Engenharia/Engineering 131 STAPHYLOCOCCUS COAGULASE POSITIVA E COLIFORMES FECAIS EM PRATOS FRIOS ADICIONADOS DE MOLHO DE MAIONESE.
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- Rodrigo Carmona Frade
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1 Engenharia/Engineering 131 STAPHYLOCOCCUS COAGULASE POSITIVA E COLIFORMES FECAIS EM PRATOS FRIOS ADICIONADOS DE MOLHO DE MAIONESE. GUERRA, C.B 1 ; MIGUEL, D.P 2 1 Graduanda em Farmácia, Centro Universitário do Triângulo, Uberlândia (MG), anilorac741@hotmail.com 2 Dra. em Alimentos e Nutrição, Universidade Estadual Paulista - UNESP, Araraquara (MG), danyperes@terra.com.br RESUMO: O presente trabalho teve como objetivo avaliar e quantificar a presença de coliformes fecais e Staphylococcus coagulase positiva em saladas frias adicionados de molho de maionese em restaurantes self-services da cidade de Uberlândia MG. Foram escolhidos quinze self-services na região central para recolher a amostra a ser analisada, e os dados obtidos foram confrontados com a RDC n 12 de 02 de janeiro de 2001, estabelecida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Em referência a higienização e a temperatura dos locais de coleta, foi observado que 73,3% (11/15) das amostras encontravam-se em pista fria, 26,6% (4/15) dessas pistas possuíam o termômetro, no entanto apenas 13,3%(2/15) apresentaram funcionamento correto, 73,3%(11/15) apresentaram-se arejados e limpos, 13,3%(2/15) haviam presença de poeira, e 20%(3/15) não possuíam uma ventilação adequada. De acordo com os resultados obtidos, foi possível afirmar que os estabelecimentos dos quais as amostras foram coletadas podem melhorar alguns pontos em termos de ventilação e higienização nos locais de prestação de serviços alimentares, já os manipuladores estão devidamente capacitados. Para Staphylococcus coagulase positiva foram detectadas apenas 6% (1/15) do total das amostras, porém tal índice encontra-se nos padrões da legislação vigente. Já na análise de coliformes fecais não teve nenhuma ocorrência, assegurando ao consumidor qualidade nos serviços prestados. PALAVRAS CHAVE: Avaliação microbiológica; Molho de maionese; Self-service. POSITIVE STAPHYLOCOCCUS COAGULASE AND FECAL COLIFORMS IN COLD SALADS ADDED TO MAYONNAISE SAUCE. ABSTRACT: This article aimed to evaluate and quantify the presence of fecal coliforms and positive Staphylococcus coagulase in cold salads added to mayonnaise sauce in self-services restaurants in the city of Uberlandia MG, Brazil. Were chosen fifteen self-services restaurants in Uberlandia s downtown to collect samples to be analyzed. The information obtained was confronted with RDC number 12 of January, 2nd of 2001, established by ANVISA (National Agency for Health Monitoring). About the sanitized and temperature from the place of collection was detected that 73,3% (11/15) of samples were placed over a cold track; 26,6% (4/15) of cold tracks had thermometer, however only 13,3% (2/15) showed correct operation; 73,3% (11/15) were ventilated and clean; 13,3% (2/15) showed presence of dust; 20% (3/15) were not adapted to a correct ventilation. According to the results it was possible to assert that the establishments from which the samples were collected are aware of good eating habits and also its handlers are properly trained. For positive Staphylococcus coagulase were detected only 6% (1/15) from the total of samples, but this index is acceptable, based on patterns of existing legislation. At once, in the fecal coliforms analyzing, there was no occurrence, ensuring quality to the consumers. KEY WORDS: Microbiological evaluation; Mayonnaise sauce; Self-services. INTRODUÇÃO O comércio de alimentos vem se tornando cada vez mais um mercado em ascensão, já que a praticidade dos restaurantes self-service, tem-se tornado uma opção prática e rotineira, aumentando assim a demanda dos mesmos, e distanciando cada vez mais a alimentação com o universo doméstico. De acordo com Cavalli e Salay (2007), no Brasil visualizase uma tendência de crescimento no número de refeições realizadas fora do domicílio. Em média a população brasileira gasta 24% das despesas alimentares em consumo fora de casa, de acordo com a Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo dados da Associação Brasileira de Refeições Coletivas (ABERC), esse segmento serviu, no ano de 2002, cerca de 11,1 milhões de refeições/dia, sendo o crescimento estimado em 8% para 2003 (AKUTSU et al., 2005), e para o ano de 2011 até o momento a estimativa é de 16,2 milhões de refeições/dia, o que demonstra claramente a força desse mercado. Comer fora de casa deixou de ser uma prática reservada a ocasiões especiais e se tornou uma necessidade imposta pelos ritmos da vida atual, pois além de solucionar problemas como a falta de tempo ou a ausência de vocação culinária, a opção de comer fora pode ter suas compensações psicológicas (BARROS, 2011). Porém, agilidade no atendimento, a praticidade, a variedade dos alimentos e o custo acessível, podem vir acompanhados de alguns fatores que preocupam os profissionais da área de saúde como: a temperatura e o tempo que esses alimentos são expostos para consumo, a forma de preparo, sua qualidade e a própria escolha alimentar da clientela perante a grande variedade.
