EFEITO DA TEMPERATURA E DO SUBSTRATO NA GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE Rapanea ferruginea (Ruiz & Pav.)
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1 EFEITO DA TEMPERATURA E DO SUBSTRATO NA GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE Rapanea ferruginea (Ruiz & Pav.) Lucas Pimenta Gonçalves* 1, Patrícia Pereira Pires 1, Eduardo Henrique Rezende 2, DanielaC. Azevedo de Abreu 3, Antonio Carlos Nogueir 4 a [orientador] 1 Alunos de Pós-Graduação em Engenharia Florestal da Universidade Federal do Paraná, Curitiba/PR. lucaspgoncalves@hotmail.com 2 Engenheiro Florestal formado pela Universidade Estadual de Goiás, UnU-Ipameri/GO. 3 Dra. Professora da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Câmpus Dois Vizinhos/PR. 4 Dr. Professor no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Florestal da UFPR Curitiba-PR. *Autor para correspondência Resumo: Rapanea ferruginea é uma espécie arbórea pertencente à família Myrsinaceae. É recomendada para a recuperação de ecossistemas degradados, uma vez que seus frutos são bastante atrativos para a fauna além de ser considerada uma espécie apícola. O objetivo deste trabalho foi determinar a melhor temperatura e substrato para a germinação das sementes de R. ferruginea. Os frutos foram coletados de 10 matrizes no município de Telêmaco Borba-PR em março de 2011 e transportados para o Laboratório de Sementes Florestais da Universidade Federal do Paraná, onde realizou-se o beneficiamento dos frutos. Avaliou-se a qualidade física das sementes, onde observou-se que as sementes de R. ferruginea apresentaram 15,2% de água, o peso de mil sementes é 20,16 g e um quilo de sementes engloba cerca de unidades. Após a determinação da qualidade física das sementes, estas foram submetidas ao teste de germinação em substratos papel mata-borrão, areia, vermiculita e rolo-de-papel nas temperaturas de 20ºC, 25ºC, 30ºC e 35ºC na presença de luz contínua. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado em esquema fatorial 4x4 (substrato x temperatura) e aplicou-se o teste de Tukey a 5% de probabilidade. Foi constatado efeito significativo para o tipo de substrato e temperatura, sendo o substratos rolo-de-papel nas temperaturas de 25ºC e 30ºC o mais adequado, proporcionando as maiores porcentagens de germinação em menor tempo. Palavras-chave: capororoca, Myrsinaceae, sementes florestais, qualidade fisiológica, espécies nativas Introdução O processo intenso e contínuo de exploração e devastação da flora nativa tem estimulado estudos sobre regeneração e conservação desse ecossistema. Assim, o estudo da germinação dessas espécies assume um papel relevante dentro das pesquisas científicas, visando a preservação e utilização das plantas (Pereira, 1992). O conhecimento das condições adequadas para a germinação de sementes de uma espécie é de fundamental importância, principalmente pelas respostas diferenciadas que podem apresentar devido a diversos fatores como dormência, condições ambientais: água, luz, temperatura, oxigênio e ocorrência de agentes patogênicos associados ao tipo de substrato para sua germinação (Carvalho e Nakagawa, 2000). As necessidades de cada um destes fatores são variáveis de acordo com as espécies e dependem das condições a que foram submetidas às sementes durante o período que estavam ainda no campo, bem como póscolheita, ou disseminação e aos fatores hereditários (Carvalho e Nakagawa, 2000). Os limites da temperatura de germinação também fornecem informações de interesses biológico e ecológico, auxiliando os estudos ecofisiológicos e de sucessão vegetal (Figliolia et al., 1993). Da mesma forma que a temperatura e o substrato constituem um dos fatores essenciais para desencadear o processo de germinação (Marcos Filho, 1986). A espécie arbórea Rapanea ferruginea (Ruiz et Pavon) Mez. pertencente à família Myrsinaceae é conhecida popularmente por capororoca, azeitona-brava, azeitoneira, camará e maria-preta (Carvalho, 2003). R. ferruginea é considerada uma espécie secundária inicial (DURIGAN E NOGUEIRA, 1990) porém, freqüentemente comporta-se como espécie pioneira (Carvalho, 2003). Independente do grupo sucessional, a 17 e 18 de Outubro de
