IMPORTÂNCIA DA CITOLOGIA DIRETA ASSOCIADA À CULTURA MICROBIOLÓGICA EM CASOS DE OTITE EXTERNA CANINA

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1 Autor(es): Apresentador: Orientador: Revisor 1: Revisor 2: Instituição: IMPORTÂNCIA DA CITOLOGIA DIRETA ASSOCIADA À CULTURA MICROBIOLÓGICA EM CASOS DE OTITE EXTERNA CANINA MUELLER, Eduardo Negri; GUIOT, Êmille Gedoz; SILVA, Patrícia Lisiane dos Santos; TILLMANN, Mariana Teixeira; BERGMANN, Lucimara Konflanz; GUIM, Tainá N.; CARTANA, Camila Basso; SANTIN, Rosema; SCHRAMM, Renata Costa; NOBRE, Márcia de Oliveira Eduardo Negri Mueller Márcia de Oliveira Nobre Patrícia da Silva Nascente Tatiana de Ávila Antunes Universidade Federal de Pelotas IMPORTÂNCIA DA CITOLOGIA DIRETA ASSOCIADA À CULTURA MICROBIOLÓGICA EM CASOS DE OTITE EXTERNA CANINA MUELLER, Eduardo Negri 1 ; GUIOT, Êmille Gedoz 2 ; SILVA, Patrícia Lisiane dos Santos 3 ; TILLMANN, Mariana Teixeira 3 ; BERGMANN, Lucimara Konflanz 3 ; GUIM, Tainã N. 4 ; CARTANA, Camila Basso 4 ; SANTIN, Rosema 1 ; SCHRAMM, Renata Costa 5 ; NOBRE, Márcia de Oliveira 6 1 Mestrando, PPG em Veterinária/UFPel, bolsista CNPq 2 Graduanda em Medicina Veterinária/FV/UFPel, bolsista PIBIC/CNPq 3 Graduanda em Medicina Veterinária/FV/UFPel 4 Residente Hospital de Clínicas Veterinária/UFPel 5 Médica Veterinária/FV/UFPel 6 Doutora, Profª Adjunta DCV/FV/UFPel Universidade Federal de Pelotas - enmuellervet@yahoo.com.br 1. INTRODUÇÃO Otite externa é um dos problemas mais comuns apresentados ao clínico de pequenos animais com incidência de até 20% em cães (Nascente, 2006; Aquino, 2004), não sendo vista como uma enfermidade isolada do canal auditivo, mas como uma síndrome freqüentemente relacionada a uma enfermidade dermatológica (JACOBSON, 2002) podendo estar presente em cerca de até 25% dos cães trazidos em uma clínica veterinária por outro motivo (Nascente, 2006). A etiologia da otite externa é multifatorial, sendo isolados vários agentes no meato acústico doente como, bactérias, fungos e ácaros (Leite, 2003). Esta afecção pode também acometer o pavilhão auricular (Nascente et al., 2006; Leite, 2003).

2 Essa enfermidade pode ser classificada quanto à evolução, em aguda e crônica, pelo tipo de secreção em ceruminosa e purulenta e ainda pelo agente etiológico em bacteriana, fúngica ou parasitária (Harvey et al. 2004). Nos casos de otite externa é necessário uma avaliação sistêmica do paciente através da história clínica, anamnese, exame clínico geral, otoscopia, citologia, cultura e antibiograma, bem como, a biópsia nas otites médias e nos casos recorrentes e severos (Jacobson, 2002). O presente trabalho teve como objetivo comparar os achados da citologia com os microrganismos isolados na cultura fúngica e bacteriana de cães com sinais de otite externa e, demonstrar a sensibilidade bacteriana nestes casos, frente a antibióticos de uso na rotina clínica veterinária. 2. MATERIAL E MÉTODOS Foram avaliados 21 caninos otopatas de ambos os sexos (dez machos e onze fêmeas), sendo 12 sem raça definida (SRD) e os demais das raças: poodle (5), cocker spainel inglês (2), um fila brasileiro e um pastor alemão, atendidos no Hospital de Clínicas Veterinária da Universidade Federal de Pelotas. Os pacientes foram submetidos a exame clínico geral e específico do pavilhão auricular e do meato acústico externo através de otoscópio veterinário, sendo as otites classificadas em ceruminosa (11-52,38%), eczematosa (5-23,81%) e purulenta (5-23,81%). Foi coletada secreção auricular bilateral com swabs estéreis, totalizando 42 amostras. O material colhido foi rolado sobre a lâmina de microscopia, fixada em chama e corada com panóptico rápido para exame citológico em imersão. Na citologia foi avaliada a presença de cocos e bacilos. Para leveduras, morfologicamente compatível com o gênero Malassezia, foi feito contagem de células em cinco campos microscópicos e realizada a média, sendo classificada em número conforme a seguinte escala: menos que cinco células por campo (+), entre seis a 10 células por campo (++), entre 11 a 15 células por campo (+++) e acima de 16 células por campo (++++). Os swabs foram enviados aos laboratórios de Bacteriologia e Micologia da Faculdade de Veterinária, respectivamente para cultura bacteriana em ágar sangue e cultura fúngica em ágar Sabouraud acrescido de cloranfenicol e azeite oliva. Dos isolados obtidos da cultura bacteriana foi feito antibiograma testando a sensibilidade das bactérias isoladas frente aos seguintes antibióticos: amoxicilina, amoxicilina associada a ácido calvulânico, ampicilina, cefalotina, cefalexina, enrofloxacina, gentamicina, neomicina, norfloxacina, penicilina G, tetraciclina e trobramicina. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO No exame citológico da secreção auricular foram visualizados cocos em 35 (83,33%) amostras, bacilos em 18 (42,85%) e leveduras com morfologia compatível com as do gênero Malassezia em 17 (40,47%), destas seis (35,29%) foram classificadas no escore de (+), duas (11,76%) (++), uma (5,88%) (+++), oito Gowllands Limited, Croydon, England Laborclin ltda., Pinhais/PR