2 Engenharia/Engineering 132 Com o crescimento do mercado de alimentação, torna-se imprescindível criar um diferencial competitivo nas empresas por meio da melhoria da qualidade dos produtos e serviços oferecidos, para que esse diferencial determine quais permanecerão no mercado (AKUTSU et al., 2005). Contudo, na produção de refeições a manipulação dos alimentos pode ser uma forma de contaminação ou de transferência de microrganismos nocivos à saúde humana. Nesse sentido, os operadores que atuam na preparação das refeições são fundamentais na prevenção das doenças de origem alimentar para a população que se alimenta fora do domicílio (CAVALLI e SALAY, 2007). Damasceno et al. (2002), indicam que os proprietários das unidades, por serem leigos em sua maioria, não tem preocupação de implementar sistemas de controle que assegurem um padrão de qualidade adequado. Conforme recomendado pela portaria n 1428 de 26 de novembro de 1993 (ANVISA), todo serviço de alimentação deve manter o manual de boas práticas de manipulação. Esse consiste em estabelecer as orientações necessárias que permitem executar as atividades para obter alimentos seguros, de forma a realizar as Boas Práticas para obtenção de Padrões de Identidade e Qualidade de produtos e serviços na área de alimentos com vistas à proteção da saúde da população. De acordo com a RDC nº 216 de 15 de setembro de 2004 (ANVISA), os procedimentos de boas práticas para serviços de alimentação devem garantir as condições higiênico-sanitárias do alimento preparado. A disposição deste regulamento abrange as atividades de manipulação, preparação, fracionamento, armazenamento, distribuição, transporte, exposição à venda e entrega de alimentos preparados ao consumo, tais como cantinas, bufês, comissárias, confeitarias, cozinhas industriais, cozinhas institucionais, delicatéssens, lanchonetes, padarias, pastelarias, restaurantes, rotisserias e congêneres. Os alimentos servidos nos restaurantes têm como fator negativo a insegurança, devido possibilidades de contaminação, podendo causar doenças veiculadas por alimentos. A qualidade de uma refeição é influenciada por inúmeros fatores, entre eles a qualidade da matéria-prima, a higienização dos utensílios utilizados e higiene dos manipuladores envolvidos no processo, bem como o monitoramento de parâmetros, como tempo e temperatura. A temperatura é um fator importante para a população microbiológica presente nos alimentos, por isso a distribuição deve ocorrer com controle de tempo e temperatura para minimizar a multiplicação microbiana e proteger de novas contaminações (ALVES e UENO, 2010). Segundo Brugalli; Pinto; Tondo (2000), a grande quantidade de alimentos manipulados, assim como o dinamismo diário dentro de restaurantes coletivos são, muitas vezes responsáveis por falhas técnicas graves. Essas se não prevenidas, podem ocasionar sérios riscos a saúde de um grande número de pessoas, além de perdas de confiabilidade no estabelecimento. Os principais agentes patogênicos encontrados em alimentos e nas mãos de seus manipuladores são de coliformes fecais e Staphylococcus coagulase positiva (BRUGALLI; PINTO; TONDO, 2000). O binômio tempo x temperatura consiste no fator mais pesquisado em todo mundo, para controlar, eliminando ou diminuindo o número de microrganismos durante o processo manipulação e distribuição dos alimentos para consumo (SILVA et al., 2001). De acordo com Liveira et al. (1996), muitos restaurantes não utilizam adequadamente os equipamentos de refrigeração e de aquecimento, visando provavelmente à