ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL PROCURADORIA-GERAL DO ESTADO PARECER N
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- João Gabriel Pacheco Sacramento
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1 PARECER N SERVIDOR PÚBLICO. JORNADA DE TRABALHO. HORÁRIO NOTURNO. REMUNERAÇÃO. LC N /94. Por solicitação do Senhor Secretário da Agricultura, Pecuária, Pesca e Agronegócio, vem a esta Equipe de Consultoria da Procuradoria de Pessoal da Procuradoria-Geral do Estado o Expediente Administrativo /09-9, no qual se questiona acerca da remuneração por serviços prestados por servidor público em horário compreendido entre 20:00 e 07:30 horas. Relata o consulente que, em razão de necessidade de serviço, servidores do Departamento de Proteção Vegetal da Secretaria passaram a cumprir jornada de trabalho em horário noturno, a fim de vencer a demanda por certificação fitosanitária junto ao Posto Fiscal de Vacaria. É o Relatório. A questão posta pelo órgão consulente vem regulada pela Lei Complementar n /94, nos seguintes termos:
2 CAPÍTULO IX DO REGIME DE TRABALHO Art O Governador do Estado determinará, quando não discriminado em lei ou regulamento, o horário de trabalho dos órgãos públicos estaduais. Art Por necessidade imperiosa de serviço, o servidor poderá ser convocado para cumprir serviço extraordinário, desde que devidamente autorizado pelo Governador. 1º - Consideram-se extraordinárias as horas de trabalho realizadas além das normais estabelecidas por jornada diária para o respectivo cargo. 2º - O horário extraordinário de que trata este artigo não poderá exceder a 25% (vinte e cinco por cento) da carga horária diária a que estiver sujeito o servidor. 3º - Pelo serviço prestado em horário extraordinário, o servidor terá direito a remuneração, facultada a opção em pecúnia ou folga, nos termos da lei. Art Considera-se serviço noturno o realizado entre as 22 (vinte e duas) horas de um dia e as 5 (cinco) horas do dia seguinte, observado o previsto no artigo 113. Parágrafo único - A hora de trabalho noturno será computada como de cinqüenta e dois minutos e trinta segundos. Assim, tem-se que a jornada de trabalho do servidor público vem determinada por decisão do Chefe do Executivo, devendo, apenas por exceção, ser acrescido horário extraordinário ou ser executado em horário noturno, entre 22:00 horas e 05:00 horas, este computado de acordo com o Parágrafo Único do art. 34 acima transcrito. Portanto, o que se tem é que a jornada de trabalho a ser cumprida é aquela fixada pelo Governador do Estado, o qual poderá autorizar o serviço extraordinário, que não poderá exceder 25% (vinte e cinco por cento) da jornada de trabalho, sendo remunerado em pecúnia ou folga, à opção do próprio servidor.
3 Já o serviço noturno é apenas aquele executado no período fixado pela norma em comento, podendo caracterizar ou não serviço extraordinário a depender da extensão da jornada de trabalho a que está sujeito o servidor. Há que se considerar ainda, acerca da matéria, que a previsão contida no art. 33, 3º do Estatuto, carece de regulamentação o que inviabiliza a possibilidade de opção ali prevista, como já manifesto por esta Casa, como se lê abaixo: PARECER Nº 12385/98 SERVIDORES CELETISTAS E SERVIDORES ESTATUTÁRIOS. COMPENSAÇÃO DE JORNADA DE TRABALHO. (...) 3. O questionamento relativo à compensação de jornadas exige o exame sob a ótica da legislação estatutária, que regula a matéria de forma diversa da legislação trabalhista. Em relação aos servidores submetidos ao regime da Lei Complementar nº 10098/94, deve-se ter presente que, por força do disposto no parágrafo 3º do artigo 39, lhes é aplicável a regra do inciso XIII do artigo 7º, ambos da Constituição Federal, com a redação da Emenda Constitucional nº 19, prevendo este último ser direito dos trabalhadores a "duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho". A seu turno, a Constituição Estadual, no inciso VI do artigo 29, estabeleceu a duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, conforme estabelecido em lei. (...) O artigo 33 da Lei Complementar nº 10098/94 prevê a possibilidade de convocação para cumprimento de serviço extraordinário "por imperiosa necessidade de serviço" e "desde que devidamente autorizado pelo Governador", e o artigo 111 fala em "situações excepcionais e temporárias". De forma que, na Administração estadual, direta e autárquica, a prestação de jornada extraordinária passou a depender, a partir da vigência do novo Estatuto, da configuração dos requisitos "excepcionalidade", "temporariedade", "necessidade imperiosa" e da formalidade "autorização governamental". Buscou o legislador com a regra coibir abusos, centralizando no Chefe do Poder Executivo a competência para dizer das condições autorizadoras da
