos também que com o tempo ocorra uma reversão desse quadro educacional brasileiro, para que possamos realmente oferecer às crianças e jovens uma educação de qualidade, sem exclusão e bem estruturada. Em que as justificativas para os problemas de escolarização saiam do âmbito do aluno e alcance todos os fatores que estão envolvidos. Materiais e Métodos Foi utilizada nessa pesquisa principalmente a rede de Internet, onde ocorreu uma busca de periódicos relacionados com o tema fracasso/queixa escolar. As buscam foram feitas utilizando-se das seguintes palavras-chave: fracasso escolar, dificuldade de Aprendizagem, queixa escolar, distúrbio de aprendizagem, dificuldade de leitura e escrita. No que se refere ao método de pesquisa, foi realizada uma busca minuciosa em periódicos relacionados à Educação e Psicologia que se encontram cadastrados no site da Scielo, dessa forma foi possível verificar as publicações que continham o tema fracasso/queixa escolar, as quais contribuíram de forma satisfatória para um bom desenvolvimento da pesquisa. Após a busca das publicações nos periódicos, foi realizada a leitura de cada um dos artigos encontrados, bem como uma caracterização destes, onde fatores relevantes foram identificados, tais como: as abordagens

3 teóricas presentes nos textos, e como os autores estão encarando a questão do fracasso escolar, tanto hoje em dia como com o passar dos anos. Resultados e Discussão Os resultados obtidos foram analisados de acordo com o ano de publicação do artigo, a linha teórica utilizada neste e também foi feita a identificação das principais concepções e resultados acerca do fracasso/queixa escolar. Podemos dizer que o periódico que mais teve publicações de artigos sobre fracasso/queixa escolar no site da Scielo foi o de título: Psicologia: Reflexão e Crítica, onde contribuiu com um total de seis artigos publicados entre os anos de 2000 e 2004, seguinte a este encontramos o periódico Psicologia em Estudo, com um montante de três artigos publicados, todos também entre os anos 2000 e No periódico Educação e Pesquisa foi encontrado um total de também três publicações referentes ao assunto em questão, estes foram publicados entre os anos de 2000 a Os demais periódicos consultados não possuíam uma quantidade grande de artigos publicados. No que se refere ao ano com mais publicações sobre esse tema, podemos citar o ano de 2004, com a publicação de quatro artigos, seguinte á esse ano vem o de 2000 com três publicações, bem como o ano de 2003 que também teve um total de três publicações. Os anos que se seguiram foram os de 2005 e 2007, ambos com a publicação de dois artigos sobre o tema, já no ano de 2006 tivemos apenas uma publicação. Dessa forma podemos perceber que a quantidade de publicações oscila de acordo com o ano, talvez isso se diferencie devido ao fato de o tema estar mais ou menos emergente. Em referência a abordagem teórica, podemos dividi-la em dois tipos, uma abordagem critica e uma não critica. A abordagem não crítica é aquela centrada no aluno, onde ele é o total responsável pelo seu próprio fracasso escolar, desvinculando este fracasso dos demais fatores, já a abordagem crítica é centrada também em fatores externos a criança, não atribuindo apenas a ela a responsabilidade pelo seu não aprendizado na escola. Sendo assim, a abordagem mais encontrada foi a não critica, onde a maioria dos artigos mostrou-se adequado ao fato de centrar a causa do fracasso escolar no aluno, talvez uma maneira mais cômoda de enfrentar os problemas vivenciados pela escola no Brasil. Já a minoria foram os artigos com uma abordagem crítica, que procuram compreender as queixas escolares considerando fatores externos ao aluno, que são também de ordem sócioeconômico-cultural. Sendo assim, os autores dos artigos com uma abordagem crítica mostram-se dispostos a retirar a responsabilidade do aluno pelo seu fracasso, investigando dessa forma outros aspectos que são relevantes. Talvez dessa forma, comece a ser realizada alguma mudança nesse sentido. A maioria dos artigos com a abordagem não critica foram publicados no ano de 2004, os artigos críticos não possuem um ano em que foram mais publicados, porém estão distribuídos nos anos de 2000, 2006 e

4 2007. Percebemos que existe um grande espaço entre o ano de 2000 e os demais, pode-se inferir que esta seja uma abordagem menos aceita no mundo acadêmico. Ao final da realização do trabalho, percebemos que atualmente o tema fracasso/queixa escolar aparece como um assunto presente em muitas pesquisas realizadas. Está sendo cada vez mais discutida a origem das concepções deste fracasso e a forma como a visão de professores acerca deste assunto afeta a vida escolar de alunos. Mesmo com todas as publicações e discussões que estão acontecendo, tanto por professores, como por psicólogos, a concepção de fracasso/queixa escolar ainda permanece voltada para o aluno, onde ele é o responsável pela sua não aprendizagem, sendo assim parece-nos que esta concepção está estagnada no tempo, como se não fosse possível modificá-la. Ainda estamos longe de escrever um novo final, onde o aluno seja retirado desse lugar de responsável e comece a ser visto como uma possível vítima de todo um contexto histórico-social. Devemos lembrar que a escola não surgiu sozinha, mas sim dentro de toda uma história e acontecimentos de uma época. Conclusões Após a realização do trabalho proposto, a conclusão a que podemos chegar é de que ainda existe uma carência de pesquisas nessa área, apesar do fracasso/queixa escolar estar sendo um assunto muito discutido atualmente por profissionais de educação e da saúde. Também identificamos que os pesquisadores na sua maioria centram nos alunos as explicações para os problemas de escolarização (dificuldade de aprendizagem e problemas de comportamento). Esta forma reducionista de compreender questões tão sérias pode ter conseqüências desastrosas, pois quando a criança é responsabilizada totalmente, ela acaba assumindo o lugar de alguém que não aprende, começa a se ver como sendo incapaz de aprender os conteúdos, e isso não favorece de nenhuma maneira o seu desenvolvimento, tanto escolar quanto pessoal. Agradecimentos Agradeço a minha orientadora, Nilza Sanches Tessaro Leonardo, por me proporcionar a oportunidade de desenvolver esta pesquisa, e também pela dedicação e ajuda nos momentos de desenvolvimento da pesquisa. Agradeço a minha família e amigos pela calma e apoio nos momentos em que algo parecia não dar certo. Referências Machado, A. M.; Souza, M. P. R. As crianças excluídas da Escola: Um alerta para a Psicologia Escolar In: Machado, A. M.e Souza, M. P. R (orgs.). Psicologia Escolar: em busca de novos rumos. São Paulo:Casa do Psicólogo, 1997, p.35-49

5 Souza, M. P. R. A queixa escolar e o predomínio de uma visão de mundo.in: Machado, A.M.e Souza, M. P. R (orgs.). Psicologia Escolar: em busca de novos rumos. São Paulo:Casa do Psicólogo, 1997, p