A GESTÃO MULTIFATORIAL DOS FATORES DE TREINO

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1 Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro 2º CICLO EM ENSINO DE EDUCAÇÃO FÍSICA NOS ENSINOS BÁSICO E SE CUNDÁRIO A GESTÃO MULTIFATORIAL DOS FATORES DE TREINO Estudo sobre a Gestão Multifatorial dos Fatores de Treino Desportivo nos Treinadores de Futebol da Associação de Futebol de Viseu, do concelho de Viseu, nos escalões D (Infantis) e E (Escolas) Ricardo Jorge Reis Fernandes Professor Doutor Abel Aurélio Abreu Figueiredo Vila Real, 29 de maio (2013)

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3 UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO 2º CICLO EM ENSINO DE EDUCAÇÃO FÍSICA NOS ENSINOS BÁSICO E SECUNDÁRIO A GESTÃO MULTIFATORIAL DOS FATORES DE TREINO ESTUDO SOBRE A GESTÃO MULTIFATORIAL DOS FATORES DE TREINO DESPORTIVO NOS TREINADORES DE FUTEBOL DA ASSOCIAÇÃO DE FUTEBOL DE VISEU, DO CONCELHO DE VISEU, NOS ESCALÕES D (INFANTIS) E E (ESCOLAS) Ricardo Jorge Reis Fernandes Professor Doutor Abel Aurélio Abreu Figueiredo VILA REAL, 2013

4 Dissertação apresentada à UTAD, no DEP ECHS, como requisito para a obtenção do grau de Mestre em Ensino de Educação Física dos Ensino Básico e Secundário, cumprindo o estipulado na alínea b) do artigo 6º do regulamento dos Cursos de 2ºs Ciclos de Estudo em Ensino da UTAD, sob a orientação do Professor Abel Aurélio Abreu Figueiredo

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8 DEDICATÓRIA Quero dedicar este trabalho a todos aqueles que me ajudaram a realiza-lo. Nomeadamente à minha esposa, à minha filha, à minha família e aos meus amigos. Corajoso não é aquele que tenta arranjar forças para continuar; corajoso é aquele que continua mesmo, sem ter forças! Mager (1985) I

9 AGRADECIMENTOS Porque sozinho, seria mais difícil, não posso deixar de expressar os meus mais sinceros agradecimentos: Ao Professor Orientador da dissertação, Professor Doutor Abel Figueiredo, por ter aceite invariavelmente, os meus pedidos de auxílio, e pelo acompanhamento da sua execução. Pela sua prontidão, disponibilidade, abertura, dedicação, humildade, vontade de ensinar e empenhamento demonstrados desde o primeiro momento; pelas sugestões e conselhos e pela ajuda constante durante todas as lecionações. Mas acima de tudo, por tudo aquilo, que me ajudou a crescer como professor, mas acima de tudo como ser humano, que sou por essência. A Ele, o meu muito obrigado, pelos seus infindáveis e muito úteis conselhos que me deu ao longo deste último ano. À esposa, pela paciência homérica com que me ouviu falar infindavelmente desta dissertação, por me fazer descansar, pelo debate e por todas as ideias que fizeram deste trabalho uma coisa melhor, mas acima de tudo, pela sua ternura, carinho e amor demonstrado ao longo de todo este trabalho. É a ela que também devo, a conclusão deste trabalho, porque sem a sua ajuda teria sido impossível entrega-o dentro dos prazos estabelecidos. À minha família que apesar de não estar presente fisicamente, não deixa de me conceder todo o seu apoio incondicional ao longo desta etapa, e em todas as etapas da minha vida, pois sem a sua ajuda e apoio não teria conseguido. Aos meus colegas de trabalho e alunos, pela sua compreensão por todos os momentos mortos que necessitei para realizar esta dissertação. Finalmente, e não menos importante, quero deixar vincado o meu agradecimento à minha filha por todo o amor, apoio e alento que sempre me dá quanto estou na sua presença. Com ela todos os problemas e dificuldades que me surgiram ao longo desta etapa afiguraramse bem menores. A todos aqueles que eu não referi, mas que de, alguma forma contribuíram para que este trabalho fosse realizado com êxito. A todos, o meu Bem-haja! II

10 RESUMO A gerência de toda uma multiplicidade de fatores de treino é, reconhecidamente, um dos agentes que mais influenciam na qualidade de desempenho do futebol, nomeadamente no que se reporta ao seu planeamento e gestão multifatorial dos fatores de treino. Paradoxalmente, no âmbito do processo de treino, nem sempre se verifica uma coerência entre a estrutura e conteúdo dessa mesma gestão e o modelo de treino preconizado pelo treinador. Para além disso, assistimos a uma massificação do futebol de 7 como um espaço ideal onde as crianças podem desenvolver o gosto que possuem pela sua prática. Assim este trabalho é legitimado e justificado perante a necessidade em perceber a forma como se encara o processo de treino, nomeadamente com o nível de preocupação com a gestão multifatorial dos fatores de treino desportivo, junto dos treinadores de futebol de 7 do concelho de Viseu pertencentes aos quadros da Associação de Futebol de Viseu. Para o efeito, foram inquiridos 40 treinadores de futebol, todos do género masculino, (31.63 anos de idade). O questionário foi desenvolvido visando a recolha de informação precisa, de modo extensivo, sobre as características individuais dos treinadores e de perceção institucional, grau de planeamento e grau de gestão multifatorial dos fatores de treino. As conclusões mais relevantes do trabalho são: a) Mais de metade da amostra, 57,5%, possui um grau elevado de habilitações literárias (licenciatura ou mais), apresentando grande afinidade com a área da Ed. Física/Desporto com 19 inquiridos ligados à área; b) Os inquiridos relacionados com a área da Ed. Física/Desporto tenta fazer primeiramente uma experiência no futebol de 7 quando conclui o curso; c) A amostra procura a todo o instante atualizar-se com novos conhecimentos, novas tendências ou simplesmente fortalecer e robustecer os seus conhecimentos e competências; d) A amostra defendeu e os resultados assim o demonstram: existe uma relação bastante cúmplice entre o fator técnico e tático; e) Para a nossa amostra o fator físico treina-se, na maioria das vezes, em tarefas onde o maior pendor e focalização do exercício é centrado em fatores mais técnico-táticos; f) Os fatores psicológico e tático são aqueles que apresentam mais correlações significativas g) Com a experiência a amostra mostra-se menos preocupada com a planificação e integração do fator físico no seu modelo de treino, paradoxalmente ao fator social/teórico; h) A amostra é constituída de técnicos dotados de com uma grande sensibilidade e conhecedores da temática da otimização da gestão multifatorial dos fatores de treino bem como de portadores de conhecimentos académicos sobre as fases de crescimento em que as crianças destes escalões se encontram. PALAVRAS CHAVE: FUTEBOL DE 7; JOVENS; PLANEAMENTO; GESTÃO MULTIFATORIAL; III

11 ABSTRACT The management of a whole multitude of factors training is recognized as one of the agents that influence the quality of football performance, particularly as it relates to its planning and management of multifactorial factors training. Paradoxically, in the training process, not always there is a consistency between the structure and content of the same management and training model recommended by the coach. In addition, we witnessed a mass Football 7 as an ideal space where children can develop a taste for having their practice. So this work is legitimized and justified given the need to realize the way it views the training process, in particular the level of concern for the management of multifactorial factors sports training, among football coaches of football 7 belonging to the municipality of Viseu the frames of the Football Association in Viseu. For this purpose, 40 respondents were football coaches, all males, (31.63 years). The questionnaire was developed in order to gather accurate information so extensively on the individual characteristics of the coaches and institutional perception, degree of planning and management degree multifactorial factors training. The most relevant conclusions of this work are: a) More than half of the sample, 57.5%, has a high degree of academic qualifications (degree or more), with a great affinity with the area of Physical Education / Sports with 19 respondents linked the area, b) Respondents related to the field of Physical Education / Sport tries to make first a football experience in football 7 when they graduated c) The sample demand at any instant update with new knowledge, new trends or simply reinforce and strengthen their knowledge and skills d) The sample and the results thus defended the show: there is a relationship between factor accomplice quite technical and tactical e) For our sample the physical factor "train up" on most often, in tasks where the largest bias and focus of the exercise is focused on more technical and tactical factors f) The psychological and tactical factors are those with more significant correlations g) With experience shows the sample is less concerned with planning and integration of the physical factor in its training model, paradoxically to factor social / theoretical h) The sample consists of technicians endowed with great sensitivity and with experts in the topic of the optimization of multifactorial factors management training as well as carriers of academic knowledge about the growth phase in which these steps are children. KEY WORDS: FOOTBALL 7; YOUNG; PLANNING, MANAGEMENT MULTIFACTORIAL; IV

12 ÍNDICE GERAL DEDICATÓRIA... I AGRADECIMENTOS... II RESUMO... III ABSTRACT... IV ÍNDICE GERAL... V ÍNDICE DE FIGURAS... VII ÍNDICE DE GRÁFICOS... VIII ÍNDICE DE TABELAS... IX INTRODUÇÃO REVISÃO DA LITERATURA O DESPORTO NA SOCIEDADE A MATRIZ DA MOTRICIDADE HUMANA TREINO DESPORTIVO Definição Objetivos do treino desportivo Princípios do Treino Desportivo Princípios biológicos Sobrecarga Especificidade Reversibilidade Heterocronismo Princípios metodológicos Relação ótima entre o exercício e o repouso Participação ativa Continuidade Progressividade Ciclicidade Individualidade Multilateralidade ELEMENTOS ESSENCIAIS DO PROCESSO DE DIRECÇÃO DO TREINO Planeamento Definição de objetivos Avaliação Organização Liderança O Treinador enquanto agente de mudança O Treinador enquanto gestor de conflitos Controlo V

13 5. PLANEAMENTO Definição Periodização do treino desportivo Modelos de Periodização do treino desportivo Modelos Tradicionais Modelos contemporâneos FATORES DE TREINO O que são Sua Dinâmica Preparação Física Preparação Técnica (a Técnica) Preparação Tática Preparação Psicológica Preparação Teórica-Social A Gestão Integrada dos Fatores de Treino ESTUDO EMPÍRICO METODOLOGIA UNIVERSO, PROBLEMÁTICA E PROBLEMA VARIÁVEIS Identificação e classificação das variáveis HIPÓTESES RECOLHA E TRATAMENTO DOS DADOS APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS Análise Descritiva/Inferencial Caracterização das variáveis identificadoras Caracterização da perceção do contexto institucional da amostra Caracterização do grau de planeamento do treino Caracterização da Gestão Multifatorial dos Fatores de Treino Matriz Correlacional entre as Variáveis Identificadoras, Grau de Planeamento e Gestão Multifatorial dos Fatores de Treino Scores Validação dos Objetivos de Estudo Objectivo de Estudo OE A Objetivo de Estudo OE A Objetivo de Estudo OE A CONCLUSÃO BIBLIOGRAFIA ANEXOS ANEXO I QUESTIONÁRIO ANEXO II CODIFICAÇÃO DOS DADOS/SCORES VI

14 ÍNDICE DE FIGURAS Figura 1 - Matriz Referencial da Motricidade Humana (baseado em Figueiredo, 1994b; 1995) cit in Figueiredo 2006, p Figura 2 Integração Cultural cit in Figueiredo 2006, p Figura 3 Progressão em carga standard de treino (Bompa, 1999, cit in Dias & Figueiredo, 2002) Figura 4 - Progressão Linear da Carga de Treino (Bompa, 1999, cit. in Dias & Figueiredo, 2002) Figura 5 - Progressão Escalonada da Carga de Treino (Bompa, 1999, cit. in Dias & Figueiredo, 2002) Figura 6 - Evolução do Número de Sessões Intensas (Bompa, 1999, cit. in Dias & Figueiredo, 2002) Figura 7 - Curva Ondulada (Bompa, 1999, cit. in Dias & Figueiredo, 2002) Figura 8 Fases do Treino a longo termo (Bompa, 1999, cit. in Dias & Figueiredo, 2002) Figura 9 - Relação entre Desenvolvimento Multilateral e Treino Especializado em diferentes idades (Bompa, 1999, cit. in Dias & Figueiredo, 2002) Figura 10 A continuidade do processo de direção do treino (Leith, 1983, trad: 1992) Figura 11 - Periodização para competidores de alto nível (Forteza, 2001, cit in Lopes, 2004)60 Figura 12 Esquema de três integrantes do processo de treino (Verkhoshanski, 2001) Figura 13 - Desenho esquemático da periodização em bloco (Verchoshanski, 1989, cit in Alves 2001) Figura 14 - Operacionalidade do princípio da especificidade cit in Oliveira (2003) Figura 15 Treino geral e específico Rocha, 2000, cit. in Carvalhal, 2002) Figura 16 - Fatores de Treino de Bompa (1999), cit in Figueiredo, Figura 17 - Natureza dos Fatores de Treino Bompa (1999), cit in Figueiredo, 2006, p VII

15 ÍNDICE DE GRÁFICOS Gráfico 1 -Representação gráfica das habilitações literárias dos treinadores Gráfico 2 - Representação gráfica dos níveis de cursos dos treinadores Gráfico 3 - Representação gráfica dos níveis de cursos dos treinadores Gráfico 4 - Representação gráfica dos grupos de anos de atividade dos treinadores Gráfico 5 - Representação gráfica dos escalões que atualmente planeiam o treino Gráfico 6 - Representação gráfica dos escalões onde já planeou o treino Gráfico 7 - Representação gráfica em que outra modalidade possuem curso de treinador Gráfico 8 - Representação gráfica: exerce ou exerceu funções de treinador nessa modalidade Gráfico 9 - Representação gráfica dos horários das sessões de treino semanal dos clubes inquiridos Gráfico 10 - Representação gráfica dos recursos que possui o treinador Gráfico 11 - Representação gráfica do estabelecimento de objetivos por parte do treinador. 119 Gráfico 12 - Representação gráfica da utilização de instrumentos de planeamento por parte do treinador Gráfico 13 - Representação gráfica relativa à consideração dos vários fatores de treino por parte do treinador Gráfico 14 - Representação gráfica do grau de importância atribuída aos fatores de treino por parte do treinador Gráfico 15 - Representação gráfica dos scores totais do grau de planeamento e da planificação integrada dos fatores de treino Gráfico 16 - Representação gráfica das estatísticas relativas ao grau de planeamento por parte dos treinadores Gráfico 17 - Representação gráfica das estatísticas relativas à integração dos fatores de treino por parte do treinador Gráfico 18 - Representação gráfica das estatísticas relativas ao grau de planeamento e gestão integrada dos fatores de treino por parte do treinador VIII

16 ÍNDICE DE TABELAS Tabela 1 - Estatísticas relativas ao género dos treinadores Tabela 2 - Representação das estatísticas relativas à idade dos treinadores Tabela 3 - Estatísticas relativas às profissões dos treinadores Tabela 4 - Estatísticas relativas aos grupos profissionais dos treinadores Tabela 5 Representação das estatísticas relativas aos anos de atividade dos treinadores Tabela 6 Estatísticas relativas aos anos de atividade como treinadores de futebol Tabela 7 Estatísticas relativas aos anos de atividade como treinadores de futebol Tabela 8 Estatísticas relativas à frequência e/ou conclusão do curso de treinador de outra modalidade Tabela 9 - Estatísticas relativas ao local habitual das sessões de treino Tabela 10 - Representação esquemática do nº de clubes que treinam no mesmo período e no mesmo dia, do nº de sessões por horário e do nº de sessões por dia da semana Tabela 11 - Representação das Estatísticas relativas ao tempo total de treino semanal Tabela 12 - Estatísticas relativas ao tempo total de treino semanal Tabela 13 - Representação esquemática dos tempos (minutos) de cada sessão de treino semanal dos clubes inquiridos, tempo total semanal e nº de treinos por semana Tabela 14 - Representação esquemática do nº de treinos por semana, e da duração de cada sessão de treino Tabela 15 Matriz Correlacional entre as variáveis identificadoras Tabela 16 - Estatísticas relativas à elaboração do plano anual pelos treinadores Tabela 17 Matriz Correlacional entre as variáveis identificadoras e o grau de planeamento Tabela 18 - Estatísticas relativas à planificação dos vários fatores de treino por parte do treinador Tabela 19 Representação das estatísticas relativas à importância atribuída no seu modelo de treino de futebol aos fatores de treino por parte do treinador Tabela 20 Matriz Correlacional entre as variáveis da gestão multifatorial dos fatores de treino (consideração e importância atribuída aos fatores de treino) Tabela 21 - Estatísticas relativas ao planeamento de exercícios integrados ou não do fator de treino físico por parte do treinador IX

17 Tabela 22 - Estatísticas relativas ao planeamento de exercícios integrados ou não do fator de treino técnico por parte do treinador Tabela 23 - Estatísticas relativas ao planeamento de exercícios integrados ou não do fator de treino tático por parte do treinador Tabela 24 - Estatísticas relativas ao planeamento de exercícios integrados ou não do fator de treino psicológico por parte do treinador Tabela 25 - Estatísticas relativas ao planeamento de exercícios integrados ou não do fator de treino social/teórico por parte do treinador Tabela 26 Matriz Correlacional entre as variáveis da gestão multifatorial dos fatores de treino Tabela 27 Matriz Correlacional entre as variáveis identificadoras, grau de planeamento e gestão multifatorial dos fatores de treino Tabela 28 - Scores totais dos graus de planeamento e planificação integrada dos fatores de treino por parte dos treinadores X

18 INTRODUÇÃO não existe treinador que não pretenda ser o Deus de Laplace conseguir prever com uma certeza infitesmal a evolução do jogo, controlar esse sistema multivariável. Por isso, talvez se preferisse substituir a variabilidade pela estereotipia na expectativa de que as atitudes dos seus jogadores fossem previstas e articuladas com a máxima certeza, de que as propriedades topológicas do movimento que eles manifestam fossem as menos variáveis. Ele deve, no entanto, aperceber-se que a máxima estereotipia, correspondendo à mínima variabilidade, corresponde, também á máxima adaptabilidade Cunha e Silva, cit in Carvalhal (2002) Todos sabemos que a maioria dos sistemas de ensino com maiores taxas de sucesso escolar, na área do desporto, possui uma grande simbiose com o treino desportivo, falando todos o mesmo tipo de linguagem. Assim sendo foi nossa preocupação verificar se o paradigma vigente no sistema escolar era de certa forma seguido no treino desportivo. Assim consideramos que a elaboração deste trabalho nos servirá para, duma forma geral, verificar o modo/tratamento do processo ensino-aprendizagem desta modalidade no nosso contexto, bem como duma forma mais particular, me alertar quando um dia mais tarde entrar no sistema de ensino ter a clara noção das duas formas de encarar esta modalidade desportiva. Desta forma o nosso trabalho tem como pano de fundo e elabora-se tendo em conta três conceitos fundamentais: Planeamento do treino desportivo, perspetiva multidimensional e o sistema de crenças e convicções. Planeamento desportivo visto que é ele que permite redução de imprevisibilidade que leva a maior confiança, sentido de intencionalidade e um maior controlo do processo e eficácia do mesmo. Sendo condição dar-lhe também uma perspetiva multidimensional, visto que o Homem é um ser biopsicossocial, onde poderemos explorar diversas áreas. No entanto, estes 2 aspetos serão sempre consoante as suas convicções e crenças de cada treinador. É segundo elas que vão influenciar e se deixam influenciar. Pode-se definir o planeamento como o processo através do qual se pretende organizar o futuro, estabelecendo objetivos e implementando as estratégias necessárias para os alcançar. 11

19 Segundo a literatura, existem diferentes formas de planear, mas todas elas de acordo que essa planificação deverá passar por diversos níveis, do mais micro ao mais macro possível. Isto torna-se pertinente porque posteriormente, no nosso trabalho, scorizamos os diversos dados em escalas crescentes dão do lhe uma maior valorização à escala macro/sim/mais. Na longuíssima lista de desportos praticados nos nossos dias, há umas boas duas dezenas em que a bola é o objeto fundamental e o centro de todas as atenções. No entanto, ninguém estabelece confusões quando se utiliza a expressão jogar à bola : trata-se de uma única bola e um único desporto, o futebol. Por isso, e só por isso, alguém sentenciou: O Futebol carrega um pesadíssimo fardo: é o principal desporto do mundo. O Futebol afirma-se, cada vez mais, no domínio audiovisual, como o desporto mediático por excelência. O espírito olímpico puro e duro do barão Pierre de Coubertin não resistiria ao fascínio e, cada vez mais, aos interesses económicos do Futebol. Desta forma, Pacheco (2001) afirma que a importância que inquestionavelmente assume o ensino do Futebol na atualidade, exige por parte dos clubes, que lhe seja prestada uma maior atenção e coordenação, através da implementação de um modelo de formação, com programas, formas e métodos de treino adequados. O desporto sendo criação do homem, apareceu e desenvolveu-se simultaneamente com a civilização (Bayer, 1979, cit in, Castelo 1994), tornando-se nesse sentido, objeto do seu conhecimento. O conhecimento (entenda-se compreensão dos factos) e a prática do desporto constituem assim, a capacidade de se criar novos valores universais, que consubstanciam paralelamente com a construção de um novo sistema de convicções (Menaut, 1982, cit in Castelo, 1994). Assim, este trabalho é legitimado e justificado perante tal necessidade em perceber a forma como se encara o processo de treino, neste caso a nível distrital. Senão, atendamos às palavras de Braunstein & Pépin (1999), quando a maior parte das interrogações atuais nas ciências humanas respeitam a questão das origens e dos fundamentos. Por isso, questionar as origens e os fundamentos do Desporto é procurar a construção de modelos de gestão mais adequados ao novo espaço institucional que, connosco, emerge aqui e agora. Como já referimos o Futebol reclama, a todos os agentes que nele gravitam, uma cada vez mais responsabilização e competência, considerando as respetivas esferas de intervenção (Garganta, 1999, cit in Pacheco 2001). Podemos então afirmar, que aos treinadores exige-se 12

