Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos

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1 Abril de 211 Dinâmica mundial centrada nas economias emergentes alavanca a demanda por proteínas animais de preços mais acessíveis, impulsionando o consumo de carne de frango Regina Helena Couto Silva Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos Nos últimos 1 anos, o consumo mundial de carnes cresceu a uma taxa média de 2,3% ao ano, ampliação também alcançada pela carne suína no período. O destaque foi o crescimento da carne de frango, que chegou a uma taxa média de elevação de 4% ao ano, ao passo que a carne bovina cresceu Carne Bovina Carne de Frango Carne Suína Participação % no consumo mundial de carnes ,% 42,% 37,% 32,% 27,% 22,% ,5% 25,7% 29,9% Aparentemente, essas mudanças estruturais indicam um efeito substituição entre as proteínas animais, em favor da carne de frango, cujos preços são mais acessíveis. A favor deste argumento está o fato de que a demanda cresceu de forma mais robusta nos países emergentes, que registraram 45,7% Carne Bovina Carne de Frango Carne Suína 25,4% 28,2% ,9% apenas,6% anualmente no mesmo período. Nesse sentido, enquanto a participação da carne avícola no consumo global passou de 25,7% para 32,% entre e, a participação da carne bovina caiu de 3% para 24%. Já a participação da carne suína ficou estável na média de 43% ,1% ,3% 44,7% 28,1% 28,4% ,4% 44,% 26,3% Consumo mundial de carnes 31,% 31,3% 26,4% 42,6% 25,6% 43,9% 32,% 24,8% 43,8% 32,5% 23,7% forte ampliação da renda nos últimos 1 anos. O incremento nestes países foi propiciado pela entrada no mercado consumidor da população de baixa renda, que passou a ter acesso ao consumo de proteínas animais de preço mais acessível, o que ampliou o mercado de carne avícola. 1

2 em US$ por tonelada CARNE DE FRANGO CARNE SUÍNA CARNE BOVINA fev/1 mai/1 ago/1 nov/1 fev/2 mai/2 ago/2 nov/2 fev/3 mai/3 ago/3 nov/3 fev/4 mai/4 ago/4 nov/4 fev/5 mai/5 ago/5 nov/5 fev/6 mai/6 ago/6 nov/6 fev/7 mai/7 ago/7 nov/7 fev/8 mai/8 ago/8 nov/8 fev/9 mai/9 ago/9 nov/9 fev/1 mai/1 ago/1 nov/1 fev/ Preços médios mensais de exportação do complexo carnes Outro ponto que reforçou a retração do consumo de carne bovina foi a crise fi nanceira internacional de, que levou até mesmo os países desenvolvidos a uma substituição a favor das proteínas de preço mais reduzido, como o frango. Nesse sentido, a América do Norte e a União Europeia, que somam 44% do total de carne bovina consumida no mundo, reduziram o consumo em 2%, em média, desde. Na China e na, cujas participações são de 4% e de 1% respectivamente, o consumo caiu 2,5% em média. Desde a demanda cresceu apenas na América do Sul e na África do Sul, países emergentes com forte incremento de renda. Destaque-se que Brasil e Argentina, que são grandes exportadores de carne da região, voltaram seu produto para atender ao mercado interno no caso do Brasil para atender à demanda doméstica pujante e na Argentina 1 para controlar a infl ação interna Consumo mundial Leste Asiático UE América do Norte América do Sul CEI Oriente Médio África do Sul de carne bovina Cabe destacar que a tem uma participação relevante na balança comercial do complexo carne brasileiro, respondendo por quase 3% dos embarques da carne bovina brasileira, 53% da carne suína e 4% da carne de frango. O País é o 2º maior importador mundial de carne bovina, com 13% do volume comercializado globalmente, e as importações respondem por 3% do seu consumo doméstico. No entanto, a vem reduzindo esta dependência, elevando investimentos na ampliação da produção interna. De fato, a participação da nas exportações brasileiras de carne bovina caiu de 37% para 3% entre e. Adicionalmente, as exportações de carne suína brasileira também caíram em, um recuo de 12,3%, refl etindo a retração dos embarques para a, na mesma proporção. Em sentido contrário, como já comentado inicialmente, o consumo de carnes avícolas vem crescendo globalmente. Na América do Norte e na União Europeia, que juntas 1 Desde a Argentina vem interrompendo periodicamente as exportações de carne bovina, visando manter o abastecimento interno e conter os níveis de inflação. 2

