Superior Tribunal de Justiça

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1 AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº SP (2005/ ) RELATOR AGRAVANTE PROCURADOR AGRAVADO ADVOGADO : MINISTRO JOSÉ DELGADO : FAZENDA NACIONAL : MIRIAN A PERES SILVA E OUTROS : LITOMAR S/A VEÍCULOS PEÇAS E SERVIÇOS : ROBINSON VIEIRA E OUTROS EMENTA TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. PIS. COMPENSAÇÃO. CORREÇÃO MONETÁRIA. APLICAÇÃO DOS ÍNDICES QUE MELHOR REFLETEM A REAL INFLAÇÃO À SUA ÉPOCA. JUROS DE MORA. ART. 161, 1º, DO CTN. TAXA SELIC. LEI Nº 9.250/95. TERMO A QUO DE SUA INCIDÊNCIA. APLICAÇÃO EM PERÍODOS DIVERSOS DE OUTROS ÍNDICES. SUCUMBÊNCIA NA PARTE MÍNIMA E/OU MAIS IMPORTANTE DO PEDIDO. CUSTAS E HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. CPC, ART. 21, PARÁGRAFO ÚNICO. PRECEDENTES. 1. Agravo regimental contra decisão que proveu o recurso especial da agravada. 2. A correção monetária não se constitui em um plus; não é uma penalidade, sendo, apenas, a reposição do valor real da moeda, corroído pela inflação, independe de culpa das partes. Pacífico neste Tribunal que é devida a aplicação dos índices de inflação expurgados pelos planos econômicos (Planos Bresser, Verão, Collor I e II), como fatores de atualização monetária de débitos judiciais. Esta Corte adota o princípio de aplicar, em qualquer situação, o índice que melhor reflita a realidade inflacionária do período, independente das determinações oficiais. Assegura-se, contudo, seguir o percentual apurado por entidade de absoluta credibilidade e que, para tanto, merecia credenciamento do Poder Público, como é o caso da Fundação IBGE. Para tal propósito, aplica-se o IPC, por melhor refletir a inflação à sua época. 3. Aplicação dos índices de correção monetária da seguinte forma: a) pelo IPC, nos períodos de janeiro e fevereiro de 1989 e março/1990 a fevereiro/1991; b) a partir da promulgação da Lei nº 8.177/91, o INPC (até dezembro/1991); e c) só a partir de janeiro/1992, a UFIR, nos moldes da Lei nº 8.383/91. A correção monetária dos períodos que não estejam incluídos nos explicitados deverá ser procedida conforme o Manual de Cálculos da Justiça Federal. 4. Adota-se, a partir de 1 o /01/1996, na compensação tributária, o art. 39, 4º, da Lei nº 9.250/1995, pelo que os juros devem ser calculados, após tal data, de acordo com a referida lei, que inclui, para a sua aferição, a correção monetária do período em que ela foi apurada. 5. A aplicação dos juros, in casu, afasta a cumulação de qualquer índice de correção monetária a partir de sua incidência. Este fator de atualização de moeda já se encontra considerado nos cálculos fixadores da referida Taxa. Sem base legal a pretensão do Fisco de só ser seguido tal sistema de aplicação dos juros quando o contribuinte requerer administrativamente a compensação. Impossível ao intérprete acrescer ao texto legal condição nela inexistente. 6. A referida Taxa é aplicada em períodos diversos que os demais índices de correção monetária, como IPC/INPC e UFIR. Juros de mora aplicados no percentual de 1% (um por cento) ao mês, com incidência a partir do trânsito em julgado da decisão; após, juros pela taxa SELIC a partir da instituição da Lei nº 9.250/95, ou seja, 01/01/1996. Entretanto, frise-se que não é ela cumulada com quaisquer outros índices de correção monetária. 7. Esta Casa Julgadora, em diversos casos análogos, já decidiu que o litigante que sucumbiu Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 08/08/2005 Página 1 de 8

