INFORMATIVO DE JURISPRUDÊNCIA DO CADE. 7 de março a 11 de março de Diário Oficial da União de

Transcrição

1 INFORMATIVO DE JURISPRUDÊNCIA DO CADE 7 de março a 11 de março de 2016 Diário Oficial da União de Ato de Concentração nº / Requerentes: Fundo de Investimento em Participações Performa Key de Inovação em Meio Ambiente ("Fundo Performa Key") e Intelipost Consultoria e Tecnologia de Logística S.A. ("Intelipost"). Assuntos: substituição de agente econômico. Mercados envolvidos: tecnologia de informação (software). Objeto: investimento a ser efetuado pelo Fundo Performa Key na Intelipost, empresa-alvo da presente operação. Num primeiro momento, o Fundo Performa Key adquirirá ações do capital social acionário equivalentes a 21,89% do total de ações emitidas pela Intelipost. Posteriormente, o Fundo Performa Key realizará novo investimento, por meio do qual aumentará sua participação para percentual que variará entre 27,66% e 27,18% do total das ações emitidas pela Intelipost, a depender do verificação de atendimento de determinadas metas dispostas no acordo de investimento. Resumo da decisão: ao analisar os grupos econômicos das Requerentes, a SG-CADE concluiu pela inexistência de sobreposição horizontal ou integração vertical em decorrência da concretização da presente operação. Segundo informações apresentadas pelas partes, o Grupo Performa, administrador do Fundo Performa Key, não detém quaisquer empresas que atuem ou que possuem investimentos em outras empresas atuantes no mesmo mercado da Intelipost. Diante do exposto, a SG-CADE recomendou a aprovação da operação sem restrições. Ato de Concentração nº / Requerentes: Fandango Media, LLC. ("Fandango") e Flixster, Inc. ("Flixster").

2 Assuntos: substituição de agente econômico. Mercados envolvidos: serviços de venda de ingressos online. Objeto: proposta de emissão para a Flixster e sua associada WB Communications Inc. ("WB") de participações societárias que representam 25% do capital social total da Fandango, em troca de transferência para a Fandango de todos os negócios da Flixster, excetuando determinados negócios de vídeo EST (electronic sell-through), VOD (video on demand) e de cópia digital conduzidos pela Flixster. Cumpre ressaltar que a Flixster é subsidiária integral da Warner Bros Entertainment Inc. ("Warner Bros"), por sua vez subsidiária integral da Time Warner Inc. ("Time Warner"), controladora do Grupo Warner. Resumo da decisão: a Fandango e sua afiliada Fandango Marketing, Inc. ("Fandango Marketing") completaram recentemente a aquisição de 100% do capital social da Ingresso.com ("Ingresso"). Desse modo, as partes apontaram que a operação ora analisada pode ser considerada, de forma conservadora, como envolvendo a aquisição de participação societária minoritária e indireta de mais de 20% na Ingresso por parte da Flixster e da WB. Segundo as informações apresentadas pelas Requerentes, a SG-CADE concluiu que a Fandango não realiza qualquer atividade no Brasil. A Ingresso, sua subsidiária local, atua na intermediação da venda de ingressos online para arenas esportivas, casas de shows, teatros e cinemas por meio do site ingresso.com, e mediante aplicativos para dispositivos móveis. A referida empresa também realiza o desenvolvimento e licenciamento de softwares de gerenciamento de bilheteria para todos os espetáculos descritos acima, prestando seus serviços apenas em solo brasileiro. A Flixster, por sua vez, opera plataforma digital na qual os usuários podem descobrir, assistir e armazenar filmes, além de deter o site Rotten Tomatoes, que reúne críticas profissionais de filmes e programas de televisão. Ambos esses sites podem ser acessados por usuários localizados no Brasil. No entanto, ao acessar o site do Flixster, o usuário em território nacional é redirecionado para o site dedicado ao país, que se refere a negócios de vídeo de titularidade da Flixster de EST, VOD e cópia digital, que não integram a operação notificada e que não serão transferidos à Fandango. Ademais, a SG-CADE concluiu que nem a Flixster nem qualquer outra empresa do Grupo Time Warner fornece produtos ou serviços no Brasil que sejam relacionados às atividades do Ingresso. Desse modo, a presente operação não acarreta qualquer sobreposição horizontal ou integração vertical entre as Requerentes no Brasil. Considerando o exposto, a SG-CADE recomendou a aprovação da operação sem restrições. Ato de Concentração nº / Requerentes: Warner Bros Master Distributor Inc. ("WBMD"), Dragonfly HoldCo, Inc. ("Dragonfly") e DramaFever Corp. ("DramaFever"). Assuntos: aquisição de controle unitário. Mercados envolvidos: distribuição online de conteúdo televisivo internacional.

