PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia. Isolamento e identificação de microrganismos causadores de otites em cães
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1 PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia. Isolamento e identificação de microrganismos causadores de otites em cães Edinaidy Suianny Rocha de Moura 1 ; Zuliete Aliona Araujo de Souza Fonseca 2 ; Francisco Marlon Carneiro Feijó 3 ; Kilder Dantas Filgueira 4 ; Jean Berg Alves da Silva 3 1. Médica Veterinária do Centro de Controle de Zoonoses da Prefeitura Municipal de Mossoró/ RN. 2. Médica Veterinária, aluna de especialização em Saúde Coletiva, alionahta@hotmail.com. 3. Docente da Universidade Federal Rural do Semi Árido -UFERSA. 4. Médico Veterinário da Universidade Federal Rural do Semi Árido -UFERSA. RESUMO A otite trata-se da inflamação do conduto auditivo e são causadas por inúmeros fatores, tais como fungos, bactérias, ácaros entre outros. O estudo teve por objetivo identificar os principais agente causadores das otopatias, assim como a ocorrência destas no que diz respeito a raça, idade e sexo dos animais acometidos. Durante atendimento veterinário foram coletadas amostras utilizando Awabs estéreis de cães com otite clínica. As amostras coletadas foram enviadas ao Laboratório de Microbiologia da Universidade Rural do Semi Àrido-UFERSA, onde foram realizadas diversas provas bioquímicas e analisa das características macroscópica e microscópicas das
2 colônias. Os principais agentes causadores de otites em cães foram a bactéria Staphylococcus coagulase, seguida pela levedura Malassezia pachydermatis. Os cães da raça SRD e do sexo masculino foram os mais acometidos, e que a otite afeta principalmente os cães adultos, sendo uma doença relevante na clinica veterinária. Palavras-chave: Malassezia pachydermatis, Staphylococcus, Otites. Seclusion and identification of microorganisms causing of otitis in dogs ABSTRACT Otitis it is the inflammation of the ear canal and are caused by several factors, such as fungi, bacteria, mites and more. The study aimed to identify the major causative agent of ear diseases, as well as the occurrence of these with regard to race, age and sex of affected animals. During veterinary care samples were collected using "Awabs" sterile dogs with otitis clinic. The samples were sent to the Laboratory of Microbiology of the University's Rural Semi-arid UFERSA, where I made several biochemical tests and analysis of macroscopic and microscopic characteristics of the colonies. The main causative agents of otitis in dogs were Staphylococcus coagulase, followed by the yeast Malassezia pachydermatis. Dogs race SRD and males were the most affected, and that the media mainly affects adult dogs, with a relevant disease in the veterinary clinic. Key Words: Malassezia pachydermatis, Staphylococcus, Otitis. INTRODUÇÃO A microbiota da orelha de cães sem otite é composta por bactérias e leveduras como Staphylococcus sp. e Malassezia pachydermatis, essa flora natural da pele quando sofre alteração na temperatura e umidade prolifera-se de forma intensa e age como um fator perpetuante da otite (GIRÃO et al., 2006).