economia de energia elétrica. Para tanto, empregam práticas como super lotação de refrigeradores, balcões refrigerados e aquecidos que não são acionados com antecedência necessária para que atinjam as temperaturas adequadas. Levando em consideração os alimentos que ficam expostos em temperatura inadequada; e em contato com ar, poeira e o próprio consumidor, o risco de contaminação microbiológica devida à vulnerabilidade desses produtos é um fator preocupante. A maionese é provavelmente o molho mais utilizado no mundo. Segundo Seixas (2008), nos produtos alimentícios constituídos basicamente de vegetais cozidos posteriormente adicionados de maionese, a contaminação e/ou presença de microrganismos patogênicos e saprofídicos pode ocorrer em diferentes fases, desde a sua produção no campo até o consumo final. Assim, os ingredientes devem ser submetidos a uma higienização cuidadosa, principalmente aqueles que serão posteriormente adicionados crus aos cozidos e devem ser mantidos sob refrigeração, levando se em conta que os ingredientes cozidos são picados após o cozimento e, portanto, sujeitos a contaminações oriundas dos manipuladores e utensílios. A adição de maionese pode exercer ação inibidora do desenvolvimento da maioria dos microrganismos, pois esta é uma emulsão composta de óleo, vinagre e ovos. Porém este último comporta-se como bom meio de cultura devido às suas propriedades nutritivas. Portanto, além da microbiota presente nos vegetais e ovos, que compõem este alimento, a falta de higiene dos manipuladores durante o seu preparo e manuseio, bem como as condições de armazenamento do produto, fazem com que os microrganismos possam vir a ocasionar deteriorações no alimento ou intoxicações alimentares nos consumidores (SEIXAS, 2008). Apesar dos avanços tecnológicos aplicados diretamente à segurança alimentar, e as exigências do consumidor mais consciente da importância da qualidade dos produtos que consome, ainda hoje, há muitas pessoas que são contaminadas através da alimentação fora de casa. Isto ocorre porque, muitos estabelecimentos deixam de cumprir com cuidados básicos e fundamentais, como: limpeza do estabelecimento; higiene dos manipuladores de alimentos; limpeza dos equipamentos e utensílios; falta de cuidados por parte dos fornecedores de alimentos e bebidas; tempo de exposição dos alimentos a serem consumidos (TUBERPEL, 2011). O consumo de alimentos contaminados pode acarretar, doenças prejudiciais à saúde pública, e em alguns casos pode levar o indivíduo à morte. (TUBERPEL, 2011). Conforme Saccol et al. (2006), as doenças veiculadas por alimentos (DVA) são a causa de sérios danos à saúde dos comensais e prejuízos à empresa fornecedora dos
3 Engenharia/Engineering 133 alimentos, comprometendo a qualidade do serviço prestado. As estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) confirmam a dimensão: nos países industrializados, mais de 30% da população contrai algum tipo de DVA todos os anos. O Brasil padece de um agravante: a notificação dessas doenças está muito abaixo da ocorrência real. Em 2000, houve 7556 casos de contaminação por alimentos no país. Nos distúrbios mais leves, os sintomas desaparecem sozinhos. Nos mais graves, a pessoa não atribui o mal-estar à comida ingerida. De acordo com Saccol et al. (2006), as DVAs, são de origem física, química e microbiológica. A contaminação dos alimentos pode ocorrer em cozinhas, durante o processamento das refeições. Os mais freqüentes casos de contaminação são os causados por microorganismos patogênicos. A sobrevivência desses