Destaque Depec - Bradesco

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1 Destaque Depec - Bradesco Ano XIII - Número de setembro de 2016 Alta do emprego informal e por conta própria tem contribuído para menor queda da população ocupada Ariana Stephanie Zerbinatti Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos As últimas divulgações da Pnad Contínua (Pnadc) têm apontado para continuidade da queda da população ocupada no País, ainda que em menor magnitude que a observada anteriormente. Dentre as diversas categorias de ocupação, chama atenção o crescimento na margem do emprego informal desde o final do primeiro trimestre, que tem ajudado a conter a trajetória de declínio da população ocupada 1. No mesmo sentido, o emprego por conta própria também tem contribuído positivamente para menor Empregador 4,1% Aux. Famílias 2,9% Público 12,4% Conta própria 23,5% Doméstico 6,6% Informal 11,5% A recessão de 2015 e 2016 acabou não levando apenas à redução do número de pessoas empregadas, mas também interrompeu a tendência de diminuição do emprego informal. Isso se deveu tanto à forte demissão líquida de vagas formais desde o ano passado 3 quanto em função da piora do emprego. Assim, a dificuldade em encontrar um novo emprego com carteira assinada tem levado o trabalhador a migrar para o emprego informal, elevação da taxa de desemprego, ainda que a velocidade dessa contribuição tenha mostrado desaceleração. Antes de detalhar o comportamento de cada uma dessas categorias, destacamos a composição do emprego no País. Cerca de 40% da população ocupada possui emprego formal 2, ao passo que aproximadamente 25% trabalha por conta própria. O emprego informal e do setor público apresentam o mesmo peso, de 12% da ocupação. Formal 38,9% Percentual da população ocupada por categoria ainda que esse ofereça, na média, rendimento nominal 36,5% inferior ao do formal (de acordo com os dados referentes ao trimestre móvel findo em julho). Vale ressaltar, contudo, que os empregados no mercado formal e o informal não possuem necessariamente as mesmas características, o que pode explicar, ao mesmo em parte, a diferença de rendimentos. Embora os salários como um todo tenham desacelerado no período, o movimento de 1 A publicação Conjuntura Macroeconômica, a ser divulgada no dia 09/09/16, apresentará aberturas adicionais e buscará destrinchar as transições dos trabalhadores do setor formal para o informal. 2 Consideramos aqui emprego formal aquele com carteira assinada no setor privado. 3 Segundo o Cadastro dos Empregados e Desempregados (Caged), foram cortados aproximadamente 1,6 milhão de vagas formais em Para este ano, esperamos contração de 1,1 milhão de postos. 1

2 reversão da queda do emprego informal não levou a uma mudança significativa da razão dos rendimentos formais e informais. O crescimento da população empregada informalmente vem ocorrendo nos últimos meses, com alta de 0,2% no trimestre encerrado em junho. Além disso, os dados mostram um movimento bem heterogêneo entre as regiões do país, mais intenso nos locais onde o emprego informal é responsável, proporcionalmente, por um número maior de trabalhadores, quando comparados com a média nacional especificamente, nas regiões Norte e Nordeste 4. A ocupação informal subiu 7,7% no Norte no segundo trimestre, em relação ao mesmo período de 2015 (ante queda de 0,5% no primeiro trimestre). Já no Nordeste, a queda interanual passou de 4,2% no trimestre encerrado em março para 0,3% no trimestre findo em junho. Setorialmente, o aumento da informalidade se mostra mais intenso na atividade de construção: os dados da Pnadc trimestral mostram avanço interanual de 1 no segundo trimestre, enquanto o saldo do Caged foi bastante negativo no mesmo período. - -1,3% ,0% - 1,6% -3,7% -2,3% 2,8% -6,5% 1,6% -3,9% Informal Total exceto informal (eixo da direita) -0,8% -0,1% -5,9% -1,8% 0,2% -1,5% 0,9% empregos informal e total exceto informal (variação emprego informal na construção civil (variação 16,0% 14,9% 1 8,0% 1-8,0% -2,8% -5,6% -6,6% -4,8% -1-9,8% Destaque - Bradesco A recessão também impactou o emprego por conta própria. Desde janeiro do ano passado, cerca de um milhão de pessoas migrou para essa categoria. Caso isso não ocorresse, teríamos uma taxa de desemprego de cerca de um ponto percentual acima da atual o que equivale a uma taxa dessazonalizada de 12,4%. Nos últimos meses, entretanto, o crescimento da ocupação por conta própria tem desacelerado. Na comparação interanual, saiu de uma alta de em março deste ano para outra de 2,4% em julho A despeito desses ajustes decorrentes da piora da atividade econômica, o mercado de trabalho tem dado sinais de moderação, em resposta à estabilização da economia. Ainda que de forma bastante modesta, o ritmo de destruição do emprego formal tem se reduzido nos últimos meses. Os dados da Pnadc mostram que a ocupação formal passou de um declínio interanual de 4,3% em abril para outro de 3,9% em julho. O resultado está em linha com as últimas informações disponíveis do Caged. Ainda que os últimos saldos tenham ficado aquém da nossa expectativa, o ajuste já tem se mostrado menos intenso do que o observado em 2015 e no início deste ano. 4 Cabe notar que as aberturas regionais e algumas setoriais são divulgadas apenas trimestralmente. Por isso, a última informação disponível refere-se a junho deste ano. 2