20 que fundamentem a sua prática em ideias próprias. É também isso que faz deles especialistas na matéria. Ainda, segundo o autor supracitado, um aspeto interessante que permite compreender melhor o papel o treinador no processo de treino desportivo, prende-se com as funções que este desempenha. A investigação centrada na atividade desenvolvida por estes agentes, com vista a melhorar a qualidade da sua intervenção, é fundamental e é nesse sentido que se justificam os estudos sobre o treinador, reconhecida que é a sua importância como líder ao nível do treino desportivo (Rodrigues & Alves, 2005, cit in Sequeira, 2005). Opina Ralph Sabock (1992) cit in Graça & Oliveira (1995), que treinar não é uma atividade que se possa fazer mecanicamente, visto que se baseia no relacionamento humano, com pessoas de diferentes tipos adultos e jovens, companheiros, treinadores, gente agradável, críticos, pessoas amigas, adversários e, convém não esquecer, pais de atletas. [ ] Trata-se de trabalhar com um conjunto de situações bastantes complexas, em que está envolvida a mais preciosa das riquezas os seres humanos cada um deles com as suas esperanças, os seus sonhos e os seus objetivos de vida. Ainda de acordo com o autor supracitado, aqueles treinadores que pensam poder ter um grande sucesso na sua atividade, só pelo conhecimento dos aspetos específicos da sua modalidade, correm o risco de vir a sofrer uma desilusão. Não é preciso ser um super dotado para descobrir uma maneira de marcar golos num jogo. Esta é a parte mais fácil da função! Aquilo que é preciso não esquecer é que, treinar é uma atividade em que estão envolvidas pessoas, pelo que pode acontecer que o fator condicionante de maior importância para o sucesso do treinador, venha a ser a sua capacidade de trabalhar com elas. Ora este aspeto já não é tão fácil quanto o anterior! No fundo, era isto que Mourinho cit in, Oliveira et al, (2006) refere quando se referia à sua descoberta guiada, o objetivo é que os jogadores percebam e acreditem no modelo de jogo, é fazerem algo por crenças própria, por sentirem que é a melhor forma de o fazerem e não porque alguém lhes disse vamos fazer assim. Eu sei onde é que quero chegar. Agora, em vez de lhes dizer nós vamos por ali, quero que sejam eles a descobrir esse caminho, interagindo duma forma modesta, motivadora e cativante para eles. Segundo Ralph Xaboco (1992) cit in Graça & Oliveira (1995), pouco importa a dimensão do conhecimento que o treinador possui se ele não for capaz de o transmitir aos seus atletas. Reside aqui o ponto crucial do exercício desta função. Sem a capacidade de entender os atletas e a posse de uma certa empatia para eles, o treinador que venha a agir de 13

21 uma forma mecânica, vai estar fortemente limitado no exercício das suas tarefas, situação que é particularmente verdadeira no caso do desporto, área onde as emoções humanas e a relação entre as pessoas, estão presentes de uma forma absolutamente decisiva. Outro aspecto significativo na vida de um treinador, será sempre o de operar uma análise permanente sobre o estado dos seus atletas. O efeito que pretendemos obter na equipa e nos atletas, muitas vezes, sem sabermos as razões objetivas, traduzem-se em efeitos secundários que se intrometem, como ervas daninhas num campo de flores (Carvalhal, 2002). Assim, Castelo (1994), refere que tudo o que perspetivamos e planeamos deverá ser colocado em equação a cada momento. Os planos de treino fazem sentido se estiverem sujeitos a constantes adaptações, só assim se tornam importantes. É então nesta perspetiva que os modelos representativos do processo de treino acabam por ser importantes, sendo de destacar nesta problemática o modelo dos fatores de treino. Nesse sentido, o nosso problema centrou-se no estudo do nível de preocupação com a planificação dos fatores de treino desportivo junto dos treinadores de futebol de 7 do concelho de Viseu pertencentes aos quadros da Associação de Futebol de Viseu. A escolha recaiu sobre os clubes do concelho de Viseu, que se inscreveram respetivamente nas diferentes séries dos campeonatos D e E da Associação de Futebol de Viseu, (Clube Futebol Os Repesenses, Lusitano Futebol Clube de Vildemoínhos, Casa do Benfica de Viseu, Viseu 2001, Asdreq - Associação Social Desportiva e Recreativa de Quintela de Orgens, Dínamo Clube da Estação, Viseu e Benfica de Viseu, Académico Clube de Viseu, Futebol Clube de Ranhados, Clube Futebol Os Viriatos, Associação de Solidariedade Social Recreativa e Desportiva de Vila Chã de Sá), uma vez que este assume-se como um espaço que interessa estudar no desenvolvimento do conhecimento sobre a gestão dos fatores de treino no futebol distrital infantil, ao qual temos acesso possível. Para Bompa (1990, p.51), existem cinco fatores fundamentais no treino: físico, técnico, tático, psicológico e teórico. A gestão dos fatores de treino (físico, técnico, tático, psicológico e teórico) pelo treinador desportivo é preponderante para se atingir os objetivos pretendidos no futebol. A sistematização dos referidos fatores serve para ajudar o processo de gestão de treino. Sendo um referencial importante na análise dos atletas, no diagnóstico e na prescrição da sua preparação, permite esboçar áreas mais específicas de preocupação e, assim, de intervenção pelo treino (Figueiredo, 2006). 14

22 Se por algum motivo os objetivos não estão a ser atingidos, o treinador terá de ter a perspicácia de reformular todo o plano de treino. No futebol a visão holística referente ao biopsico-social adapta-se perfeitamente aos fatores de treino em que bio corresponde aos fatores físico, técnico e tático, psico tem a ver com o fator psicológico e social refere-se ao fator teórico. O presente trabalho, estruturalmente, divide-se em duas partes lógicas: uma de natureza teórica, onde fazemos uma revisão da literatura, e outra de natureza empírica de recolha e tratamento de dados. Após terminada a revisão da literatura, procedeu-se à elaboração do projeto prático do estudo. Assim, começamos por escolher uma amostra de 40 elementos que corresponde á totalidade da população alvo. Para atingir o objetivo do estudo: conhecer, junto dos treinadores de futebol das diferentes séries da Associação de Futebol de Viseu, no escalão D e E, o nível de preocupação com a planificação dos fatores de treino desportivo (físico, técnico, tático, psicológico e teórico). Neste sentido foi elaborado um questionário com os devidos itens a avaliar, que depois de aferido foi aplicado à amostra: Avaliar o grau de planeamento e gestão multifatorial dos fatores de treino; Analisar o modo como as variáveis socioprofissionais e de perceção do contexto institucional se revelam influenciadores do grau de planeamento e integração dos fatores de treino. No final, foi realizada a análise e interpretação dos resultados dos dados dos questionários. 15

23 REVISÃO DA LITERATURA 1. O DESPORTO NA SOCIEDADE A compreensão que o treino é um fenómeno social, está demonstrada pelo facto de ser através do treino que o desporto hoje se vivencia em fenómenos mais institucionalizados. Se o Desporto é um Facto Social no conceito sociológico de Durkheim (1895), é também um Fenómeno Social Total (Mauss, 1950; Gurvich, 1968, cit in Figueiredo 2006) explicável e compreensível à luz da ciência. O desporto é uma criação do homem, que apareceu e se desenvolveu simultaneamente com a civilização. O conhecimento e a prática do desporto constituem atos de cultura; a cultura desportiva tal como a cultura física representa domínios da cultura material e espiritual universal (Teodorescu, 2003). Como facto social, engloba um conjunto de maneiras de agir, pensar e de sentir (Durkheim, 1895, p.30) que, com uma existência própria, independente das suas manifestações individuais, exercem uma coerção exterior sobre o indivíduo (Ibidem, p. 39), seja ele agente desportivo direto ou não. Os grupos ou organizações no desporto são entidades identificáveis, com uma existência própria, para além dos indivíduos que as integram. Se Durkheim considerou a realidade social como uma realidade específica e irredutível a qualquer outra, Mauss (1950) cit in Figueiredo (2006) desenvolve a ideia de que os factos sociais são fenómenos totais, cujos diferentes aspetos perdem o seu sentido logo que os isolamos, negando assim a nefasta teoria do fator predominante (Gurvich, 1968, cit in Figueiredo, 2006, p.25). As teorias unilaterais ou as teorias dos fatores predominantes consistem em se escolher, entre as causas ou os motivos de fenómenos sociais, um que se promova à categoria de causa universal. O grupo, a equipa, o clube, a associação, a federação, a confederação, enfim, a instituição identificável num desporto organizado, dá, por um lado, sentido completo ao Desporto como fenómeno social total, mas necessita, por outro lado, de ser estudada nos limites da sua totalidade: como modalidades desportivas concretas. 16

24 É dos grupos de praticantes e competidores de cada uma das múltiplas modalidades que as instituições surgem e se desenvolvem. A política desportiva mais ligada ao Estado olha para a diversidade e encontra o fator predominante, de forma a poder melhor gerir essa diversidade, criando estruturas macro de gestão do Desporto. Opina Figueiredo (2006, p.26) que o próprio Desporto complexifica-se epistemicamente na sociedade em que se desenvolve. Nesse sentido, como toda a cultura refere parcialmente o mundo do Homem, a interpretação dos modelos próprios de diferentes culturas ajuda-nos a encontrar modelos mais adequados para o humano hodierno: transcultural; trans-parcial. Se hoje o Desporto dá lições à liderança no mundo dos negócios como uma rica metáfora de exame (Westerbeek, 2005 cit in Figueiredo, 2006, p.26), sem dúvida que a sua globalização não deixa de ter em conta a sua natureza cultural essencial. Foi o elogio da natureza anti neutral da Educação Física e do Desporto que se tornou a essência das problematizações atuais nestes domínios de atividade e, pelo seu enquadramento epistémico, também na cultura contemporânea onde se inclui a conceção científica moderna emergente dos séculos XVII e XVIII, consolidada com o positivismo do século XIX (Figueiredo, 1996, p.58). O treino desportivo materializa-se assim em olhar de forma complexa para o movimento humano desportivo, sem desprezar completamente as várias dimensões possíveis na matriz do desporto que se referencia também na da motricidade humana. Neste contexto, o objeto de estudo mais macroscópico para a interpretação da complexidade do treino desportivo é a compreensão da Motricidade Humana que também é o objeto de estudo nos domínios da biomotricidade, psicomotricidade e sóciomotricidade. Os contextos diversos do seu estudo são essencialmente, com Parlebas (1999, cit in Figueiredo, 2006) os do trabalho (ergomotricidade) ou os do lazer (ludomotricidade), de entre os quais, o contexto mais institucional hodiernamente é o desporto. 17

25 2. A MATRIZ DA MOTRICIDADE HUMANA A Motricidade Humana acompanha o movimento de integração de um indivíduo na sociedade inerente à realidade em constante mudança (Sérgio, 1987 cit in Figueiredo, 2006). A palavra desporto, com origem latina, pode provir da expressão de-portare referente aos jogos fora das portas da cidade (Cagical, 1966, cit in Figueiredo, 2006), ou do francês antigo déport ou desport, que se conota com atividades sem porte e que Magalhães (2003, cit in FIGUEIREDO (2006) faz questão de esclarecer como sem cobrança, gratuita por si mesma (lúdica). Este mesmo autor identifica a provável linhagem do latim tardio desportare, diportare com o significado mais comum ( ) de divertimento, recreação, decerto modo oposto a suportar (IBIDEM). É assim, a dimensão projeto, e a motivante natureza intencional que fazem o homem transcender-se na sua operacionalidade em contextos diversificados, como seja o contexto do Desporto (sistema desportivo), o contexto da Educação Física e Desportiva (sistema educativo), entre outros. Encarando o treino desportivo como constructo situacional de desenvolvimento humano em grupo, importa perceber aquilo que podemos aproveitar e aquilo que podemos rejeitar para manter-mos o nosso projeto de desenvolvimento humano, olhando para as atividades motoras sem reducionismos fronteiriços, sem ficar demasiado apegados ás etiquetas que vão sendo impostas, assim como modificadas (Figueiredo, 1996). A clarificação de uma matriz teórica pode ajudar a compreender o espaço livre para as diversas conceções sem qualquer interesse uniformizador mas apenas esclarecedor do enquadramento conceptual acima referido. Figura 1 - Matriz Referencial da Motricidade Humana (baseado em Figueiredo, 1994b; 1995) cit in Figueiredo 2006, p. 36 PÁGINA 18

26 A transcendência biopsicossocial promovida pela gestão adequada das dimensões lúdica, institucional, motora e agonista, num espaço integrado do Homem holístico, caracteriza a pós-modernidade em áreas de intervenção social com o Desporto, seja no sistema educativo seja no desportivo, em relação epistémica com outras áreas de intervenção sobre a motricidade humana (Educação Especial e Reabilitação, Medicina, Etc.). É neste sentido que se faz a integração e superação do sinto, logo existo, tal como se faz em relação ao penso, logo existo. No Desporto pós-moderno olha-se para a tarefa motora ou exercício físico como instrumento fundamental para gerir a natureza intencional do sujeito de prática na sua globalidade. Porque há virtualidade e atualidade no movimento, são intencionalmente geridos os estímulos nele implícito, inclusivamente os sensitivos e cognitivos (penso e sinto enquanto me movo intencionalmente) (Figueiredo, 2006, p.37). Assim sendo, em coerência de paradigma, damos primazia ao movo-me, logo existo 1. Não é que o sistema motor, em relação ao sistema sensorial ou cognitivo, esteja primordialmente envolvido no que entendemos fundamento da existência. É apenas porque, nas nossas áreas, o objeto de estudo é fundamentalmente a Motricidade Humana e através da ação, se intencionalmente assumida, cognição 2 e sensorialidade 3 estão certamente em evidência. Assinale-se que não se trata de um absolutismo da qualidade ou da quantidade da mobilidade ou motilidade ou ainda da operacionalidade atuante que ali importa realçar. Essencialmente importa elogiar a intencionalidade operante rumo à transcendência, ou seja, à passagem do virtual ao atual. Por outro lado, não é o movimento isolado que fundamenta o Homem biopsicossocial. É na transcendência do virtual ao atual estimulada em tarefas motrícias intencionalmente geridas enquanto professores ou treinadores que tocamos na Acão, Emoção e na Razão elogiadas por Damásio (1995) cit in Figueiredo, (2006). Operacionalmente, essas maneiras de pensar, sentir e agir evidenciam-se nas operações de co-implicação através das normas, valores e símbolos assumidos em comunidade. 1 Citando Manuel SÉRGIO, Movo-me, logo existo: há assim uma ínsita garantia de que a motricidade sugere aspectos essenciais da existência e é, com toda a certeza, a sua expressão mais imediata. (SÉRGIO, 1987, p. 15) 2 Pensamento também. Integrando a cognição em complexas elaborações mentais, num mundo interno e subjectivamente virtual. 3 Sentimento também. Integrando a sensorialidade com as emoções, ou seja com o seu sentido subjectivo quer centrifuga, quer centripetamente. 19

27 Figura 2 Integração Cultural cit in Figueiredo 2006, p. 37 Movo-me, logo existo! Há aqui, na expressão que Sérgio cit in Figueiredo (2006) diz com frequência há já 30 anos, uma clara mudança de paradigma a que a Educação Física e o Desporto não podem ficar indiferentes, se não fora por mais, pelas três razões que, de forma indicial, enunciamos: Assume a morte do paradigma cartesiano na Educação Física; Faz do movimento intencional visando a transcendência (a que Manuel Sérgio chama Motricidade Humana) um processo e não um facto; Assinala que há uma história corporal do conhecimento. Assim sendo, o conceito de Motricidade Humana (intencionalidade operante) assume a sua função plena de campo e natureza das condutas motrizes de Parlebas (1999, cit in Figueiredo, 2006), que, do nosso ponto de vista, deve ser assumido como campo e natureza das condutas motrícias 4 e, assim, poderá ser definido como intencionalidade motrícia. As operações paradigmáticas penso logo existo, sinto logo existo e movo-me logo existo, obtêm, no nosso modelo (Figueiredo, 1996), um quadro referencial institucional mais atual com o estou implicado logo existo. É hoje tempo de integração do pensar, sentir e agir do indivíduo co-implicado culturalmente. 4 Pierre PARLEBAS no seu lexique de praxéologie motrice, publicado sucessivamente desde 1981 e mais recentemente com o novo título (Jeux, Sports et Sociétés), distingue o termo moteur de motrice. Este último, dado o aspecto relevante atribuído à intencionalidade e ao sentido atribuído pelo sujeito actuante em motricidade, deverá aqui, e em coerência com Eugénia TRIGO na esteira de Manuel SÉRGIO, ser traduzido por motrício, apesar dos dicionários apontarem para motriz, do latim e francês motrice. Motrício está para a motricidade como motor ou motriz estão para a mobilidade. Do nosso ponto de vista, dever-se-á evoluir para uma especificidade de léxico com base na hipótese de que o motor tem a ver com o observável sendo claramente referenciável ao bio (biofisiológico, biomecânico e bioinformacional) enquanto que o motriz poderá ter a ver com o referenciável ao psico e ao sócio. Assim, o pano integrador da motricidade terá, hipoteticamente, a adjectivação predominante de motrício: inclui motor e motriz, a um só tempo, superando-os do observável e compreensível ao interpretável o lado escondido; o outro lado. 20

28 Assim sendo, às origens e aos fundamentos do Desporto como contexto de estudo das ciências humanas, junta-se a eterna pergunta sobre o seu sentido. Mais do que o lado operacional na motricidade humana, que é o lado motor expresso em contexto desportivo propriamente dito, temos o seu sentido intencional que nos intriga fundantemente. Trata-se de captar o sentido latente, o não expressado na ação motora, o não feito. Trata-se de olhar para o ato motor como conduta motrícia que integra o motor e o não motor, estando o motor para a mobilidade como o motrício está para a motricidade. Também nós nos juntamos a Trigo (1999), cit in Figueiredo (2006), na criação do termo MOTRÍCIO/A para adjetivar a motricidade. No entanto, é preciso não se confundir a categoria da intencionalidade inerente à interpretação da conduta motrícia como se fosse um pressuposto de que a motricidade depende exclusivamente da vontade do seu agente. Assumindo o postulado evidenciado por Bouthoul (1966) cit in Figueiredo, (2006) de que a qualquer ciência do homem [ ] se reserva o direito de compreender os fenómenos melhor do que aqueles que os vivem, numa atitude cientificamente vigilante portanto, devemo-nos interrogar constantemente se uma realidade mais profunda não se esconde sob as aparências imediatas (Bouthoul (1966) cit in Figueiredo, (2006). É assim que o conceito de ação motrícia 5, numa perspetiva de ação-fenómeno, de ação-sistema (Parlebas (1999, cit in Figueiredo, 2006), emerge como integrador do conceito de conduta motrícia, símbolo do ponto de vista do sujeito em ação. 5 Acção com Paul RICOEUR (orig: 1977, 1988) e o seu Discurso da Acção. Motrícia com Manuel SÉRGIO explicitado em Eugénia TRIGO (1999) 21