microorganismos decorre, principalmente, das condições inadequadas de higiene e de temperatura a que são expostos os alimentos durante o processamento, armazenamento e distribuição (SILVA Jr, 2001; GERMANO e GERMANO 2001). Nesse sentido, o controle higiênico-sanitário dos alimentos constitui fator preponderante para prevenção das doenças de origem alimentar (ALVES e UENO, 2010). Considerando assim as preocupações estabelecidas devido ao grande aumento dos restaurantes self-services e a importância da qualidade dos alimentos consumidos diariamente este estudo teve como objetivo: Avaliar e quantificar a presença de coliformes fecais e Staphylococcus coagulase positiva em saladas frias adicionados de molho de maionese em restaurantes selfservices da cidade de Uberlândia MG. Confrontar os resultados obtidos com a RDC n 12 de 02 de janeiro de 2001, estabelecida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). MATERIAL E MÉTODO No período de Abril a Maio de 2011, foram coletadas 15 amostras de saladas frias adicionadas de molho de maionese em quinze restaurantes self-services, localizados na região central de Uberlândia MG. As amostras foram coletadas entre as 12h30min à 14:00 na quantidade de 100 gramas em embalagem tipo marmitex fornecidos pelos estabelecimentos. As amostras foram colocadas em caixa isotérmica para serem transportadas ao laboratório para que fossem feitas as análises. Chegando ao laboratório imediatamente as analises foram feitas, as amostras não foram refrigeradas, ficaram apenas na caixa isotérmica, pois a idéia era coletar a amostra conforme sua exposição na pista e manter a característica do produto. Para análise, foram feitas diluições decimais de cada amostra em água estéril na escala de 10-1 a 10-3 (SILVA; JUNQUEIRA; SILVEIRA, 1997). Para realizar a contagem de coliformes fecais, transferiu-se 1ml de cada amostra diluída para 3 tubos contendo caldo lauril sulfato triptose (caldo LST), incubado a 37 C por 48h. Na presença de resultado positivo, ou seja, produção de gás no tubo de Duran, inoculou-se uma alçada carregada em caldo E.C, incubando a 45 C por 24h (SILVA; JUNQUEIRA; SILVEIA, 1997). Para realizar a contagem de Staphylococcus coagulase positiva, transferiu-se 0,1ml de cada amostra diluída na superfície de placas contendo Ágar Baird-Parker suplementado com gema de ovo e telúrito de potássio, com auxilio de uma alça de Drigalski, a alíquota foi espalhada e incubada á 37 C por 48h. Após o período de incubação, foram contadas as unidades formadoras de colônias (UFC) típicas e atípicas. As colônias foram confirmadas de acordo com metodologia decretada por (SILVA; JUNQUEIRA; SILVEIRA, 1997). RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram detectadas presença de Staphylococcus coagulase positiva em apenas 6%(1/15) do total das 15 amostras, porém tal índice encontra-se nos padrões da legislação vigente, já para análise de coliformes fecais não teve nenhuma ocorrência nas 15 amostras analisada. Conforme apresentado na Tab.1. Tabela 1. Contagem de coliformes fecais e Staphylococcus coagulase positiva em saladas frias adicionadas de molho de maionese de restaurantes self-services localizados na região central de Uberlândia MG. Amostras Coliformes Fecais* Staphylococcus coagulase Aprovado/ Reprovado positiva** 1 < 3,0 NMP/g < 1,0x 10 1 UFC/g Aprovado 2 < 3,0 NMP/g < 1,0x 10 1 UFC/g Aprovado 3 < 3,0 NMP/g < 1,0x 10 1 UFC/g Aprovado 4 < 3,0 NMP/g < 1,0x 10 1 UFC/g Aprovado 5 < 3,0 NMP/g < 1,0x 10 1 UFC/g Aprovado 6 < 3,0 NMP/g 2,4x10 1 UFC/g Aprovado 7 < 3,0 NMP/g < 1,0x 10 1 UFC/g Aprovado 8 < 3,0 NMP/g < 1,0x 10 1 UFC/g Aprovado 9 < 3,0 NMP/g < 1,0x 10 1 UFC/g Aprovado 10 < 3,0 NMP/g < 1,0x 10 1 UFC/g Aprovado 11 < 3,0 NMP/g < 1,0x 10 1 UFC/g Aprovado 12 < 3,0 NMP/g < 1,0x 10 1 UFC/g Aprovado 13 < 3,0 NMP/g < 1,0x 10 1 UFC/g Aprovado 14 < 3,0 NMP/g < 1,0x 10 1 UFC/g Aprovado 15 < 3,0 NMP/g < 1,0x 10 1 UFC/g Aprovado Padrão Aceitável: *Coliformes fecais 5x10 NMP/ml **Staphylococcus coagulase positiva 5x10 2 UFC/g
