POR QUE UMA NOVA ESCOLA NO CAMPO?
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- Ana Luiza Barroso Anjos
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2 POR QUE UMA NOVA ESCOLA NO CAMPO? O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural SENAR e o Instituto CNA, integrantes do Sistema CNA, o primeiro responsável pelo desenvolvimento de ações de Formação Profissional Rural FPR e pela promoção social dos trabalhadores, produtores rurais e suas famílias PS e o segundo responsável por estudos e pesquisas sociais no campo, estão propondo um novo desafio, aprofundar o conhecimento e intervir no desenvolvimento de ações de melhoria no ensino rural, a partir da garantia de padrões de qualidade compatíveis à importância da educação na formação do cidadão brasileiro. A partir do levantamento do Observatório das Desproteções Sociais no Campo, projeto do Instituto CNA que tem por objetivo a investigação e identificação das ausências institucionais e sociais na área rural, foi constatada a existência de uma realidade dramática no que se refere à Educação Rural. O Ministério da Educação aplicou a Prova Brasil, método pelo qual se avalia o ensino fundamental, até o ano de 2007, somente na área urbana. A não aplicação da Prova Brasil, além de não ter medido a qualidade do ensino fundamental ofertado na zona rural nesses anos, tem outro componente que é a destinação de menos recursos para os municípios onde estão localizadas estas escolas. Portanto, houve sem duvida uma perda na qualidade do ensino fundamental e menos recursos para seu desenvolvimento, mas a partir de 2009, com o início da aplicação da Prova Brasil na área rural, podemos mudar esta triste realidade. 2
3 No campo brasileiro, a realidade econômica não tem sido acompanhada pela oferta de políticas públicas, principalmente no que diz respeito à educação. Podemos aumentar o grau de desenvolvimento no campo, porém, é necessário que haja desenvolvimento humano, sobretudo no quesito educação, assim como melhoria na formação técnica do trabalhador, tendo em vista as novas tecnologias existentes. Nessa perspectiva, a escola deve representar um efetivo espaço macro funcional com a articulação das políticas públicas que saem do universo estanque dos seus serviços e equipamentos, sendo o principal equipamento social de seu território. O pressuposto básico da ESCOLA VIVA se dá pela compreensão de que a educação envolve o conjunto de pessoas e espaços de uma sociedade, e que a construção de novos saberes e valores, implica num compromisso do poder público e da sociedade civil na efetiva mudança no padrão de qualidade e no acesso de todos aos bens sociais e culturais de direito. UMA ESCOLA DEVE SER VIVA Para uma escola ser viva, é necessário construir um espaço de educação integral que seja simultaneamente aglutinador de atividades e conteúdos e agregador das expectativas de alunos, familiares, professores e comunidade. Isso pode ser alcançado através de cinco principais eixos de atuação: Acompanhamento do rendimento e desenvolvimento escolar do aluno a partir de uma sistemática agenda de visitas domiciliares realizadas pelos Professores da Família. 3
4 Proposição e desenvolvimento de cursos para os alunos, livres e profissionalizantes, e de atividades individuais e coletivas complementares ao conteúdo trabalhado na escola. Proposição e desenvolvimento de cursos profissionalizante e de aumento de escolaridade para os pais dos alunos. Proposição e desenvolvimento de formação continuada do corpo docente da escola. Transformação da unidade escolar em espaço de referência no território, na comunidade. UMA ESCOLA DEVE SER ATUANTE E ARTICULADA COM A COMUNIDADE Para que isso ocorra, a proposição de uma série de ações complementares são fundamentais para que se consiga alcançar o objetivo de tornar a escola em um real espaço de referência. Proporcionar aos alunos e às suas famílias um ambiente acolhedor, apto à escuta dos processos individuais e coletivos envolvidos na construção de conhecimentos e valores; Iniciar e desenvolver um projeto de construção coletiva, atento às necessidades de cada grupo envolvido na escola, e atendo às multiplicidades de conhecimentos, focando assim o projeto na realidade e no desejo de seus participantes; 4
5 Envolver o município, através do conjunto de suas instituições, no desafio da construção de uma educação integral, criando um sentimento de pertencimento e de responsabilidade no desenvolvimento integral das crianças e adolescentes através de mecanismos de conexão e visibilidade desse desenvolvimento com o desenvolvimento social, econômico e cultural do município; Desenvolver um programa de inclusão digital. Desenvolver atividades culturais e estimular e proporcionar aos alunos e familiares a participação em eventos culturais. Proporcionar aos familiares oportunidades de participação e de avaliação na educação de seus filhos, bem como ofertar oportunidades de alfabetização ou aumento de escolaridade dos mesmos; Proporcionar aos familiares espaços de aprendizado técnico voltado à geração de renda e proporcionar ainda a construção viável de lugares e/ou espaços protegidos para as crianças, implicando-os na erradicação do trabalho infantil; Envolver, no espaço da escola, os agentes públicos da saúde, assistência social, esporte e lazer, trabalho e renda, cultura, entre outros,criando um ambiente de sinergia e integralidade; Desenvolver acompanhamento pedagógico às crianças e às suas famílias através dos Professores da Família. 5
