Jornal América em Ação- Um projeto para um saber interdisciplinar
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- Diego Meneses Vidal
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1 Jornal América em Ação- Um projeto para um saber interdisciplinar O presente artigo tem como objetivo relatar a experiência que está sendo desenvolvida na Escola Municipal de Ensino Fundamental América: o projeto Jornal América em Ação. Pretende-se fazer uma breve explanação sobre a ideia de se ter um jornal escolar como instrumento de leitura, produção textual e interação social. Introdução O projeto jornal escolar foi reconhecido como tal a partir da ideia desenvolvida pelo educador francês Freinet (1974), autor de um método de ensino baseado na experiência de vida do aluno e em sua vivência de aprendizagem. Em 1923, Freinet comprou um tipógrafo, para auxiliar a atividade de ensino, já que seu ferimento do pulmão dificultava que falasse por períodos longos. Foi com esse tipógrafo que imprimiu textos livres e jornais da classe para seus alunos. As crianças compunham seus trabalhos, os discutiam e os editavam em pequenos grupos, antes de apresentar o resultado à classe. Os jornais eram trocados com os de outras escolas. Gradualmente os textos do grupo substituíram livros didáticos convencionais. Para Freinet, a educação deveria proporcionar ao aluno a realização de um trabalho real. De acordo com o educador, a aprendizagem através da experiência seria mais eficaz. Ao escrever um jornal, o aluno envolvido no projeto pensa e articula o seu mundo, adquirindo, por conseguinte, consciência crítica de fatos e também sua autonomia. O seu interlocutor, por sua vez, explora novas leituras, provocando em si também reflexão e consciência crítica sobre a realidade que o rodeia. A interação entre os interlocutores é parte fundamental do processo educacional, que visa, dentre tantas coisas, despertar no aluno um posicionamento de sujeito, para, a partir disso, demonstrar uma atitude positiva em relação ao mundo em que vive, interagindo com outros na sociedade, com respeito a limites de cada um. O jornal, importante citar, expande o ambiente escolar e se aproxima da comunidade, daí sua importância de transmitir conhecimentos, saberes relevantes para a paginas.ufrgs.br/revistabemlegal REVISTA BEM LEGAL Porto Alegre v. 2 nº
2 vida cotidiana, explorando situações do contexto local, bem como estendendo a outros contextos. Sabendo-se dos benefícios sociais que um jornal escolar pode acarretar, vale ressaltar também a sua importância no desenvolvimento de diferentes habilidades a serem exploradas pelos alunos da escola. Primeiramente, citamos que o jornal é importante pois estimula o aluno, envolvido em sua elaboração, a vivenciar diferentes mídias, o que hoje faz-se necessário, visto a revolução tecnológica em que nos situamos. O manuseio de imagens, de programas de computador, de sites de pesquisa, de blogs, de jornais, revistas desperta no aluno um maior entendimento do funcionamento dos diferentes meios de comunicação. Por conseguinte, a habilidade de ler e de compreender diferentes gêneros e tipos de texto é desenvolvida na elaboração do jornal. A partir da leitura e de seu estudo, o aluno desenvolve com melhor coesão e coerência o seu texto, a sua produção. Não somente para o jornal, mas nas aulas de língua portuguesa, bem como em outras disciplinas. Habilidades cognitivas são despertadas naturalmente, como parte do processo de criação do aluno redator/jornalista. Destaca-se também a busca do aluno por conteúdos interdisciplinares. A fim de elaborar seu texto para o jornal, sua reportagem, o aluno muitas vezes precisa utilizar conhecimentos de diferentes áreas de estudo, como geografia, história, artes, etc. Não menos importante do que as aprendizagens citadas, é possível afirmar que o jornal também auxilia em outros tipos de ensinamento: os alunos aprendem a interagir, socializar conhecimentos, opiniões; aprendem a se expressar, a ouvir e a serem ouvidos. O jornal, sendo organizado no turno inverso da aula regular do aluno envolvido no projeto, também auxilia para afastá-lo dos problemas sociais que o ambiente externo ao escolar oferece. E, além de tudo isso, cria-se um vínculo maior com a escola, na medida em que os envolvidos na projeto se engajam nas ideias do estabelecimento de ensino. Alunos acreditando na escola, ajudam a cuidá-la e a transformá-la em um ambiente prazeroso de troca_de_saberes. paginas.ufrgs.br/revistabemlegal REVISTA BEM LEGAL Porto Alegre v. 2 nº
