PREVALÊNCIA E ETIOLOGIA INFECCIOSA DA MASTITE BOVINA

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1 PREVALÊNCIA E ETIOLOGIA INFECCIOSA DA MASTITE BOVINA RIBAS, B.P.(1); PERES, B.P.(1); MENDONÇA, B.S.(1); MORAIS, C.B.(1); VITORINO, D.C.A.(1); FABRIS, I.A.(1); CALLEFE, J.L.R. (1); SILVA, L.A.C. (1); FERREIRA, M.C. (1); FERREIRA, N.L. (1); MIURA, P.T. (1); SILVA, S.F.L. (1); ASSONI, A.D. (1); ROGATTO, G.M. (1); DOMINGUES, P.F.(1). (1) Grupo PET Medicina Veterinária (PET FMVZ), Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia - UNESP, Distrito de Rubião Júnior, Botucatu-SP, CEP pet@fmvz.unesp.br Introdução A mastite, definida como inflamação da glândula mamária, corresponde a um fator de grande impacto na obtenção de produção leiteira. Essa enfermidade pode ser classificada, conforme a sua manifestação, como subclínica e clínica. Na mastite subclínica são observadas reações sem alterações macroscópicas detectáveis, porém com alterações químicas e microbiológicas do leite. Já a mastite clínica é marcada por resposta inflamatória mais severa, que resultam em alterações no aspecto da secreção láctea (grumos, pus, sangue), mudanças visíveis no tecido mamário e, em alguns casos, efeitos sistêmicos como hiperemia, prostação e tremores musculares (DOMINGUES & LANGONI, 2001; PRESTES et al., 2003). A mastite pode ser classificada como contagiosa ou ambiental de acordo com o tipo de micro-organismo causador da maioria das infecções nos rebanhos; pode ainda ser caracterizada de acordo com dois modelos epidemiológicos, fundamentados no momento da infecção: mastite de ordenha e mastite de ambiente. A primeira ocorre durante a ordenha enquanto a segunda se dá nos intervalos entre as ordenhas (ESSLEMONT & KOSSAIBATI, 2002). Rupp et al. (2000) acrescentam que a ordenha é o momento mais importante da atividade leiteira por constituir-se na medida de impacto no controle da mastite e possibilitar a melhoria da qualidade do leite.

2 Objetivos Este estudo teve como objetivo verificar a prevalência e a etiologia infecciosa da mastite bovina em uma propriedade de produção leiteira na região de Botucatu, SP, com a finalidade de auxiliar na implementação de medidas de controle e tratamento dessa enfermidade em rebanhos locais. Metodologia Foram utilizadas neste estudo 37 vacas pertencentes a rebanho de uma propriedade leiteira situada no município de Pardinho, localizada na microrregião de Botucatu-SP. Na propriedade adotava-se o sistema de ordenha mecânica e o rebanho era composto por vacas primíparas e multíparas, da raça Holandesa e Girolando em diferentes estágios de lactação. Submeteu-se cada vaca a um exame físico geral e da glândula mamária. Posteriormente, realizou-se o teste da caneca telada para o diagnóstico dos casos de mastite clínica e o California Mastitis Test (CMT), para a detecção de mastite subclínica. A interpretação desses testes foi realizada conforme SCHALM et al. (1971). Do total de 148 quartos mamários examinados, 20 amostras de leite procedentes de quartos mamários acometidos por mastite clínica ou subclínica foram coletadas e submetidas a provas microbiológicas. Realizaram-se as coletas após a lavagem dos tetos com água e antissepsia com álcool 70% iodado, acondicionando-se aproximadamente 5 ml de leite em tubos de tampa de rosca previamente esterilizados. Em seguida, as amostras foram transportadas em caixas de material isotérmico contendo gelo reutilizável ao Laboratório de Diagnóstico Microbiológico e Micológico do Hospital Veterinário da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, UNESP, Campus de Botucatu, SP. Para as análises microbiológicas, as amostras foram semeadas em Ágar sangue de ovino a 5% e Ágar MacConkey, incubadas por 24/48/72h em aerobiose. Procedeu-se à identificação dos micro-organismos isolados conforme as características da colônia e morfotintorial, produção de hemólise e