2 na parte mínima do pedido não deve arcar com as despesas e honorários processuais. Da mesma forma, verificando-se que a parte foi vencedora na parte mais importante de sua pretensão, é aplicável o parágrafo único do art. 21 do CPC, por não se verificar a ocorrência de sucumbência recíproca. 8. Agravo regimental não-provido. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, negar provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Luiz Fux, Teori Albino Zavascki e Denise Arruda votaram com o Sr. Ministro Relator. Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Francisco Falcão. Brasília (DF), 28 de junho de 2005 (Data do Julgamento) MINISTRO JOSÉ DELGADO Relator Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 08/08/2005 Página 2 de 8

3 AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº SP (2005/ ) RELATÓRIO O SR. MINISTRO JOSÉ DELGADO (RELATOR): Cuida-se de agravo regimental oposto pela Fazenda Nacional contra decisão que proveu o recurso especial da agravada para: 1) determinar a aplicação dos índices de correção monetária da seguinte forma: a) pelo IPC, nos períodos de janeiro e fevereiro de 1989 e março/1990 a fevereiro/1991; b) a partir da promulgação da Lei nº 8.177/91, a aplicação do INPC (até dezembro/1991); e c) só a partir de janeiro/1992, a aplicação da UFIR (pela Lei nº 8.383/91). Esclareço que a correção monetária dos períodos que não estejam incluídos nos acima explicitados deverá ser procedida conforme o Manual de Cálculos da Justiça Federal; 2) aplicar os juros de mora no percentual de 1% (um por cento) ao mês, com incidência a partir do trânsito em julgado da decisão; juros pela taxa SELIC só a partir da instituição da Lei nº 9.250/95, ou seja, 01/01/1996 3) afastar a sucumbência recíproca, devendo os ônus sucumbenciais serem arcados totalmente pela Fazenda Nacional. Alega, em suma, que: a) não é possível a compensação de tributos de espécies diferentes, visto que, à época da propositura da ação, não havia autorização legal para a compensação, senão com a própria exação, conforme assenta julgado desta Corte ((EREsp nº /MG); b) o Especial pleiteia a inclusão de expurgos inflacionários, incluindo-se aqueles que, supostamente, teriam ocorrido em julho e agosto de 1994, referentes ao Plano Real; c) a decisão agravada, no entanto, determinou que sobre o referido pedido deveria incidir a UFIR, julgando inteiramente procedente o apelo; d) é indispensável que se limite o provimento parcial da decisão sobre o recurso da parte no aludido ponto, visto que equivocadamente determinou-se a incidência da UFIR em 1994; Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 08/08/2005 Página 3 de 8

4 e) como ainda não ocorreu o trânsito em julgado da decisão (termo inicial dos juros de mora de 1%), a SELIC, por determinação da decisão ora agravada, vai incidir de forma cumulada com os juros de mora a partir do trânsito em julgado; f) para determinar a incidência da SELIC, deve-se excluir os juros de mora de 1% (cujo termo inicial trânsito em julgado da decisão -, no particular, é posterior a 1º/01/96, termo inicial da SELIC), por isso a taxa inominada equivalente aos juros do SELIC, incidente a partir de janeiro de 1996, já contém os moratórios em sua estrutura, razão pela qual estes últimos (juros de mora de 1%) jamais podem ser cumulados com a referida taxa equivalente aos juros SELIC; g) caso provido o presente agravo regimental deve incidir sobre os autos o caput do art. 21 do CPC, fixando-se a sucumbência recíproca. Tecendo considerações sobre a tese abraçada e citando decisões a seu favor, requer, por fim, a reforma da decisão agravada. É o relatório. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 08/08/2005 Página 4 de 8