3 A E.M.E.F América vem passando por mudanças positivas. Os professores estão empenhados na elaboração de um projeto único a fim de qualificar o ambiente de estudo, bem como o ambiente da comunidade escolar. Um trabalho de resgate de autoestima, valorização da comunidade, do indíviduo, vem sendo amplamente adotado pela escola. Acreditamos que a partir de projetos vinculados à vida real dos nossos alunos, haja um maior envolvimento dos discentes em relação a suas aprendizagens. O aluno precisa sentir que é relevante estar na escola; ele precisa sentir que faz parte desta e que sua língua não é excluída, que há espaço para expressar-se e deixar o outro se expressar. O jornal serve, portanto, como um instrumento de aproximação dos alunos com a escola, e desta com a realidade local. Um jornal informa, noticia, explica, opina. Os leitores do jornal escolar refletem, a partir de suas leituras, sobre questões do próprio ambiente escolar, da comunidade, e até do que está mais distante, de contextos mais amplos, da cidade, do estado, do mundo. As reportagens, devidamente selecionadas pelos criadores do jornal, servem de estímulo para despertar no leitor uma análise crítica da realidade, do mundo em que está inserido. O leitor por conhecer o autor interage com o mesmo, as notícias veiculadas são relevantes, portanto. O jornal, vale destacar, tem como proposta desenvolver temas trazidos pelos próprios alunos da escola. Assim, percebemos nitidamente que a construção do projeto é significativa na medida em que é real. Jornal América em Ação O projeto do jornal escolar América em Ação está sendo desenvolvido no turno inverso de estudo dos alunos envolvidos. A equipe hoje é formada por dezoito alunos, além da professora coordenadora, Daniela Araujo. Cada aluno da equipe ficou responsável, a partir da reunião inicial, por uma seção do jornal (as seções também foram definidas pelos participantes). Há espaço para uma reportagem especial, tema principal de matéria, espaço para falar de esportes, de moda, de sentimentos, classificados, recadinhos, de mídias, saúde, etc. paginas.ufrgs.br/revistabemlegal REVISTA BEM LEGAL Porto Alegre v. 2 nº
4 Os alunos reunem-se semanalmente para discutir os temas, pesquisar sobre os assuntos escolhidos, entrevistar pessoas quando necessário, ler o material produzido pelos colegas. As produções são revisadas sistematicamente no grande grupo. Os alunos do projeto também estão desenvolvendo, simultaneamente, o blog do jornal, com o auxílio da equipe de Inclusão Digital da Secretaria Municipal de Educaçao. A repercussão entre os minijornalistas está sendo animada; os alunos já estão divigulgando em suas páginas pessoais o site com a versão online 1. Esse entusiasmo pelo trabalho desenvolvido é o princípio norteador da escola: despertar prazer e sonhos. Minijornalistas em Ação: a) Alunos entrevistando o então Secretário Nereu D Avila: b) Alunos em pesquisa de campo: Conhecendo o Projeto Dois Caminhos: uma escolha, desenvolvido na rede municipal: 1 jornalamericaemacao.blogspot.com.br paginas.ufrgs.br/revistabemlegal REVISTA BEM LEGAL Porto Alegre v. 2 nº
5 c) Recebendo a primeira tiragem do Jornal: D) Jornal América em Ação: REFERÊNCIA: FREINET, Célestin. O Jornal Escolar. Lisboa, Editorial Estampa:1974. Daniela Araujo - Graduada em Letras pela UFRGS; especialista em Estudos Linguísticos do Texto, pela mesma instituição; especialista em Leitura e Produção Textual, pela Unilasalle; mestre em Letras pela PUCRS; doutoranda em Linguística Aplicada, pela mesma instituição. Professora da Escola Municipal de Ensino Fundamental América. Organizadora do Jornal Escolar América em Ação, produzido na instituição. paginas.ufrgs.br/revistabemlegal REVISTA BEM LEGAL Porto Alegre v. 2 nº
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