3 por meio de provas bioquímicas segundo identificação proposta por QUINN et al. (1994). Os micro-organismos isolados foram transferidos para meio de caldo cérebrocoração (BHI) para realização de testes de sensibilidade in vitro frente a antimicrobianos, de acordo com Bauer et al. (1966), em placas contendo Ágar Mueller-Hinton. Resultados e discussão Em 23 (62,1%) das 37 vacas examinadas, foi observada a presença de mastite clínica ou subclínica em pelo menos um quarto mamário. Analisando-se o percentual de quartos mamários afetados, verificou-se a presença de mastite clínica e subclínica em 4 (2,7%) e 51 (34,4%), respectivamente. Em um estudo realizado em propriedades localizadas na microrregião de Cuiabá, MT, foram observadas prevalência superior à verificada neste trabalho, havendo a presença de mastites clínicas em 5,8% e subclínicas em 65,0% dos quartos mamários analisados (MARTINS et al., 2010). Ribeiro et al. (2006) citam que um correto controle de mastites deve atingir níveis de ocorrência inferiores a 1% do rebanho para a sua forma clínica e inferiores a 15% para as manifestações subclínicas. Neste estudo os micro-organismos isolados dos casos de mastite, foram: Staphylococcus coagulase positiva (n=8; 40,0%), Staphylococcus coagulase negativa (n=7; 35,0%) e Streptococcus beta hemolítico (n=5; 25,0%). Portanto, verifica-se que houve predomínio de agentes classificados como contagiosos, corroborando com a literatura, pois a mastite contagiosa caracteriza-se por baixa ocorrência de casos clínicos e alta ocorrência de casos subclínicos. O habitat preferencial dos patógenos contagiosos é o interior da glândula mamária e a superfície da pele dos tetos (MARTINS et al., 2010). No teste de sensibilidade antimicrobiana in vitro para as três categorias de agentes isolados, verificou-se que os antibióticos que apresentaram melhor resultado foram cefalotina e ceftiofur.

4 Conclusão Observou-se no rebanho estudado uma elevada prevalência de mastite subclínica, podendo interferir na produtividade e na qualidade do leite, resultando em perdas econômicas ao produtor e às indústrias de laticínios. Considerando os patógenos isolados dos casos de mastite, indica a ocorrência de falhas de higiene durante a ordenha e alerta para o risco de animais portadores de mastites atuarem como fonte de infecção para o rebanho. A partir das informações obtidas será possível estabelecer um protocolo de prevenção e controle da mastite no rebanho estudado. Referências BAUER, A.W.; KIRBY, W.M.; SHERRIS, J.C.; TURCK, M. Antibiotic susceptibility testing by a standardized single disk method. American Journal Clinical Pathology, v. 45: , DOMINGUES, P.F.; LANGONI, H. Manejo sanitário animal. Rio de Janeiro: EPUB. 2001, 210p. ESSLEMONT, D.; KOSSAIBATI, M. Mastitis: how to get out of the dark ages. Veterinary Journal, 164: 85-86, MARTINS, R.P.; SILVA, J.A.G.; NAKAZATO, L.; DUTRA, V.; ALMEIDA FILHO, E.S. Prevalência e etiologia infecciosa da mastite bovina na microrregião de Cuiabá, MT. Ciência Animal Brasileira, v.11 (1): , PRESTES, D.S.; FILAPPI, A.; CECIM, M. Susceptibilidade à mastite: fatores que influenciam - uma revisão. Revista da Faculdade de Zootecnia, Veterinária e Agronomia, v. 9 (1): 48 59, QUINN, P.J.; CARTER, M.E..; MARKEY, B.; CARTER, G.R. Clinical veterinary microbiology. Virginia: Wolfe, 1994, 648p. RIBEIRO, M.E.R. Ocorrência de mastite causada por Nocardia spp. em rebanhos de unidades de produção leiteira no sul do Rio Grande do Sul. Revista Brasileira de Agrociência, v. 12(4): , RUPP, R.; BEAUDEAU, F.; BOICHARD, D. Relationship between Milk somaticcell counts in the first lactation and clinical mastitis occurrence in the second

5 lactation of French Holstein cows. Preventive Veterinary Medicine, v. 46: , SCHALM. O.W.; CARROL, E.J.; JAIN, N.C. Bovine mastitis. Philadelphia: Lea & Febiger, p.