3 As causas primárias da otite que podem alterar a homeostase da orelha são agentes como os ácaros, corpos estranhos, atopia ou causas iatrogênicas; e existem ainda os fatores predisponentes como a conformação das orelhas, o excesso de pêlos no conduto auditivo ou os distúrbios de queratinização (YOSHIDA et al., 2002). Segundo Leite (2000a) são vários os fatores causadores e predisponentes ao surgimento das otites. Entre eles, a infecção bacteriana e fúngica, as parasitárias causadas por ácaros, a seborréica causada pela produção excessiva de cerúmen, além da umidade que é freqüente causa em cães nadadores. A predisposição racial também é fator marcante onde cães de raça com orelhas longas, caídas e peludas são frequentemente mais afetados pelas otites. Distúrbios hormonais, doenças primárias de pele e reações alérgicas, correspondem a outros fatores predisponentes. A penetração de microrganismos no conduto auditivo pode ocorrer tanto através do exterior pelo canal auditivo externo, quanto também através da faringe pela Trompa de Eustáquio (THADEI, 2009). Fisiologicamente, o ouvido de um cão não apresenta odor e a quantidade de cerúmen é bem pequena. Já os cães otopatas geralmente apresentam em sua sintomatologia excesso de cerúmen, odor forte e desagradável no ouvido acometido, eritema da pele que reveste o conduto auditivo, prurido com intensidade variável, balanço da cabeça e desvio para o lado afetado, relutância ou agressividade a manipulação das orelhas. Nas otites mais graves, observa-se a perda de equilíbrio do animal (LEITE, 2000b). O diagnóstico desse distúrbio é peça chave para o sucesso do tratamento e conseqüente cura do animal. O diagnóstico clínico da otite é baseado na anamnese e no exame físico específico do canal auditivo. A observação das alterações morfofuncionais características da otite, auxiliadas por exames mais específicos com auxilio de otoscópio ou vídeo otoscópio são importantes para se determinar a extensão e gravidade da otite. Aliado ao diagnóstico clínico das otites está o diagnóstico laboratorial que é fundamental para se determinar os agentes específicos desencadeadores dessa patologia (TILLEY & SMITH JR, 2003). O exame microbiológico é o principal dentre os exames
4 laboratoriais em casos de otite, pois a causa mais freqüente das otites são as infecções bacterianas e fúngicas, portanto o isolamento e a identificação desses agentes se torna essencial para o tratamento terapêutico dessa enfermidade. Em virtude da elevada freqüência de casos clínicos relacionados a otite em cães e a falta de conhecimento dos agentes etiológicos relacionados com esta patologia, tornou-se necessário a investigação microbiológica e análise dos fatores epidemiológicos e sinais clínicos. Neste sentido, haverá uma melhor compreensão da patogenia da doença, o que irá refletir em melhoria nas condutas terapêuticas e preventivas. METODOLOGIA As amostras utilizadas nesse trabalho foram coletadas de cães com sintomatologia clínica de otite constatada através de atendimento médico veterinário, totalizando 30 amostras. A colheita do material era realizada com swabs individuais para cada ouvido (direito e esquerdo), acondicionados em seus respectivos tubos de ensaio estéreis e encaminhados ao Laboratório de Microbiologia Veterinária da Universidade Federal Rural do Semi-Árido, acompanhados de solicitação de exame microbiológico contendo todos os dados do animal e anamese. O isolamento e a identificação dos microrganismos era realizado com base no tipo de agente causador da otite (bactérias ou fungos). Para isolamento bacteriano, as amostras eram semeadas em Ágar Sangue de Ovino desfibrinado a 5% e incubadas a 37 o por 24 a 48 horas em aerobiose. Para isolamento fúngico, semeou-se as amostras em Agar Sabouraud e incubou-se à temperatura ambiente por 24 a 48 horas. Das colônias observadas nas placas, foram preparadas lâminas para análise das características morfotintoriais utilizando-se o método de Gram. Testes bioquímicos eram utilizados como requisito para a identificação dos