3 respondem por 4% da demanda mundial de carne de frango, a demanda deste tipo de carne cresceu em média 1% ao ano nos últimos 3 anos. O forte impulso, entretanto, veio dos países emergentes, que tiveram forte crescimento de renda, impulsionando o consumo de proteínas animais. Nesse sentido, o Leste Asiático, a América do Sul e o Oriente Médio responderam respectivamente por 21,4%, 34,1% e 15,5% do incremento de demanda por carne de frango nos últimos 3 anos. Com isso, o Brasil foi beneficiado, tendo em vista que o Oriente Médio responde por 38% das exportações brasileiras de carne de frango e a Ásia por 26% Leste Asiático UE América do Norte América do Sul CEI Oriente Médio África do Sul Consumo mundial de carne avícola Esse cenário tem levado a uma dinâmica de exportações do complexo de carnes no Brasil mais centrada na carne avícola e suína em detrimento à carne bovina. Além da alteração na demanda global por carnes, outros fatores também explicam o baixo desempenho das exportações brasileiras de carne bovina nos últimos anos, além do fato da substituição de consumo por carne de frango nos países desenvolvidos e da ampliação mais robusta da demanda de carne avícola nos países emergentes. Câmbio apreciado, custos elevados na compra de boi pronto para abate e demanda doméstica pujante, evidentemente são fatores que também tem direcionando a ação dos frigorífi cos para atender prioritariamente ao mercado interno, reduzindo os volumes exportados. Todo este contexto deverá continuar ditando a dinâmica das exportações brasileiras, mais direcionada para a carne de frango. De fato, as projeções do USDA divulgadas no último dia 15 de abril apontam para uma elevação de 4% do volume exportado pelo Brasil de carne avícola, 2% de carne suína e 3% de carne bovina. Com estes incrementos, as exportações de carne de frango serão recorde, ao passo que as exportações de carne suína seguirão no mesmo patamar dos últimos 1 anos, e a carne bovina ainda não recuperará o nível exportado em. 4. Bovina Frango Suínos Exportações brasileiras do complexo carnes 3

4 Reforçando este cenário das exportações, o consumo mundial de carne de frango seguirá em crescimento em 211, com incremento de 3% segundo as projeções do USDA. A carne suína deverá crescer em torno de 1,4%, ao passo que a carne bovina deverá seguir em retração, apontando queda de,1%, o menor nível desde. A carne bovina só encontrará demanda ainda aquecida nos países da América do Sul e no Oriente Médio. Vale destacar que no Brasil o consumo doméstico continua robusto, motivo que, somado ao câmbio apreciado, tem levado os frigorífi cos a direcionar maior parte da produção para o mercado interno Produção Consumo Importação Produção, consumo e importação de carne bovina Exportações de carne bovina in natura por países de destino Irã ARABIA SAUDITA JAPAO HONG KONG EMIR.ARABES UN. RUSSIA,FED.DA Exportações de carne de frango in natura por países de destino 4

5 Produção Consumo Importação Produção, consumo e importação de carne de frango da Exportações de carne suína in natura por países de destino China Produção Consumo Importação No longo prazo, a tendência de incremento de consumo de proteínas animais nos países emergentes deverá se consolidar. Projeções da FAO apontam que, entre 215 e 23, a demanda dos países desenvolvidos, Produção, consumo e importação de carne suína da cujo mercado consumidor já é maduro, deverá crescer 5%, frente a um incremento de 16% da demanda nos emergentes, mas que ainda assim deverá fi car aquém do nível consumido nas economias mais ricas. 5