3 Objeto: aquisição integral da Dragonfly pela WBMD. A Dragonfly, sociedade sediada nos EUA, tem como principal atividade o serviço online "DramaFever", prestado por sua subsidiária integral DramaFever. Desse modo, a presente operação também implicará na aquisição da DramaFever e de seu serviço de distribuição de conteúdo televisivo on demand. Resumo da decisão: segundo informações apresentadas pelas Requerentes, a Dragonfly atua no mercado brasileiro de serviços de vídeo OTT (over the top services), que contempla serviços online com base em assinatura, como o Netflix. Ao analisar dados da Dataxis, empresa especializada na análise dos mercados de telecomunicação, televisão e mídia, a SG-CADE constatou que o mercado brasileiro de OTT alcançou R$ 450,5 milhões em A mesma fonte aponta que esse mercado é altamente pulverizado, de modo que 29 plataformas de serviços de vídeo OTT foram identificadas em operação no Brasil. As Requerentes informaram a SG-CADE que a WBMD não atua no Brasil com serviços de vídeo OTT. Ao analisar as participações de mercado e de faturamento das Requerentes (em acesso restrito às Requerentes), a SG-CADE constatou que a participação de mercado da Dragonfly é irrelevante no Brasil. Além disso, a sobreposição horizontal decorrente da operação foi tida como reduzida. Diante de tal fato, aliado com o caráter do mercado relevante em tela, a SG-CADE apontou que a operação ora descrita é incapaz de ensejar impactos concorrenciais negativos no Brasil. Diante do exposto, a operação foi aprovada sem restrições.

4 Diário Oficial da União de AC nº / Requerentes: Banco Bradesco S.A. ( Bradesco ) e União de Lojas Leader S.A. ( ULL ). Assuntos: aquisição de controle unitário. Mercados envolvidos: mercado de emissão de cartões de crédito e mercado de promoção de vendas. Objeto: reestruturação do modelo de parceria previamente existente entre Bradesco e ULL na Leader S.A. Administradora de Cartões de Crédito ( LeaderCard ) e na Companhia Leader de Promoções de Vendas ( Promotora ). Atualmente, Bradesco e ULL detêm o controle compartilhado da LeaderCard que, por sua vez, detém a titularidade da totalidade do capital social votante e total da Promotora. Após a operação, haverá o seguinte quadro societário: (i) o Bradesco passará a deter a titularidade da totalidade das ações LeaderCard; e (ii) a ULL, controlada pelo BTG Pactual, passará a deter a titularidade direta da totalidade das ações da Promotora. Resumo da decisão: a LeaderCard atua na emissão de cartões de crédito e na intermediação da oferta de produtos financeiros, securitários e de assistência, distribuídos por meio de sua rede de lojas físicas. A Promotora presta serviços exclusivamente à LeaderCard no desenvolvimento de atividades voltadas para a promoção de venda dos cartões de crédito emitidos por essa, e de produtos financeiros, securitários e de assistência vinculados a esses cartões de crédito, que também são comercializados à carteira de clientes das lojas da ULL. Para as Requerentes, a operação não resultaria em sobreposição horizontal ou integração vertical, uma vez que se trataria de consolidação do controle da LeaderCard pelo Bradesco. Considerando o controle compartilhado atualmente exercido pelas Requerentes na Leader Card, a SG-CADE considerou a hipótese da participação de mercado da LeaderCard compreender a participação de mercado do Banco Bradesco. Considerou, ainda, a possibilidade de haver reforço da posição do Bradesco no mercado de emissão de cartões de crédito. No entanto, a SG-CADE entendeu que mesmo considerando a participação de mercado da LeaderCard de forma separada, tal participação seria bastante reduzida, o que revelaria a ausência de nexo de causalidade entre a operação e possíveis prejuízos concorrenciais. Além disso, quanto ao mercado de promoção de vendas, não haveria sobreposição horizontal, uma vez que há a consolidação de controle da Promotora pelo BTG Pactual. Segundo as Requerentes, a participação de mercado da Promotora já estaria compreendida na participação de mercado do BTG Pactual. Além disso, a Promotora exerce atividade exclusiva e cativa de promoção de vendas dos cartões de crédito emitidos pela LeaderCard, bem como de produtos financeiros, securitários e de assistência vinculados a esses cartões, os quais são comercializados à carteira de clientes das lojas da ULL. Esta atividade não será alterada após a operação, o que descarta a hipótese de reforço da posição da ULL na Promotora. Por fim, a SG-CADE considerou um possível reforço na integração vertical entre as atividades do