5 microrganismos isolados de acordo com Murray et al., (2004). Os dados foram organizados sob a forma de freqüência absoluta e percentual. RESULTADOS E DISCUSSÕES O presente experimento encontrou uma incidência elevada de Staphylococcus coagulase negativa como causador principal das otites em cães. Somente este microrganismo acometeu 12 animais portadores de otite, o que corresponde a 37,5% dos resultados apresentados. Estes dados corroboram com os resultados de diversos autores que definem o gênero Staphylococcus sp. como o principal causador de otites em cães (SANTOS, 2007; ORIANI & STASKEVICH, 2004; KUMAR et al., 2003; MANDEEP et al., 2003). As bactérias Streptococcus sp., Pseudomonas sp.,enterobacter sp.e Proteus mirabilis também apareceram acometendo 2 (6,3%) animais. Estes resultados estão de acordo com Cole et al. (2002) que encontram diversos microrganismos como causadores de otites em cães, tais como Pseudomonas spp.,citrobacter spp., Pasteurella spp. e Lactobacillus spp. Foram identificados como causadores de otite em menor frequência microrganismos como Staphylococcus coagulase positiva, Citrobacter sp., Corynebacterium sp. Aeromonas hydrophila, Actinobacillus lignieresii, Bacillus sp. e Providencias sp. Neste caso, cada microrganismo foi observado parasitando apenas 1 (3,1%) cão. O microrganismo fúngico mais observado foi a Malassezia pacydermatis, acometendo 4 animais, correspondendo 12,5% dos casos. Concordando com Papovici et al., (2003) que relatou a Malassezia pacydermatis,como o microrganismo fúngico mais comumente isolado no conduto auditivo de cães com otite. Quanto ao padrão racial, os cães sem raça definida (SRD) representam 44% dos otopatas, principalmente por perfazerem a maior parte da população
6 canina e, consequentemente respondem pela maior parte dos atendimentos clínicos veterinários (GRIFFIN, 1996). Dados semelhantes também foram relatados por Staroniewicz et al. (1995), quando apresenta dados sobre padrão racial. Porém para Cunha et al. (2003), dentre os pacientes com otite 60% eram cães com raça definida. Já Santos (2007), relata em seu estudo a prevalência de 25,25% para os cães de raça Poodle, seguidas de cães SRD (24,24%). A faixa etária mais acometida foi acima de seis anos, correspondendo a 27% dos cães acometidos e do sexo masculino (53%), concordando com Cunha (2003), que relata sua maior ocorrência em cães com idade igual ou superior a quatro anos, ou seja, a ocorrência de otite encontra-se em sua maioria em cães adultos. Resultados semelhantes também foram relatados por Santos (2007), que afirma ser a faixa etária mais afetada entre 5 a 10 anos (50%) e o sexo masculino (62,4%) o de maior acometimento. CONCLUSÃO A otite canina representa uma doença relevante na clínica veterinária, no entanto o conhecimento dos agentes causadores detectados pelo exame microbiológico, aliado ao exame clínico, torna-se necessário para que o medico veterinário estabeleça o tratamento eficaz, obtendo assim o sucesso desejado. REFERÊNCIAS COLE, L.K. et al. Evaluation of radiography, otoscopy, pneumotoscopy, impedence audiometry and endoscopy for the diagnosis of otitis medias in the dog. Congress of Veterinary dermatology, São Francisco. v.4, p.49-55, CUNHA, F. M. et al. Avaliação clínica e citológica do conduto auditivo externo de cães com otite. Rev. Educ. Contin. São Paulo, v. 6, n. 113, p. 7-15, GIRÃO M.D., PRADO M.R., BRILHANTE R.S.N., CORDEIRO R.A., MONTEIRO A.J., SIDRIM J.J.C., ROCHA M.F.G Malassezia pachydermatis isolated from normal and diseased external ear canals in dogs: A comparative analysis. The Veterinary Journal. 172:
7 GRIFFIN, C. E. Malassezi paranychia in atopic dog. In: proceedings of the 12 th meeting of the American College of Veterinary Dermatology, p.5152, KUMAR, V.; DEVENDER, P.; ASHOK, A. Antibiogram of microorganisms isolated from ears of dogs having otitis externa. Indian Veterinary Journal, v.80, n.12, p , LEITE, C. A. L. As otites de cães e gatos, parte I: Epidemiologia cães e gatos, n.93, p.22-26, 2000a. LEITE, C. A. L. As otites de cães e gatos, parte II: Diagnóstico cães e gatos, n.95, p.26-32, 2000b. MANDEEP, C.; MIRRAKHUR, K. K.; JAND, S. K. Antibiogram and microbiological pattems of external ear canal of dogs with reference to otitis. Indian Veterinary Journal, v.80, n.9, p , MURRAY, P. R. et al. Microbiologia médica. 4 ed. Guanabara Koogan, ORIANI, D. S. & STASKEVICH, A. S. Pathogens detected by the bacteriological service of the Faculty of Veterinary Sciences. Revista de Medicina Veterinária Buenos Aires, v.85, n.4, p , SANTOS, R. R. Sensibilidade in vitro da microbiota da orelha de cães com otite externa a cinco antimicrobianos. Acta Scientiae Veterinariae. v. 35, n. 2, p , STARONIEWICZ, Z. KROL, J.; CIERPISZ, J. Bacterial and fungal flora in dog with otitis externa. Medicine veterinary, v.51, n.11, p , THADEI, C. L. Otite é perigosa mesmo. Disponível em: Acesso em 16/10/2009. TILLEY, L. P. & SMITH JR, F. W. K. Consulta Veterinária em 5 minutos. 2 ed. Manole, p. 1028, YOSHIDA N., NAITO F. & FUKATA T. Studies of certain factors affecting the microenviroment and microflora of the external ear of the dog in health and disease. Journal Veterinary Medicine Science. n.64, p , 2002.
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