2 capororoca representa papel muito importante na sucessão de vegetação, caracterizando-se por ser uma das espécies dominantes nas capoeirinhas, capoeiras e capoeirões. A madeira dessa espécie produz lenha e carvão de boa qualidade e seus frutos são usados como condimento em conserva de vinagre. É recomendada para a recuperação de ecossistemas degradados, sendo importante no reflorestamento sucessional, visto o poder atrativo que seus frutos exercem sobre diversas espécies de pássaros (CARVALHO, 2003). As informações sobre condições adequadas para a germinação das sementes ainda são escassas na literatura. Assim, este trabalho teve como objetivo estudar os efeitos de diferentes substratos e temperaturas sobre o comportamento germinativo de sementes de capororoca (Rapanea ferruginea Ruiz e Pav). Material e Métodos Os frutos de R. ferruginea foram colhidos em março de 2011 de dez matrizes localizadas no município de Telêmaco Borba. Para tal, adotaram-se as recomendações de Figliolia e Piña-Rodrigues (1995) quanto à utilização de árvores fenotipicamente superiores e distantes entre si pelo menos 20 m. Seguiram-se também as recomendações de Carvalho (2003) que sugere a colheita dos frutos quando estes mudam da coloração verde para a arroxeada. Para a extração das sementes, seguiu-se as recomendações de Carvalho (2003) em que sugere que os frutos devem ser postos de molho em água e, após a maceração, lavados e secos em peneiras, em ambiente ventilado. O beneficiamento constou da limpeza e seleção das sementes, onde se retirou todo material inerte (restos de frutos e galhos secos) e as sementes foram separadas em boas (intactas), chochas, atacadas por insetos e danos mecânicos, sendo utilizadas no experimento apenas as intactas. As sementes de todas as matrizes foram misturadas e homogeneizadas, constituindo um lote representativo da população e transportadas para o Laboratório de Sementes da Universidade Federal do Paraná onde foram realizados os ensaios. Uma amostra foi submetida aos testes de umidade, peso de mil sementes e número de sementes por quilograma a fim de determinar a qualidade física das sementes de acordo com as recomendações das Regras de Análise de Sementes (RAS) (BRASIL, 2009). Para o fator temperatura foram testados quatro constantes: 20ºC, 25ºC, 30ºC e 35ºC. Quanto ao substrato utilizou-se vermiculita, areia, papel mata borrão e rolo-de-papel. Para a vermiculita foi utilizada a com granulometria fina. De acordo com as Regras de Análise de Sementes (RAS) (BRASIL, 2009), efetuou-se a uniformidade do tamanho das partículas de areia, onde esta foi peneirada de modo que a maioria das partículas passasse através de uma peneira de orifícios de 0,8 mm de malha e ficasse retida sobre outra de orifício de 0,05 mm. Posteriormente esta foi lavada e esterilizada em estufa a 200ºC ± 2ºC por duas horas. Os substratos papel filtro, papel toalha e vermiculita foram esterilizados em estufa à 105ºC ± 2ºC por um período de 2 horas. Para o substrato vermiculita foram pesados 30g e para a areia 200g, que foram distribuídos em caixas plásticas transparentes (gerbox). A estes substratos foram acrescidos 75 ml e 67 ml de água destilada, respectivamente. Para o substrato papel filtro foi utilizado uma folha em cada gerbox e umedecidos com 8 ml de água destilada, que corresponde a 2,5 vezes o peso do substrato. Para o substrato rolo-de-papel utilizou-se 3 folhas de papel toalha umedecidas com água destilada, e as sementes foram distribuídas sobre duas folhas e 17 e 18 de Outubro de
3 recobertas por uma folha, formando os rolos que foram colocados em sacos plásticos transparentes. Todos os tratamentos As avaliações dos testes de germinação foram realizadas diariamente até que as sementes não germinaram mais ou estavam em estado de deterioração. As sementes foram consideradas germinadas quando apresentaram emissão de radícula, com no mínimo 2 mm. Os experimentos foram instalados de acordo com o delineamento inteiramente casualizado em esquema fatorial (4 temperaturas x 4 substratos) com cinco repetições de 40 sementes. Segundo as Regras de Análise de Sementes (BRASIL, 2009) deve-se utilizar 400 sementes por tratamento, porém para espécies florestais nativas ainda não há uma definição da quantidade de sementes exata, visto a particularidade de cada espécie. Os dados obtidos para a porcentagem e tempo médio de germinação, foram submetidos ao teste de Bartlett para verificar a homogeneidade das variâncias e as médias comparadas entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Resultados e Discussão Observou-se que as sementes de R. ferruginea apresentaram 15,2% de água, o peso de mil