ENTOMOFAUNA AUXILIAR ASSOCIADA À VINHA NA REGIÃO DEMARCADA DO DOURO. C.R. Carlos, J.M.A. Domingos, F. Alves & J.M.R. Costa
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- Valentina da Conceição Moreira
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1 ENTOMOFAUNA AUXILIAR ASSOCIADA À VINHA NA REGIÃO DEMARCADA DO DOURO C.R. Carlos, J.M.A. Domingos, F. Alves & J.M.R. Costa ADVID- Associação para o Desenvolvimento da Viticultura Duriense. Rua José Vasques Osório,6 º. -8 Peso da Régua. advid@advid.pt RESUMO A fauna auxiliar é o principal factor de limitação natural das pragas. Estes inimigos são muitas vezes dominados por uma ou várias espécies de predadores ou de parasitóides (Reboulet, 99). Tendo consciência da importância da limitação natural das pragas que atacam a vinha, desenvolveu-se em um trabalho visando a identificação dos principais insectos predadores associados à cultura na Região Demarcada do Douro e o conhecimento dos seus períodos de actividade, como forma de definir medidas tendo em vista valorizar a sua acção. Procurou-se ainda estudar a influência dos tratamentos realizados na evolução da fauna identificada. Ao longo das 6 semanas de amostragem, realizadas entre il e embro, foram identificadas onze famílias referidas como incluindo espécies predadoras, isto é, Coccinellidae, Mordellidae, Cleridae, Malachiidae, Staphylinidae, Cantharidae, Carabidae da ordem Coleoptera; Chrysopidae da ordem Neuroptera; Syrphidae da ordem Diptera e Miridae e Nabidae da ordem Hemiptera. Os coccinelídeos foram a família mais abundante, merecendo destaque o género Scymnus sp. que correspondeu a 8 % do total de indivíduos capturados desta família. O período de maior actividade dos adultos capturados foi de uma forma geral o que decorreu entre os meses de o a embro. Neste período destaca-se o mês de ho, no qual se capturaram com intensidade cinco famílias, nomeadamente os coccinelídeos, os mordelídeos, os clerídeos, os malaquídeos e os estafilinídeos. Quando se analisa o efeito de um programa de tratamentos fitossanitários, a observação das curvas de voo dos predadores identificados sugere algum efeito negativo da substância activa dinocape nas populações de coccinelídeos, sendo talvez de evitar a sua aplicação num período em que estes auxiliares se encontrem num fase de intensa actividade na cultura que, no nosso caso correspondeu aos meses de ho, ho, sto e embro. Palavras-chave: insectos, predadores, vinha, períodos, actividade, toxicidade, fungicidas
2 INTRODUÇÃO Todo o animal é consumidor de certos organismos e é consumido por outros. Cada espécie tem um lugar e uma função bem definida e constitui uma malha de cadeias alimentares por vezes muito complexa. Os insectos que prejudicam as culturas não fogem a esta regra. Estas pragas são detidas por uma série de organismos tais como microorganismos patogénicos (vírus, bactérias, fungos), nemátodes entomoparasitas, vertebrados (pássaros, mamíferos, répteis) mas sobretudo por artrópodes que se alimentam exclusivamente desses insectos, o que faz com que sejam considerados entomófagos e recebam desta forma a designação de entomofauna auxiliar (Jourdheuil, 97). Na protecção das culturas tem vindo a merecer destaque o papel dos artrópodes auxiliares, como factor de limitação natural de espécies fitófagas, procurando-se valorizar a sua acção (Lavadinho, 99). Ainda, para Lavadinho (99), a utilização de produtos fitofarmacêuticos continuará a ser ferramenta indispensável à protecção das culturas. Deste modo, a escolha de produtos de menor toxicidade, que favoreçam, ou pelo menos não contrariem, a acção de limitação natural devida aos auxiliares, é um objectivo importante. O objectivo inicial deste trabalho consistiu na identificação e quantificação dos principais insectos predadores que limitam naturalmente as duas pragas com maior importância na vinha da Região Demarcada do Douro, nomeadamente a traça da uva e a cigarrinha verde. Posteriormente, alargou-se o âmbito deste estudo ao conhecimento dos insectos predadores de outras pragas da vinha. Na medida do possível, procurou-se ainda obter informação sobre a influência dos tratamentos fitossanitários efectuados à cultura, na evolução das populações destes auxiliares.
3 MATERIAL E MÉTODOS Colheita de dados e caracterização da parcela A vinha, situada na freguesia do Pinhão, foi plantada em 987 segundo uma sistematização do terreno em patamares de dois bardos, com a casta Touriga Franca enxertada em 99R, e um compasso de, m x, m, conduzida em cordão bilateral de plano ascendente. A parcela com cerca de ha, tem exposição a Oeste-Sudeste, e o declive inicial da encosta é de %. No fundo da parcela, a Oeste e Sudoeste desta, existe uma linha de água, oliveiras e citrinos em número considerável e outras espécies arbóreas em número reduzido tais como aveleira, pereira e nespereira. A Leste/Sudeste da parcela existe uma mata constituída maioritariamente por pinheiro, medronheiro e sobreiro (Foto ). No Quadro é feita uma breve caracterização das espécies arbóreas/ arbustivas ou coberto vegetal existentes na proximidade do local onde foi colocada cada armadilha. A captura dos predadores realizou-se com recurso a cinco armadilhas cromotrópicas, no período que decorreu entre de il e de Outubro (6 semanas de amostragens). As armadilhas eram constituídas por uma placa de acrílico de cor amarela e forma rectangular, com uma área de cerca de cm² ( cm) e, cm de espessura, revestidas em ambas as faces por uma fina camada de cola, específica para insectos. As cinco armadilhas foram colocadas em diferentes locais da vinha (Foto ), a uma altura de, m do solo, sendo fixas ao arame superior dos bardos. Foto - Vinha onde se efectuou o estudo da fauna auxiliar. Os números ( a ) indicam a localização das armadilhas cromotrópicas.
4 Quadro - Caracterização das espécies vegetais existentes na proximidade de cada parcela onde se colocou a armadilha cromotrópica Parcela Parcela Parcela Parcela Parcela oliveiras, pereira, coberto vegetal com joio e pampilho de micão Citrinos, oliveiras e nespereira Acipreste e mata com medronheiro, pinheiro e sobreiro - - Relativamente ao revestimento do solo, foi efectuada uma aplicação de herbicida misto na linha e taludes em meados de Fevereiro, permanecendo a entrelinha com revestimento natural até de ho, data em que foi realizada uma escarificação do solo. Nas proximidades da armadilha, exactamente um patamar abaixo, não foi aplicado herbicida de Inverno, estando o solo densamente revestido com pampilho de micão (Coleostephus myconis L.) e joio (Lolium sp. ). A recolha dos insectos capturados por cada armadilha foi efectuada semanalmente, recorrendo para o efeito a um pincel e petróleo. Depois de secos e limpos, eram cuidadosamente separados e classificados por famílias, com recurso à lupa binocular (Nikon SMZ-6 ampliação 8 a x), e com o auxílio das chaves dicotómicas disponíveis em Borror & Delong, (969). Clima e fitossanidade em Relativamente à evolução climática durante as amostragens, o mês de il foi aquele em que a precipitação foi mais significativa (Fig. ). Posteriormente verificou-se precipitação com alguma intensidade a 9 de ho, de ho, 8 de sto, de embro e de Outubro (Fig. ). A temperatura média registou em valores superiores à média na segunda década de ho e principalmente na primeira quinzena de sto, onde se verificou a vaga de calor mais intensa, desde a década de (registo do IM), com duração de 7 dias e máxima na ordem de ºC IM (). (Fig. ). (ºC) (m m) R T m Fig. - Evolução da temperatura média (Tm) e precipitação (R) durante a realização das amostragens Do ponto de vista fitossanitário, o ano de foi propício fundamentalmente ao desenvolvimento de doenças. A precipitação ocorrida em il provocou algumas infecções de míldio, mas o oídio foi a doença com maior significado na região. Quanto à traça da uva, praga chave nesta região, a realização da estimativa do risco revelou não ser necessário efectuar
5 qualquer tratamento insecticida (Fig. ). Relativamente à cigarrinha verde, foram registadas apenas as curvas de voo dos adultos (Fig. ), não se tendo efectuado a estimativa do risco por contagem de ninfas, pelo facto de se conhecer o historial de ataque da praga e este não ser significativo neste local. O elevado vigor vegetativo permitiu o desenvolvimento de uma primeira geração da praga bastante importante. A segunda geração e, fundamentalmente a terceira geração não seguiram, no entanto, a mesma tendência (Fig. ). Adulto s Curva de voo adulto s Estragos (Ninhos e % ataque) Estragos Fig. - Curva de voo e quantificação de estragos da traça da uva em na vinha em estudo Adulto s - Análise de dados Os dados obtidos analisaram-se em termos de evolução do número de capturas ao longo do tempo e, dentro das limitações existentes em função dos tratamentos fitossanitários realizados. Para o efeito, procedeu-se em primeiro lugar, a uma comparação em termos de abundância e diversidade dos indivíduos capturados nas várias armadilhas. A diversidade (D) é expressa pelo índice de Shannon-Wiener (Magurran, 988; Krebs, 987 citados por Nunes, 996) sendo este a medida do grau médio de incerteza que prevê a que espécie pertence um indivíduo capturado ao acaso numa comunidade (Ludwig & Reynolds, 988 citados por Nunes,996). Este índice baseia-se em dois parâmetros, a riqueza de famílias (R) e a abundância (A), representando o primeiro o número de famílias presente na amostra, e o segundo o número total de indivíduos presente na amostra. O índice de diversidade apresenta valores que normalmente variam entre, e,, raramente ultrapassando os, (Magurran, 988 citado por Nunes, 996). Valores elevados de diversidade estão normalmente associados a condições favoráveis do meio, implicando a existência de numerosas espécies, cada uma delas representada por um pequeno número de indivíduos. Este valor será máximo se todas as espécies apresentarem o mesmo número de indivíduos, e será igual a zero se a abundância for igual a (Ludwig & Reynolds, 988) citado por Nunes, 996). Posteriormente, procedeu-se a uma análise das curvas de voo das famílias de insectos capturados, identificando os períodos de maior intensificação, e tentou-se, de alguma forma comparar esses períodos com os relatados em Acta (98). Após ter procedido a uma pesquisa bibliográfica sobre a biologia dos insectos capturados, hábitos alimentares e toxicidade das substâncias activas utilizadas no ensaio, procurou-se A A A A A Média Fig. Curvas de voo da cigarrinha verde registadas em cinco armadilhas cromotrópicas e respectiva média em na vinha em estudo
6 interpretar os decréscimos verificados nas curvas de voo com a possibilidade da interferência negativa de algumas substâncias activas. RESULTADOS E DISCUSSÃO Abundância e Diversidade O total de capturas efectuado pelas cinco armadilhas foi de 86 indivíduos, pertencentes a famílias, isto é, Coccinellidae, Mordellidae, Cleridae, Malachiidae, Staphylinidae, Cantharidae, Carabidae da ordem Coleoptera; Miridae e Nabidae da ordem Hemiptera; Chrysopidae da ordem Neuroptera e Syrphidae da ordem Diptera. No total de capturas é importante frisar que 7,6 % da população pertenciam à família Coccinellidae,, % à família Mordellidae e,6 % à família Cleridae (Fig. ). Cantharidae,% M alach idae 6,6% Cleridae,7% M orde lidae,% Staphylinidae,6% Chryso pidae,% Outras fam ílias,% C occine lidae 7,6% Fig. - Distribuição percentual das famílias de insectos predadores capturados no ensaio. Relativamente à abundância e à diversidade existem diferenças notórias entre as cinco armadilhas instaladas na parcela (Quadro ). Quadro - Abundância (A), Riqueza (R) e Diversidade (D), relativas às capturas registadas nas diferentes armadilhas cromotrópicas Famílias Arm. Arm. Arm. Arm. Arm. Total Coccinellidae Cantharidae 9 6 Mordellidae 6 Cleridae 9 Malachiidae Staphylinidae 9 6 Chrysopidae 6 Outras famílias A R D,7,66,6,, - No que respeita à abundância, merece especial destaque pelo maior número de insectos capturados, a armadilha, com indivíduos (6 % do total), dos quais 8 % pertencem à família Coccinellidae. Esta maior abundância poderá ser explicada quer pela diversidade 6
7 vegetal existente nas proximidades do local onde se encontrava a respectiva armadilha (Foto e Quadro ), quer pela presença de uma linha de água perto desta parcela, que poderá ter proporcionado um microclima mais favorável à manutenção dos insectos neste local. Pelo contrário, a armadilha foi a que capturou menos insectos, tendo-se contabilizado indivíduos ( % do total). O facto desta armadilha ter capturado um menor número de insectos poderá estar relacionado com a sua localização na vinha, nomeadamente com o afastamento quer da linha de água, quer das árvores aí presentes. A diversidade registou o seu maior valor na armadilha (,66), sendo o valor mais baixo registado na armadilha (,7). Como valores elevados de diversidade estão normalmente associados a condições favoráveis do meio, isto leva a supor que a parcela apresentava condições ideais para a existência de numerosas famílias, enquanto a parcela apresentava condições para o desenvolvimento de um pequeno número de famílias, nomeadamente da Coccinellidae, uma vez que nesta armadilha as suas capturas foram em elevado número. Evolução do número de capturas O período de maior actividade dos adultos capturados foi de uma forma geral o que decorreu entre os meses de o a embro (Quadro ). Destaca-se o mês de ho, no qual se capturaram com intensidade cinco famílias, nomeadamente os coccinelídeos, os mordelídeos, os clerídeos, ou seja as famílias em que se capturaram mais insectos, juntamente com os malaquídeos e os estafilinídeos. (Quadro ). Ordem Coleoptera Família Coccinellidae Esta família foi a que se capturou em maior número, correspondendo a 7,6 % do total de capturas. As espécies mais representativas em termos de capturas foram Scymnus interruptus Goeze (,6 %), Scymnus frontalis Fabricius (9, %), Stethorus punctillum Weise (,8 %), Coccinella septempuntacta L. (, %) e Exochomus nigromaculatos Goeze (,8 %). O período no qual se verificou uma intensificação do número de capturas desta família foi no que decorreu entre os meses de ho a embro, tendo-se registado o máximo de capturas a 8 de embro. Em finais de sto, inícios de embro, verificou-se um decréscimo acentuado do número de capturas. Não nos é possível explicar se tal diminuição nas capturas ocorreu por motivos climáticos nomeadamente pela ocorrência de alguma precipitação, ou por questões que se prendem com a biologia dos insectos capturados (Fig. - a). Comparando os períodos de actividade obtidos neste estudo (Quadro ) com os recolhidos numa pesquisa bibliográfica (Quadro ), podemos verificar que, relativamente ao género Scymnus, existem condições nesta parcela que favorecem a presença destes indivíduos até ao mês de embro, onde foram capturados em maior número, apesar de Acta (98) referir uma maior presença nos meses de ho e sto (Quadro ). 7
8 Nº adultos A A A A A Média Nº adultos 7 - a- Coccinelídeos b- Mordelídeos A A A A A Média Nº adultos A A A A A Média c- Clerídeos Nº adultos A A A A A Média d- Malaquídeos Nº adultos A A A A A Média e- Estafilinídeos Nº adultos A A A A A Média f- Cantarídeos Nº adultos Nº adultos, A A A Média A A A A A Média g- Carabídeos h- Crisopídeos Fig. - Curvas de voo dos predadores capturados com recurso a armadilhas cromotrópicas colocadas nas várias parcelas (A, A, A, A, A) e respectiva média. Os números indicam os tratamentos fitossanitários realizados na vinha em estudo (Quadro ). Os períodos de maior actividade estão assinalados a cheio ( ) 8
9 Quadro Períodos de actividade dos adultos das várias famílias de predadores capturados na vinha em estudo em Período de actividade dos adultos Ordem Famílias A M J J A S Legenda: Coleoptera Neuroptera Diptera Hemiptera Coccinellidae Mordellidae Cleridae Malachiidae Staphylinidae Cantharidae Carabidae Chrysopidae Syrphidae Miridae Nabidae -Período de presença do auxiliar - Período de presença intensa do auxiliar - Período de ausência do auxiliar Quadro Hábitos alimentares, biologia e principais períodos de actividade das famílias Coccinellidae, Mordellidae, Cleridae, Malachiidae, Staphylinidae, Cantharidae, Carabidae, Chrysopidae, Syrphidae, Miridae e Nabidae. Revisão bibliográfica. Família Género, espécie Presas Forma hibernante Coccinellidae Nº ger./ ano Scymnus sp. afídeos, cochonilhas, moscas brancas e cigarrinhas verdes adulto a Chilocorus sp. cochonilhas adulto Período de actividade J F M A M J J A S O N D Coccinella septempunctata sp. afídeos adulto Stethorus ácaros adulto a Mordellidae - dípteros e térmitas 6-7? Cleridae - escolitídeos 8, ovos de gafanhoto, larvas de lepidópteros e coleópteros 9 larva, pupa ou adulto a 9? Malachiidae - escolitídeos, larvas de curculionídeos e lepidópteros -?? Staphylinidae - dípteros, escolitídeos, ovos e larvas de lepidópteros, ácaros, tripes e aleurodídeos larva? Cantharidae - afídeos, ovos gafanhoto, larvas de lepidópteros e coleópteros, lesmas larva a? Carabidae - larvas e pupas de lepidópteros 6, 7, afídeos, formigas e térmitas 8, caracóis e minhocas 6, coleópteros 9 larva 6 ou adulto 6,9,6 a 9 Chrysopidae - afídeos, ácaros, tripes, moscas brancas, larvas de larva, pupa ou lepidópteros e coleópteros, cicadelídeos e cochonilhas adulto, a Syrphidae A Episyrphus sp. afídeos adulto várias Syrphidae B - afídeos larva Syrphidae C Syrphus sp. afídeos larva várias Miridae - afídeos, cicadelídeos,,, psilas, cochonilhas, mosca branca e ácaros ovo ou adulto a Nabidae - afídeos, ovos e larvas de lepidópteros e coleópteros 6, cicadelídeos, 6, psilas e ácaros 6 ovo ou adulto Fonte: - Acta (98), - Frank & Mizell (), Flint (), - Reboulet (999) citado por Amaro (), - Apgar et al. (999), 6- Hill (99), 7-Anónimo A (s.d.), Schroeder (999), 9- Anónimo B (s.d), - Anónimo C (), - Anónimo D (s.d.), - Anónimo E (s.d.), Steiner (97), - Weeden et al. (s.d.), - Anónimo F (s.d.), 6- Anónimo G (s.d.), 7- Weseloh et al. (99), Stork (S.D.), 9- Riddick (s.d.), - Weeden et al. (s.d.), - Anónimo H (s.d.), Anónimo I (s.d.), Boyd (s.d.), Buigues (999) citado por Van Helden (), - Anónimo J (s.d.), 6- Mahr (s.d.) Legenda - Período de actividade intensa do auxiliar - Período de ausência do auxiliar (migração para outras culturas) - Período de presença do auxiliar mas com actividade fraca ou nula 9
10 Família Mordellidae Os mordelídeos foram a segunda família mais abundante em termos de capturas, correspondendo a, % do total de insectos. Foram capturados indivíduos ao longo de todo o período de amostragens, tendo-se no entanto verificado uma intensificação das capturas entre meados de ho e meados de sto (Quadro ). O pico de capturas, 7 indivíduos, foi atingido a de ho na armadilha (Fig. -b). Relativamente ao período de actividade da família Mordellidae, assim como o das famílias Cleridae, Malachiidae, Staphylinidae e Cantharidae não se encontrou qualquer referência. Família Cleridae Os insectos desta família foram capturados no período compreendido entre meados de il e fim de ho com um máximo de capturas que ocorreu a 6 de o com indivíduos na armadilha (Fig. -c). Os meses de o e ho foram no entanto aqueles em que as capturas se intensificaram (Quadro ). Família Malachiidae As capturas de malaquídeos corresponderam a 6,6 % do total de insectos capturados. Estas verificaram-se num período bastante longo, entre 8 de o e de embro, no entanto a sua intensificação verificou-se entre de ho e de ho, tendo-se capturado o máximo de 6 insectos a 9 de ho (Fig. -d e Quadro ). Família Staphylinidae Os estafilinídeos corresponderam a,6 % do total de insectos capturados. O período no qual se capturaram insectos desta família foi o compreendido entre 7 de il a 8 de ho. O máximo de capturas, 8, verificou-se a 8 de ho na armadilha (Fig. -e, Quadro ). Família Cantharidae Os adultos de cantarídeos foram capturados no período compreendido entre de il e 8 de ho, embora em número reduzido, tendo-se registado o máximo de quatro capturas a 6 de o na armadilha (Fig. -f e Quadro ). Até ao fim das amostragens só foi efectuada mais uma captura a de sto na armadilha (Fig. -f). Família Carabidae Os carabídeos foram capturados em número reduzido, apenas seis, cinco dos quais entre meados de il e inícios de ho, nas armadilhas, e. O máximo de capturas verificouse a de o, com indivíduos capturados. A de ho verificou-se a última captura de insectos desta família na armadilha (Fig. -g). Os carabídeos capturaram-se com maior intensidade num período de tempo relativamente curto, em o, quando comparado com o referido por Acta (98), que aponta para uma maior actividade entre o e embro (Quadro e ).
11 Ordem Neuroptera Família Chrysopidae No acompanhamento efectuado às armadilhas cromotrópicas capturou-se um número muito reduzido de insectos pertencentes a esta família, indivíduos apenas, representando este valor, % do total de capturas efectuadas no ensaio. Os crisopídeos foram capturados de forma irregular durante o período de amostragens, tendo sido capturado apenas um adulto nas datas de 7 de il, 8 de o e de ho na armadilha. A de ho registou-se um aumento generalizado de capturas de adultos desta família, ocorrendo o máximo de cinco capturas na armadilha. Esta continuou a capturar crisopídeos em maior número que as restantes na seguinte amostragem a de ho (Fig. -h). A partir desta data verificou-se apenas a captura de mais um adulto a 8 de sto e na última amostragem a de Outubro. Relativamente ao referido por Acta (98) os crisopídeos apresentaram um período de actividade mais tardio e menos prolongado (Quadro e ). O facto da armadilha ter sido a que capturou um maior número de crisopídeos poderá ser explicado pela maior disponibilidade de presas neste local, nomeadamente de cigarrinha verde (Fig. ) já que esta praga é referida como sendo uma das suas presas (Quadro ). Ordem Diptera Família Syrphidae No estudo efectuado foram só capturados dois indivíduos pertencentes a esta família nas datas de 8 de o na armadilha e 8 de ho na armadilha. A fraca presença deste auxiliar poderá talvez ser explicada pela sua grande especificidade alimentar, nomeadamente de afídeos (Quadro ), praga que não é vulgar encontrar-se na vinha desta região. Como é visível no Quadro existem diferenças na biologia das várias espécies de sirfídeos. Como não se procedeu à identificação das espécies capturadas, não nos é possível comentar os seus períodos de actividade. Ordem Hemiptera (Subordem Heteroptera) Família Miridae No estudo efectuado foram só capturados dois exemplares de mirídeos, um deles a 8 de o, na armadilha e o outro a de ho na armadilha, o que não permite tirar conclusões acerca da sua biologia. Família Nabidae Ao longo de todo o período de amostragens só foi possível efectuar a captura de dois indivíduos desta família, um a de ho e outro a de ho nas armadilhas e respectivamente, o que não permite tirar conclusões acerca da sua biologia.
12 Relativamente ao número total de insectos capturados nas cinco armadilhas, verifica-se a ocorrência de dois picos de capturas, o primeiro a 8 de ho em que foram contabilizados 8 insectos predadores e o segundo, a 8 de embro, em que se capturaram 86 indivíduos (Fig. 6). Nº total adultos Fig. 6- Evolução do número total de insectos capturados pelas cinco armadilhas cromotrópicas na vinha em estudo Efeito dos tratamentos fitossanitários Ao longo de todo o período de amostragens verificaram-se vários decréscimos no número de capturas dos adultos pertencentes às famílias estudadas Fig. (a-h). Pensamos que estes possam ter sido provocadas por diversos factores, entre os quais, aqueles que se prendem com a biologia dos insectos, a escassez de presas, as condições climáticas e por fim com a possível interferência negativa de um tratamento fitossanitário. No período em que se procedeu ao estudo da fauna auxiliar, foram realizados vários tratamentos fitossanitários à vinha exclusivamente com produtos Bayer os quais vêm referidos no Quadro. Quadro - Tratamentos fitossanitários efectuados na vinha em estudo Tratamento Nº Data Nome comercial Substância activa Dose / Concentração Inimigo Estado fenológico - il - enxofre em pó kg / ha oídio Cachos visíveis 6 o 7 o Milraz Super cimoxanil+oxadicil+ propinebe g / hl míldio Horizon EW tebuconazol ml / hl oídio Milraz Super cimoxanil+oxadicil+ propinebe g / hl míldio Horizon EW tebuconazol ml / hl oídio Flores separadas Alimpa / Bago de chumbo ho - enxofre em pó 7 kg / ha oídio Bago de ervilha 7 ho Milraz Cobre cimoxanil + oxicloreto de cobre + propinebe g / hl míldio Dinogil dinocape g / hl oídio Cacho fechado
13 Relativamente à informação toxicológica dos fungicidas aplicados face aos auxiliares, Gendrier & Reboulet () fazem referência à toxicidade média que apresentam as formulações molháveis do enxofre para coccinelídeos enquanto que Jacas & Vinuela (99) em ensaios laboratoriais verificaram que, relativamente aos crisopídeos, esta substância activa apresentava ausência de toxicidade a toxicidade moderada, toxicidade ligeira em sirfídeos e toxicidade moderada a toxicidade efectiva em coccinelídeos. No entanto, as pequenas reduções nas capturas verificadas a de il nos coccinelídeos (Fig. -a), nos mordelídeos (Fig. -b), nos clerídeos (Fig. -c), nos estafilinídeos (Fig. -e), nos carabídeos (Fig. -g) e nos crisopídeos (Fig. -h) e a 8 de o nos estafilinídeos (Fig. -e) e nos carabídeos (Fig. -g) não nos parecem significativas, para poder relacioná-las com as aplicações de enxofre em pó (Quadro ). Na amostragem realizada a de ho verificou-se um novo decréscimo de capturas, desta vez mais acentuado nos coccinelídeos (Fig. -a) e nos mordelídeos (Fig. -b). Nesta data foram recolhidos insectos que foram capturados num período que coincidiu com a aplicação de dinocape e cimoxanil + oxicloreto de cobre + propinebe (Quadro ). Quanto ao dinocape, Gendrier & Reboulet () referem que, relativamente aos coccinelídeos, esta substância activa apresenta uma toxicidade média. Não encontramos informação relativamente à toxicidade das outras substâncias activas em mistura, apesar do oxicloreto de cobre ser referido por Jacas & Vinuela (99) como inofensivo em laboratório para coccinelídeos e moderadamente tóxico em laboratório para crisopídeos mas inofensivo para os mesmos em condições de campo. Face a estes dados, não é pois de negligenciar a possibilidade da substância activa dinocape ter exercido algum efeito negativo na evolução dos coccinelídeos, numa fase em que esta família já se encontrava em actividade intensa (Quadro ).
14 CONCLUSÃO Os resultados obtidos, mostraram-nos que a vinha em estudo possuía um complexo de predadores relativamente rico mas pouco diversificado. Assim, com a técnica de amostragem utilizada foi possível identificar famílias, isto é, Coccinellidae, Cantharidae, Mordellidae, Cleridae, Malachiidae, Staphylinidae, Carabidae da ordem Coleoptera; Miridae e Nabidae da ordem Hemiptera; Chrysopidae da ordem Neuroptera e Syrphidae da ordem Diptera. No total de capturas, 7,6 % da população pertenciam à família Coccinellidae, merecendo destaque o género Scymnus sp. que correspondeu a 8 % do total de indivíduos capturados desta família. Relativamente ao número de insectos capturados nas cinco armadilhas cromotrópicas, verificou-se que a armadilha foi a que capturou um maior número de insectos, não sendo de negligenciar a importância da diversidade vegetal neste local. O período de maior actividade dos adultos capturados foi de uma forma geral o que decorreu entre os meses de o a embro. Destaca-se o mês de ho, no qual se capturaram com intensidade cinco famílias, nomeadamente os coccinelídeos, os mordelídeos, os clerídeos, os malaquídeos e os estafilinídeos. A aplicação de dinocape num período de intensa actividade dos coccinelídeos, parece ter afectado negativamente aqueles auxiliares, dada a conhecida toxicidade desta substância activa sobre esta família. Por fim, e dada a escassez de trabalhos no nosso país relacionados com o estudo da fauna auxiliar, importará referir a necessidade da realização de estudos orientados por um lado para o conhecimento dos artrópodes predadores existentes na vinha e da sua importância na limitação das pragas, e por outro para o estudo da toxicidade das várias substâncias activas homologadas em protecção integrada face a estes auxiliares. AGRADECIMENTOS Á equipa técnica da Quinta do Bomfim, nomeadamente aos técnicos Paulo Macedo Miles Edellman e José Guerra pela disponibilidade de meios, ajuda na caracterização das parcelas e cedência de dados. Á Bayer Cropscience pela cedência dos fungicidas aplicados no ensaio. Ao Engº Monteiro Guimarães da DGPC pela identificação de alguns heterópteros e à Drª Isabel Martins da DGPC pela identificação das espécies de coccinelídeos.
15 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Acta (98). Les auxiliaires Ennemis naturels des ravageurs des cultures. Association de Coordination Technique Agricole, Paris. 6 p. Amaro, P. Ed. (). A protecção integrada da vinha na Região Norte. Projecto Pamaf 677. Edições ISA/Press. Porto Jan.. 8 pp. Amaro, P. & Baggiolini, M. Ed. (98). Introdução à Protecção Integrada. FAO/DGPPA, Lisboa, 76 pp. Anónimo A. (s.d.). Tumbling Flower beetle. (consultado em -) Anónimo B (s.d). Coleoptera, Cleridae. (consultado em -) Anónimo C (). Family Cleridae - Checkered beetles. U.S. Department of Agriculture Forest Services. Insects of eastern forests. Misc. Publ. 6. Washington D.C:U.S. Department of Agriculture, Forest Service. 98. p Bugwood, Anónimo D (s.d.). Coleoptera, Melyridae (= alachiidae). ww.faculty.ucr.edu/~legneref/taxonomy/melyrid.htm (consultado em -) Anónimo E (s.d.). Coleoptera, Staphylinidae. htm (consultado em - ) Anónimo F (s.d). Coleoptera, Cantaridae. (consultado em - ) Anónimo G (s.d.). Coleoptera, Carabidae. htm (consultado em - ) Anónimo H (s.d.). Neuroptera, Chrysopidae. htm (consultado em - ) Anónimo I (s.d.). Hemiptera, Miridae. (consultado em -) Anónimo J (s.d). Hemiptera, Nabidae. (consultado em -) Apgar, J.; Haig, S. & Snyder, J. (999). Goldenrod Gall Balls and their predators. (consultado em -) Borror, D.J. & Delong, D.M. (969). Introdução ao estudo dos insectos. Editora Edgard & Blucher Lda. São Paulo, 6 pp. Boyd, D.Jr. (s.d.). Deraeocoris nebulosus (Uhler). (Heteroptera: Miridae). Biological Control: A guide to natural enemies in North America. Cornell University. (consultado em -) Flint, M. L. (). Whiteflies. Integrated Pest Management for home and professional landscapers. Publication nº 7. Pest notes. Cooperative extension, University of California. pp. Frank, J. H. & Mizell, I.I.I (). Ladybirds, Ladybird beetles, Lady beetles, Ladybugs of Florida, Coleoptera: Coccinellidae. University of Florida. Extension Institute of Food and Agriculture Science, pp. Gendrier, J.P. & Reboulet, J.N. (). Choix des produits phytosanitaires en vergers. Phytoma. La défense des végétaux. : 6-. Hill, G. F. (9). A new species of Mordellistena parasitic on termites. Linn. Soc. New. South Wales Proc. 7: 6-7. IM (). Instituto de Meteorologia. Lisboa (consultado em Janeiro de ) Jacas, J.A. & Vinuela, E. (99). Los efectos de los plaguicidas sobre los organismos beficiosos en agricultura. II. Fungicidas. Phytoma Espana. 8 : -. Jourdheuil, P. (97). Rôle et portée des organismes utiles. In Les organismes auxiliaires en vergers de pommiers, ère éddition, OILB/SROP, broch., pp 6. Lavadinho, A. M. P. (99). Produtos fitofarmacêuticos de menor toxicidade para os auxiliares. Rev de Ciênc. Agrár. (-): 78. Mahr, S. (s.d.). Know your friends. Damsel bugs. (consultado em 9-- ) Nunes, L.F.R.G.F. (996). Contribuição para o estudo do efeito do fogo controlado na diversidade de artrópodes em ecossitemas de azinho. Mestrado em Protecção integrada. UTL/ISA, Lisboa, 99 pp. Reboulet, J.N. (99). Les auxiliaires et les effets secondaires des produits phytosanitaires. Rev de Ciênc. Agrár. (-): 9-8. Riddick, E. W. (s.d). Lebia grandis. Coleopetra: Carabidae. Biological Control: A guide to natural enemies in North America. Cornell University. (consultado em 6--)
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