Superior Tribunal de Justiça

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1 RECURSO ESPECIAL Nº SP (2004/ ) RELATOR : MINISTRO CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO RECORRENTE : BANCO ITAÚ S/A ADVOGADO : ANDRÉ VIDIGAL DE OLIVEIRA E OUTROS RECORRIDO : SÉRGIO AUGUSTO MANSSANO PERES E OUTROS ADVOGADO : ADRIANO MENDES FERREIRA EMENTA Inversão do ônus da prova. Código de Defesa do Consumidor. Honorários do perito. Precedentes da Terceira Turma e Súmulas nºs 7 e O Código de Defesa do Consumidor alcança a relação entre o devedor e as instituições financeiras nos termos da Súmula nº 297 da Corte. 2. O deferimento da inversão do ônus da prova com base na hipossuficiência foi feito considerando a realidade dos autos, o que está coberto pela Súmula nº 7 da Corte. 3. Esta Terceira Turma já decidiu que a "regra probatória, quando a demanda versa sobre relação de consumo, é a da inversão do respectivo ônus. Daí não se segue que o réu esteja obrigado a antecipar os honorários do perito; efetivamente não está, mas, se não o fizer, presumir-se-ão verdadeiros os fatos afirmados pelo autor" (REsp nº /RJ, Relator o Ministro Ari Pargendler, DJ de 2/6/03). No mesmo sentido, o REsp nº /RJ, Relatora a Ministra Nancy Andrighi, DJ de 17/3/03, destacou que a "inversão do ônus da prova não tem o efeito de obrigar a parte contrária a arcar com as custas da prova requerida pelo consumidor. No entanto, sofre as conseqüências processuais advindas de sua não produção". Igualmente, assim se decidiu no REsp nº /RJ, de minha relatoria, DJ de 17/12/04, no REsp nº /MG, de minha relatoria, DJ de 10/3/03 e no REsp nº /RJ, Relator o Ministro Antônio de Pádua Ribeiro, DJ de 18/4/ Recurso especial conhecido e provido, em parte. ACÓRDÃO Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 10/04/2006 Página 1 de 7

2 Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, conhecer do recurso especial e dar-lhe parcial provimento, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Nancy Andrighi, Humberto Gomes de Barros e Ari Pargendler votaram com o Sr. Ministro Relator. Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Castro Filho. Brasília (DF), 23 de novembro de 2005 (data do julgamento). MINISTRO CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO Relator Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 10/04/2006 Página 2 de 7

3 RECURSO ESPECIAL Nº SP (2004/ ) RELATÓRIO O EXMO. SR. MINISTRO CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO: Banco Itaú S.A. interpõe recurso especial, com fundamento na alínea "a" do permissivo constitucional, contra acórdão da Quarta Câmara do Primeiro Tribunal de Alçada Civil do Estado de São Paulo, assim ementado: "PROVA - ÔNUS - Inversão - Necessidade - Empréstimo (cédulas de crédito comercial) - Atividade bancária que envolve a entrega de produto, como dinheiro ou crédito, que servem tanto à produção como ao consumo - Incidência da Lei 8.078/90 - Insuficiência técnica dos mutuários-agravantes verificada - Inversão do ônus processual e, de conseqüência, do ônus econômico determinados, inclusive, para dar efetividade à facilitação da defesa do consumidor em juízo - Artigo 6º, VIII do CDC - Agravo provido para esse fim" (fl. 118). Opostos embargos de declaração (fls. 122 a 126), foram rejeitados (fls. 127 a 129). Sustenta o recorrente violação dos artigos 2º e 6º, inciso VIII, do Código de Defesa do Consumidor, haja vista que "o dinheiro e o crédito não constituem produtos adquiridos ou usados pelo destinatário final; são, ao contrário instrumentos ou meios de pagamento, que circulam na sociedade em relação aos quais não há destinatário final, a não ser os colecionadores de moeda e o BACEN quando retira a moeda de circulação" (fl. 137). Além disso, assevera que "como não há nos presentes autos, relação de consumo, o Código do Consumidor é inaplicável à espécie" (fl. 138) e que "para que ocorresse a inversão do ônus da prova no processo em questão, necessário seria que as alegações do Recorrido fossem verossímeis ou que ficasse comprovada a sua hipossuficiência a ponto de tornar sua defesa inviabilizada" (fl. 138). Alega que, levando-se em conta "a possibilidade de aplicação da Lei 8.078/90 no caso sub judice, apenas a título de argumentação, ainda assim, não haveria que se falar em inversão do ônus da prova e conseqüente determinação do pagamento dos honorários periciais pelo Recorrente" (fl. 138). Sem contra-razões (fl. 146), o recurso especial (fls. 132 a 143) não foi Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 10/04/2006 Página 3 de 7

4 admitido (fls. 147/148), tendo seguimento por força de agravo de instrumento (fls. 2 a 10), convertido em recurso especial (fl. 156). É o relatório. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 10/04/2006 Página 4 de 7

