II Congresso Nacional de Formação de Professores XII Congresso Estadual Paulista sobre Formação de Educadores

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1 II Congresso Nacional de Formação de Professores XII Congresso Estadual Paulista sobre Formação de Educadores RESSIGNIFICANDO A HORA DO CONTO: UMA PROPOSTA DE DESENVOLVIMENTO DA LEITURA E ESCRITA INFANTIL NO CONTEXTO DIGITAL Rosangela Silveira Garcia Eixo 3 - Formação do professor alfabetizador - Relato de Experiência - Apresentação Oral Este artigo, de formato instrucional, é um relato de experiência desenvolvida em uma escola pública com a participação de docentes e discentes das séries iniciais do ensino fundamental, e estudantes do curso normal, futuros educadores. O experimento desenvolvido teve como meta promover o letramento e a inclusão digital de docentes e discentes e a res(significação) das práticas de escrita e leitura dos escolares das séries iniciais. A hora do conto, atividade desenvolvida na educação infantil e nas séries iniciais, foi utilizada para promover o encontro dos escolares com a literatura e o teatro infantil; o weblog foi o recurso tecnológico selecionado como espaço de desenvolvimento de práticas de letramento digital. Por meio de oficinas pedagógicas (com os docentes) e de atividades literárias e teatrais (com os educandos) desenvolveu-se um projeto intitulado Ressignificando a Hora do Conto com a meta de promover a prática do letramento digital e a valorização da autoria dos textos produzidos por alunos em fase inicial de alfabetização. 6680

2 RESSIGNIFICANDO A HORA DO CONTO: UMA PROPOSTA DE DESENVOLVIMENTO DA LEITURA E ESCRITA INFANTIL NO CONTEXTO DIGITAL Rosangela Silveira Garcia. Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS Introdução Este artigo tem como propósito, através do relato de experiência do projeto Ressignificando a Hora do Conto, apresentar a estrutura e os princípios norteadores de um projeto de capacitação para docentes das séries iniciais 1 do ensino fundamental. Sua proposta visa fornecer subsídios ao docente para o exercício do letramento digital e a capacitação da autoria 2 do escolar da educação básica. Ambiciona motivar educadores à edificação de programas direcionados a significação 3 da leitura e escrita na escola; incentivar a valorização da autoria de textos produzidos por alunos em fase inicial de alfabetização e letramento; e impulsionar a inclusão digital de professores e alunos, imigrantes e nativos digitais. De caráter instrucional e formador, é dirigido a educadores que almejam desenvolver projetos pedagógicos usando ambientes virtuais em situações de ensino e aprendizagem, comprovando que o computador pode ser utilizado como instrumento eficaz para o desenvolvimento e construção do conhecimento através da criatividade e ludicidade, concretizando, dessa forma, uma aprendizagem dinâmica e significativa. O projeto Ressignificando a Hora do Conto foi construído a partir das diretrizes que norteiam o trabalho da autora como formadora de futuros educadores das séries iniciais do ensino fundamental: o incentivo à leitura e a promoção da escrita com uso de tecnologias digitais. O eixo temático escolhido para seu desenvolvimento foi o uso da literatura infantil na hora do conto, tendo como objetivos: Ressignificar a hora do conto, destituindo-a da característica de mera contação de histórias pelo professor; Promover a interação entre alunas do curso normal - futuras educadoras - e alunos das séries iniciais do ensino fundamental de uma escola pública; Estimular o uso da literatura infantil como ferramenta pedagógica pelos futuros educadores, promovendo, desta forma, a qualificação do professor das séries iniciais; 6681

3 Disponibilizar o projeto em meio virtual, através da criação de um weblog 4, com o intuito de motivar novos projetos, e da criação de um varal de poesias virtual com obras de autoria de alunos; Oportunizar aos alunos das séries iniciais do ensino fundamental: a prática da leitura e produção textual (através de releituras dos poemas); o contato com o teatro infantil; o letramento digital. O projeto foi estruturado em seis etapas de desenvolvimento, abaixo detalhadas separadamente, e culminou com a criação de um blog denominado A traça Biblió. Seminário de Sensibilização: Etapa 01 O projeto iniciou através de seminário que trouxe para discussão e reflexão dos educadores o tema: desenvolvimento da hora do conto e suas relações com a escrita e leitura infantil. Este seminário contou com a participação de todos os educadores das séries inicias do ensino fundamental da escola onde o projeto foi desenvolvido, e integrou alunos do curso normal em fase final de formação. Deste encontro que visava à adesão dos educadores ao projeto, o ponto principal de discussão foi a necessidade de definição, segundo os educadores, do objetivo pedagógico da contação de histórias. Através do relato da experiência dos educadores, foi elaborada a base de uma nova proposta para a hora do conto, e o slogan definido para identificar o comprometimento do grupo foi Como gostar de ler na escola?. Um questionamento que tem como objetivo guiar a construção de uma prática pedagógica mais inovadora. Construindo um projeto 5 de fomento à leitura- Desconstruindo a Hora do Conto: Etapa 02 Este momento do projeto teve o objetivo de orientar os futuros educadores na edificação de programas voltados à promoção da leitura e escrita na escola, fazendo uso eficiente do momento destinado a contação de história, transformando-a de um momento isolado das atividades de ensino e aprendizagem para uma atividade prazerosa e de interação 6 dos e com os alunos. Foram realizadas oficinas pedagógicas sobre construção de projetos de leitura e escrita, e de planejamento para as atividades da hora do conto. Foi definido como eixo norteador do projeto o teatro infantil

4 Fundamentação Teórica: Etapa 03 Nesta etapa de desenvolvimento do projeto houve discussão de alguns artigos do livro de Jacoby (2003), A criança e a produção cultural: do brinquedo à literatura. Na sequência ocorreram atividades práticas que envolveram: a escolha do livro infantil; a identificação do tipo de leitor e faixa etária; a poesia na escola; dramatização de excertos da obra de Carlos Urbim, A traça Biblió. Por considerar o embasamento teórico fundamental para o desenvolvimento de qualquer projeto foram realizadas duas micro-oficinas com o objetivo de discutir questões como: A literatura e o mundo infantil; A leitura na escola a escolha do texto; O imaginário infantil; Conhecendo o leitor infantil; Produção cultural digital para a criança. Mão na massa - Definindo os Grupos de Trabalho: Etapa 04 A implementação deste projeto envolveu 4 (quatro) grupos distintos, sendo eles: Organizadora formado pela professora-orientadora do projeto, responsável pela construção do Blog (recurso escolhido para continuação do projeto em meio virtual); Agentes Facilitadores formado por alunos do curso normal responsáveis pela divulgação e auxílio na condução do projeto; Professores formado pelo grupo de professores titulares das séries iniciais do ensino fundamental, responsáveis pela continuidade do projeto em sala de aula (releituras); Alunos - estudantes das séries iniciais do ensino fundamental, responsáveis pela produção textual (releituras) e pela alimentação dos recados à Traça Biblió. O teatro na escola: atividades no grande evento: Etapa 05 Dias antes da apresentação da peça teatral A traça Biblió, baseada na obra de Carlos Urbim, discutiu-se com os alunos a sinopse e alguns poemas da obra

5 O evento A traça Biblió ocorreu no salão da escola onde se desenvolveu o projeto, contando com a presença de 80 alunos (35 alunos no turno da manhã, e 45 alunos na parte da tarde). Os alunos foram acompanhados durante o evento pelas agentes facilitadoras. Após o encerramento da apresentação foi proposto aos alunos a discussão, em sala de aula, de impressões sobre a história da traça Biblió. No dia posterior ao evento foram realizadas pequenas oficinas, ministradas pelas agentes facilitadoras, com a proposta de produzir uma releitura dos poemas da peça com o objetivo de construção do varal de poemas. As oficinas foram ministradas na seguinte sequência: Leitura dos poemas que compõem a peça; Discussão com as crianças sobre a história; Exposição oral do que eu mais gostei foi.. Dramatização minha parte preferida foi Produção textual 7 Os textos produzidos pelos alunos foram organizados pelos agentes facilitadores para posterior postagem, pelas próprias crianças, no blog da traça Biblió. Um projeto que não acaba, idealizando o Blog: Etapa 06 No encerramento das atividades práticas do projeto ocorreu um encontro para que as pessoas envolvidas na sua organização pudessem discutir e avaliar os resultados do projeto, bem como a contribuição do blog em uma atividade prática pedagógica. Neste momento também foram escolhidos alguns elementos, considerados básicos pelo grupo, para a construção do blog, sendo estes: A Apresentação da Traça Biblió; Registros do projeto; Mural de Poesia com a produção dos alunos; Vídeo da apresentação da peça; Links Educativos para uso de professores e alunos; Tutorial do Projeto. Encerrando o debate, um grupo de agentes facilitadoras, a organizadora e a professora responsável pelo laboratório de informática, iniciaram a construção do blog

6 O formato escolhido para o desenvolvimento foi o blogger do provedor google, a razão da escolha foi a linguagem de fácil compreensão e tutorias que podem guiar outros professores na construção de seu próprio blog. O processo de desenvolvimento do Blog da Traça Biblió As figuras enumeradas abaixo visam demonstrar aos professores as etapas da construção do blog, servindo como um tutorial para a construção de blogs educativos que sigam a mesma formatação. Figura 1. página inicial Figura 2. Escolhendo a ferramenta blogger

7 Figura 3. Página inicial do blogger, clicar em criar um blog. Figura 4. Criando uma conta google ( ), caso já possua acesse-a primeiro. Figura 5. Crie um nome para seu blog e crie um endereço (URL)

8 Figura 6. Escolha o modelo (design) de seu blog. Figura 7. Após a mensagem de finalização acesse começar a usar o blog. Definida a estrutura básica do blog da traça Biblió, foi o momento de usar de criatividade e inserir vídeos, fotos, mensagens, etc. Finalizada a construção do blog promoveu-se a apresentação aos professores e todos os componentes do projeto, agendou-se, neste momento, a data de exibição do blog para as crianças e postagem dos textos produzidos nas oficinas. Monitoradas pelas agentes facilitadoras as postagens foram colocadas no blog pelas próprias crianças. Encerrada a postagem todos os professores da escola onde o projeto foi desenvolvido foram convidados para a exibição do blog da traça Biblió e o tutorial elaborado pela organizadora

9 Considerações finais É possível observar expressivo avanço na qualidade dos processos de ensino e aprendizagem nas escolas públicas do país a partir da implementação de programas voltados ao uso de Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) no ensino público. Entretanto, é necessário reconhecer que ainda há um percurso a trilhar para qualificar o acesso às tecnologias da informação e comunicação (TIC) e a preparação dos educadores para fazerem uso delas através de estratégias eficazes. Este artigo através do projeto a Hora do Conto defende e ressalta a importância da inserção do uso pedagógico das tecnologias na escola, desde a educação infantil, por meio de atividades que promovam o letramento digital do educando, ou seja, inseri-lo em práticas de leitura e de escrita diferentes das formas tradicionais de letramento e alfabetização, De acordo com Perrenoud (2000), a utilização das novas tecnologias no cotidiano escolar está entre as dez competências básicas para a profissionalização do professor no final do século XX. O papel do professor, neste contexto, é de - através das novas tecnologias - proporcionar, mediar e intermediar o crescimento cognitivo dos educandos, explorando através de novas experiências situações que os façam interagir, trocar informações, questionar seus conceitos. Motivar os alunos a expressarem-se criativa e apropriadamente, bem como produzir e gerar informação, torna o educando um agente menos passivo dentro do processo de aquisição do conhecimento. Esse caminho, compartilhado e mediado pelo professor, dissolve magicamente as paredes que envolvem a sala de aula, bem como a estrutura linearizada do ensino, promovendo um espaço de interação e envolvimento no processo de ensino e aprendizagem. Notas 1. Compreende-se séries iniciais o período da educação que engloba do primeiro ano ao quinto ano do ensino fundamental, período responsável pela alfabetização e letramento do escolar. 2. Carlos Alberto Faraco (2003) traz-nos "Autor e autoria", enfatizando a posição do autorcriador, "aquele constituinte que dá forma ao objeto estético, o pivô que sustenta a unidade do todo esteticamente consumado" ( p. 37). 3. Vygotsky (2003) afirma que a criança necessita que o aprendizado da escrita ocorra em contextos com significado, resultados de um processo comunicativo, e não represente para ela apenas a aprendizagem de letras ou palavras assimiladas de forma mecânica. 4. Segundo Recuero (2003), os Weblogs ou blogs possuem uma estrutura-padrão determinada por um conjunto de blocos de conteúdo textual ou imagético permanentemente renovado. São organizados cronologicamente, com postagens organizadas de acordo com a data de publicação do bloco de texto, privilegiando a atualização mais recente

10 5. A construção do projeto ocorreu como atividade prática na disciplina de Literatura Infantil (2007/1) da escola onde foi desenvolvido, e resultou no movimento Como gostar de ler. 6. SILVA (2000) destaca na pedagogia interativa uma proposta de valorização do papel do professor como mediador de novas e recorrentes interações e encorajador da rede de conhecimentos que os alunos constroem, bem como, do desenvolvimento de novas competências comunicativas. 7. O conceito de produção textual, neste projeto, refere-se a todo o texto produzido pelas crianças, de característica verbal ou não-verbal e objetivo comunicativo. Referências BRONCKART, Jean-Paul. Atividade de linguagem, textos e discursos: por um interacionismo sócio-discursivo. São Paulo. EDUC, FARACO, Carlos Alberto. Linguagem & Diálogo: As Idéias Lingüísticas do Círculo de Bakhtin. Curitiba: Criar Edições, JACOBY, Sissa (org). A criança e produção cultural: do brinquedo à literatura. Porto Alegre: Mercado Aberto, PERRENOUD, P. Dez novas competências para ensinar. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, RECUERO, R. Weblogs, Webrings e Comunidades Virtuais, disponível em acessado em 14/05/2003. SILVA, M. Sala de aula interativa. Rio de Janeiro: Quartet, BLOG da TRAÇA BIBLIÓ. Disponível em acessado em fevereiro de URBIM, Carlos. Biblió uma graça de traça.porto Alegre: WS Editora, VYGOTSKY, L.S. Aprendizagem e desenvolvimento intelectual na idade escolar. In: VYGOTSKYI, L.S. LURIA, A.R. & LEONTIEV. A.N. Linguagem, Desenvolvimento e Aprendizagem. São Paulo: Ícone,