5 AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº SP (2005/ ) EMENTA TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. PIS. COMPENSAÇÃO. CORREÇÃO MONETÁRIA. APLICAÇÃO DOS ÍNDICES QUE MELHOR REFLETEM A REAL INFLAÇÃO À SUA ÉPOCA. JUROS DE MORA. ART. 161, 1º, DO CTN. TAXA SELIC. LEI Nº 9.250/95. TERMO A QUO DE SUA INCIDÊNCIA. APLICAÇÃO EM PERÍODOS DIVERSOS DE OUTROS ÍNDICES. SUCUMBÊNCIA NA PARTE MÍNIMA E/OU MAIS IMPORTANTE DO PEDIDO. CUSTAS E HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. CPC, ART. 21, PARÁGRAFO ÚNICO. PRECEDENTES. 1. Agravo regimental contra decisão que proveu o recurso especial da agravada. 2. A correção monetária não se constitui em um plus; não é uma penalidade, sendo, apenas, a reposição do valor real da moeda, corroído pela inflação, independe de culpa das partes. Pacífico neste Tribunal que é devida a aplicação dos índices de inflação expurgados pelos planos econômicos (Planos Bresser, Verão, Collor I e II), como fatores de atualização monetária de débitos judiciais. Esta Corte adota o princípio de aplicar, em qualquer situação, o índice que melhor reflita a realidade inflacionária do período, independente das determinações oficiais. Assegura-se, contudo, seguir o percentual apurado por entidade de absoluta credibilidade e que, para tanto, merecia credenciamento do Poder Público, como é o caso da Fundação IBGE. Para tal propósito, aplica-se o IPC, por melhor refletir a inflação à sua época. 3. Aplicação dos índices de correção monetária da seguinte forma: a) pelo IPC, nos períodos de janeiro e fevereiro de 1989 e março/1990 a fevereiro/1991; b) a partir da promulgação da Lei nº 8.177/91, o INPC (até dezembro/1991); e c) só a partir de janeiro/1992, a UFIR, nos moldes da Lei nº 8.383/91. A correção monetária dos períodos que não estejam incluídos nos explicitados deverá ser procedida conforme o Manual de Cálculos da Justiça Federal. 4. Adota-se, a partir de 1 o /01/1996, na compensação tributária, o art. 39, 4º, da Lei nº 9.250/1995, pelo que os juros devem ser calculados, após tal data, de acordo com a referida lei, que inclui, para a sua aferição, a correção monetária do período em que ela foi apurada. 5. A aplicação dos juros, in casu, afasta a cumulação de qualquer índice de correção monetária a partir de sua incidência. Este fator de atualização de moeda já se encontra considerado nos cálculos fixadores da referida Taxa. Sem base legal a pretensão do Fisco de só ser seguido tal sistema de aplicação dos juros quando o contribuinte requerer administrativamente a compensação. Impossível ao intérprete acrescer ao texto legal condição nela inexistente. 6. A referida Taxa é aplicada em períodos diversos que os demais índices de correção monetária, como IPC/INPC e UFIR. Juros de mora aplicados no percentual de 1% (um por cento) ao mês, com incidência a partir do trânsito em julgado da decisão; após, juros pela taxa SELIC a partir da instituição da Lei nº 9.250/95, ou seja, 01/01/1996. Entretanto, frise-se que não é ela cumulada com quaisquer outros índices de correção monetária. 7. Esta Casa Julgadora, em diversos casos análogos, já decidiu que o litigante que sucumbiu na parte mínima do pedido não deve arcar com as despesas e honorários Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 08/08/2005 Página 5 de 8