6 em quilos/habitante/ano Mundo Países Industrializados Europa Oriental e CEI Países Emergentes 88,2 95,7,1 Consumo per capita mundial de carne , ,9 53,8 6, ,5 46,2 36,4 25,5 41,3 45,3 31,6 36,7 6 13, Fonte e projeção: FAO Consumo per capita mundial de carne nos países emergentes em quilos/habitante/ano 8 Mundo África Oriente Médio e África do Norte América Latina e Caribe 6 Sul da Ásia Leste Asiático 76,6 58,5 4 4,6 29,5 45,3 35, 2 17,4 1,6 13,4 11,7 Fonte e projeção: FAO 4, Carne bovina Oferta EUA, Brasil e União Europeia respondem por 51% da produção total; Brasil, Austrália e EUA respondem por 53% das exportações mundiais; O Brasil exporta 18% da sua produção, a Austrália 65% e os EUA 7%. A Argentina exporta 16% da sua produção doméstica; Brasil é o maior exportador mundial de carne bovina e de frango; Brasil tem o maior rebanho comercial do mundo. Demanda EUA e União Europeia (juntos 36%), Brasil e China são os maiores consumidores mundiais, com 6% do mercado; A China importa 3% do seu consumo doméstico; Os maiores importadores são EUA, e Japão, que juntos respondem por 42% das importações mundiais; O Japão importa 49% do seu consumo interno, a 41% e os EUA 1%. Os principais países de destino das exportações brasileiras de carne bovina in natura são: 27% e Irã 21%. Carne avícola Oferta EUA, China e Brasil respondem por 55% da produção total; Brasil e EUA respondem por 7% das exportações mundiais; O Brasil exporta 26% da sua produção e os EUA 18%; Demanda China, EUA, União Europeia e Brasil são os maiores consumidores mundiais, com 58% do mercado; Os maiores importadores são: Japão, UE, Arábia Saudita e, que juntos respondem por 1/3 das importações mundiais; O Japão importa 38% do seu consumo interno e a 21%; A China importa 3% do seu consumo interno. 6

7 Os principais países de destino das exportações brasileiras de carne avícola são: Oriente Médio 38% e Ásia 26%. Carne suína Oferta China e União Européia respondem por 71% da produção total; EUA, UE e Canadá respondem por 78% das exportações mundiais; A UE exporta 8% da sua produção e os EUA 2%; O Canadá não é um grande produtor mundial (2%), porém exporta 63% da sua produção interna e portanto se confi gura como o 3º maior exportador; Brasil é o 4º exportador mundial e exporta 23% da sua produção. Demanda China e UE são os maiores consumidores mundiais, com 7% do mercado; Os maiores importadores são Japão e, que juntos respondem por 37% das importações mundiais; O Japão importa 46% do seu consumo interno e a 28%. Os principais países de destino das exportações brasileiras de carne bovina são: 57% e China 12%. Equipe Técnica Octavio de Barros - Diretor de Pesquisas e Estudos Econômicos Marcelo Cirne de Toledo / Fernando Honorato Barbosa Economia Internacional: Fabiana D Atri / Daniel Valladares Weeks / Daniela Cunha de Lima /Igor Velecico / Thomas Henrique Schreurs Pires Matheus Ribeiro Machado Economia Doméstica: Robson Rodrigues Pereira / Andréa Bastos Damico / Ana Paula Almeida / Ellen Regina Steter / Myriã Bast / Renata Rodovalho Gonçalves Análise Setorial: Regina Helena Couto Silva / Priscila Pacheco Trigo / Rita de Cassia Milani Pesquisa Proprietária: Fernando Freitas / Ana Maria Bonomi Barufi / /Leandro Câmara Negrão Estagiários: Laura Pinto Gonçalves / Felipe Cardoso D Avila / Mirella P. Amaro Hirakawa / Wellington Barbosa Nunes / Daiane Cristina Montanari O BRADESCO não se responsabiliza por quaisquer atos/decisões tomadas com base nas informações disponibilizadas por suas publicações e projeções. Todos os dados ou opiniões dos informativos aqui presentes são rigorosamente apurados e elaborados por profissionais plenamente qualificados, mas não devem ser tomados, em nenhuma hipótese, como base, balizamento, guia ou norma para qualquer documento, avaliações, julgamentos ou tomadas de decisões, sejam de natureza formal ou informal. Desse modo, ressaltamos que todas as consequências ou responsabilidades pelo uso de quaisquer dados ou análises desta publicação são assumidas exclusivamente pelo usuário, eximindo o BRADESCO de todas as ações decorrentes do uso deste material. Lembramos ainda que o acesso a essas informações implica a total aceitação deste termo de responsabilidade e uso. A reprodução total ou parcial desta publicação é expressamente proibida, exceto com a autorização do Banco BRADESCO ou a citação por completo da fonte (nomes dos autores, da publicação e do Banco BRADESCO). 7