Boletim Climatológico Outono de 2010

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1 Boletim Climatológico Outono de 2010 CONTEÚDOS Estação Meteorológica do Pico 01 Resumo 02 Resumo das Condições Meteorológicas 02 Caracterização Climática 02 Precipitação total 04 Temperatura do ar 05 Outros elementos 05 Vento 06 Radiação global 07 Referências Figura 1. Anomalia do campo da pressão atmosférica à superfície para o Outono (SON) de 2010, relativamente ao período de referência ( ) (NCEP/NCAR). RESUMO Outono seco Boletim Climatológico Sazonal do Outono de 2010 Produzido por Instituto de Meteorologia, I.P. Delegação Regional dos Açores Também disponível em Durante o Outono de 2010, o campo da pressão atmosférica à superfície apresentava uma ligeira anomalia negativa sobre a região dos Açores com cerca de -1 hpa. Esta anomalia fazia parte de uma vasta área de anomalias negativas no Atlântico Norte que se estendia desde a América do Norte até a Europa e contrastando com uma grande região a norte de anomalias positivas sobre a Gronelândia e a Islândia. Nestas condições, o Anticiclone dos Açores localizou-se sensivelmente centrado sobre a região, embora ligeiramente mais fraco. Este resultado sugere que embora a Frente Polar tivesse uma passagem predominantemente a norte do arquipélago, a circulação de oeste foi relativamente fraca e por isso não contribuiu significativamente para a quantidade de precipitação normalmente observada nesta estação de transição. Por outro lado, a temperatura da água do mar foi cerca de 1 a 2 ºC superior ao valor de referência, condicionando assim a temperatura do ar, a qual foi também cerca de 1ºC superior ao valor de referência. Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior 1/7

2 Resumo das Condições Meteorológicas Durante os meses de Setembro a Novembro (Outono climatológico), o Anticiclone dos Açores, encontrou-se em média na sua posição normal, centrado sobre o Grupo Central, embora ligeiramente mais fraco. Durante o mês de Setembro, o Anticiclone dos Açores, encontrou-se em média centrado na proximidade deste Arquipélago, ligeiramente a oeste, mantendo-se o seu eixo principal na direcção sudoeste - nordeste. Esta situação, condicionando o deslocamento da Frente Polar a zonas mais a norte da região, contribuiu para a diminuição da frequência de ocorrência de precipitação frontal o que se traduziu nos reduzidos totais observados na rede meteorológica de superfície. Com o Anticiclone dos Açores mais fraco do que o normal, o mês de Outubro foi um período caracterizado pela passagem de diversas perturbações frontais, especialmente durante os primeiros dez dias do mês, algumas das quais responsáveis por situações de tempo particularmente severas. Durante o mês de Novembro, foi nítido o aumento da frequência de situações de mau tempo. Por outro lado, se a temperatura média, variando entre 16 ºC e 18 ºC, correspondeu a uma anomalia positiva em relação ao período de referência de , os totais mensais da precipitação registaram desvios relativos negativos no mesmo período na maioria das estações. Caracterização Climática 1. Precipitação total No gráfico da figura 2 representa-se para o Outono e no período , os desvios relativos das quantidades de precipitação em relação ao período de referência de e para as estações de Ponta Delgada, Angra do Heroísmo e Flores. Nesta figura, observam-se desvios negativos nas três estações de referência (Centro Meteorológico da Flores, Observatório José Agostinho em Angra do Heroísmo e Observatório Afonso Chaves em Ponta Delgada), que variaram entre 25% e 48%, representando o terceiro Outono consecutivo com desvios negativos na estação de P. Delgada e o quarto na estação de Angra do Heroísmo. Nos três meses em causa, verificaram-se desvios negativos nas três estações apresentadas, excepto na estação de Ponta Delgada, onde se verificou um pequeno desvio positivo. Nestas condições pode concluir-se que apesar das condições de mau tempo que se verificaram pontualmente, o Outono foi particularmente seco em praticamente todo o arquipélago. No entanto, considerando os totais acumulados no período de Novembro de 2009 a Novembro de 2010, obtém-se ainda um balanço positivo dos valores observados face aos valores de referência também em todas as estações (cerca de: +50% em Santa Maria, +40% em S. Miguel, +30% nas Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior 2/7

3 Flores e no Faial e 10% na Graciosa e Terceira). Isto significa que o défice de precipitação verificado neste Outono não foi suficiente para diminuir significativamente o total acumulado nos últimos 8 meses anteriores. Figura 2. Anomalia relativa da quantidade total de precipitação nas Flores (Estação Meteorológica/Aeroporto), em Angra do Heroísmo (Observatório José Agostinho) e em Ponta Delgada (Observatório Afonso Chaves) para o Outono (SON) relativamente ao período de O quadro 1 apresenta um resumo dos valores mensais da precipitação no Arquipélago dos Açores para o Outono de Estação N.º de dias com precipitação Quantidade de Precipitação (mm) Máx/Dia Total Corvo 47 38,9/21 Nov 180,7 Flores 55 40,4/21 Nov 325,6 Faial (Aeroporto) 38 23,2/28 Out 188,6 Faial (Horta) 49 27,9/28 Out 244,3 Pico 37 24,0/16 Nov 191,5 S. Jorge* 41 37,8/16 Nov 222,8 Graciosa 40 10,5/20 Nov 116,2 Terceira (Lajes) 71 11,9/16 Nov 146,2 Terceira (Angra Heroísmo) 40 32,5/28 Out 180,1 S. Miguel (Ponta Delgada) 45 28,5/21 Nov 249,9 S. Miguel (Nordeste) 57 73,0/20 Nov 480,1 S. Maria 45 31,9/30 Set 173,7 Quadro 1. Resultados das observações da precipitação referentes ao Outono (SON) de Esta informação provém dos sistemas clássicos e automáticos instalados na rede do Instituto de Meteorologia (IM).* Devido a obras no local da estação do aeródromo de S. Jorge, houve falha de observação nos dias 28 e 29 de Outubro. Verifica-se que o número de dias com precipitação variou entre 37 dias no Pico e 57 dias no Nordeste (S. Miguel). As quantidades de precipitação variaram entre 116,2 mm na Graciosa e 480,1 Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior 3/7

4 mm no Nordeste. Em todas as estações, mais de metade das quantidades de precipitação máximas diárias durante o Outono foram registadas em Novembro. 2. Temperatura do Ar De forma análoga, no gráfico da figura 3 representa-se para o Outono no período , os desvios das temperaturas médias do ar em relação ao período de referência de Figura 3. Anomalia da temperatura do ar nas Flores (Estação Meteorológica /Aeroporto), em Angra do Heroísmo (Observatório José Agostinho) e em Ponta Delgada (Observatório Afonso Chaves) para o Outono (SON) de 2010 relativamente ao período de Verifica-se que o Outono de 2010 apresentou um desvio positivo de aproximadamente 1 ºC nas três estações representadas, consistente com o comportamento observado desde 2000, com excepção de No entanto, estes desvios encontram-se dentro da variabilidade observada durante os últimos 10 anos. O quadro 2 apresenta um resumo das observações da temperatura em todo o Arquipélago dos Açores para o Outono de O valor médio da temperatura do ar variou entre 18.1 ºC no Nordeste e 20,1ºC na estação de S. Maria. Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior 4/7

5 Estação Temperatura Mensal ( o C) Máx/Dia Min./Dia Média Corvo 29,4/01 Out 12,2/29 Nov 19,5 Flores 26,4/01 Set 11,6/23 e 24 Nov 19,3 Faial (Aeroporto) 26,0/14 Set 10,4/30 Nov 19,7 Faial (Horta) 26,1/07 Set 10,7/30 Nov 19,0 Pico 29,0/06 Set 10,3/30 Nov 19,4 S. Jorge* 27,8/10 Set 10,0/30 Nov 19,1 Graciosa 27,0/10 Set 11,3/30 Nov 18,7 Terceira (Lajes) 28,6/02 Set 8,5/23 Nov 19,6 Terceira (Angra Heroísmo 26,9/08 Set 8,8/30 Nov 19,5 S. Miguel (Ponta Delgada) 27,0/11 Set 8,8/30 Nov 19,5 S. Miguel (Nordeste) 26,2/09 Set 9,4/30 Nov 18,1 S. Maria 28,0/10 Set 10,6/30 Nov 20,1 Quadro 2. Resultados das observações da temperatura do ar referentes ao Outono (SON) de Esta informação provém dos sistemas clássicos e automáticos instalados na rede do Instituto de Meteorologia (IM).* Devido a obras no local da estação do aeródromo de S. Jorge, houve falha de observação nos dias 28 e 29 de Outubro. Em todas as estações, a temperatura máxima registada foi em Setembro, excepto na estação do Corvo, onde a temperatura máxima foi registada em Outubro. 3. Outros elementos 3.1 Vento Relativamente ao vento, os rumos predominantes foram dos quadrantes W, NW mas também de NE. Na Rosa-dos-Ventos da figura 4, encontra-se representada a distribuição dos ventos para a estação automática da Nordela (P. Delgada), onde os rumos predominantes foram dos sectores N e NE. Por outro lado, o vento foi geralmente fraco a bonançoso, por vezes moderado a fresco. Estes resultados são consistentes com a circulação média à escala sinóptica, caracterizada por uma corrente fraca de W-NW nos Grupos Ocidental e Central e de N-NE no Grupo Oriental, aumentando de intensidade a norte da região do arquipélago. Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior 5/7

6 Figura 4. Rosa-dos-Ventos para o Outono (SON) de 2010, correspondente aos valores registados na Estação Meteorológica Automática da Nordela em Ponta Delgada. A separação entre os círculos concêntricos é de 5%. 3.2 Radiação Global Quanto a irradiação global no Outono de 2010 (figura 5), o valor mais elevado foi observado na estação de S. Maria (cerca de 1,2 milhões de kj/m 2 ), seguida do Observatório Príncipe Alberto de Mónaco na Horta. O valor mais baixo foi observado na estação do Nordeste (cerca de 900 mil kj/m 2 ), evidenciando o efeito local causado pela nebulosidade de origem orográfica. Por outro lado, as restantes ilhas apresentam pequenas diferenças significativas entre si que resultam de diferenças orográficas e geográficas. Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior 6/7

7 Figura 5. Irradiação global para o Outono (SON) de 2010 para várias estações dos Açores. Referências Kalnay, E. and Coauthors, 1996: The NCEP/NCAR Reanalysis 40-year Project. Bull. Amer. Meteor. Soc., 77, IM, 2010: Boletim Climatológico Mensal de Setembro de IM, 2010: Boletim Climatológico Mensal de Outubro de IM, 2010: Boletim Climatológico Mensal de Novembro de Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior 7/7