PN ; Ap.: TC Maia 3J ( ) Em Conferência No Tribunal da Relação do Porto I INTRODUÇÃO:
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- Gabriella Caminha Pinho
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1 PN ; Ap.: TC Maia 3J ( ) Ap.e: Ap.a: Em Conferência No Tribunal da Relação do Porto I INTRODUÇÃO: (1) A R., Portugal não se conforma com a condenação a reembolsar a A. da quantia de SF 8500 e de 759,60, com juros da citação. (2) Da sentença recorrida: (i) No caso presente, trata-se de um contrato de transporte aéreo de mercadorias, sujeito à Convenção para a Unificação de certas R egras relativas ao Transporte Aéreo Internacional, Varsóvia, , modificada pelo Protocolo de Haia, (ii) No v erso da carta de porte, que deu forma ao contrato, consta uma cláusula nos termos da qual o titular do direito [à indemnização por perda de mercadoria] deveria reclamá-la por escrito ao transportador no prazo máximo de 14 dias, mas resta saber se o decurso de tal prazo, sem que seja feita, faz caducar o direito em questão. (iii) Ora, afigura-se-nos que a emergência desta cláusula tem como fun ção, na economia do negocia, estabelecer um prazo especial de prescrição, ou mesmo facilitar as condições em que a prescrição opera os seus efeitos, contudo, com desrespeito da norma proibitiva do artº 300 CC: prescreve nulidade, não permitindo que se reduza convencionalmente o prazo de prescrição de um qualquer direito. (iv) Assim, improcede a excepção de caducidade. (v) Nos termos do artº 18, 20 e 21 da Convenção de Varsóvia, está estabelecida uma presun ção de culpa do transportador, apenas ilidível, como não foi, se o transportador alegar e provar ter tomado todas as cautelas necessárias para 1 Adv: 2 Adv: 1
2 evitar os danos, ou que lhe seja impossível tomá-las, nestes casos, podendo afastar a responsabilidade que lhe caberia ou ser-lhe atenuada. (vi) Nos termos do artº 22/2 a do mesmo diploma, o quantum dos prejuízos sofridos pela A. terá de ser reduzido à quantia q ue resulta da multiplicação do peso dado como provado da mercadoria perdida (34 KG) pelo valor de SF 250,00/ Kg, dado não ter havido declaração de especial valor: ascende a indemnização a SF 8500, montante a que acrescem as despesas de investigação - 759,60. II MATÉ RIA ASSENTE: (1) encarregou a R.,, de efectuar o transporte de cem telemóveis Nokia do aeroporto de Sá Carneiro para o aeroporto de Roma: mercadoria descrita na factura , (2) A A.,, atrav és do certificado de seguro , referente à ap do ramo de transporte de mercadorias, havia contratado com Port o seguro da referida mercadoria, no valor de ,00. (3) recebeu a totalidade da mercadoria sem fazer qualquer reserva, efectuando o seu transporte em , no voo TP5230. (4) À chegada ao aeroporto de Roma, foi detectada a falta de 40 telemóveis, no valor de 8320,00. (5) No cumprimento do contrato de segu ro referido, pagou à segurada o valor dos prejuízos sofridos pelo sinistro: 8 320,00. (6) Despendeu ainda a quantia de 759, 60, relativa a despesas de av eriguação. (7) E enviou à , uma reclamação escrita, acompanhada da documentação necessária, recebida em (8) De acordo com o co ntrato de transporte em causa, o titular do ressarcimento deveria fazer reclamação por escrito ao transportador no prazo máximo de 14 dias: a cláusula consta do verso da carta de porte. (9) Neste transporte, não houve declaração especial do valor. (10) A mercadoria transportada tinha o peso de 85 Kg. (11) os 100 telemóveis estavam embalados em 20 caixas. (12) cada caixa pesava 4,250 Kg e o peso dos 40 telemóveis era de 34 KG. 2