5 RECURSO ESPECIAL Nº SP (2004/ ) EMENTA Inversão do ônus da prova. Código de Defesa do Consumidor. Honorários do perito. Precedentes da Terceira Turma e Súmulas nºs 7 e O Código de Defesa do Consumidor alcança a relação entre o devedor e as instituições financeiras nos termos da Súmula nº 297 da Corte. 2. O deferimento da inversão do ônus da prova com base na hipossuficiência foi feito considerando a realidade dos autos, o que está coberto pela Súmula nº 7 da Corte. 3. Esta Terceira Turma já decidiu que a "regra probatória, quando a demanda versa sobre relação de consumo, é a da inversão do respectivo ônus. Daí não se segue que o réu esteja obrigado a antecipar os honorários do perito; efetivamente não está, mas, se não o fizer, presumir-se-ão verdadeiros os fatos afirmados pelo autor" (REsp nº /RJ, Relator o Ministro Ari Pargendler, DJ de 2/6/03). No mesmo sentido, o REsp nº /RJ, Relatora a Ministra Nancy Andrighi, DJ de 17/3/03, destacou que a "inversão do ônus da prova não tem o efeito de obrigar a parte contrária a arcar com as custas da prova requerida pelo consumidor. No entanto, sofre as conseqüências processuais advindas de sua não produção". Igualmente, assim se decidiu no REsp nº /RJ, de minha relatoria, DJ de 17/12/04, no REsp nº /MG, de minha relatoria, DJ de 10/3/03 e no REsp nº /RJ, Relator o Ministro Antônio de Pádua Ribeiro, DJ de 18/4/ Recurso especial conhecido e provido, em parte. VOTO O EXMO. SR. MINISTRO CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO: Os recorridos ajuizaram embargos à execução, vindo o saneamento do processo a determinar que os embargantes arcassem com os ônus da produção da prova pericial. Contra essa decisão foi interposto agravo de instrumento. O Primeiro Tribunal de Alçada Civil de São Paulo proveu o agravo para Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 10/04/2006 Página 5 de 7

6 entender que há inversão do ônus da prova diante da hipossuficiência, que julgou patente, e determinar que "o ônus econômico da produção da prova pericial deferida" (fl. 120) seja transferido ao banco réu. Os embargos declaratórios foram rejeitados. Sem dúvida que está presente o Código de Defesa do Consumidor (Súmula nº 297) e que a identificação da hipossuficiência para efeitos de inversão do ônus da prova foi examinada pelo julgado considerando a realidade dos autos (Súmula nº 7). Todavia, com razão a instituição financeira no que concerne ao custeio da prova pericial. Esta Corte já decidiu que a "regra probatória, quando a demanda versa sobre relação de consumo, é a da inversão do respectivo ônus. Daí não se segue que o réu esteja obrigado a antecipar os honorários do perito; efetivamente não está, mas, se não o fizer, presumir-se-ão verdadeiros os fatos afirmados pelo autor" (REsp nº /RJ, Relator o Ministro Ari Pargendler, DJ de 2/6/03). No mesmo sentido, o REsp nº /RJ, Relatora a Ministra Nancy Andrighi, DJ de 17/3/03, destacou que a "inversão do ônus da prova não tem o efeito de obrigar a parte contrária a arcar com as custas da prova requerida pelo consumidor. No entanto, sofre as conseqüências processuais advindas de sua não produção". Igualmente, assim se decidiu no REsp nº /RJ, de minha relatoria, DJ de 17/12/04, no REsp nº /MG, de minha relatoria, DJ de 10/3/03 e no REsp n /RJ, Relator o Ministro Antônio de Pádua Ribeiro, DJ de 18/4/05. Anoto que em sentido contrário já decidiu a Quarta Turma (REsp nº /RJ, Relator o Ministro Ruy Rosado de Aguiar, DJ de 12/8/02; REsp nº /RJ, Relator o Ministro Ruy Rosado de Aguiar, DJ de 10/2/03). Destarte, conheço do especial, em parte, e, nessa parte, dou-lhe provimento para reformar o acórdão nos termos dos precedentes desta Terceira Turma. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 10/04/2006 Página 6 de 7

7 CERTIDÃO DE JULGAMENTO TERCEIRA TURMA Número Registro: 2004/ REsp / SP Números Origem: PAUTA: 16/08/2005 JULGADO: 23/11/2005 Relator Exmo. Sr. Ministro CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO Presidenta da Sessão Exma. Sra. Ministra NANCY ANDRIGHI Subprocurador-Geral da República Exmo. Sr. Dr. FRANCISCO DIAS TEIXEIRA Secretária Bela. SOLANGE ROSA DOS SANTOS VELOSO AUTUAÇÃO RECORRENTE : BANCO ITAÚ S/A ADVOGADO : ANDRÉ VIDIGAL DE OLIVEIRA E OUTROS RECORRIDO : SÉRGIO AUGUSTO MANSSANO PERES E OUTROS ADVOGADO : ADRIANO MENDES FERREIRA ASSUNTO: Execução - Título Extrajudicial CERTIDÃO Certifico que a egrégia TERCEIRA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: A Turma, por unanimidade, conheceu do recurso especial e deu-lhe parcial provimento, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Nancy Andrighi, Humberto Gomes de Barros e Ari Pargendler votaram com o Sr. Ministro Relator. Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Castro Filho. Brasília, 23 de novembro de 2005 SOLANGE ROSA DOS SANTOS VELOSO Secretária Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 10/04/2006 Página 7 de 7