3 8,0% 6,0% 5,0% - 2,2% -0,4% 0,7% 3,4% 3,8% 2,1% Conta própria Tota exceto conta próprial (eixo da direita) 3,2% 0,9% 4,7% ,7% 3,9% - - 2,4% -3,1% - -3,2% emprego por conta própria e total exceto conta própria (variação emprego formal e total exceto formal (variação 8,0% 6,0% 5,0% 3,3% 0,6% Formal Total exceto formal (eixo da direita) 5,4% 0,4% 3,6% -0,1% 2,1% -2,6% 2,3% - 0,5% -4,3% 1,5% 0,5% -3,9% - Por fim, acreditamos que o crescimento do emprego informal e por conta própria devará perder tração à frente, cedendo lugar para alguma recuperação do emprego formal em 2017, quando a melhora da economia se consolidar. Os dados de curto prazo, em certa medida, já nos mostram isso: a população ocupada informal, por exemplo, oscilou de uma alta de 8,1% nos últimos seis meses para outra menor, de 7,7%, no trimestre findo em julho. No mesmo sentido, a ocupação por conta própria já apresenta queda nessas métricas, enquanto o emprego formal tem reduzido o ritmo de sua contração. Esperamos que a população ocupada total continue caindo nos próximos meses e que interrompa sua trajetória baixista em março de Ainda assim, projetamos que a taxa de desemprego subirá até meados do próximo ano. Com isso, a média anual da taxa de desocupação deverá ser superior à observada em Especificamente em relação ao emprego formal, projetamos saldo negativo de 1,1 milhão de postos de trabalho em 2016, mesmo que o ritmo de demissões líquidas comece a se reduzir nas próximas divulgações. Para 2017, esperamos geração positiva em torno de 700 mil vagas. Destaque - Bradesco Variação anualizada da ocupação* Ocupação (%) 6 meses 3 meses Total -2,1-1,8 Formal -4,2-3,0 Informal 8,1 7,7 Conta própria -2,2-7,5 Empregador -0,1 12,7 Público -3,4 2,0 Doméstico -0,2-3,0 Aux. Famílias -18,7-13,7 (*) Até julho. 12,0 11,0 10,0 9,0 8,0 7,0 6,0 9,6 9, , Saldo de emprego formal anual (em milhares) 9, ,9 10,2 9, , , , , ,6 8, , ,3 7,2 6, , ,9 11,

4 Saldo de emprego formal anual (em milhares) Destaque - Bradesco

5 Destaque - Bradesco Equipe Técnica Octavio de Barros - Diretor de Pesquisas e Estudos Econômicos Fernando Honorato Barbosa Superintendente Executivo Economistas: Ana Maria Bonomi Barufi / Andréa Bastos Damico / Ariana Stephanie Zerbinatti / Constantin Jancso / Daniela Cunha de Lima / Ellen Regina Steter / Estevão Augusto Oller Scripilliti / Fabiana D Atri / Igor Velecico / Leandro Câmara Negrão / Marcio Aldred Gregory / Myriã Tatiany Neves Bast / Priscila Pacheco Trigo / Regina Helena Couto Silva / Thomas Henrique Schreurs Pires Estagiários: Bruno Sanchez Honório / Carlos Henrique Gomes de Brito / Christian Frederico M. Moraes / Fabio Rafael Otheguy Fernandes / Mariana Silva de Freitas / Rafael Martins Murrer O BRADESCO não se responsabiliza por quaisquer atos/decisões tomadas com base nas informações disponibilizadas por suas publicações e projeções. Todos os dados ou opiniões dos informativos aqui presentes são rigorosamente apurados e elaborados por profissionais plenamente qualificados, mas não devem ser tomados, em nenhuma hipótese, como base, balizamento, guia ou norma para qualquer documento, avaliações, julgamentos ou tomadas de decisões, sejam de natureza formal ou informal. Desse modo, ressaltamos que todas as consequências ou responsabilidades pelo uso de quaisquer dados ou análises desta publicação são assumidas exclusivamente pelo usuário, eximindo o BRADESCO de todas as ações decorrentes do uso deste material. Lembramos ainda que o acesso a essas informações implica a total aceitação deste termo de responsabilidade e uso. A reprodução total ou parcial desta publicação é expressamente proibida, exceto com a autorização do Banco BRADESCO ou a citação por completo da fonte (nomes dos autores, da publicação e do Banco BRADESCO). 5