PRODUÇÃO DE MUDAS DE BRÓCOLIS EM SUBSTRATOS A BASE DE FIBRA DE COCO VERDE EM SISTEMA ORGÂNICO 1 INTRODUÇÃO

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1 PRODUÇÃO DE MUDAS DE BRÓCOLIS EM SUBSTRATOS A BASE DE FIBRA DE COCO VERDE EM SISTEMA ORGÂNICO 1 Patrícia Santos da Silva 2, Francine Francisca Araújo Moreira 3, Ítalo Moraes Rocha Guedes 4, Ronessa Bartolomeu de Souza 4 INTRODUÇÃO O brócolis pertence à família Brassicaceae, é uma hortaliça originária do Mediterrâneo e apresenta importante valor econômico. Substrato pode ser considerado qualquer material em que a planta cresça e se desenvolva, exerce a função do solo, portanto deve ser capaz de sustentar a planta, reter umidade, oxigênio e nutrientes, oferecer baixa resistência à penetração das raízes e ser uniforme. Para sistemas orgânicos, existem poucos substratos comerciais disponíveis no mercado e, além disso, são bastante desuniformes, de forma que não há garantias de obtenção de mudas de boa qualidade. Dessa forma, têm se procurado alternativas que sejam ambientalmente corretas, de boa qualidade e de baixo custo para produção de substratos em pequenas propriedades agrícolas. A reutilização da casca do coco verde traz grandes benefícios ambientais e sua fibra tem apresentado ótimos resultados para produção de mudas de hortaliças (Lüdke et al. 2008). Sendo assim, esse trabalho teve por objetivo avaliar o desempenho de diferentes composições de substratos a base de fibra de coco verde para produção de mudas de brócolis em sistema orgânico. 1 Resumo expandido apresentado no VII ENSub, de setembro de 2010, Goiânia, Goiás Apoio do CNPq e da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAP-DF) 2 Faculdade da Terrade Brasília 3 Universidade Federalde Viçosa 4 Embrapa Hortaliças, BR 060, Km 060, Km 09, Caixa Postal 218, Brasília, DF; psspatricia@gmail.com

2 2 MATERIAL E MÉTODOS Este trabalho foi executado na Área de Pesquisa em Produção Orgânica da Embrapa Hortaliças, Brasília/DF, em março de Utilizou-se o delineamento inteiramente casualizado com treze tratamentos e quatro repetições. Os tratamentos foram constituídos pelos seguintes substratos: S1) 50 L da mistura compostada (fibra de coco mais cama de matriz de aviário, na proporção 3:1 em volume, acrescida de 2 kg.m -3 de termofosfato magnesiano e compostados por 90 dias) + 40 L de vermiculita fina + 10 L de composto de farelos (bokashi anaeróbico) + 25 g/l rocha moída de ipirá; S2) 50 L da mistura compostada + 40 L de vermiculita fina + 10 L de composto de farelos (bokashi anaeróbico) + 50 g/l rocha moída de ipirá; S3) 50 L da mistura compostada + 40 L de vermiculita fina + 10 L de composto de farelos (bokashi anaeróbico) + 25 g/l rocha moída MB4; S4) 50 L da mistura compostada + 40 L de vermiculita fina + 10 L de composto de farelos (bokashi anaeróbico) + 50 g/l rocha moída MB4; S5) 50 L da mistura compostada + 40 L de vermiculita fina + 10 L de torta de mamona + 25 g/l rocha moída de ipirá; S6) 50 L da mistura compostada + 40 L de vermiculita fina + 5 L de composto de farelos (bokashi anaeróbico) + 5 L de torta de mamona + 25 g/l rocha moída de ipirá; S7) 50 L da mistura compostada + 40 L de vermiculita fina + 10 L de húmus de minhoca + 25 g/l rocha moída de ipirá; S8) 50 L da mistura compostada + 40 L de vermiculita fina + 5 L de composto de farelos (bokashi anaeróbico) + 5 L de húmus de minhoca + 25 g/l rocha moída de ipirá; S9) 50 L da mistura compostada + 40 L de vermiculita fina + 5 L de húmus de minhoca + 5 L torta de mamona + 25 g/l rocha moída de ipirá; S10) 50 L da mistura compostada L de vermiculita fina + 10 L de composto de farelos (bokashi anaeróbico) + 2,5 L de cinzas; S11) 50 L da mistura compostada + 35 L de vermiculita fina + 10 L de composto de farelos (bokashi anaeróbico) + 5 L de cinzas; S12) Substrato comercial Plantmax HA ; S13) Substrato comercial Biomix certificado pelo IBD para