4 Engenharia/Engineering 134 Alimentos frios expostos em temperatura acima do permitido podem ter como principal causa a falta de equipamentos adequados de refrigeração, assim como a falta de conscientização dos manipuladores em refrigerar adequadamente os alimentos. Na distribuição, os alimentos frios podem ser mantidos a 10 C por até quatro horas, ou entre 10 e 21 C por duas horas, e acima dessa temperatura ou transcorrido os tempos determinados, os alimentos devem ser desprezados. (ALVES e UENO, 2010). Em referência a higienização e temperatura dos locais de coleta, foi observado que 73,3%(11/15) das amostras encontravam-se em pista fria, 26,6%(4/15) dessas pistas possuíam o termômetro, no entanto apenas 13,3% (2/15) apresentaram funcionamento correto, conforme as normas estabelecidas na RDC nº 216/04; 73,3%(11/15) apresentaram-se arejados e limpos; 13,3%(2/15) haviam presença de poeira; e 20%(3/15) não possuíam uma ventilação adequada. Assim, o Fig. 1 ilustra os atributos avaliados. Figura 1 - Desempenho dos atributos nos self-service avaliados. Com a analise a figura 1 foi possível verificar as características de cada self-service de onde foram coletadas as amostras, onde observou-se que na maioria dos estabelecimentos a maionese encontrava-se em pista fria e o ambiente estava arejado e limpo apresentando assim boa característica para não contaminação em relação a temperatura e higiene do estabelecimento. Quanto ao outros atributos, mesmo sendo poucos os estabelecimentos que se enquadraram e estando em desacordo não apresentaram nenhum tipo de contaminação na maionese coletada. Conforme descrito por Silva et al. (2001), a cozinha é um ambiente ideal para o desenvolvimento de bactérias, sendo necessários cuidados com algumas características específicas do ambiente. O planejamento deve ser detalhado desde a sua instalação, aquisição de equipamentos e organização, até a implantação dos serviços. De acordo com dados da portaria 368 de 04 de setembro de 1997 (ANVISA) torna-se necessário que exista uma ventilação suficiente para evitar o calor excessivo, a condensação de vapor, a acumulação de pó, para eliminar o ar contaminado. A corrente de ar nunca deve fluir de uma zona suja para uma zona limpa. As aberturas que permitem a ventilação (janelas e portas) deverão ser dotadas de dispositivos que protejam contra a entrada de agentes contaminantes. Conforme a Resolução n 216 de 15 de setembro de 2004 (ANVISA) o processo de resfriamento de um alimento preparado deve ser realizado de forma a minimizar o risco de contaminação cruzada e a permanência do mesmo em temperaturas que favoreçam a multiplicação microbiana. A temperatura do alimento deve ser reduzida de 60 C a 10 C em até duas horas. Em seguida, o mesmo deve ser conservado sob refrigeração a temperaturas inferiores a 5 C. De modo geral, todos os alimentos que requerem considerável manipulação durante seu preparo e cuja temperatura de conservação é inadequada, como acontece, por exemplo, com saladas e recheios de sanduíches são passiveis de causar intoxicação (GERMANO e GERMANO, 2001).