5 Grupo Bradesco no segmento de bandeiras de cartões de crédito e as atividades da LeaderCard, visto que o Grupo Bradesco é um dos acionistas da Elo. No entanto, foi descartada tal hipótese, uma vez que a bandeira Elo é utilizada apenas por cartões emitidos por seus acionistas. Ademais, verificou-se que a participação do Bradesco e da LeaderCard no segmento de emissão de cartões de crédito e a participação da Elo no mercado de bandeiras encontram-se abaixo de 30%. Diante do exposto, a SG-CADE entendeu que a operação não ensejaria prejuízos concorrenciais. AC nº / Requerentes: Stryker Corporation ("Stryker"), Physio-Control International ("Physio-Control") e Charger Holding Corp. ("Charger"). Assuntos: aquisição de controle e substituição de agente econômico. Mercados envolvidos: comercialização de equipamentos médicos. Objeto: aquisição, pela Stryker, da Charger e Physio-Control (em conjunto denominadas "Empresa-objeto"). A Charger oferece seus produtos e serviços por meio da Physio-Control e ambas as empresas são controladas por fundos administrados pela Bain Capital Investor, LL. ("Bain Capital"). Nos termos do contrato celebrado entre as partes, a Stryker fundirá uma subsidiária recém-criada com a Empresa-objeto e a empresa resultante da fusão será subsidiária da Stryker. Como resultado da operação, a Stryker irá adquirir o controle unitário da Empresaobjeto. A Bain Capital também integra o contrato, como representante da Empresa-objeto. Resumo da decisão: segundo informações apresentadas pelas Requerentes, a Empresa-objeto atua globalmente no desenvolvimento, fabricação e venda de sistemas de resposta para serviços de tratamento emergencial de pacientes com parada cardíaca súbita. Além disso, a Empresaobjeto também comercializa esses sistemas de resposta para serviços médicos, hospitalares e para "locais de trabalho e comunidade", como empresas, escolas, aeroportos e academias. No Brasil, a Empresa-objeto realiza a promoção e comercialização de determinados equipamentos médicos e acessórios relacionados, materiais descartáveis e serviços, bem como na importação, exportação, compra, venda, arrendamento, cessão, remessa, distribuição, pesquisa, desenvolvimento, aluguel e prestação de serviços relacionados a esses equipamentos. As requerentes informaram a SG-CADE que a Stryker tem atuação mundial no setor de ortopedia médica e cirúrgica e neurotecnologia. No Brasil, a Stryker detém uma unidade de serviços de emergências médicas que comercializa macas de ambulância e acessórios relacionados, prendedores, acessórios de transporte de enfermos, cadeiras rolantes para escadas, produtos de resgate e cadeiras de evacuação ou slides. A SG-CADE concluiu, ao analisar as operações das Requerentes, que a Stryker não fabrica ou vende sistemas de resposta para emergências médicas, como desfibriladores, dispositivos cardiopulmonares ou equipamentos de CPR (Cardioipulmonary Resuscitation) no Brasil ou no mundo. Assim, considerou-se que não há qualquer sobreposição ou relação vertical entre as atividades da Empresa-objeto e da Stryker. Diante do exposto, a SG-CADE recomendou a aprovação da operação sem restrições.