3 3 produção de mudas orgânicas. Os ingredientes foram homogeneizados manualmente, armazenados em sacos de ráfia por dois meses, colocados nas bandejas, previamente lavadas e desinfetadas com solução 0,2 % de hipoclorito de sódio, e em seguida realizou-se o semeio com uma semente de brócolis da cultivar Ramoso de Brasília por célula. Foram alocadas duas parcelas (32 células) por bandeja, deixando-se vazias as duas fileiras centrais. A irrigação foi realizada por microaspersão de duas a seis vezes ao dia, conforme a necessidade. Foram avaliadas as seguintes características: contagem de plântulas emergidas aos 14 e 21 dias, número de folhas definitivas, massa de matéria fresca e seca, área foliar, comprimento de raiz e altura da parte aérea de 12 plântulas por parcela. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e os tratamentos comparados por meio do teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO Quanto à taxa de germinação todos os substratos mostraram valores superiores a 92%, exceto o substrato S5 que apresentou 88,3% (Tabela 1). A menor emergência das sementes neste substrato provavelmente deveu-se à presença de torta de mamona (10%) em sua composição, uma vez que ela apresenta efeito fitotóxico que prejudica a germinação de sementes, conforme relatado em outros trabalhos (Lüdke et al. 2008; Silva et al. 2009). A menor quantidade de mamona no S6 e S9 (5%) não foi suficiente para prejudicar a germinação. Os substratos S7, S12 e S13 proporcionaram mudas com menor numero de folhas definitivas, enquanto os demais substratos resultaram em mudas com maior numero delas. Tanto para produção de massa fresca, seca e altura da parte aérea o S11 mostrou tendência de superioridade, não diferindo estatisticamente dos substratos S3, S4, S5, S6, S9 e S10, e do S1 para altura da parte aérea (Tabela 1). Como se vê, apesar do efeito deletério da torta de mamona sobre a emergência das sementes, observou-se que as demais

4 4 características não foram afetadas, pois o S5 foi um dos melhores substratos em termos de qualidade e vigor da plântula. Interessante relatar que em trabalho similar feito com a alface americana, os substratos contendo 10 e 5% de torta de mamona mostraram se inferiores em todas as características avaliadas, inclusive com emergência menor que 70% (Silva et al. 2009). Tabela 1 - Emergência, número de folhas definitivas, produção de matéria fresca e seca, área foliar, comprimento de raiz e altura da parte aérea de plântulas de Brócolis Ramoso de Brasília produzidas em diferentes substratos. Brasília, Embrapa Hortaliças, 2009 Substrato Emergência Nº Folhas Definitivas Massa Fresca Massa Seca Área Foliar Comprimento Raiz Altura Parte Aérea % g/plântula cm²/plântula cm/plântula S A B A 8.75 B C D E 1.08 A B C 4.48 B C 6.96 A 7.32 A B S A B A 8.50 B C D E 0.89 A B C 3.77 B C D 6.05 A 6.45 A B C S A B A 9.31 A B C D 0.92 A B C 3.22 C D 6.39 A 7.20 A B S A A B A B C D 1.10 A B C 4.09 B C D 7.59 A 7.46 A S B A A B 1.20 A 6.23 A 6.31 A 8.61 A S A B A B A B C D 1.16 A B 4.57 B C 7.01 A 7.35 A B S A B B C 6.55 D E 0.69 B C D 3.23 C D 6.70 A 4.96 B C D S A B A B 8.00 B C D E A B C 4.09 B C D 7.00 A 6.41 A B C S A B A B A B C 1.24 A 5.13 A B 7.63 A 8.23 A S A A A B C D 1.28 A 4.57 B C 7.00 A 8.06 A S B A A A 1.37 A 5.26 A B 7.50 A 8.79 A S A B C D 7.48 C D E 0.64 C D 2.70 D E 6.52 A 4.07 C D S A D 3.66 E 0.37 D 1.34 E 7.15 A 3.04 D Médias seguidas pela mesma letra, nas colunas, não diferem estatisticamente, entre si, pelo Teste de Tukey, a 5% de probabilidade. A única diferença entre este experimento e aquele com alface foi o tempo de armazenamento do substrato, que neste foi de dois meses, enquanto no da alface o semeio acorreu logo após a formulação dos substratos. Isso sugere que o efeito fitotóxico da mamona tenha sido atenuado pelo maior tempo de contato com os demais ingredientes, sinalizando que provavelmente esse problema possa ser resolvido pela compostagem da mamona junto da fibra de coco verde. No presente trabalho, os substratos S9 e S11 resultaram em plântulas melhores, mais vigorosas, seguidos pelo S10 (Tabela 1), corroborando com o resultado obtido para alface americana, cujas mudas de maior qualidade foram obtidas nos substratos S10 e S11 (Silva et al. 2009). Apesar da alta taxa de

5 5 emergência, os substratos comerciais, convencional e orgânico (S12 e S13), apresentaram os piores desempenhos, formando mudas de baixa qualidade (Tabela 1). CONCLUSÕES Pelo exposto, para produção de mudas de Brócolis as melhores formulações foram os substratos S9 que contem 50 L da mistura compostada (fibra de coco + cama de matriz de aviário + termofosfato magnesiano) + 40 L de vermiculita fina + 5 L de húmus de minhoca + 5 L torta de mamona + 25 g/l rocha moída de ipirá e o S11 que foi constituído por 50 L da mistura compostada + 35 L de vermiculita fina + 10 L de composto de farelos (bokashi anaeróbico) + 5 L de cinzas. AGRADECIMENTOS Ao CNPq pela bolsa de iniciação científica (PIBIC) e à Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAP-DF) pelo apoio financeiro a este trabalho. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS LÜDKE, I.; SOUZA, R.B.; BRAGA, D.O.; LIMA, J.L.; RESENDE, F.V. Produção de mudas de pimentão em substratos a base de fibra de coco verde para agricultura orgânica. In: IX SIMPÓSIO NACIONAL DO CERRADO. II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE SAVANAS TROPICAIS, 2008, Resumos... Brasília. Planaltina, DF: Embrapa Cerrados, SILVA P.S.; SOUZA.R.B; JASSE M.E.C.; GUEDES I.M.R.; GOBBI S.J.; REZENDE F.V.; LUZ M Produção de mudas orgânicas de alface Americana em substratos a base de fibra de coco verde. Horticultura Brasileira 27: S3365-S3369.