4 jornada suplementar, não sem exigir a caracterização da "necessidade imperiosa", conquanto não a tenha definido. No ordenamento jurídico nacional, a "necessidade imperiosa" constitui requisito indispensável para autorizar a duração de jornada de trabalho superior ao limite legal ou convencionado, daí explicitando (art. 61 da CLT): "... seja para fazer face a motivo de força maior, seja para atender à realização ou conclusão de serviços inadiáveis ou cuja inexecução possa acarretar prejuízo manifesto." Segundo VALENTIN CARRION, "na primeira hipótese - referia-se à força maior - haverá um fato estranho, próximo à catástrofe, que afeta mais do que a produção: incêndio, inundação, racionamento de energia elétrica, etc. Na segunda hipótese, são os percalços da produção que aparecem: ameaça de chuva sobre a colheita, concretagem de uma laje, iminente saída de um navio que deverá transportar a mercadoria, afluência inabitual da clientela por circunstâncias anormais, etc; sempre extravasando a rotina". (Comentários à Consolidação das Lei do Trabalho, 15ª ed., RT, p.p. 103/104, grifei). Parece-me possa esse critério servir à Administração estadual para balizar a prestação de horas extraordinárias no serviço público estadual, acrescido de nuances próprias da atividade estatal e de suas Autarquias, como já sugerido por esta Procuradoria-Geral no Parecer nº Por outro lado, ausente a regulamentação da matéria, tal qual exigida no parágrafo 3º do artigo 33 da Lei Complementar nº 10098/94, não há possibilidade da opção estabelecida naquele dispositivo entre pecúnia ou folga. Assim, a hora extra só pode ser paga em pecúnia para os servidores estatutários, consoante, aliás, já definido por esta Procuradoria-Geral no Parecer nº (...)(Grifei) E tudo isso será remunerado em conformidade com o disposto na mesma legislação aqui tratada, como se lê nas normas abaixo: Seção III Das Gratificações e Adicionais Art Serão deferidos ao servidor as seguintes gratificações e adicionais por tempo de serviço e outras por condições especiais de trabalho: I - gratificação por exercício de função; II - gratificação natalina; III - gratificação por regime especial de trabalho, na forma da lei; IV - gratificação por exercício de atividades insalubres, penosas ou perigosas; V - gratificação por exercício de serviço extraordinário; VI - gratificação de representação, na forma da lei; VII - gratificação por serviço noturno; VIII - adicional por tempo de serviço; IX - gratificação de permanência em serviço;
5 X - abono familiar; XI - outras gratificações, relativas ao local ou à natureza do trabalho, na forma da lei. Subseção IV Da Gratificação por Exercício de Serviço Extraordinário Art O serviço extraordinário será remunerado com acréscimo de 50% (cinqüenta por cento) em relação à hora normal de trabalho. Art A gratificação de que trata o artigo anterior somente será atribuída ao servidor para atender às situações excepcionais e temporárias, respeitado o limite máximo previsto no 2º do artigo 33. Art O valor da hora de serviço extraordinário, prestado em horário noturno, será acrescido de mais 20% (vinte por cento). Subseção V Da Gratificação por Serviço Noturno Art O serviço noturno terá o valor-hora acrescido de 20% (vinte por cento), observado o disposto no artigo 34. Parágrafo único - As disposições deste artigo não se aplicam quando o serviço noturno corresponder ao horário normal de trabalho. Ou seja, o horário extraordinário, como excepcionalidade e temporário, será remunerado com o acréscimo de 50% (cinqüenta por cento) sobre o valor da hora normal de trabalho, enquanto o serviço noturno terá um plus de 20% (vinte por cento), podendo um incidir sobre o outro, no caso de o período extra ser cumprido em horário noturno, ou seja entre 22:00 horas e 05:00 horas. No caso analisado, em primeiro lugar há que se verificar se o horário cumprido pelos servidores referidos está ou não compreendido na sua jornada de trabalho. Em caso afirmativo, apenas lhes será devido o valor relativo ao horário noturno. No caso de os servidores estarem cumprindo jornada extraordinária, esta deverá ser remunerada com o acréscimo legal, bem como com o percentual devido em razão do horário noturno.
6 Como informado, o horário de trabalho que está sendo desenvolvido está compreendido entre 20:00 horas de um dia e 07:30 horas do dia seguinte. Tem-se assim, uma jornada de 12 horas e 30 minutos de trabalho. Há que se ter presente, ainda, que o horário extra não pode superar 25% (vinte e cinco por cento) do total da jornada de trabalho ordinária. Se esta é de 08 horas diárias, então somente se poderá cumprir 02 horas como extraordinárias, chegando-se a um total de 10 horas diárias. Portanto, o órgão consulente, para atender a demanda de serviço posta, deverá atentar para tais regras, em síntese: A é possível, sim, cumprir serviço no horário referido; B há que se organizar o serviço para poder atender a demanda na extensão pretendida; C O cumprimento de jornada extraordinária é uma exceção e temporária, devendo vir autorizada pelo Governador do Estado; D A remuneração destas horas pode ser feita em pecúnia com acréscimo de 50% (cinqüenta por cento) sobre a hora normal - ou folga; E A jornada noturna é aquela desenvolvida entre 22:00 horas de um dia e 05:00 horas do dia seguinte; F A remuneração da hora noturna deve ser 20% (vinte por cento) superior à diurna, além do percentual (50%) devido se tembém for horário extraordinário ;
7 G O limite máximo da jornada de trabalho, computadas as horas extraordinárias, é de até 25% acima da jornada fixada para o cargo; H Ante a ausência de legislação regulamentadora não há que falar-se em opção por folga, como previsto no art. 33, 3º do Estatuto. É o Parecer. Porto Alegre, 04 de setembro de JOSE LUIS BOLZAN DE MORAIS PROCURADOR DO ESTADO EA /09-9
8 Processo n.º /09-9 Acolho as conclusões do PARECER n.º , da Procuradoria de Pessoal, de autoria do Procurador do Estado Doutor JOSE LUIS BOLZAN DE MORAIS. Restitua-se o expediente à Secretaria da Agricultura, Pecuária, Pesca e Agronegócio. Em 30 de abril de Eliana Soledade Graeff Martins, Procuradora-Geral do Estado.
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