29 3. TREINO DESPORTIVO 3.1. Definição O termo treino, tal como acontece com muitos outros, não tem um só significado. No seu sentido mais amplo relaciona-se com qualquer processo de exercícios, de aprendizagem, ainda que a essência concreta do exercício possa ser completamente distinta (Matvéiv, 1990, p. 13). A noção de treino, é empregue nas mais variáveis áreas, abrangendo um processo que, através de exercícios, visa atingir um nível mais elevado na área do objetivo previsto (Castelo et al, 2000, p.5). Para Matvéiv (1990) o treino desportivo, como fenómeno pedagógico, é o processo especializado da educação física orientado diretamente para a obtenção de elevados resultados desportivos. Quer dizer, trata-se do processo da educação física «através do desporto», por meio do desporto. É importante ter aqui em consideração que o desporto, no seu aspecto pedagógico, não constitui um fim em si mesmo, mas sim um meio de educação, de melhoria da saúde e de preparação para a vida. Já para Alves (2001, p.1), a noção de treino está, fundamentalmente, ligada a duas ideias principais: - Ao trabalho a realizar num determinado campo de atividade para se conseguir um nível de eficácia elevado. Esta ideia aparece normalmente associada a uma prática de repetição de tarefas, muitas vezes apresentadas segundo sequências facilitadoras, organizadas de acordo com uma lógica de dificuldade crescente. - Ao processo de preparação para um qualquer acontecimento que exija grande concentração por parte do indivíduo ou uma utilização dos recursos físicos e psíquicos de grande exigência. Desta forma, o mesmo autor refere que o treino desportivo abarca estas duas ideias e subordina-as a um propósito principal: a obtenção do máximo desempenho desportivo. Entende-se por desempenho desportivo, também conhecido pelo termo inglês performance, o resultado, obtido em competição, que expressa as possibilidades máximas individuais numa determinada disciplina desportiva, num determinado momento de desenvolvimento do atleta e da época de preparação. 22

30 O treino é definido por Castelo et al (2000), como sendo um processo pedagógico que visa desenvolver as capacidades técnicas, táticas, físicas e psicológicas dos praticantes através da prática sistemática e planificada do exercício, orientada por princípios e regras devidamente fundamentadas no conhecimento científico. Acrescenta, Castelo et al (2000), cit in Gomes (2004), que o treino desportivo se liga indissoluvelmente ao fenómeno desportivo e é condição essencial ao cumprimento de uma das facetas definidas deste fenómeno: a superação. De facto, universalmente o treino desportivo tem como um dos seus objetivos obter um rendimento desportivo máximo. Para Barbanti (1997) cit in, Gomes (2004), o Treino Desportivo define-se como um processo organizado e conduzido com base, em princípios científicos que visa estimular modificações funcionais e morfológicas no organismo para elevar a capacidade de rendimento do desportista. Por outro lado, para Matvéiv (1990), a preparação física, técnico-tática, intelectual, psíquica e moral do desportista, através de exercícios físicos, é definida como Treino Desportivo, que constitui a forma principal da preparação do atleta, mas não os esgota. Quando se fala em treino desportivo, portanto, estamos sempre a colocar a questão de uma preparação ótima e sistemática para a competição. Não existe treino desportivo sem um quadro competitivo definido e regulamentado que enquadre, do ponto de vista das dinâmicas sociais, esta prática. Daí que Alves (2001, p.1), considere que, se bem que não exista desporto, ou treino desportivo, sem a competição, também não se poderá falar em treino desportivo quando este não é firmemente orientado segundo uma perspetiva pedagógica e formativa tendo em vista o desenvolvimento pessoal de cada praticante. Consideramos, então o treino desportivo como um processo pedagógico complexo, porque aquilo que o treinador tem que fazer, essencialmente, é, de um modo apropriado e bem adaptado às capacidades e fraquezas de cada um, ensinar novas destrezas e formas de obter sucesso na competição, desenvolvendo, simultaneamente, a capacidade de trabalho e de entrega do praticante, o espírito de equipa e a aptidão de cooperação, a vontade de superação. O treino desportivo, segundo Alves (2001, p.2) conduzido adequadamente enquanto processo pedagógico é, também, um fator de enriquecimento cultural e um estímulo para o desenvolvimento intelectual e cognitivo. De acordo com Mesquita (2000) cit in Gomes (2004), o treino desportivo constitui um processo complexo, no qual o produto final resulta da convergência de múltiplos fatores, cuja 23

31 explicação e entendimento radicam não apenas no domínio do conhecimento, mas também na arte e na intuição do treinador. Desta forma, podemos concluir que a quantidade enorme de fatores com que se lida no dia-a-dia do treino desportivo fazem dele, também, um fenómeno complexo, que exige, para que seja bem-sucedido, saber e experiência por parte do elemento orientador e condutor deste processo: o treinador. Já Verjoshanski (1990) cit in Gomes (2004), refere que o treino é um processo pedagógico complexo, com aspetos muito variados que têm uma forma específica de organização que o converte numa ação sistemática, complexa e global, sobre a personalidade e sobre o estado físico do sujeito. O treino desportivo procura pois, estabelecer pelos seus efeitos, uma adaptação dos praticantes às condições que lhe são impostas pela competição, de modo a assegurar uma eficiência máxima com um dispêndio mínimo de energia e uma recuperação rápida. Em suma, podemos dizer que um treinador que orienta um treino desportivo na sua gestão, visa sempre a eficiência e eficácia. O objetivo do treino desportivo é a melhoria das metodologias de aplicação dos estímulos e da capacidade de prognose dos seus efeitos sobre a prestação, enquadrados sempre numa visão interdisciplinar que tem em conta os diversos aspetos fisiológicos, psicológicos, pedagógicos, culturais e sociológicos entre o atleta e o treino (Manno, 1987) cit. in Carvalhal (2002). Segundo Tavares, & Faria, cit in Oliveira & Tavares, (1997, p.3), ao nível do processo de treino desportivo a maior parte dos atletas tem sido sujeitos à realização constante de exercícios físicos, sendo poucos os treinadores que se preocupam com o desenvolvimento dos aspetos cognitivos ou mentais dos seus atletas. Isto resulta claramente de um entendimento construtivista da estrutura de rendimento entre as suas diferentes dimensões: energéticas/funcionais, coordenativas, cognitivas e emotivas. Contudo, atualmente, há a necessidade inadiável de que esta perspetiva construída a partir de um paradigma disjuntivo, seja rapidamente superada. Tal atitude parece-nos perfeitamente possível e ao nível dos Jogos Desportivos Coletivos (J.D.C.) o elemento chave desta eventual mudança de paradigma será o do claro entendimento do objeto empírico de estudo, isto é, a ação de jogo em si mesmo. 24

32 3.2. Objetivos do treino desportivo Bompa (1999) cit in Dias & Figueiredo (2002), considera que os objetivos gerais do treino desportivo são: 1. Desenvolvimento específico das aptidões e capacidades O treino está centrado na preparação para a competição. Neste sentido, ele procura, em primeira instância, otimizar as aptidões que mais influências terão nos resultados desportivos. Isto implica uma integração dos vários fatores do treino, sendo o treino das qualidades físicas o suporte para um melhor aprofundamento das habilidades técnicas e uma melhor capacidade concretização dos procedimentos táticos. 2. Desenvolvimento físico multilateral Apesar do anterior, é reconhecida a necessidade de uma base alargada de adaptações orgânicas e de um repertório motor vasto e variado para melhor responder às necessidades da preparação especializada. Esta temática é nuclear no âmbito da formação desportiva inicial e relaciona-se, naturalmente, com a manutenção do estado de saúde do atleta e da prevenção de lesões. 3. Desenvolvimento psicológico Neste campo fala-se muitas vezes das qualidades volitivas : disciplina de treino e de comportamentos em competição; confiança; coragem; vontade de vencer; gosto pela superação individual. 4. Espírito de equipa Surge como necessidade em todos os desportos, sejam coletivos ou individuais. Tem a ver com a criação de uma cultura de grupo propiciadora de coesão interna e com amplas consequências no campo da motivação, portanto, influenciando grandemente a otimização dos resultados desportivos e a longevidade da carreira do atleta. 5. Estado de saúde do atleta A manutenção em estado ótimo da saúde do atleta e prevenção cuidadosa de todos os fatores de risco são preocupações centrais num programa de treino desportivo bem organizado e com impacte social. A consideração de fatores como a recuperação física, a integridade dos equipamentos, a organização dos exercícios, e muitos outros, podem ser incluídos neste quadro. 25

33 6. Prevenção de lesões Este objetivo, ligado ao anterior, reveste-se de um carácter mais restrito e detalhado, uma vez que diz respeito, muito especialmente à organização dos exercícios de treino e ao suporte articular e muscular envolvido, que deve estar plenamente assegurado. Pode ter uma importância específica no atleta jovem principalmente em disciplinas desportiva onde o impacto físico e o contacto entre oponentes é mais habitual. 7. Bases teóricas A atividade do treino deve ser acompanhada pela exposição e discussão sobre os procedimentos e seus fundamentos. Não é aceitável que um atleta não saiba distinguir um esforço de base aeróbia de um outro de velocidade e que não entenda quais os mecanismos subjacentes. Esta questão alarga-se aos domínios técnicos e táticos, assim como à relevância de muitos fatores psicológicos, entre eles o controlo da ansiedade pré-competitiva Princípios do Treino Desportivo O planeamento do Treino Desportivo marca o processo racional de antecipar finalidades e objetivos, de estabelecer as tarefas e os recursos para os atingir e de avaliar esse percurso (Dias & Figueiredo, 2002, p. 3). De acordo com os mesmos autores, o Treinador deve perceber que o trajeto de melhoria pela prática tem raízes fundantes, como por exemplo os estádios de evolução, mas também tem de perceber que existem hoje avanços indiscutíveis na área da metodologia do treino e do planeamento que convém ir conhecendo, estabelecendo como tarefa básica a redução do espaço que separa a ciência da prática (Raposo, 2000, cit in Dias & Figueiredo, 2002) Usando corretamente os princípios do treino, que advêm do relacionamento da teoria com a prática, criamos melhores condições de organização de todo o processo, desde o estabelecimento adequado das finalidades e objetivos até à avaliação do processo. Alves (2001, p. 14), afirma que os exercícios e o planeamento do treino devem obedecer a um conjunto de princípios de carácter biológico e metodológico que visam orientar a atividade prática no sentido de uma melhor eficácia na sua aplicação. 26

34 3.3.1.Princípios biológicos Sobrecarga O exercício de treino só poderá provocar modificações no organismo dos atletas, melhorando a sua capacidade de desempenho, desde que seja executado numa duração e intensidade suficientes que provoquem uma ativação ótima dos mecanismos energéticos, musculares e mentais. Implícita na própria noção de adaptação de treino está a ideia de que apenas estímulos que perturbem de uma maneira importante o equilíbrio metabólico ou de regulação de uma determinada função serão indutores do processo de reorganização interna conducente ao surgir de uma capacidade de resposta superior (Alves 2001, p. 15). Deste modo, podemos perceber que para que haja desenvolvimento de capacidades, o músculo ou o sistema visados, terão que ser solicitados para níveis de atividade não habituais. Uma carga de treino que procura efeitos máximos de adaptação terá que provocar perturbar o equilíbrio interno de um modo significativo, terá que constituir um fator de stress físico relevante. A ultrapassagem deste limiar criado pelas rotinas de treino será tanto mais difícil quanto mais evoluído for o estado de treino do atleta, daí a procura de cargas mais exigentes, pela sua quantidade, intensidade ou frequência, mas também pela sua especificidade e /ou carácter seletivo (Alves 2001, p. 15). Assim, por exemplo, se a prescrição do treino da força para um determinado indivíduo for realizar 5 repetições máximas (5 repetições com o máximo de carga possível) e se, na realidade, o peso levantado já não corresponder a essa intensidade, mas possibilitar a realização de, por exemplo, 8 repetições, então os músculos não serão sujeitos a sobrecarga e os efeito do treino não serão os esperados, ou seja, poderá permitir a manutenção de aquisições anteriores, o que é uma estratégia de treino possível, em determinadas circunstâncias, mas falhará o alvo se a intenção for o desenvolvimento da força. O mesmo se passará com o treina da resistência aeróbia. Para um atleta de fundo, treinar na zona do limiar anaeróbio é condição fundamental para aumentar a sua capacidade de desempenho a nível competitivo. Se as velocidades de corrida não acompanharem a evolução ocorrida nas adaptações aeróbias e neuromusculares provenientes das semanas anteriores de treino, as cargas tornar-se-ão irrelevantes para o fim em vista. (Alves 2001, p. 15). A noção de sobrecarga implica a adequação das cargas de treino a par e passo com a mutação constante da capacidade máxima do indivíduo, ou seja, leva à organização de uma 27

35 progressão dos exercícios de treino no que diz respeito às componentes da carga, noção que será explicitada mais à frente (princípio metodológico da progressão das cargas de treino). Compreender o princípio da sobrecarga exige levar em consideração o facto de o processo de adaptação ao treino incidir e reorientar a dinâmica de renovação contínua das estruturas biológicas. O organismo está em constante deterioração e reparação. (Alves 2001, p. 15). O estímulo de treino provoca danos específicos em alguns tecidos e provoca o desgaste das reservas celulares (substratos energéticos, água, sais minerais, etc.). Quando finalizamos uma sessão de treino e saímos do campo, da pista, ou da piscina, não estamos mais aptos mas mais fracos. O grau de debilidade relativa atingido depende da quantidade e da exigência do exercício. Após a sessão, no entanto, e segundo Alves (2001), se for proporcionado um tempo adequado de recuperação, o organismo ajustar-se-á através do processo de supercompensação e preparar-se-á, deste modo, para o próximo estímulo ou conjunto de estímulos. Existe um nível de carga ótimo, em cada situação, para cada atleta, que será aquele que melhor estimulará o organismo no sentido de obter as adaptações desejadas. A regra deverá ser de realizar o menor treino possível que permita atingir os objetivos em vista. (Alves 2001, p. 15). Deste modo, Alves (2001, p. 16), defende que o treino não é, assim, um fim em si próprio mas um conjunto de procedimentos considerados necessários para elevar a capacidade de desempenho competitivo. Por outro lado o mesmo autor, afirma que um nível de carga excessivo é aquele que ultrapassa a capacidade de resposta do atleta nesse momento, implicando níveis muito elevados de fadiga, desmotivação e, muitas vezes, abandono da modalidade. Níveis de carga fracos não têm provavelmente qualquer efeito. No entanto, por vezes é conveniente aplicar cargas deste tipo como recuperação ativa ou por outras razões. Existe, no entanto, um nível médio, inferior ao ótimo, que é muito utilizado em treino em tarefas variadas de estabilização das aquisições e do nível de fadiga atingido. Pode-se dizer que os níveis de carga média e ótimo alternam constantemente e constituem a quase totalidade da estimulação de treino. (Alves 2001, p. 16). 28

36 Especificidade A especialização é o elemento fundamental para o sucesso num desporto ou especialidade, sendo multifactorial. Além de física, é também técnica, tática, e psicológica. (Dias & Figueiredo, 2002, p. 3). Figueiredo (1996), na esteira de Bompa, referencia mais um fator: teórico. Este vem sendo explicitado em condicionantes socioculturais. A natureza da carga associada a um determinado exercício condiciona os sistemas solicitados, a tipologia de recrutamento muscular e a resposta neuro endócrina envolvida. O núcleo central da resposta do organismo a uma carga de treino passa por 4 níveis básicos (Viru, 1996 cit in Alves, 2001): a estrutura muscular utilizada, a resposta hormonal específica, a ativação seletiva de órgãos e sistemas e o controlo (direto ou indireto) do movimento por parte do sistema nervoso central. Para Alves (2001) um exercício de treino tem sempre um impacto definido no organismo do atleta, que depende das suas características no que diz respeito à sua estrutura (movimentos utilizados) e às componentes da carga que lhe estão associados (volume e intensidade, fundamentalmente). Assim para este autor, a partir do momento em que o treino desportivo passou a ser considerado como um sistema de implicação global integrando muitos e variados elementos de uma forma estruturada e progredindo para objetivos claramente enunciados, a orientação que a ele preside passou a constituir-se a partir da preocupação da adequação dos exercícios ao sistema energético e ao gesto desportivo utilizados no desempenho competitivo. O princípio da especificidade é aquele que impõe, como ponto essencial que o treino deve ser concebido a partir dos requisitos próprios do desempenho desportivo em termos de qualidade física interveniente, sistema energético preponderante, segmentos corporais e coordenação motora utilizados. (Alves, 2001, p. 17). Este princípio refletir-se-á em duas amplas categorias de fundamentos fisiológicos: os aspetos metabólicos e os aspetos neuromusculares. De acordo com o princípio da especificidade, as adaptações decorrem das características espacio-temporais do movimento realizado ou seja, dos grupos musculares mobilizados e dos ângulos articulares utilizados mas também da intensidade do exercício com a solicitação metabólica que lhe é inerente. (Alves, 2001, p. 17). Podemos então concluir, que daqui decorre, naturalmente, que um exercício para o desenvolvimento da força terá uma estrutura diferente de um exercício para a estimulação da velocidade máxima. 29

37 A estrutura do movimento utilizado num exercício determina, então, sobre que músculos incidirá o estímulo de treino, em que grau de importância e qual o tipo de recrutamento dos vários tipos de fibras musculares (desempenho neuromuscular) (Alves, 2001, p. 17). Tal como, Dias & Figueiredo (2002), referiram, em grande parte das disciplinas desportivas, o treino da força muscular é parte integrante dos programas de treino, com o intuito de contribuir para a evolução do desempenho competitivo. Para que o aumento da força tenha um impacte real no desempenho, no entanto, teremos que assegurar que, pelo menos, parte desses exercícios se aproximem das condições próprias de execução do ponto de vista muscular e energético. Só assim poderemos assegurar, para a totalidade do programa de preparação, níveis elevados de transferência das adaptações metabólicas e neuromusculares conseguidas para a eficácia do gesto técnico usado na competição. Perante isto, poderemos afirmar que esta será uma preocupação constante de todos os treinadores em qualquer modalidade desportiva. Dominar o princípio da especificidade na construção de exercícios de treino significa adequar a estrutura e as componentes da carga aos objetivos definidos para esse mesmo exercício. (Alves, 2001, p. 18). Neste sentido, é necessário trabalhar com zonas de intensidade bem definidas, estimulando adequadamente os vários sistemas energéticos, as capacidades do atleta que se pretendem desenvolver a força, a velocidade, a resistência ou a flexibilidade, nas suas várias subdivisões ou, a outro nível, a técnica e a preparação tática para uma competição. (Alves, 2001, p. 17) Reversibilidade Segundo Alves (2001, p.16), o organismo humano, apesar de níveis elevados de redundância, próprios de todos os seres vivos, apresenta um grau elevado de eficiência e economia. O ferro e os constituintes proteicos dos milhões de células sanguíneas que colapsam diariamente são quase completamente reutilizados para a montagem de novas células. As proteínas que se tornam desnecessárias deixam de ser sintetizadas, assim como a sua retenção. A consequência do dinamismo das estruturas orgânicas para o atleta é a rápida reversibilidade das adaptações de treino uma vez interrompida a atividade sistemática de preparação (Alves, 2001, p. 16). 30

38 Assim, o músculo-esquelético hipertrofia como resposta a um determinado de atividade regular e contínua e atrofia quando o treino para. Do mesmo modo, os ganhos em mobilidade articular obtidos e mantidos ao longo de vários meses de treino regular de flexibilidade perdem-se com a interrupção dos respetivos exercícios. Para Alves (2001) todas as alterações do organismo conseguidas através do treino têm uma duração definida. Isto significa que são transitórias e necessitam de um trabalho contínuo de solicitação para se manterem. É claro que há adaptações mais duradouras que outras, como veremos já de seguida. Acontece, também, que muitas das adaptações de treino, principalmente aquelas provenientes dos efeitos acumulados da carga, que implicam alterações estruturais no organismo, têm um certo grau de permanência e, mesmo após períodos relativamente prolongados de destreino, não retornam exatamente ao nível inicial. (Alves, 2001, p. 17). No entanto, níveis elevados de capacidade de desempenho necessitam de uma solicitação contínua dos seus fatores determinantes sob pena de ocorrer perda de uma ou mais capacidades e o consequente abaixamento da forma desportiva, ou seja, da capacidade de realizar boas marcas em competição. O princípio da reversibilidade do treino declara que, do mesmo modo que a atividade física regular resulta em adaptações fisiológicas determinadas que permitem melhores desempenhos desportivos, assim interromper ou reduzir de um modo importante o nível de treino leva a uma reversão parcial ou completa destas adaptações, comprometendo a capacidade de desempenho anteriormente mostrada. (Alves, 2001, p. 17). Desta forma, Alves (2001) afirma que durante um período de interrupção da atividade em atletas bem treinados observam-se alguns efeitos no desempenho, designados por destreino, e que constituem processos de reversão das adaptações orgânicas provocadas pelo exercício sistemático. Então, para Alves (2001) os efeitos mais óbvios são: A rápida redução do VO2max, do desempenho aeróbio e do limiar anaeróbio. Isto poderá estar dependente da dinâmica das alterações na atividade enzimática e no volume sistólico (Coyle et al., 1984,cit. in Alves 2001,p.17). Um decréscimo de 12% no volume sistólico pode ocorrer após 2 a 4 semanas de destreino, sendo acompanhado por um decréscimo da atividade das enzimas oxidativas mitocondriais SDH e oxidase citocrómica (Wilmore & Costill, 1999, cit. in Alves 2001,p.17). 31