3 (47,06%) (++++). A cultura fúngica foi positiva para M. pachydermatis em 24 (57,14%) amostras. Esta diferença entre a observação microscópica e a cultura fúngica também foi observada por Leite et al. (2003). Nobre et al. (2001) verificou a levedura M. pachydermatis como causa de otite em 76.5% dos cães afetados. As leveduras foram visualizadas isoladamente em apenas três amostras (17,64%), somente cocos em seis amostras (17,14%) e bacilos foram identificados sempre em associação. As bactérias mais freqüentemente isoladas de casos de otite externa são Staphylococcus intermedius e Streptococcus spp., Pseudomonas aeruginosa e Proteus sp. (Rosychuk & Eluttgen, 1997). Foi observado por Oliveira et al. (2005), o predomínio de infecções monobacterianas e Staphylococcus coagulase positiva foram os mais freqüentes (40,9%), seguido de Pseudomonas aeruginosa (25%), Staphylococcus coagulase negativo (12,1%). Neste estudo, das 42 amostras enviadas para cultura bacteriana houve crescimento em 18 (42,85%), sendo isolado Staphylococcus intermedius (9-50%), Staphylococcus sp. coagulase positiva (3-16,7%); Staphylococcus sp. coagulase negativa (2-11,11%); Pseudomonas sp. (2-11,11%); e policultura com Pseudomonas sp. e Proteus sp. (2-11,11%). Em um estudo de casos de otite média os agentes isolados com maior freqüência foram Staphylococcus coagulase-positiva e Pseudomonas sp (Oliveira et al., 2006). Das 24 amostras positivas na cultura fúngica para M. pachydermatis 11 (45,83%) apresentavam também isolamento de Staphylococcus intermedius (9-81,8%), Staphylococcus sp. coagulase positiva (1-9,1%), Pseudomonas sp e Proteus sp (1-9,1%). No estudo de Ramalho et al. (2007) foi verificado em infecções otológicas que 16,6% eram mistas por Pseudomonas ssp. + M. pachydermatis, 33,3% por Staphylococcus ssp. + Malassezia pachydermatis; 25% somente por Staphylococcus e 25% somente por M. pachydermatis. Os perfis de isolamento e sensibilidade a antimicrobianos dos agentes bacterianos associados com otite externa canina mostram modificações sazonais e regionais (Oliveira et al., 2005). Os resultados do antibiograma dos 18 isolados bacterianos estão descritos no Quadro 1. Quadro 1 Sensibilidade (S), resistência (R) e ação intermediária (I) de agentes bacterianos isolados do conduto auditivo de cães com sinais de otite externa frente aos antibióticos testados Agentes bacterianos SI n=9 SC+ n=3 SCn=2 P n=2 PP n=2 Antibióticos S R I S R I S R I S R I S R I Amoxicilina Amoxicilina + ác. clavulânico Ampicilina Cefalotina Cefalexina Enrofloxacina Gentamicina Neomicina Norfloxacina Penicilina G Tetraciclina Tobramicina (SI)Staphylococcus intermedius; (SC+)Staphylococcus coagulase positiva; (SC-)Staphylococcus coagulase negativa; (P)Pseudomonas sp.; (PP)Pseudomonas sp + Proteus sp