6 processuais. Da mesma forma, verificando-se que a parte foi vencedora na parte mais importante de sua pretensão, é aplicável o parágrafo único do art. 21 do CPC, por não se verificar a ocorrência de sucumbência recíproca. 8. Agravo regimental não-provido. V O T O O SR. MINISTRO JOSÉ DELGADO (RELATOR): Com relação à irresignação da parte agravante, não vislumbro qualquer novidade, em seu agravo, modificadora dos fundamentos supra-referenciados, pelo que nada tenho a acrescentar. A decisão atacada não merece reforma. Mantenho-a pelos seus próprios fundamentos. Primeiro, registro que se encontra totalmente sem lógica a alegada questão da compensação do tributo debatido com quaisquer tributos arrecadados pela Secretaria da Receita Federal, tendo em vista que tal matéria sequer foi discutida no decisório agravado. Restou deveras consignado, com relação ao pleito dos expurgos inflacionários, que: - aplicam-se os índices de correção monetária da seguinte forma: a) pelo IPC, nos períodos de janeiro e fevereiro de 1989 e março/1990 a fevereiro/1991; b) a partir da promulgação da Lei nº 8.177/91, a aplicação do INPC (até dezembro/1991); e c) só a partir de janeiro/1992, a aplicação da UFIR (pela Lei nº 8.383/91). Esclareço que a correção monetária dos períodos que não estejam incluídos nos acima explicitados deverá ser procedida conforme o Manual de Cálculos da Justiça Federal. Em nenhum momento se determinou a aplicação dos expurgos inflacionários dos meses de julho e agosto de 1994, referentes ao Plano Real, até por quê são eles totalmente indevidos, conforme a jurisprudência deste Tribunal. No que tange à aplicação da Taxa SELIC, afirmei, de maneira clara que: - adota-se, a partir de 1 o /01/96, o art. 39, 4º, da Lei nº 9.250/95, devendo os juros ser calculados, após tal data, de acordo com a referida lei, que inclui, para a sua aferição, a correção monetária do período em que ela foi apurada. A aplicação dos tais juros afasta a cumulação de qualquer índice de correção monetária a partir de sua incidência. Este fator de atualização de moeda já se encontra considerado nos cálculos fixadores da referida Taxa. Sem base legal a pretensão do Fisco de só ser seguido tal sistema de aplicação dos juros quando o contribuinte requerer administrativamente a compensação. Impossível ao intérprete acrescer ao texto legal condição nela inexistente; - a referida Taxa é aplicada em períodos diversos dos demais índices de correção Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 08/08/2005 Página 6 de 8

7 monetária, como IPC/INPC e UFIR. Juros de mora aplicados no percentual de 1% (um por cento) ao mês, com incidência a partir do trânsito em julgado da decisão; após, juros pela taxa SELIC a partir da instituição da Lei nº 9.250/95, ou seja, 01/01/1996. Entretanto, frise-se que não é ela cumulada com quaisquer outros índices de correção monetária. Entendo, como acima afirmado, que não há a acumulação da Taxa SELIC com qualquer outro índice de correção monetária ou juros moratórios. Conforme se depara da decisão impugnada, os períodos de incidência são diferentes, não existindo, assim, a alegada cumulação. Por fim, quanto à fixação dos honorários advocatícios, registro que inexistiu sucumbência recíproca, visto que a agravada saiu vencedora na maior parte da demanda. O que aconteceu, na verdade, é que não foi a questão decidida conforme planejava a parte recorrente, mas, sim, com a aplicação de entendimento diverso. Houve, sim, enfrentamento de todos os pontos necessários ao julgamento da causa. Por tais razões, NEGO provimento ao agravo regimental. É como voto. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 08/08/2005 Página 7 de 8

8 CERTIDÃO DE JULGAMENTO PRIMEIRA TURMA Número Registro: 2005/ AgRg no REsp / SP Números Origem: EM MESA JULGADO: 28/06/2005 Relator Exmo. Sr. Ministro JOSÉ DELGADO Presidente da Sessão Exmo. Sr. Ministro LUIZ FUX Subprocurador-Geral da República Exmo. Sr. Dr.. Secretária Bela. MARIA DO SOCORRO MELO RECORRENTE ADVOGADO RECORRIDO PROCURADOR AUTUAÇÃO : LITOMAR S/A VEÍCULOS PEÇAS E SERVIÇOS : ROBINSON VIEIRA E OUTROS : FAZENDA NACIONAL : MIRIAN A PERES SILVA E OUTROS ASSUNTO: Tributário - Contribuição - Social - PIS - Base de cálculo AGRAVANTE PROCURADOR AGRAVADO ADVOGADO AGRAVO REGIMENTAL : FAZENDA NACIONAL : MIRIAN A PERES SILVA E OUTROS : LITOMAR S/A VEÍCULOS PEÇAS E SERVIÇOS : ROBINSON VIEIRA E OUTROS CERTIDÃO Certifico que a egrégia PRIMEIRA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Luiz Fux, Teori Albino Zavascki e Denise Arruda votaram com o Sr. Ministro Relator. Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Francisco Falcão. Brasília, 28 de junho de 2005 MARIA DO SOCORRO MELO Secretária Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 08/08/2005 Página 8 de 8