sementes é 20,16 g e um quilo de sementes engloba cerca de unidades. Ocorreram diferenças significativas entre os resultados de germinação obtidos nos substratos e temperaturas testadas para sementes de R. ferruginea ao nível de 5% de probabilidade. Os valores das médias de germinação e tempo médio obtidos para cada tratamento, indicaram que o substrato rolo-de-papel e a temperatura de 25ºC e 30 C são as condições mais indicadas para o teste de germinação das sementes de R. ferruginea. Resultados semelhantes de temperatura foram obtidos por Pereira (1992), que ao trabalhar com sementes de Bauhinia forficata também concluiu ser a temperatura constante de 30 C como a melhor. Da mesma forma, Andrade & Pereira (1994) concluíram que as temperaturas constantes de 25 e 30 C foram as mais adequadas para a germinação das sementes de Cedrela odorata. Em relação aos tipos de substratos, observou-se que a maior porcentagem de germinação em menor tempo médio, ocorreu no substrato rolo-de-papel, como se pode observar nas tabelas 1 e 2. Oliveira et al., (2008) obtiveram resultados semelhantes para sementes de canafístula (Peltophorum dubium) sendo a temperatura de 30ºC e o substrato papel na forma de rolo a melhor condição para germinação das sementes desta espécie, propiciando as maiores porcentagens de germinação em menor tempo médio. As figuras 3 e 4 ilustra, com mais eficiência, o efeito positivo das temperatura de 25ºC e 30 C e do substrato rolo-de-papel, que se coloca de forma superior em relação aos demais substratos, diferindo estatisticamente entrei si. Para as temperaturas de 25 C e 30ºC, não se verificou diferença significativa na germinação. Entre as temperaturas de 20ºC e 35 C também não houve diferença significativa, porém essas duas temperaturas se mostraram inferiores as de 25ºC e 30ºC, não sendo recomendadas para a espécie. Conclusão As temperaturas de 25ºC e 30 C e o substrato papel, na forma de rolo, proporcionaram as melhores condições de germinação para sementes de Rapanea ferruginea. Nessa condição é alcançada a maior porcentagem e velocidade de germinação. 17 e 18 de Outubro de
4 Agradecimentos Ao REUNI pela concessão de bolsas de Mestrado. A Copel pelo apoio durante as coletas de sementes. A UFPR pela disponibilização do Laboratório de Sementes Florestais onde foram realizados os experimentos. Referências ANDRADE, A.C.S.de; PEREIRA, T.S. Efeito do substrato e da temperatura na germinação e no vigor de sementes de cedro - Cedrela odorata L. (Meliaceae). Revista Brasileira de Sementes, Brasília, v.16, n.1, 1994, p CARVALHO, N.M.; NAKAGAWA, J Sementes: ciência, tecnologia e produção. FUNEP, Jaboticabal. 588pp. CARVALHO, P.E.R. Espécies Arbóreas Brasileiras. Brasília: Embrapa Informação Tecnológica; Colombo, PR: Embrapa Florestas, v p. FIGLIOLIA, M.B.; PIÑA-RODRIGUES, F.C.M. Manejo de Sementes de Espécies Arbóreas. Série Registros nº 15. São Paulo: Instituto Florestal, MARCOS FILHO, J Germinação de sementes. In: Semana de Atualização em Sementes, 1. Fundação Cargill, Campinas. p OLIVEIRA, L.M. de; DAVIDE, A. C.; CARVALHO, M.L.M. de. Teste de germinação de sementes de Peltophorum dubium (Sprengel) Taubert Fabaceae. Revista Floresta, Curitiba, PR, v. 38, n. 3, jul./set Tabela 1. Porcentagem de germinação das sementes de R. ferruginea em diferentes substratos e temperaturas Temperaturas Substratos Papel Areia Vermiculita Rolo-de-Papel 20ºC 32,5 ba 42 aa 37,5 aa 35 ba 25ºC 52,5 aab 44aB 51,5 aab 64 aa 30ºC 52 aab 46,5 aab 43 ab 61 aa 35ºC 17,5 bb 15 bb 12bB 48 aba Médias seguidas pela mesma letra minúscula nas colunas e maiúscula nas linhas não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Tabela 2. Tempo Médio (dias) de germinação das sementes de R. ferruginea em diferentes substratos e temperaturas Temperaturas Substratos Papel Areia Vermiculita Rolo-de-Papel 20ºC 19,6 AA 20,3 aa 18,5 aab 16,5 ab 25ºC 16,7 ba 16,1 ba 17 aa 15,8 aba 30ºC 14,7 ba 15,9 ba 14 ba 13,8 ba 35ºC 9,1 ca 8,6 ca 8,1 ca 10,4 ca Médias seguidas pela mesma letra minúscula nas colunas e maiúscula nas linhas não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. 17 e 18 de Outubro de
5 Figura 1. Porcentagem de germinação das sementes de R. ferruginea em diferentes substratos e temperaturas Figura 2. Tempo Médio (dias) de germinação das sementes de R. ferruginea em diferentes substratos e temperaturas 17 e 18 de Outubro de
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