3 (13) A efectuou a reserva prévia da mercadoria em referência, que iria ser transportada nos seus aviões. (14) Quando lhe foi entregue, foi enviada de imediato para o terminal de carga do aeroporto Sá Carneiro, onde foi remetida num contentor fechado. (15) Aí, no terminal, existe segurança 24 horas por dia, a cargo da guarda-fiscal. (16) E quando a mercadoria desembarcou em Lisboa, foi também de imediato para o terminal de carga do aeroporto da Portela. Para além da segurança a cargo da guarda-fiscal, tem ainda segurança privada 24 horas por dia. (17) Durante o trânsito, a mercadoria não foi mexida pelos funcionários e trabalhadores da. (18) Todas estas operações de carga constam da mensagem electrónica FFM, que corresponde ao pré-aviso do embarque de car ga, automaticamente difundido para os aviões e para os terminais de carga do trajecto. III CLS / ALEGAÇÕES: (1) O artº 26 da Convenção de Varsóvia prescrev e que em caso de deterioração da mercadoria, o destinatário deve apresentar à entidade transportador a uma reclamação, o mais tardar, no prazo de catorze dias e que na falta dessa reclamação todas as acções contra o transportador são irrecebíveis. (2) Transcrevendo, aquele artº consta do contrato de transporte celebrado entre e Compra e Venda de Bens para Telecomunicações, Lda que o titular do direito deverá fazer a reclamação por escrito ao transportador no prazo máximo de catorze dias. (3) O pr azo previsto na Convenção de Varsóvia e no contrato de transpor te é um prazo de caducidade. (4) São válidos os negócios jurídicos pelos quais se criem casos especiais de caducidade, não sendo aplicável à caducidade o disposto no artº 300 CC. (5) As normas dos artº s 300 e 330 dispõem acerca da modificação convencional dos prazos de prescrição e de caducidade, send o certo que as razões d e ordem pública que estão na base da irrevogabilidade do regime de prescrição não procedem no que diz respeito à caducidade: pode ser modificado. 3
4 (6) A cláusula constante do contrato de transporte que condiciona o direito de indemnização a uma reclamação oportuna dirigida ao transportador no prazo de catorze dias não é nula. (7) O direito que pretende fazer valer caducou: a recorrente deve ser absolvida do pedido. (8) O tribunal recorrido desaplicou o artº 330 CC. (9) Deve ser revogada a sentença de 1ª instância, nos termos defendidos. IV CONTRA-ALEGAÇÕES: Não houve. V RECURSO: pronto para julgamento, nos termos do artº 705 CPC. VI SEQUÊNCIA: (a) A relevância do tempo como facto jurídico d iz respeito ou à vontade privada de exercício de um certo direito, ou à mera designação do tempo corrente para uma certa finalidade extintiva ou constitutiva; neste caso, assume carácter de ordem pública, afastada a regulação contratual. (b) Em traços largos., é esta a distinção entre caducidade e prescrição e a nótula serve para nos orientarmos neste caso: parece termos de ver, aqui, esse tempo de catorze dias como index ado justamente à vontade privada do exercício de um certo direito. (c) Portanto, estamos em presença de um prazo de caducidade que é lícito aos particulares estabelecerem livremente, segundo o disposto no artº 330 CC. (d) É, aliás, esta a visão comum que coincide com a prática internacional, naturalmente conexa ao transporte aéreo: não convence o esforço enérgico da sentença de 1ª instância, no sentido de caracterizar a inscrição no prazo de catorze dias no campo dos interesses de ordem pública, para afastar a licitude da cláusula. (e) Enfim, perante os tempos de reacção provados e assentes, parece ter-se de proceder à excepção peremptória de caducidade invocada pela recorrente. (f) Tudo visto e o disposto nos artºs 298/1.2 e 3 30 CC, e artº 493/2.3 CPC vai revogada a decisão recorrida, com a absolvição do pedido em favor da recorrente. 4
5 VII CUST AS: Pela recorrida, que sucumbiu. 5
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