Substratos E Temperaturas Para Germinação De Sementes De Leucaena leucocephala

Transcrição

1 Substratos E Temperaturas Para Germinação De Sementes De Leucaena leucocephala Adriana Ursulino Alves (1) ; Edson de Almeida Cardoso (2) ; Rezanio Martins Carvalho (3) ; Andreia Dias de Sousa (4) (1) Professora, UFPI/Universidade Federal do Piauí, Campus Universitário Professora Cinobelina Elvas-Bom Jesus, adrianaursulino@ufpi.edu.br; (2) Estudante de Doutorado, UFPB/Universidade Federal da Paraíba, Centro de Ciências Agrárias-Areia, edsonagro@hotmail.com; (3) Estudante de Mestrado, UFPI/Universidade Federal do Piauí, Campus Universitário Professora Cinobelina Elvas-Bom Jesus, ; 4 Estudante de Graduação, UFPI/Universidade Federal do Piauí, Campus Universitário Professora Cinobelina Elvas-Bom Jesus, andreiadsa@hotmail.com RESUMO A busca de conhecimentos sobre os efeitos de substratos em testes de germinação desempenha papel fundamental dentro da pesquisa científica fornecendo informações valiosas sobre a propagação de espécies vegetais. O presente estudo prevê investigar a germinação de Leucaena leucocephala influenciada por diferentes substratos e temperaturas, a fim de ampliar os estudos fisiológicos relacionados à espécie em estudo. O experimento foi conduzido no Laboratório de Tecnologia de Sementes da Universidade Federal do Piauí, no Campus Universitário Professora Cinobelina Elvas, em Bom Jesus - PI. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente ao acaso, com os tratamentos distribuídos em esquema fatorial 2 x 6 (temperaturas x substratos), em quatro repetições de 25 sementes. As temperaturas foram: 25 e o C e os substratos: sobre papel, entre papel, bioplant, paú de buriti, entre areia e rolo de papel. Avaliaram-se a porcentagem de germinação e o índice de velocidade de germinação. Os dados do experimento foram submetidos à análise de variância e, as médias comparadas pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade. A temperatura de 25 C e o substrato rolo de papel são os mais adequados para condução de testes de germinação e vigor em sementes de Leucaena leucoceplala. Palavras-chave: Tecnologia, Qualidade, Análise de Sementes. INTRODUÇÃO A leucena Leucaena leucocephala (Lam.) é uma Fabaceae arbórea, de origem mexicana e de emprego bastante diversificado, com destaque para o reflorestamento de áreas degradadas, a alimentação animal e a adubação verde (PRATES et al., 2000). Atualmente, existe um grande interesse na intensificação e propagação de espécies florestais nativas, devido aos problemas ambientais, destacando-se a necessidade de recuperação de áreas degradadas e recomposição da - Resumo Expandido - [1208] ISSN:

