Promover a Velocidade de Leitura e a Compreensão Leitora em Alunos do 4º Ano
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- Mirella Alencar Braga
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1 1754 Promover a Velocidade de Leitura e a Compreensão Leitora em Alunos do 4º Ano Célia Silva 1 & Sara Almeida 1 1 Divisão de Educação e Formação Câmara Municipal de Matosinhos No 1º ciclo do ensino básico os alunos encontram diferentes desafios, designadamente no que se refere à leitura e à escrita. Aprender a ler e, posteriormente, ler para aprender implicam a aprendizagem de competências de descodificação, fluência de leitura e compreensão leitora. A Câmara Municipal de Matosinhos em articulação com um Agrupamento Vertical de Escolas do concelho procurou acompanhar 10 alunos do 4º ano de escolaridade, sinalizados pelos professores titulares, devido a dificuldades ao nível da velocidade de leitura e compreensão leitora. O design envolveu o estudo de um grupo único, sendo efectuada uma análise de variância com medidas repetidas no tempo. Palavras-chave: Compreensão leitora, Fluência de leitura, Descodificação, Velocidade de leitura. 1. INTRODUÇÃO As competências associadas à leitura ganham particular importância na escola, visto que cruzam transversalmente todas as disciplinas. Todas as aprendizagens escolares pressupõem a competência da leitura, constituindo assim modos de aquisição de conhecimento comuns a todas as disciplinas, pois movimentam um conjunto de processos cognitivos que levam à reflexão sobre o conhecimento prévio e à selecção de estratégias e técnicas mais adequadas (Giangiacomo & Navas, 2008). Os processos cognitivos subjacentes à aquisição e desenvolvimento das competências verbais representam uma grande preocupação por parte dos investigadores ligados às questões linguísticas. Tanto o acto de ler como o de produzir um texto pressupõem duas formas de informação: a linguagem oral e a linguagem escrita. A leitura implica um componente de descodificação e de compreensão. Quando se aprende a ler, o leitor pode descodificar palavras num texto, mas isso não significará que este o tenha compreendido. Em muitos casos, mesmo quando a leitura de palavras é eficiente a compreensão não está presente.
2 1755 Para a compreensão da leitura de textos é exigido ao leitor habilidades como o reconhecimento de palavras e a integração de seu significado, que detenha um amplo vocabulário e aprenda a ler com fluência. Para que haja uma boa compreensão leitora factores como a eficiência de descodificação, o domínio do conhecimento, o vocabulário, a capacidade de fazer inferências e factores sociais são essenciais. Assim, a compreensão é um processo activo que requer uma interacção intencional e cuidadosa entre o leitor e o texto (Giangiacomo & Navas, 2008). 2. DESENVOLVIMENTO A leitura é uma tarefa complexa, pois um leitor adulto é capaz de, em fracções de segundos, descodificar qualquer palavra que faça parte do seu léxico (cerca de a 50000), independentemente da forma gráfica ou modo de impressão com que se apresenta. No entanto, esta simplicidade não é proporcional à complexidade dos processos cognitivos envolvidos na leitura (Pocinho, 2007). Do ponto de vista psicolinguístico, a leitura consiste num processo activo, autodirigido por um leitor que extrai do texto um significado que foi previamente codificado por um emissor (Sequeira & Sim-Sim, cit. in Pocinho, 2007) A leitura fluente e compreensiva constitui a base mais importante para a construção do conhecimento. O acesso à leitura pode ser facilitado com o desenvolvimento da linguagem oral, essencialmente ao nível da expressão e da compreensão, com a aquisição da consciência que existe uma relação entre a linguagem escrita e a oral e com o desenvolvimento de competências de análise sobre as unidades da fala (Viana, 2001). Deste modo a criança aprenderá melhor a ler se souber a finalidade da leitura, se conhecer as relações estabelecidas entre o oral e o escrito, por isso torna-se importante facilitar o acesso à leitura desenvolvendo actividades metalinguísticas que façam com que a criança construa as suas cognições relativamente à linguagem oral e se aproprie da linguagem escrita (Viana, 2001). A aprendizagem da leitura deve ter como meta primária a fluência leitora, que implica processos como a rapidez de decifração, precisão e eficiência na extracção de significação daquilo que é lido. A fluência de leitura exige que o leitor descodifique
3 1756 automaticamente, de tal modo que possa canalizar a capacidade de atenção para a compreensão do texto. A consequência pedagógica decorrente é a necessidade de treino sistematizado de técnicas de automatização que permitam ultrapassar o processo de tradução letra-som, conduzindo de imediato ao reconhecimento visual de palavras e possibilitando o rápido acesso à compreensão do texto. Velocidade e profundidade de compreensão são os dois grandes pilares que suportam a eficácia desta competência, que se traduz em fluência. Assim, na perspectiva da educação básica, é fundamental que o aluno se torne um leitor fluente e crítico, capaz de usar as competências de leitura para obter informação, organizar o conhecimento e usufruir o prazer recreativo que a mesma pode proporcionar. Se nos primeiros anos de escolaridade uma atenção particular é devida aos processos de descodificação e automatização, há que desenvolver, nos anos subsequentes técnicas, de consulta e estratégias de estudo, proporcionando, ao longo de todo o percurso escolar, situações que fomentem o gosto pela leitura e que sedimentem os hábitos que caracterizam os leitores fluentes. É importante que o aluno aprenda a ler fluentemente, isto é, a extrair o significado do material escrito de forma precisa, rápida e sem esforço. É sob a égide destes pressupostos que o projecto de intervenção precoce na aprendizagem da leitura e da escrita pretende orientar a sua acção, procurando realizar uma avaliação individual do aluno de forma a orientar a posterior intervenção que incide na promoção da velocidade e fluência leitora, através do trabalho ao nível dos processos de descodificação. A compreensão leitora, como já foi referido, é o outro pilar importante nesta etapa e por isso também é tida em consideração na intervenção junto dos alunos, através da leitura de histórias adequadas ao nível etário da criança e exploração do mesmo através do recurso a questões de tipo literal, inferencial, crítico e de reorganização. A capacidade de planificação que inclui a capacidade de selecção e organização do conteúdo e delimitação de objectivos (Leitão & Ribeiro), também é trabalhada nesta faixa etária uma vez que se constitui como fundamental para a sintetização de ideias e organização das mesmas para a produção escrita..
4 CONCLUSÕES De acordo com a exploração teórica realizada percepciona-se a importância e pertinência deste tipo de intervenções que visem a promoção do sucesso escolar não só em termos da leitura e escrita mas ao nível das mais diversas aprendizagens, uma vez que primeiramente a criança aprende a ler para posteriormente ler para aprender. Nesta etapa pressupõe-se que a criança já reconheça todos os tipos de letras (manuscrito e impresso) e que possua uma consciência fonológica e morfo-sintáctica bem desenvolvida, por isso é altura de apostar na velocidade leitora que irá contribuir para uma melhor compreensão do texto. Contudo, a compreensão leitora não depende única e exclusivamente da velocidade de leitura, depende também da riqueza lexical da criança, uma vez que quantas mais palavras a criança reconhecer automaticamente, (isto é que a criança aceda rapidamente ao seu significado) mais facilmente compreenderá aquilo que está a ser transmitido. CONTACTO PARA CORRESPONDÊNCIA Célia Silva Divisão de Educação e Formação, Câmara Municipal de Matosinhos celias_126@hotmail.com Sara Almeida Divisão de Educação e Formação, Câmara Municipal de Matosinhos sara_almeida949@hotmail.com REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Giangiacomo, M., e Navas, A., (2008). A influência da memória operacional nas habilidades de compreensão de leitura em escolares de 4ª série. Rev Soc Bras Fonoaudiol. 2008;13(1):69-74; Leitão, C. e Ribeiro, I., (2009). Escrita de textos no quarto ano de escolaridade: Desenvolvimento e implementação de um programa de intervenção. Actas do X Congresso Internacional Galego-Português de Psicopedagogia. Braga: Universidade do Minho; Pocinho, M. (2007).Prevenção da iliteracia: processos cognitivos implicados na leitura. Revista Iberoamericana de Educación.Portugal ISSN: n.º 44/3: Organización de Estados Iberoamericanos para la Educación, la Ciencia y la Cultura (OEI);
5 1758 Viana, F. (2001). Programa Melhor Falar Para Melhor Ler. Um programa de desenvolvimento de competências linguísticas (4-6 anos). 2ª Edição. Braga: Colecções Infans.
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