6 AC nº / Requerentes: Nippon Steel & Sumitomo Metal Corporation ( NSSMC ), Vallourec & Sumitomo Tubos do Brasil LTDA. ( VSB ) e Vallourec S.A. ("Vallourec"). Assuntos: reestruturação societária com alteração de controle. Mercados envolvidos: produção de tubos de aço. Objeto: reestruturação societária que visa a integrar duas fábricas pertencentes à Vallourec Tubos do Brasil ( VBR ) com uma fábrica de produção de tubos de aço da VSB. A operação será estruturada com um aumento de capital da VSB, que é uma joint venture composta pela própria VBR, que subscreverá essas novas ações, e a NSSMC. Resumo da decisão: ao analisar a operação para definição de mercado, a SG-CADE apontou que o CADE costuma segmentar o mercado por método de fabricação, por diâmetro e por material empregado, já que o aço carbono, o aço inoxidável, o cobre e o alumínio podem ser utilizados. Os tubos de aços comercializados pelas Requerentes, principalmente os sem costura e com diâmetro inferior a 16 polegadas, alvo principal da operação, tem como destino majoritariamente o exterior. Assim, a SG-CADE adotou o entendimento de que os níveis de importação e exportação são fatores suficientes para que o mercado relevante seja considerado como mundial. Neste cenário, a participação conjunta das Requerentes é inferior a 20%. Existem ainda alguns fatores que mitigariam quaisquer preocupações concorrenciais decorrentes dessa operação, uma vez que a existência da sobreposição horizontal é pré-existente. Idêntico entendimento foi atribuído à integração vertical observada entre bobinas de aço, pelotas de minério de ferro e minério de ferro no mercado upstream e a produção de tubos de aço, no mercado downstream. Dessa forma, a SG-CADE entendeu que a presente operação não levanta preocupações de ordem concorrencial e recomendou sua aprovação sem restrições. AC nº / Requerentes: AXN Latin America Inc. ("AXN LATAM") e A&E Ole Networks LLC ( "AEON"). Assuntos: aquisição de controle unitário. Mercados envolvidos: mercado de licenciamento de canais de TV por assinatura. Objeto: aquisição de controle da joint venture Lifetime América Latina, LLC. ( Lifetime ) pela AEON. Atualmente, a AEON detém dois terços da Lifetime, enquanto a AXN LATAM detém o

7 restante do capital social. Resumo da decisão: a AEON é controlada pelos Grupos Disney, Hearst e Ole, que possuem diversos canais de TV por assinatura de diferentes gêneros. De acordo com precedentes do CADE, cada gênero teria um público alvo específico, revelando se tratar de mercados distintos do ponto de vista do produto. Como a AEON já detinha dois terços do capital social da Lifetime, a SG-CADE destacou sua importância no controle compartilhado da empresa, e considerou a hipótese de haver reforço na sobreposição horizontal entre o Lifetime e os demais canais dos Grupos controladores da AEON. No entanto, considerando a diversidade de gêneros de canais disponibilizados, a SG-CADE descartou essa hipótese. Além disso, segundo dados de audiência medidos pelo IBOPE Mídia de 2015, as participações de mercado dos canais dos Grupos controladores da AEON são bastante reduzidas no Brasil, assim como a participação da Lifetime. Segundo a SG-CADE, tais participações demonstrariam a irrelevância dos efeitos decorrentes da operação no âmbito concorrencial brasileiro. Ademais, o Grupo Disney atua no mercado de produção de conteúdo áudio visual e, portanto, detém relações verticais com o mercado de licenciamento de canais de TV por assinatura. No entanto, a integração vertical destacada é pré-existente e não gera reforços à integração vertical. Diante do exposto, a SG-CADE entendeu que a operação não ensejaria prejuízos concorrenciais e decidiu pela aprovação sem restrições.