6 EQUIPE O Projeto Escola Viva é composto 8 Professores da Família, 1 assessor pedagógico e 1 assessor técnico, que possuem as seguintes atribuições. Professores da Família Realização de visitas domiciliares. Estabelecimento de vínculos de confiança com os alunos e as famílias. Acompanhamento das atividades propostas pela escola aos alunos. Acompanhamento da evolução educacional dos alunos. Discussão do acompanhamento e evolução dos alunos com o corpo docente da escola. Proposição de atividades a partir das demandas dos alunos e das famílias. Coleta de informações e organização dos instrumentos do projeto. Organização de pastas individuais com dados e evolução dos alunos. Divulgação de informações de projetos, programas e serviços aos alunos e famílias. Apoio logístico e operacional nas atividades propostas pelo projeto. Assessor Pedagógico Coordenação geral do projeto. Sistematização e acompanhamento das responsabilidades dos Professores da Família. Articulação e proposição de atividades com a direção e equipe docente da escola. Realização de diagnóstico e articulação com os principais serviços públicos, programas e projetos disponibilizados à população na cidade. Organização de cursos de alfabetização para pais de alunos. Organização, acompanhamento e sistematização das informações relativas aos alunos e famílias a partir do preenchimento dos Instrumentos de coleta de dados do Projeto Escola Viva. Elaboração de relatórios mensais de atividades. 6
7 Assessor Técnico Coordenação da qualificação profissional. Diagnóstico das ofertas de cursos profissionalizantes. Articulação de parcerias para realização de cursos profissionalizantes para pais e alunos. Realização de oficinas de técnicas agropecuárias nas escolas rurais. Organização de mostras e feiras dos resultados da produção técnica dos pais e alunos. Organização de palestras e oficinas sobre temas de interesse de pais e alunos. MEMORIAL: UMA ESTRATÉGIA DE CONHECIMENTO DOS ALUNOS O conhecimento da realidade de cada aluno e a troca de experiências é fundamental para a criação de vínculos de confiança. Como estratégia num primeiro momento de aproximação com os alunos, conhecimento de suas histórias, conflitos, sonhos, expectativas, sentimentos, e como forma de estímulo e reconhecimento pelo esforço dispensado às atividades apresentadas, o projeto propõe a elaboração dos Memoriais. O objetivo do Memorial é incentivar os alunos, através de um concurso, a escreverem sobre suas vidas e expectativas. Configura-se como um exercício onde as experiências do passado são resgatadas e elaboradas, que ao serem confrontadas com o presente, proporciona uma ampliação das perspectivas futuras. A elaboração do memorial se dá através do registro narrativo das experiências de vida e das passagens mais fortes e significativas, ou seja, aquelas que pelos mais variados motivos, ficam guardadas na lembrança de cada um. Consiste numa profunda reflexão sobre suas histórias, suas trajetórias, a partir do filtro da consciência, da memória. 7
8 GRUPO GESTOR Para fazer frente à construção e gestão coletiva do projeto, é proposta a formação de um grupo gestor, composto por representantes da Secretária Municipal de Educação, Secretaria Municipal de Assistência Social, Secretaria Municipal de Trabalho e Renda, Secretaria Municipal de Cultura, Secretaria Municipal de Esporte e Lazer, Secretaria Municipal de Meio Ambiente, direção da escola, professores, Professores da Família, alunos, família e do Instituto CNA, além de outros órgãos ou instituições que podem participar a partir das especificidades de cada cidade. O Grupo Gestor tem o objetivo de propor ações complementares ao projeto a partir das diferentes responsabilidades dos atores participantes, além da constante avaliação e aperfeiçoamento da metodologia Escola Viva, de acordo com as especificidades do município, da escola e da comunidade. O grupo gestor receberá a assessoria de um consultor pedagógico que se encarregará de sistematizar as avaliações e propostas bem como oferecer os recursos e bases teóricas adequados ao andamento dos trabalhos. 8
9 UM AMBIENTE ADEQUADO É NECESSÁRIO AO PLENO DESENVOLVIMENTO DOS ALUNOS Partindo do princípio de que educação e aprendizagem também dependem de um ambiente propício, agradável e harmônico, o projeto propõe adequações infra estruturais na escola a partir das necessidades identificadas. Abaixo, alguns exemplos do que pode ocorrer para a melhoria do ambiente escolar. 9
FICHA TÉCNICA. Concepção Marcelo Garcia João Cruz Rodrigo Salgueiro Naira de Araújo. Revisão Ludmila Schmaltz Pereira
SENAR INSTITUTO FICHA TÉCNICA Presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil Senadora Kátia Abreu Secretário Executivo do SENAR Daniel Carrara Presidente do Instituto CNA Moisés Pinto
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