5 Engenharia/Engineering 135 Analise feita por Junqueira et al. (2009), de 31 amostras de saladas 10 (32,2 %) apresentaram contagens de Staphylococcus coagulase positiva acima de 103 ufc/g, valor este estabelecido como sendo o limite máximo permitido pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2001), o que classificaria esses produtos como impróprios para o consumo. Em uma das amostras (amostra 5), isolada de um restaurante de Pilares, foram encontradas contagens superiores a 105 ufc/g. Furlanetto; Lacerda; Cerqueira-Campos (1982), verificaram que, de 20 amostras coletadas na cidade de São Paulo, uma delas apresentava contagem de S. aureus acima de 105 ufc/g, sendo que das amostras analisadas, em 16 (80%) constatou-se a presença de bactérias coliformes totais, assim como de E. coli 8(40%) e de estreptococos fecais 19 (95%) indicando que o alimento em algum instante sofreu poluição de origem fecal. Pesquisa realizada por Ribeiro; Carvalho; Pilon (2000), em preparações de pratos a base de maionese caseira demonstrou contaminação por coliformes fecais em maionese (33,4%), salpicão (8,25%), salada (16,6%) e frango (30%) e contaminação por Staphylococcus coagulase positiva para maionese (66,7%), salpicão (16%) e salada (36%). Alves e Ueno (2010), em sua analise afirmou que cinqüenta e seis (87,5%) alimentos estavam em temperaturas inadequadas, alimentos frios expostos em temperaturas acima de 10 C e alimentos quentes abaixo de 60 C. Bactérias aeróbias mesófilas em contagem acima de 106 UFC/g foram detectadas em 11% das amostras e coliformes a 35ºC e 45ºC foram detectadas em 76,6% e 43,7% das amostras, respectivamente. Dois alimentos, sendo um frio e um quente, provenientes de um mesmo restaurante, apresentaram contagem de Staphylococcus coagulase positivo acima de 104 UFC/g De acordo com Bricio; Leite; Viana (2005), nas amostras analisadas foram encontradas 37 (27,4 por cento) amostras de salpicão de frango e 26 (19,3 por cento) amostras de saldada de maionese com ovos fora do padrão para estafilococos coagulase positiva. Cem por cento das amostras continham coliformes a 35 C. Sessenta e três (46,7 por cento) amostras de salpicão de frango, e quarenta e oito (35,6 por cento) amostras de salada de maionese com ovos, continham coliformes a 45 C acima dos padrões. Para a prevenção das doenças de origem alimentar são preconizadas a educação e a formação dos operadores que trabalham em serviços de alimentação, pois se considera primordial a incorporação de práticas voltadas para o controle de qualidade e a segurança do alimento (ALVES e UENO 2010). O nível de escolaridade formal dos trabalhadores, a qualificação decorrente de cursos profissionalizantes, os treinamentos realizados e a experiência positiva na área de atuação fazem parte dos fatores que contribuem para a garantia da segurança alimentar nas unidades produtoras de refeições (CAVALLI e SALAY, 2007). Segundo Germano e Germano (2001), o treinamento de manipuladores é um dos procedimentos de maior relevância para a prevenção da contaminação de alimentos, durante as diferentes fases de preparo, aí incluídas todas as medidas de higiene pessoal, utensílios e instalações. No estudo, sobre manipulação inadequada dos alimentos, pôde-se perceber que 58 % da amostra estudada apresentou uma manipulação de alimentos considerada regular e 10 % ruim. Dessa forma, concluiu-se que o trabalho de capacitação e motivação para a profissão, a conscientização das exigências higiênico-sanitárias e o comprometimento dos manipuladores de alimentos são peças fundamentais para a condução das atividades norteadas por boas práticas de fabricação (MATA et al., 2010). Conforme a pesquisa de Saccol et al. (2006), pôde-se evidenciar a grande deficiência de conhecimento antes do treinamento sobre a importância das Boas Práticas, os perigos presentes nos alimentos, locais onde são encontrados os microrganismos e hábitos que devem ser evitados. Entretanto, um grande número (50%) de colaboradores responderam adequadamente a questão sobre higienização de mãos, mesmo antes do treinamento. Após o treinamento, observou-se um grande crescimento no percentual de acertos em todas as questões. CONCLUSÃO Os resultados das análises microbiológias de contagem de coliformes fecais e Staphylococcus coagulase positiva em 15 amostras de saladas frias adicionadas de molho de maionese em restaurantes self-services da cidade de Uberlândia-MG permitem concluir que os resultados encontrados para Staphylococcus coagulase positiva encontraram-se dentro dos padrões aceitáveis estabelecidos pela ANVISA que é 5x102 UFC/g, Para coliformes fecais, não foi detectado sua presença em nenhuma amostra analisada, onde os padrões aceitáveis segundo dados da ANVISA é 5x10 NMP/ml. De acordo com os resultados obtidos, foi possível afirmar que os estabelecimentos dos quais as amostras foram coletadas estão conscientes das boas práticas alimentares e os manipuladores devidamente capacitados, porém alguns pontos relativos à ventilação e higienização devem ser revistos, assegurando ao consumidor, maior qualidade nos serviços prestados, não expondo os mesmos ao risco de intoxicações. 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