4 Os antibióticos que demonstram maior freqüência de sensibilidade frente aos Staphylococcus são enrofloxacina, gentamicina, cefalotina e neomicina e resistência penicilina G e ampicilina (Silva, 2001), semelhante ao encontrado neste estudo, Outro estudo avaliando separadamente os Staphylococus coagulase negativa, Staphylococcus coagulase positiva e P. aeruginosa demonstrou que para os coagulase negativa os melhores resultados foram com ciproflaxina, enrofloxacina, amoxacilina com ácido clavulânico, imipenem, cefalexina, cefoxitina, cefotaxima e cefoperazona, para os coagulase positiva foram cefoxitima, amoxacilina com ácido clavulônico, imipenem, netilmicina e cefotaxima e para P. aeruginosa ciproflaxacina, imipenem, tobramicina e netilmicina (Oliveira et al., 2005). Neste estudo, as amostras de Pseudomonas sp. demostraram resistência a maioria dos antimicrobianos testados e, essa taxas aumentaram quando Pseudomonas sp. foi associada a Proteus sp., diferindo dos resultados do teste in vitro descrito por Ramalho et al. (2007). A taxa de resistência antimicrobiana em casos de otite média encontrada no estudo de Oliveira et al. (2006), considerando S. intermedius, foi maior a penicilina G, ampicilina e tetraciclina e, não houve resistência a cefalotina, gentamicina, neomicina, enrofloxacina e tobramicina. Neste estudo foi encontrado resultados de resistência superiores quanto a penicilina G, tetraciclina e ampicilina e houve casos de resistência a cefalotina, gentamicina, neomicina, enrofloxacina e tobramicina. 4. CONCLUSÕES A taxa de identificação de M. pachydermatis na cultura fúngica foi maior que na avaliação citológica, evidenciando a importância da associação dos dois métodos de diagnóstico na otite externa canina. A bactéria isolada mais frequentemente foi S.intermedius que demonstrou maior sensibilidade a amoxicilina associada ao ácido clavulânico e maior resistência a penicilina G e tetraciclina. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AQUINO, J.O.; MANISCALCO, C.L.; PASSOS, R.F.D. et al. Videotoscopia: um novo método de diagnóstico e auxílio terapêutico para desordens auriculares de cães revisão de literatura. Clín Vet n.53, p HARVEY, R.G.; HARARI, J; DELAUCHE, A.J. Doenças de ouvido em cães e gatos. Rio de Janeiro: Revinter, p. 272, JACOBSON, L.S. Diagnosis and medical treatment of otitis externa in the dog and cat. J S Afr Vet Assoc, v.73, n. 4, p LEITE, C.A.L.; ABREU, V.L.V.; COSTA, G.M. Freqüência de Malassezia pachydermatis em otite externa de cães. Arq Bras Med Vet Zootec, v.55, n Disponível em: NASCENTE, P.da S.; CLEFF, M.B.; ROSA, C.S.da; SANTOS, D.V.dos; MEIRELES, M.C.A.; MELLO, J.R.B. Otite Externa em Pequenos Animais: Uma Revisão. MedVep, v.4, n.11, p NASCENTE, Patrícia da Silva. Estudo da população de Malassezia pachydermatis em otite externa canina e avaliação da sensibilidade in vitro e in vivo frente a antifúngicos. Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação

5 em Ciências Veterinárias, da Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, NOBRE, M.O.; CASTRO, A.P.; NASCENTE, P.S.; FERREIRO, L.; MEIRELES, M.C.A. Ocurrency of Malassezia pachydermatis and other infectious agents as cause of external otitis from Rio Grande do Sul state, Brazil (1996/1997). Braz J Microbiol, 32: , OLIVEIRA, L.C.; BRILHANTE, R.S.N.; CUNHA, A.M.S. et al. Perfil de isolamento microbiano em cães com otite média e externa associadas. Arq Bras Med Vet Zootec, v.58, n.6, p OLIVEIRA, L.C.; MEDEIROS, C.M.O.; SILVA, L.N.G. et al. Susceptibilidade a antimicrobianos de bactérias isoladas de otite externa em cães. Arq Bras Med Vet Zootec, v.57, n.3, p RAMALHO, R.M. Características clínicas dos casos de otite externa em cães atendidos em Ilhéus Bahia e sensibilidade antimicrobiana in vitro das bactérias isoladas. Anais Congresso Nacional da ANCLIVEPA, ROSYCHUK, R.A.W.; ELUTTGEN, P. Afecções do Ouvido. In: ETTINGER, S.J.; FELDMAN, E.C. Tratado de Medicina Interna Veterinária. 4a ed. São Paulo: Manole, v.1, p , SILVA, N. Identification and antimicrobial susceptibility patterns of Staphylococcus spp isolated from canine chronic otitis externa. Arq Bras Med Vet Zootec, v.53, p , 2001.