39 A perda das adaptações anaeróbias é mais lenta. No que diz respeito às enzimas chave do processo glicolítico, foram registadas diferenças mínimas da sua atividade mesmo após perto de 3 meses de destreino. Isto não significa que o desempenho não sofra quebras significativas, pois este depende de muitas outras variáveis. (Mujika & Padilla, 2000, cit. in Alves 2001,p.17). É provável que muitos atletas consigam manter o fundamental das suas adaptações aeróbias durante um período longo de tempo apesar de uma redução significativa da carga de treino. Para que isso aconteça, será conveniente manter alguma estabilidade ao nível da intensidade, reduzindo-a não mais de 20%, preservar uma frequência de treinos semanais ainda importante (não reduzir mais de 30%, ou seja, repousar 2 a 3 dias por semana em vez de um) e, deste modo, reduzir significativamente o volume, até 70-80% do que o atleta vinha fazendo no período imediatamente anterior. (Alves, 2001, p. 17) Heterocronismo O heterocronismo manifesta-se pela diversidade da duração inerente ao processo de evolução das diferentes componentes do desempenho, em função das transformações ocorridas no organismo decorrentes da solicitação seletiva de órgãos e sistemas pelas cargas de treino (Verchoshanski, 1989, cit. in Alves 2001,p.17). Existem capacidades que necessitam de um tempo longo de estimulação para que ocorra supercompensação, enquanto outras reagem num período de tempo relativamente curto. (Alves, 2001, p. 17). Por exemplo, a resistência aeróbia exige, pelo menos, 20 a 40 dias de solicitação sistemática para atingir valores elevados, enquanto que algumas adaptações neuromusculares, como a força rápida, podem sofrer acréscimos importantes num período de tempo mais restrito. Este fenómeno, como refere Alves (2001, p.18), representado pelos tempos diferenciados exigidos por cada capacidade para que se atinjam níveis de adaptação importantes, é designado por heterocronismo das funções biológicas. Desta forma, este autor considera que o seu conhecimento, pelo menos nos seus traços gerais, é fundamental para uma correta programação do treino, principalmente ao nível da construção da semana de treino (o microciclo) como da conceção da distribuição das cargas de diferente natureza ao longo da época competitiva de modo a conseguir efeitos máximos e conjugados de adaptações que terão que estar presentes nos momentos mais importante em termos competitivos, ou seja, nos chamados picos de forma. 32

40 O heterocronismo dos processos de recuperação e de supercompensação das várias capacidades e funções fisiológicas, surge também na velocidade com que as adaptações se perdem com a interrupção ou a diminuição da carga de treino, temática já referida no âmbito do princípio da reversibilidade (Alves, 2001, p. 18). Por outras palavras, a relação existente entre tempo de aquisição e tempo de regressão depende de capacidade para capacidade. As aquisições técnicas são aquelas que parecem ser mais estáveis, podendo durar para toda a vida, independentemente do nível das capacidades físicas. Por outro lado, pode-se considerar como uma regra geral que as capacidades mais facilmente treináveis, ou seja, aquelas cuja evolução é mais rápida em resposta aos estímulos de treino, são também as que se perdem e recuperam com maior facilidade. (Alves, 2001, p. 18). Neste contexto, podemos afirmar que: - as cargas de grande volume e de pequena intensidade têm um efeito de treino mais prolongado; - as cargas de grande intensidade e de pequeno volume têm um efeito mais breve; - as aquisições que levam mais tempo a ser obtidas, mantêm-se durante mais tempo; - o decréscimo dos efeitos da adaptação da carga será tanto maior quanto menos consolidados estiverem os níveis de adaptação Princípios metodológicos Relação ótima entre o exercício e o repouso O exercício físico, através da estimulação eficaz que realiza sobre o organismo de um atleta, está na origem dos efeitos de treino. A carga, ou seja, o conjunto organizado de exercícios de treino, é o fator complexo e global que provoca as adaptações ou efeitos crónicos do treino. Mas a carga e os seus efeitos devem ser considerados em ligação direta com os processos de recuperação. (Alves, 2001, p. 19). Segundo este autor, a identidade da carga e a sua natureza sofrem modificações com a variação dos tempos de recuperação que lhe estão associados. Assim, para Alves (2001, p.19), torna-se fundamental que a dinâmica cargarecuperação é uma das chaves da totalidade do processo de treino, o que significa que, tal como a carga de treino tem que ser adequada e ajustada individualmente, também a natureza e 33

41 a duração dos períodos de recuperação deverá ser cuidadosamente pensada, de modo a tornar ótimo o rendimento do atleta em todas as circunstâncias. Assim podemos afirmar que perante as palavras de Alves(2001), o efeito de uma relação entre carga e recuperação poderá ser a acumulação de fadiga que se pode tornar, em certos casos, como um fenómeno crónico, ou seja, de natureza patológica. A fadiga crónica provocada pelo treino, também chamada de sobre treino, estado que implica uma incapacidade de adaptação e superação por parte do atleta, com o consequente abaixamento da capacidade de desempenho em treino e competição e consequentes efeitos psicológicos de desmotivação e tendência para o abandono da modalidade, tem como principal razão uma deficiente gestão dos tempos de esforço e de recuperação, ou seja, um mau planeamento do treino. (Alves, 2001, p. 20). Assim uma boa prática de treino engloba tempos de recuperação adequados: suficientemente longos para permitir ao organismo reorganizar-se, adaptando-se, mas não tão longos que provoquem o retorno do organismo a níveis de resposta anteriores. Podemos então concluir que o princípio da relação ótima entre o exercício e o repouso diz respeito á determinação do tempo de intervalo mais conveniente entre a aplicação de dois exercícios ou de duas sessões de treino (Alves, 2001, p. 20). O tempo de recuperação entre a aplicação de duas cargas de treino é determinado pela mútua relação entre os processos de fadiga e o restabelecimento das capacidades funcionais do organismo. Desta forma, a aplicação de cargas em intervalos ótimos provoca a melhoria progressiva das potencialidades do atleta Participação ativa Este princípio, denominado também por princípio da Atividade Consciente (Castelo, 1996 cit in Dias & Figueiredo, 2002), visa promover o desempenho do praticante, de uma forma autónoma e consciente. Para tal é importante o conhecimento dos resultados, quer a nível das aprendizagens, quer a nível dos resultados. Esta atitude implica uma reflexão conjunta entre treinador / praticante em todas as tarefas ligadas ao processo de ensino / aprendizagem do Treino. Trata-se de salientar a importância da participação dos praticantes e dos competidores no planeamento e avaliação do seu próprio processo de treino. Segundo Dias & Figueiredo (2002) três fatores são importantes neste princípio: 1. As finalidades e objetivos do treino; 2. O papel independente e criativo do praticante / competidor; 34

42 3. As dúvidas do praticante / competidor durante as longas fases de preparação. O Treinador deve elaborar os objetivos com a participação do praticante / competidor, assim como o planeamento do seu treino a longo e curto prazo. Devem ainda ser feitos periodicamente testes de avaliação dos objetivos, e transferidos para informação objetiva sobre a direção do treino. (Dias & Figueiredo, 2002, p. 3). Assim segundo os mesmos, a motivação dos competidores / praticantes para a sua prática e aperfeiçoamento não deve ser estragada, mas estimulada, levando-os a tomar consciência do seu importante papel em todo o processo, desde o planeamento à avaliação, elevando assim o seu autoconhecimento, e desenvolvendo a força de vontade e a perseverança. O Treinador deve, então, acompanhar estes momentos com uma observância clara da direção a dar ao treino de cada competidor, face à avaliação objetiva que vai fazendo com os próprios praticantes Continuidade O treino só produz adaptações se for realizado de uma forma sistemática, ou seja, se houver uma solicitação repetida ao longo de um período significativo de tempo. (Alves, 2001, p. 20). Alves (2001, p. 20) afirma ainda que a estabilidade das adaptações de treino depende da quantidade de carga realizada ao longo de um determinado período de tempo, mas também do tempo utilizado para as obter. Será regra, então, que, quanto mais longo for o período de preparação, mais estáveis serão as aquisições decorrentes do processo de treino. Daí que não é possível encarar como séria uma atividade desportiva em que não esteja assegurada uma continuidade da atividade de preparação e competição. Na realidade, o treino desportivo é um processo que se prolonga por vários anos e em que os vários elementos que são objeto de intervenção se vão integrando de modo a produzir o melhor resultado possível. Alves (2001, p. 20). É também um processo cumulativo em que cada a estimulação de treino prevista para uma dada fase se apoia nas aquisições conseguidas em fases anteriores, através do seu reforço e desenvolvimento. Segundo Alves (2001, p.20) a frequência de estímulos, que, na prática, se revela no número de sessões de treino por semana e no número de semanas de treino anuais depende, 35

43 evidentemente, do nível de treino e da idade do atleta. Mesmo para as idades mais jovens, no entanto, uma frequência inferior a 3 sessões de treino semanais parece claramente insuficiente e não respeitar, pois, o princípio da continuidade da carga de treino Progressividade Segundo Dias & Figueiredo (2002, p. 3) a prestação do praticante ou do competidor está relacionada com a quantidade e qualidade do trabalho concretizado no processo de treino. O crescimento da carga de treino deve ser progressivo já que adaptado a cada fase de capacidade funcional que, por natureza da adaptabilidade já estudada nos fundamentos fisiológicos, se vai modificando e, assim, permitindo novos níveis de carga. O efeito de uma carga de treino não é constante e imutável, ainda que se trate da sua aplicação ao mesmo indivíduo, ao longo de um período de tempo relativamente curto. (Alves, 2001, p. 20). Segundo o mesmo autor, com o aumento do estado de treino, as cargas não se revestem de igual impacto sobre a homeostase e produzem modificações cada vez menos marcadas sobre o equilíbrio bioquímico do organismo. Os fenómenos de adaptação tornam-se, assim, cada vez menos visíveis. Sem dúvida que as modificações na estrutura do treino permitem novos processos de adaptação. As cargas de treino padronizadas e com pouca variação conduzem inevitavelmente à estagnação do desenvolvimento das capacidades. Deste modo, para Alves (2001), será progressivamente mais difícil envolver a fundo o sujeito que se prepara com continuidade e será, então, necessário procurar situações de exercício mais exigentes no exemplo dado, aumentar a distância de corrida, aumentar a frequência semanal das sessões, mas também ir aumentando gradualmente a velocidade a que o indivíduo realiza a s suas tarefas de corrida. De facto, um estímulo de nível constante e insuficientemente intenso perde rapidamente o seu efeito de treino deixa de constituir uma sobrecarga. Tem que se prever, então, uma evolução dos parâmetros da carga de treino (volume, intensidade, densidade) que permita a aplicação de estímulos que provoquem a perturbação do equilíbrio interno no organismo do atleta indutor de novos processos de adaptação. A obtenção de níveis de desempenho mais elevados pressupõe, então, uma progressão da carga, ou seja, um crescimento progressivo e ajustado individualmente da dificuldade e da exigência dos exercícios de treino e do modo como são organizados e postos em sequência numa sessão de treino. Alves (2001, p. 21). 36

44 Para Alves (2001,p. 21) ao longo do processo de treino, a melhoria das capacidades do atleta impõe uma constante atualização dos índices externos da carga, de modo manter níveis de sobrecarga adequados. Com efeito, a dinâmica das adaptações decorrentes do treino leva a patamares de habituação a níveis de carga (volume e/ou intensidade) cada vez maiores. Será, então, a própria relação entre índices internos e externos da carga que irá sofrendo alterações. Assim para Alves (2001) a alterações do treino deve: A curto prazo, a progressão da carga far-se-á através da alteração dos índices externos da carga, mantendo níveis de stress sobre o organismo elevados e individualmente ajustados. A médio ou longo prazo, procedem-se muitas vezes a alterações nas várias componentes da carga que levam a ênfases diferenciados nos vários sectores de preparação, constituindo, também, formas de progressão da carga. É exemplo desta situação o crescimento relativo da intensidade de treino com o aumento da especialização e da experiência de um atleta. Os modelos de progressão do aumento das cargas de treino têm quatro teorias principais descritas por Bompa (1999) cit. in Dias & Figueiredo (2002). Progressão em Carga Standard Neste tipo de progressão, o pressuposto é o de aplicar na época basicamente a mesma carga (standard) A utilização de uma carga standard vai levar à melhoria no início do ano e à estagnação nos momentos seguintes (competitivo) (Dias & Figueiredo, 2002, p. 5). Figura 3 Progressão em carga standard de treino (Bompa, 1999, cit in Dias & Figueiredo, 2002). 37

45 Para os mesmos autores, só o constante incremento da carga de treino de ano para ano é que leva a adaptações superiores e a prestações mais elevadas, este tipo de progressão não é aconselhável a programas de incremento de forma de ano para ano. Progressão linear da carga Neste tipo de progressão, o crescimento da carga de treino é constante, sendo típico do no pain no gain. Os treinos de grande intensidade levam por vezes ao abandono precoce, principalmente em escalões mais novos, sendo usuais as crises de adaptação e de supertreino. (Dias & Figueiredo, 2002, p. 5). Figura 4 - Progressão Linear da Carga de Treino (Bompa, 1999, cit. in Dias & Figueiredo, 2002). Progressão da carga por níveis (Escalonada) Investigadores concluíram que uma progressão por níveis ou escalonada é mais eficaz do que as progressões lineares. 38

46 Figura 5 - Progressão Escalonada da Carga de Treino (Bompa, 1999, cit. in Dias & Figueiredo, 2002) Cada linha vertical representa uma mudança na carga de treino, enquanto a linha horizontal representa a fase de adaptação às novas exigências. Assim, em cada microciclo mantêm-se sessões com características de carga semelhantes, seguindo-se de um aumento da carga num novo microciclo. (Dias & Figueiredo, 2002, p. 5). Na figura seguinte, Bompa (1999) cit. in Dias & Figueiredo (2002) coloca a negro as sessões de maior intensidade na semana, demonstrando um exemplo de progressão. Figura 6 - Evolução do Número de Sessões Intensas (Bompa, 1999, cit. in Dias & Figueiredo, 2002). No início de cada semana de aumento da carga, os praticantes sentirão fadiga, seguida de adaptação à carga, levando ao aumento pela supercompensação. (Dias & Figueiredo, 2002, p. 5). É de salientar, como o faz Bompa (ibidem) que, apesar da progressão escalonada por níveis, a curva de progressão da carga assume uma forma ondulatória observável em momentos de subida e descida dos componentes. 39

47 Figura 7 - Curva Ondulada (Bompa, 1999, cit. in Dias & Figueiredo, 2002). Os aumentos progressivos são naturalmente heterocrónicos, levando à conclusão que terá tempos diferentes. Baseado em Ozolin (1971), Bompa (1999) cit. in Dias & Figueiredo (2002), apresenta a seguinte razão: A flexibilidade cresce dia a dia (2-3 dias em cada nível de carga); A força cresce semana a semana (microciclo em cada nível); A velocidade cresce mês a mês (mesociclo em cada nível); A resistência cresce ano a ano (macrociclo em cada nível) Ciclicidade Segundo Alves (2001, p. 21), a ciclicidade da carga tem a ver com a sua repetição sistemática a intervalos de duração variável. A forma típica de distribuição da carga ao longo do tempo é a de uma alternância cíclica. A alternância indica a existência de uma sucessão de cargas que mudam de natureza e de grandeza periodicamente. Segundo o mesmo autor, Ambas estas características dependem da etapa de preparação da época, da intensidade e do volume da carga e da capacidade motora a desenvolver. O que é então alternado? - A preparação geral e a preparação especial e específica. - As capacidades motoras que se estão a trabalhar com maior profundidade força e resistência, por exemplo. - As sessões ou os períodos de preparação mais longos de grande nível de carga com outros de nível de carga baixo ou moderado. - O volume e a intensidade da carga. Para Alves (2001, p.22) a alternância dos estímulos garante uma construção multilateral e completa, a ciclicidade garante a repetição e, primeiro, o crescimento, depois, a manutenção da grandeza da carga, consequentemente, da variação e desenvolvimento das capacidades motoras e da execução técnica do atleta. 40

48 Na prática, isto corresponde a manter o nível de desenvolvimento geral das aptidões do atleta através da aplicação de cargas que se vão alterando constantemente devido à utilização de uma multiplicidade de exercícios de características diferentes mas que, graças a um planeamento cuidadoso, vão contribuindo coerentemente para a finalidade de controlar a evolução da curva de forma do atleta de modo a que ele esteja em condições de realizar um desempenho competitivo máximo na altura devida. De referir ainda que o carácter cíclico da carga vai-se acentuando com a idade e a especialização progressiva do atleta. (Alves, 2001, p. 22) Individualidade A supercompensação, referente aos aspetos metabólicos do desempenho, tem uma variabilidade relacionada com as características de cada indivíduo, do seu nível de preparação e experiência de treino, da sua idade, do estado de saúde e de outras condições. (Alves, 2001, p. 22). Segundo o mesmo autor a individualização da carga só é possível se houver a possibilidade de se realizar uma relação carga externa carga interna ótima. Isto significa que eu tenho que conhecer o atleta ao ponto de saber qual o impacte interno que certos exercícios têm nele, assim como saber prever com bastante segurança quais os níveis de carga (volume e intensidade) ideais para solicitar o desenvolvimento de uma qualquer qualidade ou capacidade. (Alves, 2001, p. 22). Assim, este princípio do treino, salienta a necessidade de cada praticante / competidor dever ser olhado pela sua individualidade aos mais variados níveis (físico, técnico, tático e psicológico) (Dias & Figueiredo, 2002, p. 6). Podemos então afirmar que cada atleta tem um limite individual de adaptação para cada tipo de carga de trabalho ou de treino, o qual se vai alterando com a idade, de forma que aumenta até que o sujeito alcance o desenvolvimento máximo e maturação, mas que diminui com o envelhecimento. Verkhoshanski (1989) cit. in Alves (2001) afirma que todos os indivíduos possuem, momento a momento, uma capacidade diferente de adaptação em correspondência com as possibilidades de resposta aos estímulos de treino, designando-a por reserva atual de adaptação. 41

49 À medida que aumenta a capacidade de desempenho, decorrente do efeito das cargas de treino e da prática competitiva, diminui a reserva potencial de treino, embora simultaneamente aumente a aptidão para a suportar níveis superiores de carga (acréscimo do fator cargabilidade) sem que isso provoque danos no organismo do atleta. Este processo evolutivo desemboca numa situação em que, para um determinado nível de carga, a fadiga será menor e a recuperação mais rápida e eficaz, apesar deste passo não constituir garantia de incremento no desempenho competitivo. Alves (2001, p. 22). Fala-se numa tendência para a redução da margem de evolução do atleta com os anos de treino, que parece ser uma característica comum a todos os sectores de solicitação no âmbito do treino físico. Alves (2001, p. 22). O grau de evolução do desempenho e dos vários fatores do preparação que se consegue como resposta às cargas de treino varia radicalmente com o nível de experiência e de anos de trabalho de cada atleta. A taxa de evolução nas diferentes qualidades físicas vai, portanto, sendo progressivamente menor, tornando mais premente a dinâmica de progressão das cargas. É normal a ocorrência de fases de estagnação, de planaltos na curva de desenvolvimento dos diferentes índices dinâmicos do desempenho ao longo dos anos de treino. A relação entre as características das cargas aplicadas e as possibilidades da sua assimilação por parte do atleta tem então que ser cuidadosamente ponderada em todas as etapas do processo de treino. Alves (2001, p. 22). Assim Dias & Figueiredo (2002, p.6), afirmam que os níveis de tolerância ao esforço dependem de alguns fatores, sendo de destacar: Idade biológica que é diferente da cronológica. A regra geral é prestar atenção ao desenvolvimento biológico e maturacional dos praticantes, devendo em idades precoces o treino ser mais multilateral e moderado. É preciso ter em consideração a necessidade de brincar característica das crianças e adolescentes, pelo que não se devem esgotar as suas reservas energéticas com altos valores de intensidade de carga. Nível de prática (graduação) principalmente com praticantes e competidores com diferentes níveis de prática e experiência, deve o treinador diagnosticar as suas características e potencial individual. 42