2 paisagem. Entretanto, não há conhecimento disponível para o manejo e análise das sementes das maiorias dessas espécies, de modo a fornecer dados que possam caracterizar seus atributos físicos e fisiológicos. Há, também, necessidade de se obter informações básicas sobre a germinação, cultivo e potencialidade dessas espécies nativas, visando sua utilização para diversas finalidades (ARAÚJO NETO et al. 2003). A procura de metodologias para análise de sementes florestais desempenha papel fundamental dentro da pesquisa científica e de interesse diversificado, onde o conhecimento dos principais processos envolvidos na germinação de sementes de espécies nativas é de vital importância para a preservação daquelas espécies ameaçadas e multiplicação dessas e das demais em programas de reflorestamento (SMIDERLE & SOUZA, 2003). De modo, a obterem informações básicas sobre a germinação, cultivo e potencialidade dessas espécies, visando sua utilização para os mais diversos fins (ARAÚJO NETO et al., 2003). A padronização de testes de germinação visa à uniformidade dos resultados, permitindo a comparação entre diferentes laboratórios (ANDRADE et al., 1999). Por isso, estudos sobre o efeito do substrato são necessários para obtenção de plântulas de melhor qualidade (CAMPOS & UCHIDA, 2002). Para sementes de espécies florestais, muitos substratos têm sido testados na condução de testes de germinação, como carvão, vermiculita, pano, papel toalha, papel-filtro, papel-mata borrão e terra vegetal, areia, entre outros (ANDRADE et al., 1999). Os substratos areia e vermiculita foram os mais adequados para condução de testes de emergência (FERREIRA et al., 2010). A maior parte do semi-árido brasileiro possui características físico-ambientais que limitam seu potencial produtivo, explorações agrícolas nessas regiões devem ser acompanhadas de investigações e aplicações de técnicas avançadas de produção, havendo, portanto, a necessidade de se pesquisar novos métodos, economicamente, viáveis, principalmente, no que se refere à sensibilidade das plantas (AZEVEDO et al., 2003). Contudo, A busca de conhecimentos sobre os efeitos de substratos em testes de germinação desempenha papel fundamental dentro da pesquisa científica fornecendo informações valiosas sobre a propagação de espécies vegetais (VARELA et al., 2005). Constituindose numa alternativa ecologicamente correta para o seu aproveitamento racional (FEITOSA et al., 2007). Sendo assim, o presente estudo prevê investigar a germinação de Leucaena leucocephala influenciada por diferentes substratos e temperaturas, a fim de ampliar os estudos fisiológicos relacionados à espécie em estudo. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido no Laboratório de Tecnologia de Sementes, da Universidade Federal do Piauí, no Campus Universitário Professora Cinobelina Elvas, em Bom Jesus - PI, cujas sementes de Leucaena leucocephala foram coletadas manualmente embaixo de dez plantas matrizes no início do processo de deiscência dos frutos, no município de Bom Jesus - PI. Depois de coletadas, as sementes foram beneficiadas por meio de debulha manual e mantidas em laboratório, por um período de dois dias e posteriormente realizou-se o teste de germinação. Antes de serem postas para germinar, as sementes foram tratadas com hipoclorito de sódio (água sanitária) a 2% por dois minutos, logo depois lavadas em água corrente a fim de se evitar contaminação por microrganismo, em seguida foram submetidas aos seguintes testes: Teste de germinação - na instalação deste teste foram utilizados os substratos sobre papel, entre papel, bioplant, paú de buriti, entre areia e rolo de papel e as temperaturas de 25 e C. O teste de germinação foi conduzido em germinadores, com fotoperíodo de 8/16 horas, utilizando-se quatro repetições de 25 sementes. As sementes foram semeadas a uma profundidade de dois centímetros em caixas plásticas tipo gerbox com dimensões de 11 x 11 x 3,5 cm contendo os substratos descritos - Resumo Expandido - [1209] ISSN:

3 anteriormente, com exceção do rolo de papel umedecido com água destilada na quantidade equivalente a 2,5 vezes o seu peso seco, onde as sementes foram distribuídas sobre duas folhas, cobertas com uma terceira e confeccionadas em forma de rolo. Os outros substratos foram umedecidos com água destilada a 60% de sua capacidade de retenção. As contagens das sementes germinadas foram realizadas diariamente do 4 até o 10 dia após o início do teste, cujo critério de germinação adotado foi à emissão do epicótilo. Índice de velocidade de germinação (IVG) - estas avaliações foram realizadas conjuntamente com o teste de germinação, onde se computou o número de sementes germinadas diariamente durante 10 dias, calculando-se o índice de velocidade de germinação de acordo com a fórmula proposta por Maguire (1962). Delineamento experimental e análise estatística - O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente ao acaso, com os tratamentos distribuídos em esquema fatorial 2 x 6 (temperaturas x substratos), em quatro repetições de 25 sementes. As temperaturas foram: 25 e o C e os substratos: sobre papel, entre papel, bioplant, paú de buriti, entre areia e rolo de papel.. Os dados do experimento foram submetidos à análise de variância e, as médias comparadas pelo teste de Scott- Knott a 5% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO As médias de porcentagem de germinação de sementes Leucaena leucocephala encontram-se na Tabela 1 na qual se verifica interações significativas entre substrato e temperatura. De acordo com os dados observou-se que não houve diferença estatística entre as temperaturas e os substratos estudados, apresentando altas porcentagens de germinação, exceto para o substrato paú de buriti na temperatura de o C que diferiu estatisticamente dos demais tratamentos testados. As temperaturas de 25 e o C tem se mostrado as mais adequadas para a germinação de várias espécies florestais e em diferentes substratos. Tabela 1 - Germinação (%) de sementes de Leucaena leucocephala submetidas a diferentes substratos e temperaturas. Substratos Temperaturas (ºC) Sobre papel 97 aa 98 aa Entre papel 99 aa 97 aa Bioplant 97 aa 99 aa Paú de buriti 96 aa 89 bb Entre areia 97 aa 100 aa Rolo de papel 98 aa 96 aa Médias seguidas de mesma letra maiúscula na coluna e minúscula na linha não diferem a 5% de probabilidade pelo teste de Scott Knott. Para germinação de Dalbergia nigra (Vell.) Fr. All. ex Benth. Andrade et al. (2006) recomendaram as temperaturas de 25 e C, nos substratos sobre vermiculita e rolo de papel. As melhores condições de germinação para sementes de Melocactus bahiensis Britton & Rose foram o substrato areia e temperatura de 25 C (LONE et al., 2007). A temperatura de 25 C também promoveu as maiores porcentagens de germinação das sementes de Dypsis decaryi (Jum.) Beentje & J. Dransf. em areia como em vermiculita (LIMA et al., 2007). Diante destes resultados pode-se inferir que a temperatura ótima para a germinação de sementes está diretamente associada às características ecológicas da espécie (PROBERT, 1992). - Resumo Expandido - [1210] ISSN:

4 Os dados referentes ao índice de velocidade de germinação de sementes de Leucaena leucocephala estão na Tabela 2, onde se verifica que os maiores valores ocorreram no substrato rolo de papel nas temperaturas de 25 e C. A faixa de temperatura entre 25 e 30 C têm sido adequadas para estudar o vigor das sementes das espécies florestais. Tabela 2 - Índice de velocidade de germinação (IVG) de plântulas de Leucaena leucocephala submetidas a diferentes substratos e temperaturas. Substratos Temperaturas (ºC) ºC Sobre papel 5,14 bd 7,97 ab Entre papel 7,76 ab 8,08 ab Bioplant 6,16 ac 5,00 bc Paú de buriti 5,16 ad 5,08 ac Entre areia 8,29 ab 5,89 bc Rolo de papel 12,09 aa 11,79 aa Médias seguidas de mesma letra maiúscula na coluna e minúscula na linha não diferem a 5% de probabilidade pelo teste de Scott Knott. O índice de velocidade de germinação de sementes de Mimosa caesalpiniifolia Benth. foi maior quando se utilizou a temperatura de 25 C (ALVES et al., 2002). Os substratos entre e sobre areia nas temperaturas de 25 e 27 C proporcionaram maiores índices de velocidade de germinação de sementes de Myracrodruon urundeuva Fr. All. (PACHECO et al., 2006). Para sementes de Melocactus bahiensis Britton & Rose os maiores valores de velocidade de germinação foram obtidos na temperatura de 25 C (LONE et al., 2007). A temperatura de 30 C e o substrato papel na forma de rolo proporcionaram maior porcentagem e velocidade de germinação de sementes de Peltophorum dubium (Sprengel) Taubert (OLIVEIRA et al., 2008). Dessa forma supõe-se que as temperaturas mais elevadas tenham proporcionado uma maior atividade metabólica, de forma a acelerar e uniformizar o processo germinativo, o que está de acordo com Carvalho & Nakagawa (2000) quando relataram que quanto maior a temperatura, até certo limite, mais rápida e uniforme será a germinação. CONCLUSÃO A temperatura de 25 C e o substrato rolo de papel são os mais adequados para condução de testes de germinação e vigor em sementes de Leucaena leucoceplala. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, E.U.; PAULA, R.C.; OLIVEIRA, A.P.; BRUNO, R.L.A.; DINIZ, A.A. Germinação de sementes de Mimosa caesalpiniaefolia Benth. em diferentes substratos e temperaturas. Revista Brasileira de Sementes, v.24, p , ANDRADE, A.C.S.; LOUREIRO, M.B.; SOUZA, A.D.O.; RAMOS, F.M.; CRUZ, A.P.M. Reavaliação do efeito do substrato e da temperatura na germinação de sementes de palmiteiro (Euterpe edulis Mart). Revista Árvore, V.23, N.3, P , ANDRADE, A.C.S.; PEREIRA, T.S.; FERNANDES, M.J.; CRUZ, A.P.M.; CARVALHO, A.S.R. Substrato, temperatura de germinação e desenvolvimento pós-seminal de sementes de Dalbergia nigra. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.41, p , Resumo Expandido - [1211] ISSN:

5 ARAÚJO NETO, J.C.; AGUIAR, I.B.; FERREIRA, V.M. Efeito da temperatura e da luz na germinação de sementes de Acacia polyphylla DC. Revista Brasileira de Botânica, são Paulo, v.26, n.2, p , AZEVEDO, M.R.Q.A.; ALMEIDA, F.A.C.; GOUVEIA, J.P.G.; AZEVEDO, C.A.V.; SILVA, M.M.; PORDEUS, R.V. Germinação e vigor no desenvolvimento inicial do gergelim: Efeito da salinidade da água de irrigação. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p , BRASIL. Ministério da Agricultura. Regras para análise de sementes. Brasília: Secretaria Nacional de Defesa Agropecuária, p.398, CAMPOS, M.A.A.; UCHIDA, T. Influência do sombreamento no crescimento de mudas de três espécies amazônicas. Pesquisa Agropecuária Brasileira, V.37, N.3, P , CARVALHO, N.M.; NAKAGAWA, J. Sementes: ciência, tecnologia e produção. 4.ed. FUNEP: Jaboticabal, p. FEITOSA, R.C.; GONÇALVES, G.S.; ANDRADE, L.A.; BEZERRA, F.T.C.; OLIVEIRA, L.S.B.; VIEIRA, R.M.; FERREIRA, L.E. Utilização do rejeito de caulim na composição de substratos para emergência de plântulas de cuité (Crescentia cujete l.). Anais do VIII Congresso de Ecologia do Brasil, 23 a 28 de Setembro de 2007, Caxambu MG. FERREIRA, M.G.R.; SANTOS, M.R.A.; SILVA, E.O.; GONÇALVES, E.P.; ALVES, E.U.; BRUNO, R.L.A. Emergência e crescimento inicial de plântulas de biribá (Rollinia mucosa (Jacq.) Baill) (Annonaceae) em diferentes substratos. Semina: ciências agrárias, v. 31, n.2, p , LIMA, R.V.; LOPES, J.C.; COELHO, R.I. Germinação de sementes de urucu em diferentes temperaturas e substratos. Ciência e Agrotecnologia, v.31, p , LONE, A.B.; TAKAHASHI, L.S.A.; FARIA, R.T.; UNEMOTO, L.K. Germinação de Melocactus bahiensis (Cactaceae) em diferentes substratos e temperaturas. Scientia Agraria, v.8, p , MAGUIRE, J.D. Speed of germination aid in selection and evaluation for seeding emergence and vigor. Crop Science, Madison, v.2, n.2, p , OLIVEIRA, L.M.; DAVIDE, A.C.; CARVALHO, M.L.M. Teste de germinação de sementes de Peltophorum dubium (Sprengel) Taubert - Fabaceae. Floresta, v, 38, p , PACHECO, M.V.; MATOS, V.P.; FERREIRA, R.L.C.; FELICIANO, A.L.P.; PINTO, K.M.S. Efeito de temperaturas e substratos na germinação de sementes de Myracrodruon urundeuva Fr. All. (Anacardiaceae). Revista Árvore, v.30, p , PRATES, H. T.; PAES, J. M. V.; PIRES, N. M.; PEREIRA FILHO, I. A.; MAGALHÃES, P. C. Efeito do extrato aquoso de Leucena na germinação e no desenvolvimento do milho. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.35, n.5, p , Resumo Expandido - [1212] ISSN:

6 PROBERT, R.J. The role of temperature in germination ecophysiology. In: FENNER, M. Seeds: the ecology of regeneration in plant communities. Wallingford: CABI, p , SMIDERLE, O.J.; SOUZA, R.C.P. Dormência em sementes de paricarana (Bowdichia virgilioides Kunth Fabaceae - Papilionidae). Revista Brasileira de Sementes, Brasília, v.25, n.2, p.48-52, VARELA, V.P.; COSTA, S.S.; RAMOS, M.B.P. Influência da temperatura e do substrato na germinação de sementes de itaubarana (Acosmium nitens (Vog.) Yakovlev) - Leguminosae, Caesalpinoideae. Manaus, Acta Amazonica, v.35, n.1, p , Resumo Expandido - [1213] ISSN: