Avaliação e Intervenção em Dificuldades de Leitura e Escrita
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1 OFICINA DE FORMAÇÃO ( 25h +25h) Avaliação e Intervenção em Dificuldades de Leitura e Escrita Cláudia Coelho ( Psicóloga) clauccoelho81@gmail.com centrodislexia@crb.ucp.pt
2 DINÂMICA DE GRUPO
3 CONTEÚDOS DA AÇÃO Definição e Diagnóstico de Dislexia - Teorias Explicativas da dislexia e critérios de diagnóstico - Etiologia e prevalência - Sinais de alerta (na infância, idade escolar, em jovens e adultos) - Tipos de Dislexia - Perturbações associadas (disortografia e disgrafia) - Problemática emocional associada
4 Definição de Dislexia, de Disortografia e respetivos Diagnósticos
5 Dislexia O que é?
6 Definições Dis ( desvio) + lexia (reconhecimento da palavra). Citoler (1996) sugere que o termo dislexia evolutiva ou desenvolvimental se refere àqueles indivíduos que, na inexistência de uma lesão cerebral (pelo menos conhecida), na presença de uma inteligência normal (ausência de um défice intelectual) e excluindo outros problemas como alterações emocionais severas, um contexto sociocultural desfavorecido, a carência de oportunidades educativas adequadas ou um desenvolvimento insuficiente da linguagem oral, têm dificuldades nos mecanismos específicos da leitura.
7 Definições Distúrbio de aprendizagem que se manifesta inicialmente por dificuldade em aprender a ler, mais tarde, por erros ortográficos e pela dificuldade em manipular palavras escritas por oposição a palavras faladas ( ) Não é devida a deficiência intelectual, a falta de oportunidades socioculturais, a inadequação na técnica de ensino, a fatores emocionais, ou a qualquer outro défice conhecido da estrutura cerebral ( ). (Critcchley & Critcchley, 1978 ).
8 Definição de Dislexia Dislexia é uma incapacidade específica de aprendizagem, de origem neurobiológica. É caracterizada por dificuldades na correção e/ou fluência na leitura de palavras e por baixa competência leitora e ortográfica. Estas dificuldades resultam de um Défice Fonológico, inesperado, em relação às outras capacidades cognitivas e às condições educativas. Secundariamente, podem surgir dificuldades de compreensão leitora e experiência de leitura reduzida que pode impedir o desenvolvimento do vocabulário e dos conhecimentos gerais. (Associação Internacional de Dislexia, 2003).
9 Origem Neurobiológica da Dislexia Ressonância magnética: durante a leitura deveriam ser ativadas zonas ligadas à linguagem, mas no caso da dislexia são ativadas zonas disparatadas (Antunes, 2009). As pessoas com dislexia têm alguns fios cruzados que não levam as letras aos sítios do cérebro onde estão os sons das palavras ( ) com treino adequado, o cérebro desenha novas entradas, muito mais eficazes na ligação símbolo-som e cria associações corretas (Antunes, 2009). Existe evidência bastante segura de que nas pessoas com dislexia acentuada há grupos de células nas áreas da linguagem que estão fora do sítio (Antunes, 2009)
10 Origem Neurobiológica da Dislexia Figura 1 A marca neurológica da dislexia: subactivação dos sistemas neurais da área posterior do cérebro (Shaywitz, 2008, p. 83)
11 Teorias Explicativas
12 Teoria do Défice Fonológico Mais aceite na comunidade científica; Causa da Dislexia: défice no sistema de processamento fonológico 1) Dificulta a discriminação e processamento dos sons da linguagem; 2) Dificulta a consciência de que: Linguagem Palavras Sílabas Letras (cada uma com um/ou mais sons e com uma determinada grafia)
13 A Leitura integra: Teoria do Défice Fonológico 1. Descodificação 2. Compreensão Para um texto ser compreendido em 1º lugar tem de ser descodificado. Segundo esta teoria o défice fonológico afeta apenas a descodificação. MAS, se esta está comprometida significa que a compreensão também estará.
14 Teoria do Défice de Automatização Défice generalizado na capacidade de automatização (Fawcett & Nicolson,1992) Dificuldades ao nível da memória auditiva e visual Dificuldades em automatizar a descodificação das palavras
15 Teoria do Duplo Défice Défice no processamento fonológico (dificulta a descodificação correta das palavras) + Défice na capacidade de nomeação rápida (Baixa velocidade de leitura) O facto de existirem dois défices faz com que fique afetada a correção da leitura e a velocidade da mesma
16 Teoria do Duplo Défice Os disléxicos que manifestarem dificuldades nestes dois défices têm uma maior probabilidade de realizarem um leitura incorreta e pouco fluente (comparativamente com aqueles que têm apenas um défice).
17 Etiologia e Prevalência da Dislexia
18 Etiologia da Dislexia Potts (1979, citado por Pereira, 1995) apresenta três grandes grupos de factores explicativos relacionados com a etiologia da dislexia: factores associados à criança, factores do ambiente em casa, factores ligados à escola. Já Estienne, (1982, citado por Pereira, 1995) resume a seis grupos a problemática da etiologia da dislexia: (i) perturbações de origem funcional, (ii) hereditária ou constitucional, (iii) neurológica, (iv) afectiva, (v) sociocultural, (vi) pedagogia defeituosa e concepção errada da leitura e da sua aprendizagem.
19 Prevalência da Dislexia A dislexia é provavelmente a perturbação mais frequente entre a população escolar, sendo referida uma prevalência entre 5 a 17,5%. Contudo, estes valores são variáveis dependendo do grau de dificuldade dos diferentes idiomas. Dados internacionais, segundo o DSM-IV-TR (2006), estimam a prevalência da perturbação da leitura nas crianças em idade escolar em cerca de 4%. Vale (2010) realizou o primeiro estudo em Portugal sobre a prevalência da dislexia em crianças em Portugal, através da Universidade de Trás dos Montes e Alto Douro (UTAD). Este trabalho incidiu sobre 1460 crianças dos concelhos de Vila Real e Braga, tendo encontrado uma taxa de 5,4 % de crianças com dislexia.
20 Sinais de Alerta infância, idade escolar, jovens e adultos
21 Sinais de Alerta Jardim de - Infância História de atraso na aquisição da linguagem; Linguagem abebezada ; Frases curtas, palavras mal pronunciadas, principalmente devido a omissões de sílabas e fonemas; Dificuldade em perceber que as frases são formadas por palavras e que as palavras são formadas por sílabas;
22 Sinais de Alerta Jardim de Infância (Cont.) Falta de interesse por livros impressos; Não saber as letras do seu nome (inicial); Dificuldades em memorizar canções e lengalengas; Dificuldades em aprender os nomes de cores, pessoas, objetos e lugares; Dificuldades na aquisição dos conceitos temporais e espaciais básicos (depois/antes, atrás/à frente).
23 Sinais de Alerta 1º Ciclo (cont.) Dificuldade em compreender que as palavras se podem segmentar em sílabas e em fonemas; Dificuldade em associar as letras aos respetivos sons (dificuldade em associar a letra bê ao som /b/); Erros de leitura por não conseguir realizar a correspondência grafema-fonema: vaca/faca, calo/galo; Dificuldade em ler monossílabos e em soletrar palavras simples: ao, pai, bola...; Maior dificuldade na leitura de palavras isoladas e Pseudopalavras (melhor capacidade para a leitura
24 Sinais de Alerta 1º Ciclo (Cont.) Recusa ou insistência em adiar as tarefas de leitura e escrita; Necessidade de acompanhamento individual do professor ou pais para prosseguir e concluir os trabalhos; Queixas dos pais e dos professores em relação às dificuldades de leitura e escrita; História familiar de dificuldades de leitura e ortografia noutros membros da família; Progresso muito lento na aquisição da leitura e ortografia; Dificuldade em memorizar a tabuada;
25 Sinais de Alerta 1º Ciclo (Cont.) Apresenta dificuldadse quando tem que ler palavras desconhecidas (novas, não-familiares), irregulares e com fonemas e sílabas semelhantes; Dificuldade em ler pequenas palavras funcionais (ai, ia, de, em...); Frequentes inversões (ai/ia), omissões (batata/bata), adições e substituições de letras, sílabas ou palavras; Na Matemática o seu problema não é o cálculo, mas a resolução dos problemas escritos;
26 Sinais de Alerta 1º Ciclo (Cont.) Dificuldade em terminar os testes no tempo previsto; Leitura hesitante, lenta, cansativa, com incorreções e erros de antecipação; Tendência para adivinhar as palavras apoiando-se no desenho e no contexto; Correção leitora melhora com o tempo, mantém a falta de fluência e a leitura trabalhosa; Erros ortográficos frequentes nas palavras com correspondências grafo-fonémicas irregulares e caligrafia imperfeita;
27 Sinais de Alerta 2º Ciclo / 3º Ciclo Dificuldades de leitura persistentes. A correção leitora melhora, a leitura continua a ser lenta e esforçada; Dificuldades em ler e pronunciar palavras pouco comuns, estranhas ou únicas (nomes de pessoas, nomes técnicos); Não reconhecer palavras que leu ou ouviu quando as lê ou ouve no dia seguinte; Preferência por livros com poucas palavras por página e com muitos espaços em branco; Tem dificuldade em copiar sem erros; Atrapalha-se a pronunciar palavras longas
28 Sinais de Alerta 2º Ciclo / 3º Ciclo Se lhe disserem 4 números, por exemplo , pronunciados em intervalos de 1 segundo, revelam dificuldades em repeti-los pela ordem inversa; Dificuldade em planear e fazer composições; Longas horas na realização dos trabalhos escolares; Ortografia desastrosa preferência pela escrita de palavras simples; Falta de apetência para a leitura recreativa; Sacrifício frequente da vida social para estudar as matérias curriculares;
29 Perturbações associadas à dislexia : disortografia, disgrafia
30 Definição de Disortografia Conjunto de erros da escrita que afetam a palavra, mas não o seu traçado ou grafia. (Vidal, 1989).
31 Definição de Disortografia No caso da disortografia enfatiza-se a aptidão para transmitir o código linguístico escrito, respeitando a correta associação dos fonemas e grafemas, as peculiaridades ortográficas e as regras de ortografia Ou seja não se valoriza a problemática grafomotora (traçado, forma e direção das letras)
32 Disortografia Os disléxicos erram na leitura mas também na escrita. A disortografia implica erros apenas na escrita. Pode existir disortografia sem dislexia
33 Disortografia CARACTERÍSTICAS Implica erros sistemáticos e reiterados na escrita e na ortografia. Podem ser: - Erros de caráter linguístico-percetivo - Erros de caráter visuoespacial - Erros de caráter visuoanalítico - Erros relativos ao conteúdo - Erros relativos às regras de ortografia
34 Disortografia Erros linguístico-percetivos Substituições (de fonemas): p/b Omissões (letras sílabas ou palavras) Adições (de fonemas, sílabas ou palavras) Inversões (de grafemas em sílabas inversas aldo em vez de lado, parto em vez de prato )
35 Disortografia Erros visuoespaciais Substituições - de letras que se diferenciam pela sua posição no espaço (d/p ; p/q) - de letras semelhantes nas suas características visuais (a/o, i/j, m/n) - confusões de fonemas com dupla grafia (ch/x ; s/z) - confusões em palavras com fonemas de 2 grafias em função das vogais (g/c) - omissão do h por não ter correspondência fonética
36 Disortografia Erros visuoanalíticos Dificuldade em sintetizar e fazer a associação fonema-grafema podendo, por isso, trocar letras sem qualquer sentido.
37 Disortografia Erros relativos ao conteúdo Dificuldade em separar sequências gráficas - união de palavras ( acasa a casa ); - separação de sílabas que compõe uma palavra ( es-tá ).
38 Disortografia Erros de Regras Ortográficas m antes de p ou b rr no meio de duas vogais ss no meio de duas vogais etc
39 Tipos de Dislexia Dislexia Fonológica - Quando a disfunção ocorre na via fonológica, sendo o sintoma mais evidente a fraca associação da letrasom (Carvalho, 2011). - A fragilidade da descodificação é compensada com recurso mais acentuado à via semântica ( ) outro dos sintomas importantes é a dificuldade em ler pseudopalavras( ) (Carvalho, 2011)
40 Tipos de Dislexia Dislexia Ortográfica - Quando a disfunção ocorre na via lexical. - Menos comum que a fonológica - O sinal mais evidente é a dificuldade que os sujeitos têm em automatizar a leitura a partir da forma visual da palavra, incapacitando-os de aceder com rapidez à memória da pronúncia correta do vocábulo ( ) perturba o acesso à compreensão do texto lido ( ) mais dificuldade em aceder à representação mental do significado das palavras (Carvalho, 2011)
41 Tipos de Dislexia Dislexia Mista - Conjugação de sintomas dos dois tipos de Dislexia (fonológica e ortográfica) - CONFIGURA UM QUADRO DE MAIOR GRAVIDADE
42 Problemática emocional associada Coelho, 2011, O Percurso escolar dos alunos disléxicos. Um dos pontos desta investigação centra-se em perceber quais as consequências que a dislexia pode ter causado na vida dos alunos, tanto ao nível pessoal como académico e emocional. Numa amostra de 41 encarregados de educação tentamos perceber quais seriam as consequências que a dislexia poderia trazer para os seus educandos tanto a nível emocional, académico e pessoal. O quadro seguinte mostra as consequências que mais se evidenciam.
43 Distribuição das respostas relativas às consequências da dislexia (Coelho, 2011, p. 104) Emocionais Consequências n % Tristeza 10 24,39% Angústia 5 12,19% Desespero 1 2,44% Insegurança 22 53,66% Nenhuma 3 7,32% Total Dificuldades na compreensão escrita 6 14,63% Escolares Dificuldades na expressão escrita Dificuldades na leitura e na escrita 10 24,39% 25 60,98% Pessoais Total Revolta 20 48,78% Vergonha 11 26,83% Injustiça 6 14,63% Nenhuma 4 9,76% Total
44 Resumindo No que diz respeito às consequências emocionais, os valores mais elevados de 24,39% (n=10) e 53,66% (n=22) são atribuídos, respetivamente, à tristeza e à insegurança. A angústia assume o valor de 12,19% (n=5) e o desespero de 2,44% (n=1). Apenas 7,32% (n=3) consideram que a dislexia não causou nenhuma consequência em termos emocionais aos seus educandos. Relativamente às consequências escolares, as respostas variam em três indicadores: 60,98% (n=25) afirmam que a dislexia lhes trouxe dificuldades na leitura e na escrita; 24,39% (n=10) dificuldades na expressão escrita e 14,63% (n=6) dificuldades na compreensão escrita. Já ao nível das consequências pessoais, a maior parte dos encarregados de educação, 48,78% (n=20) refere que os seus educandos se sentem revoltados. A vergonha e a injustiça assumem uma percentagem de 26,83% (n=11) e 14,63% (n=6), respectivamente.
45 OFICINA DE FORMAÇÃO ( 25h +25h) Avaliação e Intervenção em Dificuldades de Leitura e Escrita 11 de outubro 2014 Fim Obrigada pela vossa atenção Cláudia Coelho ( Psicóloga) clauccoelho81@gmail.com centrodislexia@crb.ucp.pt
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