50 Capacidade de trabalho e treinabilidade os indivíduos diferem na sua entrega ao treino, pelo que devemos ter em conta e respeitar as respetivas diferenças. Uns aguentam mais do que outros. Estados de Saúde e de Condição Física Praticantes com prestações semelhantes diferem ao nível da força, velocidade, resistência e habilidade. A individualização aqui é importante de realçar tal como nos diferentes estados de saúde da vida de um praticante. Características psicológicas É importante perceber o comportamento do competidor na escola, família, no envolvimento do treino, da competição e mesmo em eventos sociais. Tempos de Recuperação os fatores externos ao treino podem ser stressares para o praticante e devem ser tidos em linha de conta. O intervalo de recuperação pode ser diferente de praticante para praticante, tendo em conta o estilo de vida e o envolvimento emocional que qualifica a recuperação entre os treinos Multilateralidade No campo educativo é evidente o elogio do desenvolvimento multilateral, como fase importante de aquisição dos fundamentos onde a estimulação especializada pode encontrar, posteriormente, os pressupostos para o respetivo treino. Dias & Figueiredo (2002, p.7). Para Alves (2001, p. 23) o princípio da multilateralidade ou da polivalência na preparação desportiva indica que é fundamental que esta seja vista como um processo a longo prazo que assente em bases alargadas de aquisições de modo a que, quando chegar a altura de promover uma preparação específica para uma dada competição o atleta possua um potencial de desenvolvimento superior. A multilateralidade diz respeito a todos os fatores do desempenho desportivo, às capacidades motoras, à habilidade técnica e ao saber tático, às qualidades psíquicas. (Dias & Figueiredo, 2002, p.7). Um desenvolvimento unilateral reduz as capacidades de evolução posteriores do atleta, principalmente se é iniciado numa idade jovem. Alves (2001, p. 23). Com o respeito por este princípio pretende-se cumprir os seguintes objetivos: 43

51 - Um desenvolvimento harmonioso do ponto de vista somático, ou seja, promover o fortalecimento de todos os grupos musculares do corpo. - Impor uma solicitação equilibrada das várias capacidades físicas impedir uma evolução de um atleta que redunde na posse de fortes massas musculares mas lacunas evidentes de flexibilidade ou sem base de resistência, por exemplo. - Fomentar uma relação sólida e ótima entre aperfeiçoamento técnico e desenvolvimento das capacidades motoras - Procurar novas formas de preparação que promovam a melhoria do desempenho - Necessidade de evitar a monotonia das cargas de treino sempre iguais, o que constitui um risco muito provável de aparecimento de estagnação na evolução, favorecendo, igualmente, o aparecimento do sobre treino. - O aperfeiçoamento de elementos que podem contribuir para o sucesso competitivo mas que não são suficientemente importantes para serem objeto de uma solicitação específica regular. - Obter do atleta a máxima capacidade de suportar a carga de treino, o que implica a existência prévia de uma grande variedade de estímulos de treino uma base alargada de capacidades e aptidões. Alves (2001) considera que a multilateralidade surge ainda como uma das regras básicas do treino no atleta jovem, sendo considerada como uma condição necessária para uma formação desportiva adequada, o que será desenvolvido no âmbito desta temática. Bompa (1999) cit. in Dias & Figueiredo, (2002), chama a atenção, de forma crítica, para a necessidade de não haver uma especialização precoce, evidenciando os estudos cujas conclusões manifestam que, embora a prática desportiva deva iniciar-se cedo (7 a 8 anos), os programas de treino especializado só devem começar pelos 15 a 17 anos acontecendo os melhores resultados 5 a 8 anos após o treino nos desportos de especialização. Para este autor é inquestionável o benefício do treino desportivo em vários desportos, centrando o treino no desenvolvimento das competências gerais do ponto de vista anatómico e fisiológico, de forma a desenvolver posteriormente níveis altos de eficiência das habilidades técnicas e táticas. 44

52 Figura 8 Fases do Treino a longo termo (Bompa, 1999, cit. in Dias & Figueiredo, 2002) Figura 9 - Relação entre Desenvolvimento Multilateral e Treino Especializado em diferentes idades (Bompa, 1999, cit. in Dias & Figueiredo, 2002) Os processos de treino multilateral devem objetivar atletas rápidos como um sprinter, fortes como um halterofilista, resistentes como um maratonista, flexíveis como um ginasta e coordenados como ilusionistas. 45

53 4. ELEMENTOS ESSENCIAIS DO PROCESSO DE DIRECÇÃO DO TREINO O ato de dirigir, define-se como sendo o processo universal de realizar com eficácia determinadas atividades, em ligação com outras pessoas ou fazendo-o através da colaboração. O processo de direção refere-se aos aspetos de planeamento, organização, liderança e controlo, todos eles efetuados para concretizar os objetivos propostos (Leith, 1983, trad:1992, p.4). Figura 10 A continuidade do processo de direção do treino (Leith, 1983, trad: 1992) Planeamento Segundo Leith, (1983, trad:1992, p.4), planear, é determinar antecipadamente aquilo que tem de ser realizado, como é que deve ser realizado, como é que deve ser feito, e quem é que o deve efetuar, estando nele envolvido tanto a definição de objetivos como a tomadas de decisões, incluindo-se ainda a forma de melhor poder vir a alcançar esses mesmos objetivos. 46

54 Planear deve igualmente estabelecer, desde logo, critérios e as normas a utilizar nas operações de controlo, de modo a facilitar a sua realização. O processo de planeamento levado a cabo por um bom treinador, deverá incluir duas etapas principais, ou seja, a definição de objetivos e avaliação Definição de objetivos Toda a atividade funcional deverá orientar-se para objetivos, e o bom ou mau funcionamento de uma organização deverá ser determinado pelo grau de concretização dos mesmos. Como tal, torna-se muito importante que todos os objetivos possam ser diretamente medidos. O primeiro passo a dar no processo de planeamento é o da identificação dos objetivos que se pretendem alcançar. Trata-se das metas na direção das quais se vai orientar toda a atividade realizada (Leith, 1983, trad:1992, p.5) Avaliação Segundo Leith (1983, trad:1992, p.5), uma vez estabelecidos os objetivos diretamente mensuráveis como critérios de avaliação, o segundo passo limita-se a determinar se os valores de referência foram ou não atingidos. De acordo com o autor supracitado, outro passo importante a dar no processo de planeamento, está relacionado com as questões de controlo. Nesta fase, é de extrema importância verificar se os objetivos propostos foram ou não atingidos. Este facto é quantificado através dos resultados obtidos e mediante estes será averiguado quanto à necessidade de alteração do plano de treino programado Organização Organizar é estabelecer um conjunto de relações entre as atividades que é preciso levar a cabo, o pessoal que vai executar e os fatores materiais necessários para a sua concretização. Para coordenar os recursos disponíveis, o treinador deverá elaborar uma estrutura formal de ligação entre todas aquelas componentes, que irá favorecer uma efetiva e eficiente realização dos objetivos propostos. Esta estrutura ideal deverá incidir nos seguintes aspetos (Leith 1983, trad:1992, p.6): Divisão de tarefas: o treinador principal, os seus adjuntos, os dirigentes da equipa e o próprio capitão, devem todos ter perfeitamente delineado a descrição das respetivas tarefas. 47

55 Hierarquia de autoridade bem definida: cada posição deverá estar sob a supervisão e o controlo de um responsável superior bem definido, o que permite a existência de um efetivo acompanhamento e de um feedback ajustado à atividade desportiva. Desta maneira, é possível evitar conflitos que, de um ou outro modo, podem existir. Regras formais do acompanhamento: para assegurar a coerência de decisões e poder dirigir o comportamento dos elementos da equipa, deverá haver uma forte dependência de um conjunto de regras, orientações e procedimentos. O comportamento durante as deslocações, a assiduidade aos treinos e o respeito pelas regras da ética desportiva, são exemplos de assuntos que devem ser incluídos num regulamento deste género. Um código de ética, regras de funcionamento coletivo, o programa do trabalho da equipa, são exemplos de documentos que devem estar escritos, formalizando as condições de participação e ao comportamento que se esperam da parte dos atletas. Natureza impessoal das decisões: as decisões do treinador deverão ser tomadas de uma forma isenta, com o menor desenvolvimento possível das pessoas em questão, sem manifestar qualquer tipo de preferência individual. As decisões dos treinadores devem ser impessoais e baseadas em dados concretos Liderança A função de liderança, na opinião de Leith (1983, trad:1992, p.7) na sua essência, vai permitir que os objetivos estabelecidos no processo de planeamento possam ser concretizados pelo pessoal que integra a estrutura da organização. O exercício da função de liderança, restringe-se um pouco a dirigir e supervisionar as pessoas que nos são subordinadas. A um nível muito elementar, liderar consiste em supervisionar, motivar e comunicar com as pessoas, em provocar modificações e em gerir conflitos. Até aos dias de hoje, foi desenvolvido uma enorme quantidade de estudos que discutem as diferentes teorias sobre a liderança, procurando explicar o comportamento do Líder através dos seus traços de personalidade, ou de teorias sobre o comportamento ou a incerteza. Não existe uma forma ideal ou uma teoria ideal de liderança, mas sim várias e o treinador deve saber tirar proveito da essência de cada uma e adequar à situação em causa. Neste contexto, torna-se evidente que o processo de prever os comportamentos de liderança, ajuda pouco o treinador nas suas tarefas quotidianas. De seguida iremos abordar as técnicas de liderança que podem ser aprendidas e aplicadas, encarando o treinador como um gestor de mudança e dos conflitos (Leith 1983, trad:1992). 48

56 O Treinador enquanto agente de mudança O treinador de sucesso é, muitas vezes, responsável por lançar estímulos de mudança, quer se trate de algo, quer tenha a ver com a sua própria equipa, quer se refira à organização existente no seio das estruturas dirigentes da modalidade. O esforço realizado numa perspetiva de mudança, depara frequentemente com fortes resistências, dado que a mudança, por um lado, ameaça o investimento que anteriormente foi feito na manutenção de um dado estatuto, ao mesmo tempo que, por outro lado faz aumentar o sentimento individual de incerteza. As investigações que se fizeram, a maioria das pessoas não gostam de incertezas, pelo que podemos concluir que essas mesmas pessoas também não gostam da mudança. Daí a importância de que o treinador esteja familiarizado com as melhores técnicas de intervenção nesse sentido. São vários os métodos que podem ser utilizados pelo treinador para provocar a mudança e passaremos a descreve-los a seguir (Leith 1983, trad:1992): Feedback: o uso de feedback faz melhorar o processo de comunicação, reduzindo a possibilidade de haver grandes diferenças entre a informação ou a ideia recebida, e aquela que se pretende transmitir. Uma boa técnica verbal, que os treinadores podem utilizar para facilitar o feedback, é pedir aos seus atletas para repetirem com palavras suas, aquilo que pensam ter sido dito. Melhoria da capacidade de ouvir: a ineficácia da comunicação é, muitas vezes, encarada como sendo uma consequência da incapacidade daquele que envia a mensagem. Um dos aspetos muito importante a ter em conta no ato de comunicar, é saber ouvir respeitando todas as regras deste saber O Treinador enquanto gestor de conflitos O último papel que cabe ao treinador desempenhar no quadro de liderança que assume na sua atividade a fim de poder obter o desejado sucesso, está relacionado com a gestão de conflitos. Em qualquer equipe há sempre alguns conflitos indesejáveis e nestas situações cabe ao treinador fazer o tratamento adequado a cada situação. As duas técnicas geralmente mais bem aceites para ultrapassar esses conflitos, são a resolução dos problemas que os originam e a tomada de consciência de uma subordinação de objetivos. Para além destes, iremos ainda fazer referência a mais três métodos que são de igual forma adequados: Resolução dos problemas: a resolução dos problemas procura ultrapassar os desentendimentos existentes, através da discussão, frente a frente, entre as partes em conflito. 49

57 Subordinação de objetivos: os objetivos comuns, desejados pelas partes em conflito, que não podem ser alcançados sem a cooperação dos elementos que as integram, têm o nome de objetivos subordinados. Ignorar os conflitos: uma das formas de líder com os conflitos é não lhe dar importância excessiva, em que, por vezes, os indivíduos em conflito apenas evitam o contacto entre si. Atenuar os conflitos: a palavra atenuar pode ser entendida como uma forma de subvalorizar as diferenças que existem entre os indivíduos que constituem o grupo através do reforço que se dá aos interesses comuns que existem entre todos. Isto significa que as diferenças atenuam-se ao passo que as semelhanças acentuam-se. Estabelecer compromissos: consiste em estabelecer compromissos entre as partes envolvidas em determinado conflito Controlo Opina Leith (1983, trad:1992, p.11) que o controlo é a componente final da cadeia funcional de direção que o treinador vai ter de desempenhar. Pode ser definido como o processo de condução das atividades, de forma a determinar se os atletas, individualmente, e a equipa, estão a obter e a utilizar eficazmente todo o seu potencial, no sentido de alcançarem os objetivos propostos. Este processo de controlo pode ser efetuado através de três etapas distintas : Avaliar o resultado a que verdadeiramente se chegou: o primeiro passo do controlo, é pois a avaliação. Aquilo que se avalia é, uma questão mais complicada para o processo de controlo, do que o modo como se faz essa avaliação. Comparar o valor a que se chegou, com um padrão de referência, de forma a determinar se existe alguma diferença entre esses dois níveis: a fase de comparação que existe no processo de controlo, exige que se conheça a norma para o indicador considerado, que o verdadeiro resultado alcançado pelo atleta tenha sido avaliado, e que existam indicações sobre a definição do grau de tolerância que se vai admitir nessa comparação. Corrigir qualquer desvio significativo que possa existir, através de uma ação terapêutica: corresponde a uma tentativa que é necessário fazer para ajustar o resultado realmente verificado, ou então para corrigir a referência padrão estabelecida, ou mesmo para intervir sobre ambas as componentes. 50

58 5. PLANEAMENTO 5.1. Definição O planeamento do treino, segundo Silva (1998) é geralmente abordado numa perspetiva muito simplista e redutora, como um mero procedimento técnico, temporalmente situado no início da época, que, abstratamente, distribui, qualitativa e quantitativamente, as cargas de treino ao longo de um determinado período de tempo. Não se planeia em abstrato mas sim perante situações concretas perfeitamente definidas, e é da variabilidade ilimitada e irredutível dessas condições, que resulta a variabilidade ilimitada do processo de treino. Planear é antecipar o futuro, o que significa que o treinador deve avaliar e corrigir permanentemente o percurso adaptativo que o atleta está a seguir, para alcance, de facto, os objetivos previstos. O planeamento de treino, nesta perspetiva, tem de ser integrado num contexto mais vasto e ser corretamente equacionadas pelo treinador. O importante não é saber em abstrato o conteúdo de cada período e etapa de treino, mas sim ter um modelo teórico de aproximação a cada realidade concreta que se depara ao treinador. O planeamento, refere-se ao processo que o treinador possui para poder definir as linhas de orientação do treino, quer ao longo de vários anos (plano a longo prazo) quer ao longo de um ano de treino. O êxito de qualquer planeamento é determinado pelo estudo que deve proceder à sua elaboração, execução e permanentemente avaliação (Raposo, 2002). A fase do planeamento é fulcral na organização do processo de treino, sendo que uma correta análise das condições de treino, a definição adequada e realista dos objetivos da época, a sequência das tarefas a serem organizadas de forma lógica e coerente, além da determinação adequada do valor da carga de treino, exprimem de forma categórica a diferença entre grandes resultados e frustrações desportivas. Segundo Lopes (2005) o planeamento do treino desportivo é um processo metodológico e científico para conduzir os praticantes a elevados níveis de performance. Traduz-se num conjunto de linhas gerais e específicas que procuram direcionar e orientar a trajetória da preparação do praticante ou da equipa no futuro próximo. Planear é um procedimento de prognóstico que tem como finalidade a elaboração de um plano. Este é, no essencial, um esboço teórico prévio, um programa que descreve como e em que condições poderá determinado objetivo ser alcançado, objetivo esse definido no quadro do próprio plano que se está a conceber (Lopes, 2005). 51

59 Para Raposo (2002), o ato de planear não termina com o início da execução do plano, uma vez que deverá ser entendido como um processo contínuo e dinâmico integrando mecanismos intrínsecos de autoavaliação que promovam adaptações constantes do plano. Para o mesmo autor, o planeamento do treino desportivo exprime-se num modelo de praticante ou de jogo da equipa, o qual é consubstanciado a partir: - Da análise dos praticantes ou das equipas no presente; - Da conceção por parte do treinador (incluindo as tendências evolutivas da modalidade); - Pela definição das orientações do trabalho; - E as vias para atingir os efeitos pretendidos. Ainda de acordo com Silva (1998, p.35), é a fase fulcral de toda a organização do processo de treino. Após a divisão da época em períodos cronologicamente definidos, e à opção por uma determinada configuração do processo evolutivo da forma desportiva (F.D.), fazem-se as grandes opções quanto à organização da carga, ao processo de restabelecimento e ao modelo de avaliação e controlo do treino a ser utilizado : Qual a carga semanal de treino ao longo do ano? Vai-se manter? Vai variar? Quando? Quando e quanto treinar cada uma das qualidades físicas? Quando e quanto treinar a componente técnico-tática da modalidade? Como e quando aclimatar os atletas às condições específicas em que se vai realizar determinada competição? Como e quando estruturar uma adaptação específica para defrontar determinados opositores? Que instrumentos de avaliação e controlo do treino utilizar? Quando os utilizar? Quantas vezes? 5.2. Periodização do treino desportivo A periodização do treino (PdT) é um conceito desenvolvido pelo soviético Lev P. Matvéiev, a partir dos anos 60-70, tomando como referência as fases da síndrome geral de adaptação de Hans Selye (Garganta, 1993, cit in Lopes, 2004). 52

60 Para Gomes (2002) cit in Gomes (2004), a periodização do processo de treino desportivo consiste, antes de tudo, em criar um sistema de planos para distintos períodos que perseguem um conjunto de objetivos mutuamente vinculados. Neste sentido, McFarlane (1986) e Dick (1988) cit in Gomes (2004), referem que a PdT desportiva pode ser entendida como uma divisão organizada do treino anual ou semestral dos atletas, com o objetivo de prepará-los para alcançar certas metas estabelecidas previamente e obter grande resultado em determinado ponto culminante da temporada competitiva, exigindo que a forma obtida seja o ajuste da dinâmica das cargas no seu ponto máximo para o momento competitivo. A periodização do ano desportivo, estrutura o processo de treino em ciclos, períodos, subperíodos, mesociclos, microciclos, etc., que surgem pela necessidade de transformação do treino em desportos de equipa, e para sustentar as bases empíricas que nos conduzam até ao método científico (López et al., 2000, cit in Gomes 2004). O treinador deverá definir a periodização que vai adotar (períodos, mesociclos e ciclos) em função das competições (Freire, 1984, cit in Gomes 2004). Desta forma pudemos concluir que pelas palavras de López et al., (2000), análise dos diferentes modelos de periodização pode possibilitar observar a interligação existente entre eles, permitindo verificar, tendo em conta as características do Futebol, o modelo de periodização ou associação dos aspetos pertinentes dos mesmos, para maximizar o rendimento no Futebol Modelos de Periodização do treino desportivo De acordo com Gomes (2002), cit in Gomes (2004), a periodização do treino desportivo, nos últimos cinquenta anos, passou por conceitos que se modificam frequentemente com a evolução e as transformações ocorridas nos mais diversos desportos. Efetivamente, os conhecimentos disponíveis permitem que a forma de organizar o treino apresente uma notável evolução e a elaboração de novos modelos constitui alternativas para o planeamento (López et al., 2000, cit in Gomes (2004). No entanto, especialmente no Futebol, Gomes (2004) refere que a comunidade científica atual questiona-se sobre qual dos diferentes modelos apresenta argumentos científicos válidos que proporcionem a evolução qualitativa do jogo, em benefício da "arte de 53

61 bem jogar". Nesta perspetiva, em nosso entender, urge uma abordagem mais consentânea e que privilegie a componente tática. Portanto, metodologicamente, segundo Gomes (2004) podemos distinguir três fases ou etapas que caracterizam a história dos modelos de planeamento desportivo: a primeira, desde a origem até 1950, quando se inicia a sistematização do treino (os precursores); a segunda, de 1950 até 1970, quando se inicia o questionamento dos modelos clássicos do planeamento e aparecem novas propostas (os modelos tradicionais); a terceira, de 1970 até à atualidade, quando se vive uma grande evolução dos conhecimentos (os modelos contemporâneos) (Garcia Manso et al., 1996; López et al., 2000; cit in Gomes (2004) Modelos Tradicionais A Teoria Clássica Na década de 60 o investigador russo Lev Pavlovtchi Matvéiev aprofundou os conhecimentos apresentados pelos teóricos até os anos 50 (os precursores) e apresentou um novo conceito de periodização (Forteza de La Rosa, 2001; Gomes, 2002; Raposo, 2002, cit in Gomes, 2004). No sistema original de Matvéiev que está baseada na utilização da dinâmica de variações ondulatórias do treino que em vias de aumento gradual de carga, podem ser retilíneas, escalonadas e ondulatórias, sendo a dinâmica ondulatória que possibilita melhorar a funcionalidade e a adaptação do atleta de alto nível. Essas ondas são de características baixas (microciclos), médias (mesociclos) e grande (macrociclo) Matvéiev considerou o carácter ondulante das respostas biológicas face aos diferentes estímulos do treino e encontrou uma relação entre os ritmos de treino e a alternância cíclica das funções fisiológicas. Neste sentido, após esta constatação, atribuiu-se grande importância às componentes da carga, nomeadamente, o volume e a intensidade do treino geral e específico, visando a obtenção de uma periodização mais coerente com a aplicação intencional da carga de treino (Raposo, 2002, cit in Gomes, 2004) As oscilações ondulatórias fazem parte tanto da dinâmica do volume quanto da intensidade com particularidades de os valores máximos de cada uma não coincidirem. Esta dinâmica das ondas pode ser visualizada na figura 11, na qual o volume alcança o valor máximo do período preparatório e a intensidade no período competitivo. 54

62 Estas oscilações possuem como objetivo proporcionar ao atleta nas competições a forma desportiva, que é o estado no qual o atleta está preparado para a obtenção de resultados desportivos. Este fenômeno é polifacetado, composto por predisposição ótima do aspecto físico, psíquico, técnico e tático para obtenção dos resultados, sendo somente com a existência de todos estes componentes possível à afirmação que o atleta se encontra em forma (Matvéiev, 1997, cit in Fortaleza e tal, 2007) A aquisição, manutenção e a perda da forma acontecem em decorrência dos treinos, variando conforme a fase de desenvolvimento da forma, podendo ser dividido em três períodos, o preparatório que devem ser criadas e desenvolvidas premissas para o aparecimento da forma desportiva, e deve ser assegurada a sua consolidação, sendo esta primeira etapa subdividida em mais dois períodos: o de preparação geral e específica; o competitivo esta pode ter uma estrutura simples ou complexa, e o emprego de uma ou de outra depende do calendário de competições, das características do desporto e de outras circunstâncias. A orientação desta etapa é a obtenção do nível máximo de treino especial (para este ciclo) e para a sua manutenção, bem como para a conservação do nível de treino geral alcançado; e o de transição que deve possuir um caráter de descanso ativo, sendo alterada a forma e os conteúdos dos treinos. A duração destes períodos pode variar de 3 a 5 meses para o período preparatório, de 1 a 5 meses para o competitivo, e de 3 a 4 semanas para o período de transição. A duração segundo Matvéiev (1997) não é imutável devendo ser equalizada conforme o desporto. Para exemplificar, no caso do futebol é adotada a estrutura complexa para o período de competição longa (de 4 a 5 meses) Neste caso pode-se utilizar a dinâmica de alternância do volume e da intensidade como na dinâmica geral do período preparatório, mas, ressalta Matvéiev (1997) em escalas reduzidas. O Futebol, assim como os diferentes desportos, apresenta exigências especiais às capacidades físicas do atleta e requer a combinação especial das diversas qualidades físicas. O sucesso desportivo depende das capacidades especiais e também do nível geral das possibilidades funcionais do organismo (Matvéiev, 1990, cit in Gomes 2004) Neste sentido, o mesmo autor afirma que a preparação especial tem a sua base criada na preparação física geral, fundamentando-se no facto desta assegurar o desenvolvimento múltiplo da força, velocidade, resistência, flexibilidade e agilidade, que são necessárias como premissas e condições de aperfeiçoamento de um determinado desporto. 55

63 Por outro lado, para Gomes (2004) nas asserções do autor referido, no processo de preparação física de carácter geral e especial do atleta, empregam-se todos os recursos da educação física, mas os exercícios físicos selecionados de forma especial assumem o papel principal, assim como a preparação tática e técnica do atleta que devem ser realizadas com estreita ligação. Portanto, a tática, nos jogos desportivos coletivos, pela sua riqueza influi consideravelmente nos resultados. Na conceção de Matvéiev (1990, cit in Gomes 2004), a preparação técnica fornece os meios necessários à prossecução da competição desportiva, a preparação tática assegura a sua utilização correta, embora, em condições semelhantes, a tática seja o fator decisivo e a inteligência primordial para vencer no desporto. Logo, Matvéiev considera que a preparação técnico-tática são componentes fundamentais do treino e que requerem para uma melhor assimilação dos fundamentos teóricos, além do treino, formas e métodos especiais, tais como conferências, vídeos, seminários, emprego de modelos táticos, leitura individual e outras formas de instrução e autoinstrução. De facto, não se esgota todo o conteúdo nem todas as formas da preparação do atleta no treino desportivo que deve ser complementado constantemente por outras formas de preparação. A preparação do atleta é um processo multifacetado e multilateral. Neste sentido, a preparação física cria as premissas e condições para o cumprimento das tarefas na esfera da preparação técnico-tática. Deste modo, a correta estruturação do treino desportivo, a utilização dos meios e métodos mais eficazes e uma especialização adequada durante o ano e por vários anos, são fatores que influenciam a obtenção de resultados de alto nível no desporto considerado, e para a obtenção destes, todos os traços do treino desportivo são condicionados, ou seja, a elevação do nível de cargas, o sistema especial de alternância das cargas e do descanso, o seu carácter cíclico, etc (Matvéiev, 1990, cit in Gomes 2004) Mas, para o mesmo autor, as leis objetivas do aperfeiçoamento desportivo requerem que o treino desportivo, sendo um profundo processo de especialização, contribua ao mesmo tempo para o desenvolvimento múltiplo. Deste modo, combinam-se de uma forma inseparável, na atualidade, a preparação geral e especial, de acordo com este princípio essencial, isto é, não se pode excluir do treino um só destes aspetos sem prejuízo para os resultados desportivos, existindo em cada caso uma certa relação que, quando alterada, provoca o retrocesso do aperfeiçoamento desportivo. 56

64 Contudo, o facto de nas distintas etapas a preparação geral e especial terem que ser combinadas racionalmente, complica a constância da correlação ótima deste processo, do nosso ponto de vista, uma das grandes questões da metodologia do treino, para aqueles que concebem no Futebol esta divisão. Qual o momento exato de utilização e a relação ótima entre as duas etapas de preparação no Futebol? Para Matvéiev (1990), cit in Gomes (2004) estas devem ser entendidas de uma forma dialética como a unidade dos contrários. Segundo Matvéiev (1990), cit in Gomes 2004, devem-se criar situações periódicas em que o somatório do efeito de uma série de sessões de treino force o organismo a enfrentar grandes exigências com recuperação incompleta, visando desta forma o máximo da capacidade de trabalho do atleta. Tal regime de cargas de treino, baseando-se em dados experimentais e na experiência prática desportiva, pode considerar-se racional em certas condições. Nesta perspetiva, para Matvéiev (1990), não se pode aplicar esta regra forçosamente em cada treino, mas apenas a uma série de treinos, o que constitui uma grande carga total. De facto, é possível aumentar o grau da carga por três vias (retilínea, escalonada e ondulatória), normalmente utilizando-se a dinâmica da carga ondulatória devido ao alto nível de exigências, que se coloca às possibilidades funcionais e de adaptação do organismo do atleta. Estas oscilações ondulatórias são inerentes tanto à dinâmica do volume como à dinâmica da intensidade das cargas. Neste sentido, a arte da estruturação do treino consiste, sobretudo, na combinação correta da dinâmica das cargas nos microciclos, estando a dinâmica da intensidade da carga relacionada com a dinâmica dos resultados desportivos (Matvéiev, 1990, cit in Gomes 2004) O Modelo de Treino Pendular Os russos Arosiev, em conjunto com Kalinin, em 1971, foram os primeiros autores a propor a estruturação pendular do treino desportivo, e constitui-se numa tentativa de aperfeiçoamento do sistema proposto por Matvéiev. Baseia-se, em primeiro lugar, no caso de atletas que têm que entrar e sair da sua forma competitiva várias vezes no decorrer do ano desportivo (Forteza de La Rosa, 2001), tendo uma estrutura de treino segundo o princípio do pêndulo, caracterizado por uma acentuada alternância entre treino geral e treino específico (Galdón et al., 2002; Raposo, 2002, cit in Gomes, 2004). 57

65 Contudo, devido ao carácter agressivo da carga, a sua aplicação é apenas possível em períodos de tempo muito curtos, o que constitui um ponto fraco (Raposo, 2002 cit in Gomes, 2004) De facto, o modelo baseia-se na utilização de ciclos pequenos e médios e estrutura-se em função das competições. Assim, uma vez que cada estrutura de treino se inicia com predominância do trabalho de natureza geral (Silva, 1998), e não pode existir a separação entre a predominância de cargas gerais numa primeira fase de treino e de carga específica na segunda (Forteza de La Rosa, 2001, cit in Gomes, 2004) Essa alternância sistemática forma o que se chama de pêndulo de treino (Forteza de La Rosa, 2007, p.228) Desta forma, quanto menores são os pêndulos durante o processo de treino, maior será o número de vezes que o atleta estará em condições de competir eficazmente (Forteza de La Rosa, 2007, p. 228). O autor acima referido considera que na organização das cargas de treino deste modelo, se mantém a importância das cargas gerais de treino. Segundo Forteza de La Rosa (2001), cit in Gomes, 2004, os ciclos gerais de trabalho que servem de base para os ciclos específicos e competitivos formulados por Matvéiev, ainda tornam este modelo dependente. O treino nesse sistema conhecido como pêndulo é distribuído em dois microciclos (principal e regulador) na temporada anual (Gomes, 2002, cit in Gomes, 2004) Garcia Manso et al (1996), cit in Gomes, 2004, consideram que nesta proposta se tenta, pela primeira vez, resolver as difíceis tarefas de preparação técnico-tática, o que a diferencia da planificação tradicional. Os mesmos autores, cit in Gomes (2004) referem que o efeito do pêndulo, se fundamenta em dois postulados teóricos: o restabelecimento da capacidade de trabalho é mais eficaz quando não se trata de um descanso passivo, e sim de uma atividade contrastante; a sequência dos microciclos básicos e de regulação faz com que o organismo do desportista se restabeleça mais eficazmente e também seja submetido a ritmos elevados e reduzidos de sua capacidade de trabalho geral e especial Treino Estrutural/Altas Cargas de Treino O Principal percursor deste tipo de modelo, foi Peter Tschiene, em que ele organizou o que ele chama de esquema estrutural de treino de altos rendimentos, com o objetivo de 58

66 conseguir com que o atleta mantenha um alto nível de rendimento durante todo o ciclo anual de competições. (Forteza de La Rosa, 2007, p. 236) As necessidades de frequência elevada de competição no desporto de Alto rendimento atual fizeram com que o modelo clássico de Matvéiev fosse considerado como insuficiente, fundamentalmente porque a concatenação e organização interna das cargas, de evolução lenta e gradual ao longo do macrociclo e baseado num volume de exercícios gerais e gerais/especiais importante, não permitiria mais do que dois, no máximo três, picos de forma por macrociclo (Alves, 2001). O modelo de pretende solucionar a questão da profusão de momentos altos de forma exigida em modalidades cuja calendarização é de estrutura concentrada, o que significa que se integra ainda numa lógica de otimização da forma desportiva. Neste sentido, este autor acentua a importância de uma preparação individualizada e específica, com índices de intensidade elevados durante toda a época de treino e o seu modelo visa a manutenção de um nível alto de rendimento durante todo o ciclo anual de competições, através da multiplicação dos momentos de otimização da forma desportiva. O trabalho ao longo do ano é com uma elevada carga (é o micro forte) porque o atleta precisa manter-se bem qualificado em toda a temporada (Farto, 2002, cit in Lopes, 2004) Nesta periodização a periodização a diferença entre volume e intensidade é apenas de 20% (Silva, 2000, cit in Lopes, 2004) e a carga mínima das sessões é de 80% (CommetiI, 1999, cit in Lopes, 2004) Isto é prescrito no período preparatório, competitivo e de transição. Para o desportista aguentar essas cargas sucessivas, é recomendado um intervalo profilático (ativo ou passivo, é o micro fraco) após o micro forte e antes da competição (tendo também o micro competitivo) (Gomes, 2002, cit in Lopes, 2004), visando uma supercompensação. Sendo esta forma de organizar o treino bastante desgastante, Tschiene (1989), cit in Alves (2001), introduziu a necessidade de intervalos profiláticos entre a alta intensidade de trabalho como meio de recuperação ativa e a manutenção das capacidades de rendimento. 1. Fundamentação O atleta de alto rendimento depende do trabalho especial/específico para melhorar o seu desempenho. Ênfase na preparação específica implica ciclos curtos de trabalho intenso intercalados com ciclos de recuperação ativa. 59

67 2. Estruturação do Macrociclo Forma ondulatória marcante Utilização prioritária de exercícios especiais e específicos Volume sofre pequena oscilação entre o período preparatório e o período competitivo (20%). Intensidade permanece elevada ao longo de todo o macrociclo Sistema controlado e frequente de competições como elemento fundamental para o desenvolvimento e estabilização da forma Controlo do treino frequente e rigoroso Intervalos profiláticos como meio de prevenir o sobre treino e assegurar capacidade de trabalho qualitativo Figura 11 - Periodização para competidores de alto nível (Forteza, 2001, cit in Lopes, 2004) Tschiene utiliza um paradigma centrado na teoria da ação global do homem aplicado ao caso específico do treino desportivo porque a atividade humana, onde quer que se localize, tem um carácter global, Tschiene (1989), cit in Alves (2001) e, cada vez que não levamos isso em conta, corremos o risco de promover o desenvolvimento parcial do atleta. 60

68 Assim, a alternativa teórica sugerida por Tschiene (1989), cit in Alves (2001), sustenta que o desempenho de um sistema funcional (o desportista na sua especialidade) deve representar um fator de formação e de estímulo para o seu próprio desenvolvimento. Portanto, para que o atleta apresente um aumento constante e consistente do seu rendimento físico, ele deve treinar com exercícios intensos e participar frequentemente em competições, porque se os resultados específicos da ação (o desempenho em competição, por exemplo) faltarem por um período longo de tempo, os mecanismos coordenativos e integrativos presentes no organismo podem ser alterados permanentemente, prejudicando a capacidade de rendimento futuro do atleta. Outro meio do competidor ter uma performance elevada ao longo da temporada no que esquema estrutural de cargas de alta intensidade é a participação em muitas disputas (Forteza de La Rosa, 2001 cit in Lopes, 2004). As referências citadas anteriormente não indicam a presença do mesociclo no modelo de Tschiene. Mas para organizar melhor a planificação do macrociclo do ano, recomenda-se a presença desse componente da periodização. Tendo um teste por mês, no início ou fim do mesociclo para o treinador identificar a qualidade das sessões. Logo existirá um microciclo de teste (Lopes, 2004). O treino técnico e/ou tático geralmente é em alta intensidade, o mesmo ocorrendo com a sessão metabólica, predominando a sessão de velocidade. O treino de força neste modelo de periodização é composto pela musculação de força rápida e pelos saltos profundos, também podendo ocorrer sessões de força máxima e de força rápida de resistência (Lopes, 2004) Na verdade, é a aplicação dos princípios da sobrecarga e da especificidade adaptativa numa inter-relação ótima que está aqui em causa, para com isso impedir que o equilíbrio se estabeleça precocemente no organismo do atleta restringindo a elevação do seu rendimento físico. Neste modelo, as fases gerais de preparação são reduzidas a um valor quase residual (Alves, 2001). Tschiene (1989), cit in Alves (2001), recomenda, assim, o aumento da intensidade do exercício nas sessões diárias de treino ou a participação frequente em competições desportivas, acreditando que a solicitação física máxima, vivida constantemente pelo atleta, induzirá novos estados de adaptação com a consequente melhoria do rendimento físico. Na opinião de Alves (2001), baseado na experiência de atletas de alto rendimento nas modalidades individuais, este modelo sistematiza a estruturação do treino de uma forma acentuadamente ondulatória, com fases breves de alto nível de carga e conteúdos 61

69 especiais/específicos alternando com fases de recuperação e competição. Neste contexto, a existência de um número relativamente elevado de competições por macrociclo é um fator fundamental para a elevação do estado de forma do atleta e a obtenção de resultados de relevo Sinos Estruturais A partir do modelo de Matvéiev os russos Arosiev e Kalinin propuseram a estruturação pendular, como esta estrutura é muito rígida De La Rosa (2001) propôs um modelo baseado na estrutura pendular, porém com uma proposta mais atual denominada de Sinos estruturais, assim chamada pelo seu idealizador o Prof. Dr. Armando Forteza De La Rosa. Os sinos estruturais seguem os mesmos princípios da diferenciação entre as cargas gerais e específicas, porém em momento algum as cargas gerais estarão acima das cargas específicas, mesmo em momentos de carga especial mínima. Isso traz como consequência a rutura do processo de qualificação desportiva para as competições que se vão desenvolvendo no plano (Forteza De La Rosa, 2007, p.240).. Segundo De La Rosa (2001) ainda não estamos em condições de elaborar uma nova teoria a respeito, mas sim fórmulas baseadas nas conceções metodológicas existentes, uma metodologia que permita, passo a passo, determinar o mais exatamente possível um sistema de planificação do treino Modelos contemporâneos O aparecimento de novas formas de estruturar o treino, fundamenta-se nos avanços qualitativos que se verificaram na fase que denominamos como Tradicional (Garcia Manso et al., 1996, cit in Gomes 2004). López et al (2000), afirma que podemos distinguir dois grupos na planificação dos novos e modernos modelos: - os que têm uma visão do desporto através das características do desporto; - os que a têm através das características de cada desportista. Garcia Manso et al (1996) e Gomes (2002), cit in Gomes (2004) apresentaram quatro aspetos que caracterizam o planeamento contemporâneo: a individualização das cargas de treino justificada pela capacidade individual de adaptação do organismo; a concentração das cargas de trabalho da mesma orientação em períodos de curta duração de tempo; a tendência a 62

70 um desenvolvimento consecutivo de capacidades, aproveitando o efeito residual de determinadas cargas de trabalho; e o incremento do trabalho específico no conteúdo de treino. Para López et al (2000), Verjoshanski é um teórico que tem em conta as características de cada desportista Treino por Blocos De acordo com Forteza de La Rosa (2001), Verjoshanski apresentou uma estrutura de treino, em início dos anos 80, propondo grandes alterações na periodização do treino desportivo. Desta forma, a tendência do planeamento, ao longo desta década, foi influenciada pelo seu sistema de treino por blocos (Raposo, 2002), que se caracteriza pelo emprego concentrado do treino da força, como recurso para a consecução de melhores rendimentos na técnica, na velocidade ou nas chamadas capacidades especiais (Silva, 1998, cit in Gomes 2004) Esta forma de pensar o treino dos atletas foi proposto pelo autor principalmente para desportos característicos de força (Forteza De La Rosa et al, 2007). O modelo de carga concentrada ou por blocos de Verchoshanski surgiu como mais uma reação ao modelo clássico de Matvéiev, desta vez e segundo Alves (2001), visando não a multiplicação de momento elevados de forma perante as exigências de calendário mas na previsão de uma necessidade de aplicação de sobrecarga em âmbitos de preparação especial/específica de nível mais elevado no atleta com anos de experiência e nível de adaptações consistente para se conseguir novas plataformas de supercompensação. Esta forma de estruturação do treino, fundamenta-se basicamente no caso de que o trabalho de força deve ser concentrado em um bloco de treino, para criar condições de melhoria posterior nos conteúdos do treino relacionado com o desenvolvimento técnico e das qualidades de velocidade do atleta. Essas condições são dados pelo chamado efeito de acumulação retardada de treino. (Forteza De La Rosa et al, 2007, p. 229). Ainda segundo o mesmo autor, ao contrário do modelo de Tschiene, o modelo por blocos não permitirá ao atleta a obtenção de um maior número de picos de forma mas imporá um regime de treino muito duro nas fases iniciais do macrociclo, onde o estado de sobre solicitação será a regra e não a exceção. Assim, o modelo de periodização de Verchoshanski consiste na elaboração do macrociclo através de três blocos, com predomínio no trabalho de força porque esta teoria originalmente foi elaborada para saltadores do atletismo (triplo-salto e distância longas) (Garganta, 1993, cit in Lopes, 2004), onde exige muita força rápida. 63

71 Assim, Alves (2001), afirma que a organização das cargas de treino no macrociclo deve levar em consideração três aspetos fundamentais: 1. O carácter da sua distribuição no tempo; 2. Os princípios que dirigem a relação entre cargas de natureza funcional diferente (sequenciação); 3. O nível de sobreposição relativa ou concomitância na preparação dos vários fatores de treino. Verchoshanski (1989), cit in Alves (2001) classifica a organização das cargas no macrociclo em dois tipos: distribuída e concentrada. A organização distribuída das cargas de treino baseia-se numa distribuição relativamente uniforme durante todo o ciclo de preparação, com níveis elevados de concomitância ou concorrência entre os diferentes tipos de preparação. É a forma de organização que é mais fiel aos pressupostos do modelo clássico de Matvéiev e parece ser a mais indicada para a periodização do treino no atleta em formação desportiva. Uma dinâmica deste género, reafirma Alves (2001) onde surgem cargas regulares que se aplicam no decorrer de toda a época, com maior ou menor ênfase, em função das características de desempenho competitivo da modalidade ( modelo de treino ) e do momento no macrociclo, dependendo, portanto, dos circunstancialismos do calendário competitivo, pode não permitir a utilização plena do potencial de adaptação do atleta, no caso de este possuir já vários anos de experiência e níveis elevados de resposta dos vários sistemas envolvidos no exercício específico de competição. De acordo, então com Alves (2001), a coincidência com a aplicação de cargas de natureza diversa faz com que o rendimento possa ser afetado pela integração de diferentes tipos de carga, melhorando, gradualmente as aptidões do atleta, mas surgirá um determinado momento em que a continuidade desta aplicação o poderá afetar negativamente. Embora o modelo clássico comporte variantes onde existem mesociclos de pendor fortemente orientado para um fator de treino (força máxima, por exemplo), habitualmente a focalização em determinados objetivos de etapa surge como uma predominância ou maior percentagem superior do volume de treino atribuído a esse fator, sem que os outros sejam excluídos da preparação. Alves (2001), reafirma que o pressuposto básico do modelo por blocos é que esta organização distribuída da carga não consegue impor, no caso de atletas de elevado nível de 64

72 treino, uma sobrecarga suficientemente forte para promover adaptações significativas de um modo consistente. Naturalmente que esta questão se coloca prioritariamente nas modalidades desportivas em que o desempenho está fortemente determinado pelo desenvolvimento e otimização das qualidades físicas do atleta, ou seja, nas modalidades individuais de resistência ou de potência muscular/velocidade. Como tal, a organização concentrada das cargas de treino baseia-se no agrupamento dos diferentes tipos de preparação em períodos de tempo limitados no ciclo de preparação. Segundo Verchoshanski (2001, p. 12), a estrutura dos princípios norteadores do processo de treino é apresentada na Figura 1. Segundo o esquema, o critério básico do alto nível desportivo não é o próprio resultado competitivo, mas, sim, a velocidade dos movimentos e locomoções do desportista no decorrer da realização do exercício que assegurará o resultado desportivo. Por sua vez, para Verchoshanski (2001, p. 12), a velocidade dos movimentos e locomoções é determinada pela potência do trabalho do organismo (de seu sistema motriz ou locomotor), o qual, conforme a especificidade motora do exercício desportivo, é caracterizado tanto por seu valor máximo, como pelo período de sua manutenção no nível preferencial e sub máximo. Desta forma, no esquema de Verchoshanski (2001, p.13), encontramos no esquema três integrantes do processo de treino que asseguram a potência de trabalho do organismo do desportista, ou seja, a preparação física especial, a técnico-tática e a competitiva. Figura 12 Esquema de três integrantes do processo de treino (Verkhoshanski, 2001) 65

73 Assim, o objetivo da organização da preparação desportiva tem correspondência com o objetivo principal (realização do resultado planejado) em três direções principais do treino onde se concentra todo o conjunto das tarefas particulares: 1. Aumento do potencial locomotor (objetivos da preparação física especial); 2. Aperfeiçoamento da habilidade de seu uso efetivo no exercício competitivo (objetivos da preparação técnico-tática); 3. Nível elevado e segurança do nível desportivo (objetivos da preparação competitiva e psicológica) Segundo o esquema da Figura 17, toma-se evidente o papel prioritário da preparação física especial dentro do sistema de treino. Esse poderá ser apresentado de forma simplificada, da seguinte maneira: primeiro criar o potencial locomotor indispensável do desportista e depois passar à resolução das demais tarefas (problemas) Neste âmbito, podemos concluir que Alves (2001) retirou do modelo de Verchoshanski que o rendimento competitivo eleva-se por adaptações sucessivas obtidas a partir da aplicação destas cargas concentradas ou acentuadas, como são designadas por alguns autores, em períodos temporais curtos, de forma intensa e com sequência metodológica cuidada. É importante ajustar as durações das fases das cargas concentradas segundo a orientação do processo de treino. Um prolongamento excessivo poderia provocar o esgotamento das reservas de adaptação do atleta, impedindo a esperada melhoria posterior da capacidade de desempenho competitivo. Uma duração de estimulação concentrada demasiado curta limitaria as possibilidades de adaptação do atleta não promovendo fases de reorganização. Segundo Verchoshanski (1989), cit in Alves (2001), a aplicação de cargas concentradas sobre o organismo produz uma diminuição dos índices funcionais do atleta, fase à qual se sucede um período de crescimento lento desses índices, que atingirá o seu termo no final do macrociclo, proporcionando um aumento significativo do rendimento competitivo. Inicialmente aplicado em desporto de velocidade e força explosiva, generalizou-se a um conjunto vasto de modalidades desportivas de base individual, das de desempenho cíclico, de resistência ou velocidade, aos desportos de combate. Verchoshanski (1989), cit in Alves (2001) sugere que, para atletas de nível médio e elevado, podem ser aplicadas as duas variantes de organização da carga de treino, mas que, para estes últimos, deverão ser concebidos macrociclos de carga concentrada quando se 66

74 pretende impor uma sobrecarga superior conducente a saltos significativos na capacidade de desempenho. De acordo com Alves (2001), existirá, igualmente, alguma evidência científica corroborando a tese de que a concentração de cargas de treino com orientação unilateral garante modificações funcionais mais profundas no organismo, promovendo níveis mais elevados de reorganização adaptativa por indução genética reconstrução celular, ativação das vias enzimáticas, aumento das reservas de substratos para o metabolismo energético, afinamento dos mecanismos nervosos, etc. O mesmo autor afirma que a utilização de mesociclos com estas características impõe um stress físico e mental sobre o atleta muito elevado, sendo habitual corresponderem a estas fases do treino estados de sobre solicitação, evidentes pela redução da capacidade de desempenho, a elevação dos indicadores de fadiga fisiológicos e bioquímicos e a alteração dos estados de humor, aspetos bem documentados na literatura. A estrutura dos grandes blocos de preparação acumulação, transição, realização leva este facto em consideração, afirmando Verchoshanski (1989), cit in Alves (2001) que na fase de acumulação o gesto técnico de competição não deve ser treinado senão esporadicamente, atribuindo à fase de transformação o papel duplo de recuperação e treino específico para finalmente ser possível atingir um estado de forma elevado conducente a momentos da sua otimização (picos de forma) no quadro do macrociclo. Na estrutura por blocos de acordo com Verchoshanski (1989), cit in Alves (2001), no seio de períodos de preparação relativamente longos, de 15 a 27 semanas, são integrados blocos de carga com acentuação distinta, segundo o princípio da sequenciação decidida a partir da consideração do efeito residual das cargas. Como se depreende, a sequência metodológica é muito importante na aplicação de cargas com diversas orientações neste modelo. Os blocos são composto por mesociclos de 4 a 6 semanas de treino especial concentrado, como, por exemplo, o treino técnico, o treino da força, etc. A influência de um período de estimulação concentrada de 6 a 7 semanas, ajustada individualmente, pode conduzir a um ganho estável de estado do estado de treino que se manterá durante um tempo considerável (Neumann, 1993, cit in Alves, 2001). Para finalizar Verchoshanski (1989), cit in Alves (2001), para esgotar de um modo ótimo as reservas de adaptação, um mesociclo com carga concentrada deve durar 3 a 4 semanas, embora se a carga for mais moderada possa prolongar-se até às 5 a 6 semanas. 67

75 Partindo do princípio de que, em termos práticos, não será viável ter mais de quatro destes blocos num macrociclo (constituindo a fase de Acumulação) e que, entre cada um deles, deverá um surgir um microciclo de recuperação para a regeneração e adaptação acumulativa, será necessário um intervalo temporal de preparação de, pelo menos, 15 a 27 semanas no total. Em cada microciclo as cargas tendem ser máximas, com alguns microciclos recuperativos, mas sendo muito pouco ao longo da temporada. Segundo Verkhoshanski (2001), para desportos cíclicos de força rápida a velocidade é a principal capacidade física, merecendo bastante atenção em cada bloco. Sendo interessante a realização de testes uma vez por mês para o treinador identificar a qualidade do treino em cada bloco. Verchoshanski (1995) apresenta na figura 3 uma periodização dupla em bloco: Figura 13 - Desenho esquemático da periodização em bloco (Verchoshanski, 1989, cit in Alves 2001) Esta forma de estruturação de treino em atletas de alto nível é também designada pelo autor de "Estruturação de Sucessões Interconexas" (Forteza de La Rosa, 2001). No entanto, Silva (1998), cit in Gomes (2004) refere que o sistema de treino por blocos pode ser estruturado de formas diferenciadas, enquanto López et al (2000) apresenta algumas variantes em relação ao modelo proposto por Verjoshanski: o modelo de bloco de orientação progressiva e o modelo ATR, assim designado por distinguir-se três tipos de mesociclos: 1) Acumulação; 2) Transformação; 3) Realização. Verjoshanski (2001) crítica o trabalho sequencial de diferentes orientações; propõe um método programado que se inicia com a utilização de tarefas concretas e substitui a palavra período por etapa, que se prolonga por 3 a 5 meses de preparação, seguida de um programa de treino e competições, garantindo o alcance da forma desportiva (Gomes, 2002) 68

76 López et al (2000) considera uma nova subdivisão, dentro da visão do desporto através das características de cada desportista: - Modelos para desportos individuais: Bondarchuk fundamentalmente; - Modelos para desportos coletivos: SeiruNo Vargas e Bompa Treino Individualizado ou Integrador Raposo (2002), cit in Gomes (2004) considera que neste período ( ), Bondarchuk foi, sem dúvida, o líder das novas conceções no que respeita à periodização do treino, tendo fundamentado a sua periodização em duas ideias-chave: 1) o atleta é uma unidade e como tal tem que ser treinado, não podendo ser considerado segundo a sua estrutura físico-condicional ou segundo a sua estrutura técnica. 2) a preparação geral deve ser eliminada, exceto como meio de recuperação, pois os movimentos neles utilizados são de duvidosa transferência para os movimentos específicos da competição., devendo apenas serem utilizados como meio de recuperação (Ferrão, 2003) Estas ideias assentam num treino mais individualizado porque a aplicação das questões das capacidades condicionais à técnica, dependem do nível de execução dos atletas (Ferrão, 2003, p. 14) e do ajuste motor do atleta perante os movimentos técnicos específicos do seu desporto (Raposo, 2002) Desta forma, segundo o autor referido, desenvolve-se um período de aumento individual da prestação, que poderá ser mais ou menos longo, dependendo da capacidade individual do atleta. De acordo com Silva (1998), cit in Gomes (2004) o modelo proposto por Bondarchuk caracteriza-se pelo processo de preparação apresentar uma elevada individualização, no que concerne a composição e estruturação do treino e o incremento das cargas de treino. O mesmo autor considera a forma como uma característica individual, com três fases distintas: desenvolvimento, manutenção e descanso, as quais suprem as fases clássicas de aquisição, manutenção e perda da forma desportiva (Garcia Manso et al., 1996) Bondarchuk sugere no seu modelo, treinos altamente especializados e bastante individualizados, tendo preponderância a intensidade das cargas e volume mais ou menos constante ao longo da temporada (Silva, 1998) O mesmo autor refere que este requer um conhecimento profundo do desportista e das suas reações. Enquanto que para (Raposo, 2002) este sistema face a qualquer outro 69

77 anteriormente desenvolvido, apresenta maior elasticidade, permitindo diferentes e interessantes interpretações, abandonando assim a conceção tradicional de periodização (Seirullo, 1987, cit in Ferrão 2003) Modelo de prolongado estado de rendimento Silva (1998), cit in Gomes (2004), refere que na década de 80, Tudor Bompa apresentou um modelo para os desportos com períodos de competição alargado, tendo este sido empregue, especialmente nos desportos coletivos. De acordo com o mesmo autor, a estrutura de treino para essas modalidades caracteriza-se pela predominância do treino de formação especial e pela consequente redução da formação geral, através de procedimentos ondulatórios centrados nas pequenas ondas de treino. Este autor em 1984, considera o treino com um processo complexo, organizado e planificado sobre várias fases que se produzem de forma sequencial (Silva cit in Gomes (2004)), no qual os atletas alcançam, e especialmente, durante a fase competitiva, certos estados de rendimento ( Ferrão, 2003, p. 16), que se denominam (Garcia e tal, 1996): a) Nível de forma desportiva geral (elevado desenvolvimento das capacidades condicionais requeridas pela prática desportiva); b) Nível de alta forma desportiva (estado biológico superior - rápida adaptabilidade às cargas de treino, eficaz recuperação, bons níveis de execução técnica/tática e boa capacidade psíquica); c) Nível de máxima forma (estado de rendimento máximo - ótimos níveis de execução técnica e resolução tática) Este autor fundamenta o seu modelo na possibilidade dos estados de forma quase ótimos de acordo com os períodos de competição, tal como também refere Seirullo Vargas Modelo Cognitivista Seirullo Vargas, é o grande criador deste modelo, visto que segundo ele afirma em 1987, cit in Ferrão (2003, p. 14) todos os modelos anteriores são para modalidades com curtos períodos competitivos e bem definidos e sempre que se queria aplicar a situações com períodos competitivos prolongados, imitavam-se os modelos com algumas alterações, geralmente na estrutura da carga. 70

78 Segundo Garcia Manso et al (1996) a proposta inovadora apresentada por Seirullo Vargas, em meados da década de 80, é de fácil aplicação aos desportos de oposição e cooperação-oposição. Galdón et al (2002), cit in Gomes (2004) refere que o modelo apresentado por Seirullo Vargas, tal como Bondarchuk, parte de uma visão de desporto baseada na característica dos jogadores. Também considera o homem como ser "hipercomplexo" e indivisível. Desta forma podemos afirmar que o seu modelo é concebido através da junção de algumas ideias de autores, nomeadamente de Verkhoshanski e Bondarchuk (Ferrão, 2003) Galdón et al., (2002) cit in, Gomes (2004), acrescenta relativamente a este ponto, que o modelo apresentado por Seirullo Vargas provém do modelo dos blocos concentrados (proposto por Verjoshanski, embora agravado por aplicar cargas durante mais tempo) e do estado prolongado de rendimento (proposto por Tudor Bompa), mas tendo em conta as características dos desportos de equipa. Assim este autor, considera que o planeamento nos desportos de equipa (como é o Futebol) tem que ter uma série de conceitos que o torne diferente dos modelos clássicos descritos, tais como: a unicidade, a especificidade, a personalidade e a temporalidade (Gomes, 2004, p. 31). Assim sendo, podemos caracterizar o modelo de Vargas em cinco ideias fundamentais (Seirullo, 1987, cit in Ferrão (2003): 1. O controlo das cargas de treino em ciclos superiores a uma semana, são difíceis de realizar em desportos com períodos competitivos prolongados e o ajuste dessa dinâmica é impossível de adaptar à dinâmica de uma planificação tradicional com períodos de carga lenta e geral 2. O desenho da carga semanal em sistema de micro-adaptação é adequado caso se encontre com os princípios da supercompensação, devendo ser variável de acordo com o dia de competição no ciclo semanal. 3. O trabalho concentrado de carga específica é o que proporciona a manutenção de um elevado estado de forma ao longo do período de competições e a adaptação a essa carga deve ser conseguida no período preparatório; 4. O estado de alta forma deve ser conseguido e mantido independentemente da importância da competição, apesar de ser necessário ter em conta a sua duração; 5. A aquisição do estado de forma ótima é temporal, e consegue-se a nível individual quando se aplicam cargas específicas a fim de provocar essa situação. 71

79 Com este tipo de planeamento, o autor do mesmo, pretende que os jogadores estejam em boa forma física durante a época desportiva, para alcançar 6-8 estados de boa forma nos momentos-chave da competição (Galdón et al., 2002, cit in Gomes, 2004) Modelo Periodização Tática/Modelização Sistémica A Periodização Tática / Modelização Sistémica obriga a uma decomposição do fenómeno/complexidade, articulando-o em ações também elas complexas, ações comportamentais de uma determinada forma de jogar Modelo de Jogo/Modelo de complexidade. Esta articulação surge em função do que se pretende ver instituído um conceito de ações intencionais, uma cultura de jogo e por consequência uma adaptação específica que é a Tática/Sistémica (entendida como cultura) arrasta consigo aspetos de ordem técnica, física e psíquica. Este conceito reclama para si o respeito pelo princípio da Especificidade. (Faria, 1999, cit in Carvalhal, 2002) O futebol é um desporto com características muito específicas e especiais, que o transformam num desporto cujo treino deve ser cuidadosamente programado e analisado. Peter Tschiene, Kurt K., Vítor Frade, Monge da Silva, Jorge Castelo, Jorge Araújo, Carlos Morino, José Guilherme Oliveira, entre outros, cit in Carvalhal (2002), proclamam a necessidade de uma nova Teoria dos Jogos Desportivos, organizada e teorizada em função da Especificidade do desporto coletivo em causa. Para estes, a componente tática parece ocupar um lugar central. A preocupação é desde o primeiro dia colocar a equipa a jogar como o treinador quer, ou seja, em função de um Modelo de Jogo. No entanto, podemos afirmar duma forma tranquila que e tal como refere Júnior (2006), a Periodização Tática/Modelização Sistémica teve como grande mentor o Prof. Vítor Frade. Faria (1999), cit in Gomes (2004) afirma que no entender de Frade existe uma relação muito estreita entre o conceito de Periodização Tática e o Modelo de Jogo Adoptado pelo treinador. E por consequência a Forma Desportiva, e que face à longa duração da competição (calendário competitivo), pretende-se o seu desenvolvimento, evitando grande oscilações, 72

80 preconizando a adoção dos chamados patamares de rendimento (onde se tenta que haja uma conservação, ou um progressivo aumento qualitativo da Forma Desportiva), em detrimento dos famosos picos de forma (Garganta, 1993; Oliveira, s.d, cit in Santos, 2006). O modelo de jogo é definido por Oliveira (2003, p.21), como "uma ideia/conjetura de jogo constituída por princípios, subprincípios, subprincípios dos subprincípios..., representativos dos diferentes momentos/fases do jogo, que se articulam entre si, manifestando uma organização funcional própria, ou seja, uma identidade. Esse Modelo, como Modelo que é, assume-se sempre como uma conjetura e está permanentemente aberto aos acrescentos individuais e coletivos, por isso, em contínua construção, nunca é, nem será, um dado adquirido. O Modelo final é sempre inatingível, porque está sempre em reconstrução, em constante evolução". Figura 14 - Operacionalidade do princípio da especificidade cit in Oliveira (2003) Tendo em consideração esta definição de Modelo de Jogo, Heitor (1995) reafirma que a ideia de jogo do treinador é um aspecto determinante na organização de uma equipa de futebol. Se o treinador souber claramente como quer que a equipa jogue e quais os comportamentos que deseja dos seus jogadores, tanto no plano individual como no coletivo, o processo de treino e de jogo será mais facilmente estruturado, organizado, realizado e controlado. Guilherme (1991), cit. por Freitas (2004), cit in Mariano (2006), todo o processo de treino deve contemplar exercícios específicos do modelo de jogo adotado pelo treinador. O modelo de jogo e os seus respetivos princípios devem ser alvo de uma periodização e 73

81 planeamento Dinâmicos, o que faz com que a dimensão física surja arrastada pela dimensão tática, mas sempre em paralelo. Assim sendo, segundo Heitor (1995), é determinante o treinador fazer um esforço de sistematização mental das suas ideias, porque só assim pode maximizar as suas funções. Existe o treino tradicional, analítico; existe o treino integrado, que é o tal treino com bola, mas onde as preocupações fundamentais não são muito diferentes das do treino tradicional; existe a minha forma de treinar, a que podem chamar periodização tática, que nada tem a ver com a s outras duas embora muitos pensem que sim (Mourinho, 2006, cit in Mariano, 2006). Mourinho (2003), cit in Oliveira et al (2006, p. 40) refere não sei onde acaba o físico e começa o psicológico ou o tático. Para mim, o futebol é a globalidade, tal como o homem. Não consigo separar as coisas. Frade (1998), cit. por Rocha (2000), cit. in Carvalhal (2002), refere que o tático não é físico, técnico, psicológico, nem estratégico, mas precisa dos quatro para se manifestar. E acrescenta que não divide o treino porque tem consciência de que o crescimento tático tendo em conta a proposta de jogo a que se aspira, ao realizar-se, ao operacionalizar-se, vai implicar alterações ao nível físico, o psicológico, técnico, isto é, há que ter consciência que o tático tem a ver com a proposta dê jogo que se pretende, logo não é um tático abstrato. No entanto essa organização, segundo Frade (1998), cit. por Rocha (2000), cit. in Carvalhal (2002), não passa necessariamente por ter 11 de cada lado e pô-los a jogar. Essa forma de jogar ou essa organização pode ser caracterizada, contendo quer no ataque quer na defesa determinados princípios. O que interessa é que ao fracionar essa equipa, "esses 11", diminua o número de jogadores (por exemplo) e treine em menos espaço. A preocupação prende-se assim com a aquisição de um determinado princípio ou a articulação de um princípio com outro. O tático pode ser o subtema do tático geral ou uma "parte" do todo, esse subtema, esse subconjunto, tem físico, técnico e psicológico necessariamente. Oliveira et al (2006, p. 40), referem ainda que para Mourinho, não faz qualquer sentido atribuir percentagens às diferentes dimensões, na medida que não as consegue conceber isoladamente, descontextualizada. Mourinho sabe que o tal jogar que quer para a sua equipa (o tal todo) requisita cada uma dessas dimensões (tática, técnica, física e psicológica). Por outro lado, quando Mourinho afirma que trabalha tudo em simultâneo, está a querer dizer que treina o seu jogar com todas as dimensões em constante interação, 74

82 isto é, em constante relação entre si. Perceba-se que qualquer ação técnica, ou física, tem sempre subjacente uma dimensão tática. Não existe no vazio, não existe por si só. Frade (1998), cit. por Rocha (2000), cit. in Carvalhal (2002) é apologista de que não se divida o treino nos seus diversos fatores. Para ele o importante é provocar na equipa e não nos jogadores (de forma individual) uma determinada alteração ou transformação, que implica uma organização coletiva desses jogadores. Uma organização que promova uma forma de jogar em termos defensivos e ofensivos. Esta deverá ser a grande preocupação, ter uma equipa a jogar de determinada maneira, onde o padrão, o núcleo duro, as preocupações centrais são sempre jogar. Ainda segundo Mourinho cit in Oliveira et al (2006, p. 41) e se tem subjacente uma dada intenção tática, facilmente se percebe que cada ideia de jogo requisita de forma singular cada dimensão e que portanto a supra dimensão tática entendida como uma dada cultura de jogo que se quer implementar tem que ser a grande coordenadora de todo o processo de treino. Como facilmente percebemos, e como nos refere Carvalhal (2004), cit in Júnior (2006), na Periodização Tática a preparação do atleta tem a tática como principal motor, obrigando simultaneamente a desenvolver as restantes componentes e dimensões (física, técnico-tático e psicológico), devendo estas surgir em conformidade com as exigências requeridas no Modelo de Jogo Adotado. Segundo Mourinho (2001) estar em forma é jogar bem, logo a forma desportiva deve ser entendida sobre o ponto de vista coletivo, aliás o autor reforça ideia afirmando que estar em forma individualmente é ser capaz de ao nível tático individual, técnico, físico, cognitivo e psicológico, cumprir as exigências do modelo de jogo adotado e seus respetivos princípios (tática coletiva) Os níveis de forma não estão dependentes da preparação de pré -época mas sim do trabalho realizado diariamente. Castelo (1998) cit. por Rocha (2000), cit. in Carvalhal (2002) afirma que o que se deve fazer desde o primeiro dia é treinar a organização de jogo da equipa, o que implica que cada exercício de treino, desde o aquecimento até ao último exercício, deve servir para a organização do jogo. O processo que leva à realização desse tático é que se desenvolve de maneira diversa, conquanto se reconhece que a conceção de treino assenta no privilégio do tático ou no privilégio do físico. Portanto, segundo Frade (1998), cit. por Rocha (2000), cit. in Carvalhal (2002), a periodização mais tradicional é manifestamente física, porque se baseia numa 75

83 análise quase estritamente física, ou seja, as variáveis que identifica como fundamentais são físicas. Fala-se em aeróbia ou em anaeróbia ou em qualidades físicas em separado. Ela baseiase nisso, seleciona isso, como os indicadores a registar em termos de evolução. E fá-lo do seguinte modo: preocupada que em cada indivíduo se registe uma evolução dessas variáveis selecionadas, está preocupada com os jogadores individualmente. Parte do pressuposto de que a melhoria da equipa resulta dessa evolução, dessa transformação, caso a caso. Oliveira (1991), cit. in Carvalhal (2002) considera que o "Modelo de Jogo" adotado e os respetivos princípios devem ser sujeitos a um cuidadoso processo de planeamento e periodização dinâmicos, o que pressupõe que a componente física, técnica e psicológica apareçam arrastadas pela componente "tática" mas sempre em paralelo. Torna-se evidente uma clara contradição com os pressupostos evidenciados pela Teoria "Convencional", que centraliza as suas preocupações nos aspetos "físicos". A este propósito Castelo (1998) citado por Silva (1998), cit. in Carvalhal (2002) refere que "as equipas "caem" no futebol porque se separam as coisas. Pensa-se que um dia é tático, outro é técnico, outro físico, etc., mas não deverá ser assim. Os exercícios em futebol para a preparação e organização de uma equipa têm que se traduzir no simular de "momentos" da competição, e esse simular tem que se traduzir em exercícios que na sua própria essência não desvirtuem aquilo que é (ou vai ser) a realidade competitiva. O não desvirtuar significa que cada exercício tem que ter as "componentes" na sua totalidade. A primeira realidade do treinador deve ser compreender a realidade competitiva, e a partir da competição a que se aspira encontrar um conjunto de exercícios que traduzam "essa" realidade competitiva e não a desvirtuem. «A Educação Tática dos futebolistas, chamemos-lhe assim, é o elemento mais importante para uma equipa ter sucesso. Os treinadores têm as suas ideias sobre a forma como os jogadores devem evoluir no terreno, mas é necessário que cada um saiba desempenhar a sua tarefa de olhos fechados, se for caso disso. A partir daí tudo se torna mais fácil»... «Cheguei a Barcelona e, durante um mês, pouco mais fiz do que trabalhar aspetos táticos com os jogadores. Porque é assim que se fortalece o espírito de equipa, indispensável para o Barcelona poder ganhar». (Louis Van Gaal, treinador do Barcelona, ao jornal "A Bola", 14/05/98); 76

84 A imprevisibilidade e a aleatoriedade próprios do futebol faz deste uma estrutura multifactorial de grande complexidade (Dufor, 1991, cit. in Carvalhal (2002). As equipas funcionam num registo de uma termodinâmica do não-equilíbrio, pois só assim é possível desenvolver mecanismos de auto-organização que criem sentido a partir da aleatoriedade (Garganta & Cunha, 1997, cit. in Carvalhal, 2002) Dunning (1994), cit. in Carvalhal (2002), refere que o jogo é um acontecimento caótico, particularmente sensível às condições iniciais. Garganta & Cunha (1997), cit. in Carvalhal, (2002), afirmam que no jogo de futebol a ordem parece nascer do caos. Consoante o tipo de perturbação aleatória que o sistema sofre, no momento em que se torna instável, surge um outro tipo de organização como resultado das reações que se processam em condições de não equilíbrio e que provocam o aparecimento espontâneo de estruturas que apresentam uma certa ordem. O conceito de Modelação Sistémica (entenda-se, Periodização Tática) aparece para permitir tratar fenómenos apercebidos complexos (jogo), ou seja, fenómenos que "a priori" se considera não poderem conhecer-se por decomposição analítica (Le Moigne, 1994, Garganta & Cunha, 1997, cit. in Carvalhal, 2002). A modelização sistémica desenvolveu-se precisamente para permitir uma passagem refletida do complicado ao complexo, da previsibilidade certa à força de muito cálculo à imprevisibilidade essencial e todavia inteligível. É necessária uma modelização (periodização) que revele suficientemente a inteligibilidade dos fenómenos para que possa permitir a deliberação raciocinada, a invenção e a avaliação dos seus projetos de ação (Le Moigne, 1994, Garganta & Cunha, 1997, cit. in Carvalhal, 2002). "O todo está na parte que está no todo" (Morin, cit. in Lopes, 2005). Dividir o nosso objeto de estudo (Jogo) em "partes" (físico, tático, psicológico, técnico), mais "empobrece a inteligibilidade do conhecimento construído pela interação deliberada desses conceitos. É necessário um conceito menos singular e mais geral de interatividade (interações todo - parte e parte - partes) A esta alternativa "reducionismo - interacionismo" corresponderá uma alternativa "decomposição - articulação": ao "decomponhamos primeiro o objeto" da analítica facilmente se substitui o "comecemos por articular o projeto" da sistémica (entenda-se, tática)" (Moigne, 1994, cit. in Santos, 2006) Segundo Carvalhal (2002) o guião de todo o nosso processo deverá ser o Modelo de Jogo Adoptado. O modelo de jogo está dependente de um sistema de relações que vai 77

85 articular uma determinada forma de jogar, não uma forma de jogar qualquer, mas baseada numa estrutura específica. Ao Modelo terá que ser operacionalizado através do treino, através dos princípios (escolhidos) subjacentes ao Modelo de Jogo Adoptado. No processo terá que existir algo de futuro, que nós pretendemos (ou que potencialmente) venha a acontecer. Encontrar o que não existe, a isso chama-se criar, inventar, construir na cabeça antes de o fazer na colmeia, conceber" (Morin, s.d, cit. in Santos, 2006). Podemos então dizer que no futebol os sistemas são dinâmicos não lineares, ou seja, é o futuro que condiciona o processo. Será necessária, então, para Carvalhal (2002), uma periodização que contemple fundamentalmente treinos específicos, de forma a que exista articulação e um conjunto de relações que certamente só serão otimizadas sendo treinadas criando nos atletas o hábito de jogar de determinada maneira. Segundo Faria (2003) cit in Mariano (2006), treinar significa melhorar sob o ponto de vista do jogo. Tendo claramente definido um modelo e os princípios que o orientam, o que acontece diariamente é a exacerbação desses princípios em busca da melhoria da qualidade de jogo e daquilo que é a forma de jogar estipulada pelo treinador. Torna-se importante a repetição sistemática dos exercícios. De qualquer das formas, como refere Bordieu (1998), cit. in Carvalhal (2002), toda a aprendizagem implica não somente a repetição, mas também uma estruturação intencional das ocorrências repetidas, mais a construção é forte, isto é, quanto mais ativa é a aprendizagem, mais os seus efeitos são rápidos e duradouros... só uma repetição ativa ou construtiva torna possível a aquisição de um saber ou de um saber-fazer novo. Toda a aprendizagem supõe que todo o sujeito possa reconhecer ou produzir, no interior do material a aprender, uma certa estrutura. Quando treinamos para adquirir uma adaptação, o processo acontece ao nível do saber-fazer. Criamos essa adaptação através de um hábito que se adquire na ação. (Carvalhal, 2002, p.52). Hábito é um termo que diariamente utilizamos, não pensando por vezes qual o seu verdadeiro significado. Para Bordieu (1998), cit. in Carvalhal (2002), a disposição é um termo mais abrangente que o hábito e pode ser definida como um saber fazer. A aprendizagem contém simultaneamente elementos explícitos e implícitos, mas, por meio de repetição sistémica, memória explícitas podem transformar-se em implícitas. Se isso acontecer, desenvolve-se uma forma de atuar (jogar) cuja resposta é automática, dizemos 78

86 que o fazemos sem ter que pensar, torna-se um hábito. (Nava, 20003, cit in Lopes, 2006, p. 12) Um hábito é por isso, como refere Faria (2002), cit. Por Resende (2002), cit in Lopes (2003) um saber fazer que se adquire na ação. Frade (1998), cit. por Rocha (2000), cit. in Carvalhal (2002), refere que quando se está a treinar para criar uma adaptação, o processo acontece ao nível do saber-fazer. Para adquirir um princípio, o mesmo treinador refere que o treino terá que ser "aquisitivo", isto é, o tempo de ação em termos de propensão tem que fazer aparecer uma grande percentagem de determinadas coisas. Segundo o mesmo treinador, a forma de um principio ser operacionalizado é através da repetição sistemática. Torna-se fundamental que o processo (através do treino) provoque uma determinada relação entre mente e hábito. O "futebol" é um-saber-fazer, é um hábito que se adquire na ação. O ensinar a jogar não é só da esfera do saber fazer, tem a ver com o entendimento da relação mente e hábito, é um saber-sobre-um-saber-fazer (Carvalhal, 2002). Segundo o mesmo autor, ao assumirmos uma periodização baseada nos "aspetos" táticos, ela tem que ser determinista... isto é, deve privilegiar uma ordem que será otimizada pelos exercícios específicos, de acordo com o nosso modelo de jogo, respeitando os princípios de jogo. No entanto, o jogo de futebol é desenvolvido por seres humanos que possuem corpo e alma e que estão sujeitos à imprevisibilidade e à diversidade que é própria do jogo. No jogo ao respeitar-se a ordem mais parece realçar-se o detalhe. A característica individual do jogador igual a ninguém, o detalhe do "artista", as suas "impressões digitais", mas que no entanto funcionam em prol do coletivo, devem ser evidenciadas no jogo, como refere Frade (1998), cit. por Rocha (2000), cit. in Carvalhal (2002), assentes num plano de jogo, numa pauta, como quando um músico vai tocar, criando música. Ou como refere Valdano (1998), cit. in Lopes (2006) tudo no futebol, incluindo a criatividade, necessita apoiar-se numa ordem. Paulo Sousa (2000), cit. in Carvalhal (2002, p.56) acrescenta que "o equilíbrio coletivo tem sido conseguido. No fundo a chave do êxito resume-se a isto: trabalhar coletivamente de forma a permitir que os "artistas" disponham de frescura para fazer o que sabem, de modo a não nos desequilibrarmos como equipa na fase defensiva". Torna-se assim importante o detalhe. A opção será então o detalhe, que é um momento único para o qual não existe equação, no entanto o detalhe sem organização não vale nada (Carvalhal, 2002). 79

87 Ainda, segundo Carvalhal (2002), a equipa deverá ser um mecanismo não mecânico, em que o pensamento criativo deve estar sempre presente e, no momento de decidir, no tal momento único, para o qual não existe equação, uma previsibilidade incalculável, na prática, resulta numa imprevisibilidade potencial, fruto das vivências potenciais no processo de treino. As adaptações não se limitam só a mudanças fisiológicas, mas também, segundo Bompa (1983), cit. in Gomes (2004), as implicações precisas nos fatores técnicos, táticos e psicológicos. O autor afirma que a especificidade é o elemento principal requerido para a obtenção do sucesso. No entanto, a Especificidade requerida para o futebol, segundo Oliveira (1991), cit. in Santos (2006), não está somente ligada ao aspecto de ser uma ação de jogo, mas sim a uma ação de jogo referente ao Modelo de Jogo adotado. O mesmo autor refere que no caso de não ser feito, o exercício está a ser somente situacional. Emerge assim um conceito chave: A Especificidade. "É o princípio da Especificidade que deve dirigir a periodização tática, é uma forma de jogar. Exige da equipa técnica a preocupação de inventar exercícios o mais ajustados possível a essa pretensão, no sentido de criar nos treinos a competição que desejam que aconteça, ou seja, essa forma de jogar". Frade (1998), cit. por Rocha (2000), cit. in Carvalhal (2002) Esta palavra é polissémica. Para muitos, especificidade é, após uma caracterização das exigências do jogo de futebol nos aspetos físicos, treinar essa componente específica isoladamente; para outros é, após a observação do jogo, quantificar as ações técnicas: remates, passes, etc.. Treinar estes aspetos específicos de forma isolada e garantir uma adaptação (Carvalhal, 2002) Ainda, para o mesmo autor, o treino para ser específico deve simular numa determinada dimensão (macro ou micro) os princípios do modelo de jogo adotado. Assim Oliveira (1991), cit. in Santos (2006) define que só se poderá chamar especificidade à Especificidade se houver uma permanente e constante relação entre as componentes psico-cognitivas, tático-técnicas, físicas e coordenativas, em correlação permanente com o modelo de jogo adotado e respetivos princípios que lhe dão corpo. Como reforça Moigne (1994) cit. in Carvalhal (2002) o conceito de modelização sistémica surge como uma forma de entender, perceber e tratar um fenómeno complexo, sem haver necessidade de o decompor analiticamente. Quer isto dizer que se entendermos o 80

88 conceito de modelização sistémica como um conceito de periodização tática, este aparece como uma forma de interpretação, conhecimento e modelização do jogo, sem que para isso seja necessário a sua redução em aspetos de ordem tática, técnica, física ou psicológica. Assim, como salienta Oliveira (2004) cit in Santos (2006,) a interação das diferentes dimensões (técnica, tática, física, cognitiva e psicológica) é um dos aspetos fundamentais deste tipo de periodização e planificação (em estrito respeito com o principio da Especificidade) O princípio da especificidade, na opinião de Carvalhal (2003), evidencia que as maiores mudanças funcionais e morfológicas não acontecem somente nos órgãos, células e estruturas intracelulares que sejam suficientemente ativadas pela carga funcional, surgindo a respetiva adaptação. A especificidade também é determinada numa metodologia de treino em que as situações criadas/exercícios são o mais próximas da realidade de jogo (Oliveira, 2004) cit in Santos (2006) Assim, o treino ou os exercícios, só são verdadeiramente específicos quando houver uma permanente e constante correlação entre as componentes técnico-táticas individuais e coletivas, psico-cognitivas, físicas e coordenativas e o modelo de jogo adotado e respetivos princípios que lhe dão corpo, ou seja, os princípios só são verdadeiramente específicos quando obedecem às exigências reais da competição (Oliveira, 2003) A operacionalidade do princípio da especificidade deve assumir várias dimensões: 1. Dimensão coletiva; 2. Dimensão sectorial; e 3. Dimensão individual. Chega-se a uma determinada forma de jogar através da operacionalização de exercícios específicos. Assim reforça Manno (1987), cit. in Carvalhal (2002), quando refere que os fenómenos de adaptação que estão na base da elevação do rendimento estão ligados à especificidade do estímulo que no treino é constituído principalmente pelo exercício. Os exercícios devem ser elaborados de acordo com o modelo de jogo adotado, assim todas as componentes estão dependentes da componente tática, surgindo como consequência e arrastamento desta. Desta forma, Faria (2003), cit in Mariano (2006), aquilo que acontece é que o objetivo final é jogar. E se é esse o objetivo, treinar só pode ter um significado: fazê-lo a jogar. Se o objetivo é a melhoria da qualidade de jogo e de organização, esses parâmetros só se conseguem concretizar através de situações de treino ou de exercícios onde se consiga trabalhar essa organização. Perante isso, só através de uma especificidade de jogo é que se 81

89 consegue gerir esses mesmos objetivos. Então, para Carvalhal (2002), deveremos retirar do nosso jogo partes do mesmo (reduzir sem empobrecer), decompondo-o e articulando-o em ações também elas complexas, não no sentido de o partir, mas sim de privilegiar as relações e os hábitos. Para isso torna-se necessário a criação de um padrão, um modelo de trabalho. Oliveira (1991), cit. in Santos (2006), defende a utilização de uma estrutura de microciclo idêntica logo desde o início, desde o período dito preparatório, de forma a que se possa assimilar os conteúdos e a lógica subjacente a esses conteúdos. Oliveira (1991), cit. in Santos (2006), refere que na Periodização Tática a contextualização é o primado. O importante é simular, criar, modelizar sistemicamente o futuro a que se aspira. Uma dimensão do futuro mas em escala menor para poder chegar ao futuro. "Aquilo que mais pode interferir no futuro é o próprio futuro, o caminho faz-se andando." Seguindo o raciocínio do autor, cit. in Carvalhal (2002), a recuperação é um dos aspetos como os outros, ele ilustra esta ideia dizendo que se, por absurdo, um treinador fizer treinos de conjunto todos os dias (Segunda, Terça, Quarta, Quinta e Sexta) de certeza absoluta que os jogadores vão descansar no jogo de Domingo. Para contrariar isto talvez devesse fazer recuperação na terça e na quarta-feira seguintes. Mas se um indivíduo, novamente pelo absurdo, fizer sempre o treino em espaço reduzido com muitas pausas, recupera mais facilmente e também já tem menos problemas com a recuperação. Tudo aquilo que até agora tem sido defendido, até este momento encontra-se expresso na figura 15, que demonstra que o treino específico é a base fundamental sobre a qual devem ser fundados os alicerces do treino desportivo de uma qualquer equipa de futebol. Aqui a componente tática (entendida como linguagem comum a todos os jogadores), é a linha coordenadora de todo processo evolutivo da periodização (tática, técnica, física, cognitiva e psicológica) A principal preocupação é a evolução constante do Modelo de jogo adotado. Figura 15 Treino geral e específico Rocha, 2000, cit. in Carvalhal, 2002) 82

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